Na segunda-feira, dia 10 de dezembro, os assentados e aliados organizados ocuparam o escritório da Presidência da República na Avenida Paulista.
Somos poucos, mas capazes de muito para reverter a situação de desespero nos quais se encontram as famílias, diante do despejo iminente.
Fomos até o escritório da presidência reivindicar a desapropriação por interesse social da área do Sítio Boa Vista, única medida que pode impedir o despejo das mais de 70 famílias que lá habitam e produzem alimentos há sete anos.
Receberam-nos naquele dia o superintendente do INCRA de São Paulo e um representante do governo federal que nos garantiram novamente que a situação seria revertida, pois a terra ainda estaria registrada como propriedade do INSS. Entraram com um recurso chamado “medida cautelar”, com o intuito de suspender temporariamente a liminar de reintegração de posse e comprometeram-se publicamente em conversar com o judiciário e força policial local para impedir o despejo.
Na terça-feira, nos reunimos ao MST em mais um dia de manifestação e luta, em marcha pelas ruas de São Paulo saindo do Estádio do Pacaembu, passando na Avenida Paulista pelos prédios do Governo Federal e do Tribunal Regional Federal, chegando ao INCRA, onde nos mantivemos reunidos até a quarta-feira, dia 12 de dezembro. Os companheiros e companheiras do MST seguiram depois para o assentamento Milton Santos, onde montaram um acampamento e permanecem no apoio à resistência.
Na quarta-feira, chegou-nos a notícia de que o INCRA recebera a notificação oficial da justiça sobre a liminar de despejo, anunciando legalmente que as famílias tem até 15 dias para sair da área. E hoje, sexta-feira, dia 14 de dezembro, fomos notificados de que o pedido de suspensão da liminar enviado pelo INCRA como “medida cautelar” foi negado.
Portanto, assim como já havíamos previsto, estamos na mesma situação de risco de despejo anteriormente anunciada. Apesar do anúncio do adiamento do despejo, não nos livramos da apreensão e do firme propósito da continuidade da luta. Não confiamos na polícia local que já atuou de forma arbitrária com acampados e assentados em outros momentos, e nem na justiça, que deveria nos proteger antes de nos condenar ao despejo.
Por isso, chamamos a todos para continuarmos organizados, divulgando e reivindicando a solução da situação do Assentamento Milton Santos, que corre o risco de desaparecer entre o Natal e Ano Novo, sem qualquer providência real das autoridades federais. A única medida que pode salvar o assentamento e as famílias ainda é a imediata desapropriação por interesse social da área.
Por isso, continuaremos organizados na resistência e afirmamos que as famílias não descansarão enquanto a situação não for resolvida. Estamos em alerta e prontos para lutar qualquer que seja a situação. A responsabilidade pela segurança das pessoas que moram no Milton Santos e seus apoiadores é dos proprietários da Usina Ester, da Família Abdalla e de todas as autoridades governistas que não resolvem o problema.
Não queremos que um novo Pinheirinho aconteça!
Desapropriação por interesse social já!
Comissão de Comunicação do Assentamento Milton Santos