Por Ma’an News Agency e Info-Palestine

 

Um despacho da Ma’an News Agency e da Info-Palestine.net, de 21 de Abril, revela que as forças israelitas de ocupação invadiram a aldeia de Khirbet Al-Farsieyah, no norte do vale do Jordão, e apoderaram-se de quatro bombas de água utilizadas para a irrigação e o aprovisionamento de água potável da pequena comunidade agrícola. As bombas foram roubadas nas quintas de Ali Az-Zohdi, Fayeq Sbeih e Taleb Radi.

Segundo os habitantes, a supressão das bombas ameaça milhares de dunums [*] de campos de cultivo e os agricultores estimam que cada uma das bombas custe 25.000 shekels (6.750 dólares US).

O consumo de água potável de um israelita é de 400 litros/dia, o de um colono na Cisjordânia é de 800 litros/dia e o de um palestiniano da Cisjordânia é de 70 a 90 litros/dia.

O governador da região de Tubas, Marwan Tubasi, denunciou durante uma visita às quintas em causa os roubos cometidos pelos israelitas, enquanto que o coordenador da campanha para salvar o vale do Jordão, Fathi Ikhdeirat, declarou que os acontecimentos do dia faziam parte de uma «série de ataques contra os habitantes e têm como objectivo expulsá-los das suas terras».

Foto fornecida pelo gabinete do presidente palestiniano que mostra Mahmoud Abbas inaugurando novos poços de água no colonato israelita evacuado de Nitzarim, no norte da Faixa de Gaza, em 22 de Setembro de 2005. (MaanImages, HO)

No domingo, as autoridades israelitas tinham fechado a principal fonte de água utilizada para a agricultura nessa aldeia do vale do Jordão, declararam os membros do comité e os seus advogados, quatro dias apenas após responsáveis militares terem ameaçado «fechar as torneiras se os palestinianos não tratassem melhor as suas águas sujas».

Ikhdeirait também declarou que a empresa israelita da água, Mekorot, tinha construído três poços aquíferos na região desde os anos 1970, apoderando-se de 5.000 m³ de água por hora, em grande parte em benefício dos colonatos judeus vizinhos, enquanto que a aldeia de Bardalah só tirava 65 m³ de água por hora antes de as tropas de ocupação terem cessado a bombagem de água. «Ouvimos o barulho da água a passar pelos canos no centro da aldeia, mas não podemos nem bebê-la nem servir-nos dela. As condutas de água instaladas pela companhia das águas israelita separam a aldeia em duas partes», acrescentou.

Dezenas de agricultores protestaram contra as acções israelitas no vale do Jordão e exigiram que uma solução rápida fosse encontrada antes que perdessem as culturas das quais dependem para os seus rendimentos e a sua subsistência.

Nader Thawabteh, um advogado de Bardalah, declarou que a companhia das águas israelita acusava os habitantes da aldeia de roubar água, «tomando isso como uma desculpa para deixar de bombear a água para nós. Desmentimos categoricamente esta afirmação». O advogado acrescentou que a quantidade de água bombeada na aldeia fora reduzida em cinco anos de 150 m³ por hora para 65 m³ e agora «está totalmente cortada».

Os agricultores da aldeia apelaram à Autoridade palestiniana [de Ramallah] e às organizações internacionais para ter de novo acesso à água para as suas explorações.

Bardalah tem 1900 habitantes, a maioria dos quais vive dos recursos agrícolas nos 300 dunums de estufas. A grande maioria das estufas e das terras têm de ser irrigadas, o restante dispondo de culturas que não necessitam de rega.

[…] Segundo um relatório de 2009 de B’Tselem […] apenas 81 dos 121 colonatos judeus de povoamento na Cisjordânia estavam ligados a instalações de tratamento de águas usadas. «O resultado é que apenas uma parte das águas usadas provenientes dos colonatos é tratada, enquanto que o resto das águas sujas vai para os cursos de água e para os vales da Cisjordânia», diz o relatório. […]

[*] Medida de superfície. Em Israel, Jordânia, Líbano e Turquia, 1 dunum equivale a 1 hectare.

Versão em português recebida por email do Comité Palestina (Portugal).

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