Como disse um rapper da Margem Sul, “mais polícia é mais problemas na rua, não solução / mais polícia é mais violência na rua, mais corrupção”. Em entrevista dois jovens da Quinta da Princesa contam como a polícia é o grupo mais violento do seu bairro e como a sua indignação os leva a querer resistir em nome dos seus direitos. Por Plataforma Gueto

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Depois de a polícia agredir os e as jovens da Quinta da Princesa física e psicologicamente, com balas de 9 mm, bastonadas, frases racistas como “pretos de merda”, “ratos de esgoto” ou “merdas”, as autoridades e a comunicação (sua aliada) insistem na versão da acção “pacificadora” da polícia. Estes e estas jovens pensam de forma diferente e sentem-se vítimas duma violência institucional constante, materializada no uso da força excessiva e num profundo racismo e desrespeito pelos seus direitos.

A violência que despoletaram no passado dia 22 foi afinal um acto de resistência à violência policial injustificada que tinham sofrido ali momentos antes, e não o contrário, conforme tentam fazer crer vários jornalistas. Esses mesmos jornalistas que, tendo sido contactados pelos jovens para denunciar a agressão de que foram alvo, a ignoraram, e que no dia seguinte estavam lá a auxiliar a acção policial.

Esses mesmos jornalistas que diariamente nos violentam com a sua propaganda manipuladora e estigmatizante que incute nos portugueses um ódio étnico, relacionando, de forma infundamentada, jovens de bairros e crime; que fecham os olhos ao abuso de poder e ao racismo dos polícias, mas que apelidam de violência e cilada qualquer acto de resistência e apelo aos direitos por parte dos jovens destes bairros.

O aparato policial, digno dum cenário de guerra, a que já nos estamos a habituar nos nossos bairros, foi o acto mais violento de todos. Uma acção que nada teve de pacificadora, e que apenas visou cimentar o terrorismo de Estado que tem sido desenvolvido contra os jovens e as jovens pobres, de minorias étnicas.

Quisemos registar a versão destes irmãos e irmãs em luta, e as duas entrevistas que se seguem mostram a frustração e a indignação que eles e elas sentem face à verdadeira violência, aquela que todos escondem, a violência do Estado.

Entrevista 1

Entrevista 2

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