«Já fomos derrotados em dezenas de lutas locais, é tempo de sairmos do quadro limitado das empresas». O sindicato CGT da McCormick, de Saint-Dizier, apela à constituição de um colectivo de resistência operária.

Camaradas operários de toda a França,

francaemmovimentoEm seis meses, mais de 400 mil trabalhadores foram despedidos [demitidos] no nosso país por «motivos económicos», uma grande parte na indústria. A foice do capitalismo em falência abate-nos como a uma seara: despedimentos [demissões] parciais ou encerramentos totais, desemprego parcial, pressões para aceitarmos uma redução dos salários (na McCormick desde há vários anos que os salários não são aumentados e o subsídio de férias foi diminuído)…

E trata-se só de um começo! A liquidação da bolha financeira especulativa mundial revelou a existência de uma gigantesca superprodução na indústria do automóvel e noutros ramos de produção. Os patrões aproveitam a crise para proceder ao máximo de despedimentos antecipados, de modo a constituir reservas, muitas vezes para se transferirem para outros lugares. «Privatização dos lucros, socialização dos prejuízos». É um verdadeiro furacão. E querem que sejamos nós a pagar os custos desta terrível anarquia capitalista mundial, para nos retirarem o único direito digno desse nome que temos sob o capitalismo − o direito ao trabalho!

Muitos de vós já fizeram ouvir o seu grito de cólera, mas não basta a cólera. O cinismo do capitalismo internacional e dos seus governos é insensível ao infortúnio humano; a única linguagem que conhecem é a relação de forças. Já fomos derrotados em dezenas de lutas locais, é tempo de sairmos do quadro limitado das empresas.

FRANCE-SOCIAL-ECONOMY-POLITICS-STRIKEVejamos o que fizeram os 1120 operários da Continental ou da Goodyear. Não conseguiram impedir o encerramento da fábrica, mas obtiveram subsídios excepcionais. A determinação de que deram mostras é uma lição para todos nós. «Há quatro meses éramos uns carneiros, transformaram-nos em leões». Eles são a demonstração viva de que só se obtêm resultados com coragem, unidade no combate e ousadia.

É necessário passar da cólera de classe à consciência política de classe!

Perante a gravidade da situação social e os despedimentos, perante o descaramento e o desprezo do governo e da classe política, é necessária uma reacção poderosa e maciça. Não é com algumas manifestações isoladas que conseguiremos vergá-los, mas só tentando conseguir o bloqueio total.

Mas para isso precisamos nos unir e não continuarmos isolados nas nossas empresas ou nas cidades onde moramos. Só se nos juntarmos e se organizarmos nós próprios a nossa resposta é que poderemos ter esperança de triunfar.

Nós, assalariados que fomos ou seremos despedidos, desempregados ou em vias de sê-lo, revoltados com a injustiça que sofremos e com a falta de moralidade tanto dos nossos patrões como dos nossos dirigentes políticos, devemos unir-nos para agir.

Por isso lançamos a ideia da criação de um colectivo de resistência, que procure unir todos os que querem lutar. O sindicato CGT da McCormick insere-se plenamente neste objectivo. Queremos que o nosso colectivo seja independente, para que sejamos nós próprios a decidir as nossas acções e a forma de as conduzir.

O nosso objectivo: organizar acções fortes e visíveis, que tragam nova confiança aos trabalhadores deste país e lhes dêem vontade de se juntarem ao movimento, de o ampliar e o generalizar. A coisa pior é não fazer nada! O patronato e o governo são os nossos únicos adversários e há uma única linguagem que entendem, a do jogo de forças!

l-union-locale-cgt-manifeste-devant-le-1755385Está prevista uma acção para a próxima quinta-feira, 17 de Setembro, na Bolsa de Paris (lugar onde as especulações decidem a vida ou a morte de uma empresa). A Continental, a Goodyear, as federações da CGT da química e da metalurgia, a Sodetal Ellat Ebrex, a Rocamat e várias outras fábricas de França estarão presentes. A fábrica McCormick, que estará em paralisação parcial, vai participar. Por isso é imperioso que um máximo de assalariados venha a esta manifestação.

Está prevista a partida de um autocarro [ônibus] de Saint-Dizier. Inscrevam-se junto aos vossos delegados CGT do sector até terça-feira, 15 de Setembro, o mais tardar. (As modalidades e a hora da partida serão comunicadas posteriormente.)

Não deixemos que esta iniciativa seja mais uma sem futuro. Façamos dela uma verdadeira mobilização combativa, que sirva de trampolim para a mobilização geral.

Saint-Dizier, 9 de Setembro de 2009

[*] A CGT, Confederação Geral do Trabalho, é a maior central sindical francesa.

Tradução: Passa Palavra

1 COMENTÁRIO

  1. Só espero que os burocratas da CGT não façam mais uma vez como sempre: desmobilizar os movimentos! Chega disso! Autonomia já!

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