Flagrantes Delitos

Início Flagrantes Delitos
Flagrantes Delitos

Abrigo de rico

“Pai, eu acho tão curioso o fato de no Brasil existirem tantos políticos se envolvendo com crimes, respondendo a processos… Eu não entendo como essa gente, que não precisa disso, acaba metida com essas coisas…”. E o pai, profundo conhecedor dos bastidores da política brasileira e da lavagem de dinheiro, entre outras modalidades de crimes praticados pelos ricos, disse: “Minha filha, primeiro eles praticam muitos crimes, depois é que eles buscam fugir da justiça se abrigando no legislativo.” Passa Palavra

Antes e depois

Quando trabalhador da educação privada, era um exímio ladrão de materiais e equipamentos de escritório daquela faculdade. Retirava da empresa e abastecia a sede...

Ninguém escapa (5)

Chegou a vez dos livros de Roald Dahl, autor de obras como 'Matilda' e 'A fantástica fábrica de chocolate', serem editados pela vigilância identitária. Agora serão removidos de suas histórias termos ofensivos como 'feio', 'gordo' e referências a mulheres 'femininas'. Além disso as obras serão reescritas com exemplos de gênero neutro. Augustus Gloop não é mais gordo, e sim enorme. Miss Trunchbull não é mais a “fêmea mais formidável do mundo” e sim a “mulher mais formidável”. Os Oompa Loompas da fábrica de chocolates agora são 'pessoas pequenas', e não 'homens pequenos'. Há ainda a adição, pelos revisores, de frases politicamente corretas nas obras. Um parágrafo de “As Bruxas” onde se fala que são carecas por baixo de suas perucas termina agora explicando que 'Existem muitas outras razões pelas quais as mulheres podem usar perucas e certamente não há nada de errado com isso'. Esse revisor certamente ficou impressionado em certa cerimônia do Oscar. Passa Palavra

Envelheceu bem?

Na década de 2000, o MST reivindicava que as terras flagradas com trabalho escravo fossem destinadas para a reforma agrária. Na década de 2020,...

Relacionamento aberto

Jovem e muito bela, era uma das lideranças estudantis do seu estado. Naquela época, viajava por várias cidades para dar palestras em universidades e sindicatos sobre a mulher e o socialismo, criticava o capitalismo, a família burguesa, o amor romântico e a monogamia com o mesmo afinco. Certa feita, numa mesa de bar, falava sobre as inúmeras vantagens do relacionamento aberto, chegando a falar, inclusive, do seu próprio namoro. Foi aí que uma outra mulher disse: “Eu não sabia que vocês têm relacionamento aberto. O seu namorado me disse que o relacionamento de vocês é fechado.” Então ela respondeu: “É aberto para mim e fechado para ele.” Passa Palavra

Jesus tem um projeto para você

A diretora da escola pública me encarregou de acompanhar duas turmas do ensino médio numa palestra de prevenção ao suicídio, durante o Setembro Amarelo,...

Vaga para professor

O professor de história, desempregado, encontrou um anúncio de vagas numa escola particular, dessas que são franquias famosas em todo o Brasil. O anúncio...

Um cozido de novo tipo

Atribui-se a Lênin a frase de que as cozinheiras deveriam aprender a administrar o Estado. Passado o tempo, pode-se supor que leu “o homem...

No padrão ABNT

A professora lia o texto final da mestranda, faltando dias para a defesa. Curiosa inovação: no texto, antes de qualquer citação direta ou paráfrase,...

Perdida nas esquinas da História

A professora lia o texto final de uma mestranda em História. Faltavam dias para a defesa. No texto, a mestranda dizia da lacunaridade das fontes, mostrava seu caráter fragmentário e parcelar, indagava sobre o cotidiano da comunidade. “Que bom”, pensou, “ela entendeu que fontes não dizem tudo”. Então, num plot twist duplo carpado, no texto a mestranda rejeitou todas as fontes documentais, criou uma personagem (com nome e tudo), jogou-a subitamente na comunidade e fez girar em torno dela todo um cotidiano imaginário, “porque a ciência eurocêntrica não dá conta da riqueza da vida”. De olhos arregalados, a professora parou, respirou fundo e pensou, antes de fechar em definitivo o leitor de pdf: “é…” Passa Palavra

Das certezas da vida

Na rua, uma mulher fala alto ao telefone: “Rapaz, tu vai naquele negócio? Vá não.” Fica séria enquanto escuta. Prossegue: “Vai, né? Tá certo”....

O amor da tua vida

«Por que deixámos de gostar de nós? Não é uma doença, mas está ligada à depressão e ansiedade. Não é herdada, é aprendida. A...