Por Passa Palavra
A recente Carta de Saída de 51 militantes de algumas das principais organizações populares brasileiras levanta uma série de questões para toda a esquerda. Tais questões merecem uma reflexão e um debate franco e fraterno. Pretendemos aqui levantar novas questões sobre o tema e incentivar os leitores a contribuirem para o aprofundamento da discussão.
É lamentável que para o debate tornar-se público tivesse de haver uma cisão. A discussão pública das questões estratégicas — não nos referimos às questões táticas que exigem uma ponderação discreta — ao contrário de enfraquecer, reforça os movimentos e as lutas. A superação de um período histórico tão difícil, frente ao acúmulo de derrotas para a classe trabalhadora, não poderá dever-se à disputa de projetos estratégicos em abstrato, restrita a grupos de dirigentes ou ideólogos. E, com certeza, mais importante do que sair pretendendo dar respostas ou apresentar fórmulas acabadas, é o esforço criterioso para formular as questões corretamente, a partir dos espaços e das condições em que as lutas concretas seguem acontecendo.
O próprio MST reconhece a necessidade de se realizar um debate sobre os desafios colocados ao movimento e à luta pela reforma agrária, através da análise da complexidade da luta de classes no Brasil contemporâneo, “que colocou parte da esquerda na institucionalidade e no pragmatismo e outra parte no sectarismo e na radicalidade apenas verbal. O que inclui também uma avaliação crítica sobre os acertos, os erros e as deficiências das formas de luta desenvolvidas até o momento”. Tal avaliação tem circulado em vários documentos da organização, em âmbitos regionais ou nacional, junto à militância e também aos seus demais parceiros, depois da ampla publicização da Carta de Saída.
Reconfigurações do capitalismo no Brasil
O debate agora iniciado passa necessariamente por se discutir o tipo de inserção do Brasil na economia contemporânea e o seu papel na reprodução do sistema capitalista. O capitalismo brasileiro moderno não pode ser combatido com idéias ultrapassadas. Temos perante os olhos um Brasil que se apresenta como imperialista e que consegue unificar modelos arcaicos e modernos para atingir um patamar superior na extração da mais-valia. Este capitalismo não poderá ser combatido sem ter em conta a modernização tecnológica ocorrida não só na indústria e nos serviços mas nos campos também. A crescente importância assumida pelas commodities nas exportações brasileiras, por exemplo, tem servido, na esquerda, a alguns analistas e, entre os capitalistas, aos lobbies de várias indústrias, para fazer esquecer que se trata agora de algo muito diferente das antigas exportações de matérias-primas agrícolas, porque essas commodities são produzidas com tecnologias modernas e elaboradas. É a renovação técnica, econômica e social da agro-pecuária brasileira que tem de ser considerada.
A classe trabalhadora só conseguirá enfrentar o capital se for capaz de unificar os sujeitos sociais do campo e da cidade. Não se trata de “unificar” com quaisquer bandeiras vazias, que são o contrário de uma crítica diferenciadora, mas de compreender a nova dinâmica de circulação e interação entre os trabalhadores das áreas rurais e das áreas urbanas, sobretudo nas periferias das cidades. O que estamos vendo, na prática, é a ultrapassagem da compartimentação rígida entre “campo” e “cidade”. Perante a queda da porcentagem da população rural na população total e perante a circulação de populações na periferia das grandes cidades, que sentido tem hoje falar de divisão estática entre rural e urbano?
Esta reconfiguração da base dos movimentos sociais exige, na prática, novas formas de lutas, exatamente nesses territórios onde vive a maior parte da classe trabalhadora atual. Estariam os movimentos pensando e, mais importante, concretizando processos de luta que envolvam efetivamente o campo e a cidade? É sobre estes desafios práticos de organização e de resistência que devemos nos debruçar, aqui e cotidianamente, para experimentar, de maneira articulada, alternativas de renovação das nossas formas de luta e de organização.
No caso dos movimentos ditos rurais, parece-nos indispensável e urgente compreender melhor as relações de trabalho proletarizado e precarizado sob a égide do agronegócio. Em que medida poderemos articular a luta dos camponeses com a dos trabalhadores do agronegócio? Será que a luta dos bóias-frias nos canaviais e laranjais no interior dos latifúndios produtivos não teria nenhuma relação com a daqueles que brigam pela socialização dos latifúndios improdutivos? Afinal de contas, o agronegócio é composto por latifúndios improdutivos? Pelo contrário, tudo indica que têm uma altíssima produtividade. Portanto, o quê esta realidade traz de implicações para as estratégias dos movimentos?
Talvez seja este um dos grandes desafios para o enfrentamento do agronegócio: quais as fragilidades e os pontos de ruptura existentes nesta relação entre o capital e o trabalho? Seriam os sindicatos agrícolas (ainda que uma grande parte conformada por aparelhos burocratizados e reformistas) as únicas organizações ligadas a esses trabalhadores ou haveria outras? Há a possibilidade de um trabalho conjunto entre os movimentos sociais e sindicatos, ou isto só é um horizonte quando tratamos dos centros urbanos e das grandes indústrias? E qual a relação concreta existente entre estas lutas?
Reconfigurações da classe trabalhadora no Brasil
O mesmo sujeito que recebe um salário de miséria e está submetido às condições subumanas no corte da cana-de-açúcar para a fabricação do etanol para exportação, passados os seis meses, volta para a casa, nas periferias das grandes e pequenas cidades do país, e se depara com a estruturação urbana completamente modelada pelos anseios da acumulação do capital. O mesmo sujeito atingido pelas obras relacionadas com os megaeventos nas periferias de um centro urbano pode ser aquele que rumará para trabalhar na construção de uma grande barragem no interior de seu estado e que, terminada a obra, poderá se tornar um sem-teto desempregado numa nova região entre o rural e o urbano. Nas grandes e nas pequenas cidades, os trabalhadores pagam preços altos de aluguéis, pagam caro por um transporte urbano de má qualidade e ainda devem disputar com os planos privados de saúde os serviços e equipamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A militância do MST, por exemplo, há muito tempo é formada por trabalhadores desempregados do campo e também das cidades. Parceiros, arrendatários não capitalistas, posseiros, bóias-frias, assalariados rurais, pequenos agricultores, trabalhadores que têm sua origem no campo e foram expulsos dele, porém para ele pretendem voltar, e que se transformaram em trabalhadores informais nas cidades ou em desempregados urbanos. Entretanto, é crescente, e nada incomum, a incorporação nas fileiras do MST de pessoas sem nenhum contato prévio com o trabalho rural, mas que percebem no movimento uma possibilidade — quando não a única — de melhorarem a vida, saindo das periferias, favelas e ruas das grandes cidades.
São trabalhadores que em algum momento de suas vidas puderam decidir entre o que iam comer ou não, entre o que vestir ou não, que sabem como trabalhar a terra ou quais os melhores instrumentos para fazer o reparo na rachadura da parede. E isso faz toda a diferença no processo de organização e decisão nos movimentos, pois não estamos falando com uma “massa alienada”, mas com trabalhadores que foram dotados da faculdade de discernimento e que trazem para os movimentos suas experiências laborais e de vida. Da mesma maneira que suas colaborações são imprescindíveis para o trabalho nas cozinhas, nas cirandas, nas hortas, etc., elas deixariam de o ser nas decisões táticas e estratégicas do movimento? Não ignoramos que existem pessoas mais hábeis e mais dispostas do que outras para mobilizar uma coletividade envolvida no processo de luta, como também não ignoramos o fato de, para muitos, ser cômodo receber o comando de outrem. Sabemos que se trata de uma questão complexa e contraditória.
Processos práticos de fortalecimento da autonomia
Um dos maiores riscos que os movimentos enfrentam consiste no rompimento orgânico entre direção e base, e entre o núcleo militante e as famílias, com a conseqüente burocratização. O fortalecimento do movimento está ligado de maneira direta ao seu trabalho de base e ao fortalecimento de seus espaços de sociabilidade, horizontais e solidários. Os espaços de sociabilidade são a infra-estrutura da autonomia de base.
Dentro de uma perspectiva anticapitalista — o que significa geração de novos valores e sociabilidades e politização do econômico com vista à superação do capital — a ocupação, enquanto momento de luta e fator de mobilização, se no plano tático serve para conseguir terras e encetar uma luta defensiva e econômica, deveria servir, no plano estratégico, como um espaço e um tempo de ruptura com aspectos do capitalismo. Se isto não suceder, as questões táticas — ainda que sejam relevantes, como sucede com o atendimento das necessidades materiais e sociais básicas — são convertidas em estratégicas, como os financiamentos e a dependência direta e exacerbada dos recursos públicos. Esta é a via direta para que o Estado e o capital recuperem as lutas de esquerda. A recuperação mediante políticas assistencialistas, por exemplo, foi experimentada no México antes da insurreição zapatista e foi extremamente eficaz no caso argentino, apesar de suas contradições ainda estarem abertas. Os programas sociais governamentais que são concedidos diante das lutas reivindicativas costumam ser revertidos em contenção e cooptação destas lutas.
Com efeito, o esvaziamento do trabalho de politização das bases em prol da gestão dos recursos provenientes do Estado e destinados aos projetos produtivos dos assentamentos acelera um processo de burocratização e de adaptação ao modelo do capitalismo, inclusive via mercado, com a dependência de um corpo técnico e de especialistas que se distanciam da vida comunitária da base. Este é um dos mais seguros indicadores de crise do movimento.
Autogerir as lutas, administrar a produção e criar novas formas de organização social e do trabalho demonstram a possibilidade efetiva de uma ampla autogestão social. Neste momento histórico não existe, de fato, a possibilidade de uma autogestão plena. Mas essa possibilidade não existirá nunca se desde já os trabalhadores e as trabalhadoras não se habituarem a autogerir seus espaços imediatos de luta, aprendendo assim, na prática, a ampliar o âmbito de sua autonomia.
Os movimentos sociais têm sido campos experimentais privilegiados. Não são os únicos nem tampouco são modelos, mas neles podemos observar embriões de novas experiências que rompem com a sociedade existente. Contudo, é atualmente um lugar-comum afirmar que vivemos um momento de refluxo da luta de classe. Mas como promover o renascimento da luta? Também a forma do movimento estaria entrando em crise? No que consistiria esta forma? Com que dificuldades se depara hoje a atuação dos movimentos sociais? Quais as práticas de emancipação que estão sendo construídas, desenvolvidas e efetivadas pela esquerda?
Não se trata do velho debate “Reforma ou Revolução”
Mantém-se aparentemente atual o argumento apresentado por Rosa Luxemburg, no início do século XX, de “reforma social e (não ou) revolução social”, articulando as lutas no plano econômico e no plano político, descartando uma separação artificial entre estas dimensões, ainda que apontando os limites de uma luta que se restrinja ao plano puramente econômico. Não se deve secundarizar as lutas travadas em torno de demandas imediatas, a reivindicação de melhores condições de vida e de trabalho. Sabemos que em torno dessas bandeiras são iniciados processos de luta e de resistência capazes de dotar as pessoas de autonomia e poder, fazendo com que se apercebam da diferença que existe entre uma relação autoritária e uma relação solidária.
Ao colocarem o desafio prático da superação do modo de produção capitalista, os movimentos sociais têm que atuar numa dupla vertente: no tempo cotidiano da ação política imediata e no longo tempo das transformações históricas. Nas lutas sociais concretas existe a articulação entre distintos níveis.
Se entendermos que a forma de uma luta é muito mais determinante do que o seu conteúdo reivindicativo, compreendemos por que motivo a reforma não é antagônica à revolução. Uma luta é coletiva ou os trabalhadores ficam cada um para seu lado? Tecem-se relações de solidariedade na luta ou mantêm-se as hierarquias em que os chefes mandam e as bases obedecem? Há um entrelaçamento, coletivamente construído, entre os objetivos a curto e a longo prazo dos movimentos sociais, entre as reivindicações imediatas, a necessidade de suprir demandas urgentes e o caminhar para a transformação radical da sociedade?
A reivindicação junto ao Estado faz parte da maioria dos processos organizativos de esquerda, mas é importante que o objeto de reivindicação econômica não apareça como dádiva. O objeto da reivindicação é fruto de uma luta, e os combatentes devem percebê-lo enquanto tal; e o Estado é um inimigo a ser combatido. Apesar das muitas tentativas de apresentar a questão de forma maniqueísta, a perspectiva da construção de um mundo anticapitalista não significa necessariamente a recusa à negociação com o Estado, mas aos movimentos não convém se converter em braços diretos ou indiretos deste aparato.
Quaisquer que sejam as reivindicações imediatas de uma luta, ela é, antes do mais, definida pela forma social em que prossegue. A crítica que fazemos à burocratização incide precisamente neste ponto. Uma luta em que os trabalhadores não criem e mantenham relações coletivas e solidárias gera um ambiente propício à burocratização. Por seu turno, as burocracias só podem manter-se e reforçar-se impedindo as relações de solidariedade e isolando as pessoas cada uma no seu canto. Esta parece ser uma das questões centrais das lutas, e talvez a questão central do MST e dos outros movimentos sociais.
Relações com o Estado e impacto dos programas sociais
O MST, para seguir na análise da principal organização de massas brasileira [1], destaca-se por comportar alguns aspectos peculiares. Assume características de um movimento econômico, pois luta no plano imediato pela conquista de terra e acesso a recursos; é um movimento popular; é um movimento político, em sentido amplo, ao lutar por mudanças sociais radicais; e é um movimento democrático, ao combater as discriminações sociais, raciais, religiosas, culturais, políticas e de gênero. Além disso, vale-se como método de luta da ação direta, como forma de pressionar o poder público a negociar.
Baseado na ação direta, enquanto método de luta, o MST não se limita a ocupações de terra, mas vale-se igualmente de ocupação de prédios públicos, marchas, atos públicos, procissões, vídeos, abaixo-assinados, greve de fome, campanhas, teatro, literatura, música, etc. Estas ações, envolvendo grandes massas e famílias inteiras, servem tanto para pressionar o poder público, reforçando o peso do movimento nas negociações, como para politizar e educar os seus militantes e a classe trabalhadora de forma mais ampla.
Este tipo de ação direta é um fator muito importante, pois o movimento nasce e desenvolve-se baseando-se não em programas políticos ou promessas eleitorais, mas na luta prática, afirmando os seus objetivos e ao mesmo tempo construindo um modelo alternativo de sociedade. Não sendo nova a luta pela terra, nem o sujeito social que a reivindica, e tampouco os métodos adotados para a sua conquista, o MST inovou na criação de outros eixos de intervenção política, como a questão educacional, cultural e democrática, ligando-as à questão agrária mediante a ação direta e articulando-as numa luta nacional.
Num momento em que os trabalhadores estão sendo incorporados à cidadania burguesa, apesar dos déficits que esta apresenta no Brasil, o Estado assume um papel na reprodução material das classes sociais como legislador, agente da ordem, detentor do fundo público, fazendo-se presente nas mais distintas frentes de atuação destes movimentos, incluindo ONGs e cooperativas.
A forma política desenvolvida pelo MST (demandando direitos e políticas que dependem da sanção do Estado para sua efetivação) faz com que ele reivindique ao Estado melhores condições para os assentamentos, educação, saúde e crédito, e também a contratação de funcionários e o aumento de verbas para o INCRA, por exemplo. Nestas condições, até que ponto o movimento perde a sua autonomia política e decisória? Em que momento os valores podem ficar rarefeitos em nome de um pragmatismo?
O MST e os movimentos populares afins têm de decidir se são movimentos que ocupam terras e fazem pressão para obter a legalização e subsídios, ou se são movimentos que ocupam terras (ou, cada vez mais, ocupam sedes do INCRA) para obter subsídios? Ou seja, são movimentos de ocupações ou movimentos de subsídios?
São um exemplo deste impasse as questões relacionadas à luta pela educação dentro do MST. Será que não cabem algumas objeções ao tão propagado avanço do MST na área da educação? Será que não se podem melhorar as relações entre Universidade e Base do movimento? Serão os cursos universitários frequentados pelos militantes uma ferramenta coletiva para o desenvolvimento de assentamentos, ocupações e posses, ou uma forma de ascensão social individual, fortalecida pela força desmobilizadora da Universidade e pela necessidade de recrutar camadas intermediárias e corpos técnicos? Será que a pedagogia do movimento, criada para atender questões práticas da luta, não estaria se subordinando ao modelo difundido e monopolizado pelos doutores da Academia?
A outra face do mesmo Estado: repressão aos trabalhadores e criminalização dos movimentos
Outro tema controverso diz respeito à violência sofrida pelos movimentos sociais, que atingiu no campo patamares equivalentes, ou mesmo superiores, aos atingidos durante os outros governos, se considerarmos diversos indicadores como assassinatos, tentativas de assassinato, ameaças de morte, tortura, agressão física e prisões. Durante o primeiro ano do primeiro mandato de Lula, a Comissão Pastoral da Terra registrou um aumento de 70% no número de assassinatos de trabalhadores; a judicialização dos conflitos prosseguiu, inclusive com prisões “preventivas” de lideranças [2]; a tentativa de criminalização dos sem terra não foi menor do que em épocas passadas [3]; permaneceu a disparidade abismal de recursos destinados ao agronegócio e à produção familiar [4]; a perseguição via investigações, como da Comissão Parlamentar de Inquérito, também esteve presente; assim como outros ingredientes que costumam fazer parte desta história [5].
Costuma argumentar-se que a violência nos anos dos governos de Lula, e agora de Dilma, não parte do governo federal, mas dos latifundiários e dos governos não petistas estaduais e municipais. Ora, esta argumentação não parece ter validade na medida em que o governo federal não intervém para sanar a situação. Não é porque tal presidente demonstra não ter simpatia pela reforma agrária e pelos movimentos sociais enquanto outro professa apoio que a violência num caso é consentida e no outro se efetua à revelia. Os impactos não serão atenuados nem os mortos estarão menos mortos em decorrência dos discursos de um presidente dito de esquerda ou de direita. Se num caso os massacres são debitados na conta do Presidente da República, será que no outro caso os assassinatos devam ser só da responsabilidades dos governos estaduais ou municipais? É possível que a situação de violência no primeiro ano do mandato presidencial do PT tenha sido uma reação dos setores conservadores do latifúndio. Mas o fato desta situação persistir ao longo dos mandatos, sem uma resposta efetiva do governo federal, demonstra que a tese de não repressão durante governos de esquerda não se sustenta. Ao contrário, os níveis de impunidade permanecem intocados.
Dado este quadro, é ainda mais curioso que muitos dos movimentos em discussão tenham uma leitura complacente destes anos de governo do PT e, inclusive, tenham chegado a conclamar abertamente ao voto na candidata deste partido, sob o argumento de que os movimentos seriam menos criminalizados, como se esta representasse uma alternativa aos números apresentados durante os governos de Lula.
Prosseguir o debate
Estas são apenas algumas das inúmeras questões suscitadas pelo debate público iniciado pela Carta de Saída de 51 militantes. Tendo como lema “noticiar as lutas, apoiá-las, pensar sobre elas”, o Passa Palavra anima-se com a perspectiva de contribuir para que esta discussão se aprofunde.
Neste sentido, convidamos todas aquelas e todos aqueles que queiram participar deste debate, integrantes dos movimentos sociais em discussão ou não, que nos enviem suas análises.
Notas
[1] Segundo Ariovaldo Umbelino, em abril de 2010 haveria em torno de 120 mil famílias nos acampamentos do MST. Mas em fevereiro de 2011, segundo João Pedro Stédile, o MST tinha em todo o Brasil cerca de 60 mil famílias acampadas.
[2] Como as prisões “preventivas” de lideranças do MST, que se demonstraram ilegais, em princípios de 2010, em Santa Catarina e em São Paulo. Ver por exemplo: http://passapalavra.info/?p=19079.
[3] Basta lembrar a campanha orquestrada pela mídia corporativa em torno da destruição de alguns pés-de-laranja da fazenda da empresa Cutrale, a mesma mídia que não teve comoção igual seja pela suspeita da Cutrale ter grilado terras públicas ou pela acusação dela realizar prática de cartel, arruinando, assim, os pequenos produtores de laranja. Ver: http://passapalavra.info/?p=18199.
[4] As políticas e programas governamentais nos diversos governos democráticos acabaram, de forma sistemática, por favorecer os grandes proprietários ao invés dos camponeses. “Entre 1995 e 2005, cada um dos maiores proprietários de terra no Brasil teve acesso a 1.587 dólares em fundos do governo federal para cada dólar disponibilizado a cada família sem-terra” (Miguel Carter, Combatendo a Desigualdade Social: O MST e a Reforma Agrária no Brasil, p. 503).
[5] Verificar o Dossiê lançado por entidades e movimentos sociais pouco tempo após a eleição de Dilma à presidência: A repressão aos defensores de direitos humanos e movimentos sociais no Brasil (PAD, 2011), em especial as partes 2.2 e 2.3, relacionadas à criminalização do MST e da luta pela terra. Contudo, o curioso neste caso é que diversas entidades e movimentos, como o próprio MST, haviam meses antes indicado o voto no governo do PT por este “ao menos não reprimir os movimentos”.
Esperamos que o MST tenha abertura e maturidade suficientes para debater politicamente estas questões. No texto são colocadas muitas questões fundamentais, que eu concordo, e que merecem um debate democrático na esquerda. O MST é um movimento social fundamental e não pode se fechar ao debate.
Extremamente importante essa autocrítica que o MST vêm fazendo. A sensação é a existência de uma luz no meio desse labirinto.
«A Fibria, formada pela fusão entre Votorantim e Aracruz, pretende anunciar em três meses o projeto de um assentamento destinado a 1,3 mil famílias. O parceiro nessa empreitada é o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o mesmo que há três anos destruiu o centro de melhoramento genético da Aracruz em Guaíba (RS)». E ainda: «A Fibria recebeu em agosto os líderes do MST em sua reunião anual estratégica». Recomendo a leitura integral desta esclarecedora notícia em
http://isebvmf.com.br/index.php?r=noticias/view&id=226148
Acredito que a saída desses integrantes do MST, tenha a ver com a desilusão a que muitos estão chegando com a política. Nosso sistema político de fato está falido, e isso é um fenômeno mundial. Ao contrário do que a esquerda está tentando passar no mundo inteiro, não vejo nenhuma crise do sistema, o qual é bom ser definido como um tipo de capitalismo monopolista e especulador. Esse sistema estava consolidado num universo de 1 bilhão de pessoas, onde podíamos colocar os EUA, Europa e o Japão. Hoje está se consolidando num universo bem maior, cerca de 5 bilhões de pessoas, incluindo China, Índia, e emergentes. Esse tipo de capitalismo que impera na atualidade nunca esteve tão forte, e é justamente essa sua força que desestabilizou o sistema político. Tanto poder e riqueza foram acumulados, que não existe mais o compromisso, a ideologia, a política, a vergonha na cara. Hoje em dia tudo (ou praticamente tudo) foi comprado, desde deputados e senadores, até ONGS, sindicatos, associações, fundações, etc.
A desestruturação das esquerdas, que estão cada vez mais frágeis no Brasil, tem a ver com todo esse processo de desilusão. Pois na medida em que as pessoas percebem que o que estão fazendo é exatamente o que o sistema quer, e que isso não vai levá-las a lugar algum, desanimam, e abandonam o campo de batalha. As esquerdas da atualidade ficaram com o que há de mais ruim e inútil, que são as teorias socialistas do século passado. Não foram capazes de criar novos discursos, diante de todas as mudanças políticas, extremamente dinâmicas. Essas teorias do passado apenas levantam questões acadêmicas sem nenhuma importância prática, que acabam dividindo ainda mais as esquerdas, e criando um monte de partidecos. Esqueceram o que havia de mais sublime no socialismo, encontrado em cada uma de suas teorias, a luta pelo bem de toda a sociedade. Ainda que imperfeitos, todos esses estudos foram feitos para melhorar o meio em que vivemos; existia um espírito neles, o verdadeiro socialismo, o ideal, o mais importante, algo que não podemos eliminar, a luta pelo bem comum; mas ele foi substituído pelo lema do “quanto pior melhor”, pois só assim acham infantilmente que poderão derrubar um sistema que nunca esteve tão forte.
Enquanto nossas esquerdas se dividem, o sistema avança, e está chegando à sua fase final de consolidação. Isso se dará na medida em que a China ficar tão poderosa, que americanos, europeus, e nós, teremos de copiar seu modelo. Aí perceberemos que a China é a essência do capitalismo monopolista especulador. Quando a liberdade na internet for confiscada, não haverá mais nada a fazer, e a democracia direta será um conto de fadas censurado do passado. Parece pouco provável, mas devemos trabalhar com alguns fatos incontestáveis. Empresários influentes já deram o alerta de que com o atual crescimento chinês, em 10 anos não haverá mais recursos naturais para sustentá-lo. O preço das comodities disparará exponencialmente, a crise global ficará incontrolável, e o mundo vai presenciar o fim dos direitos democráticos e da liberdade individual, em nome do bem estar e da própria sobrevivência. Imagine você com dinheiro no bolso, mas sem comida pra comprar nos supermercados, vendo seus filhos passar fome. Você abriria mão de sua liberdade em troca de comida? A maioria aceitará a troca, e com entusiasmo.
As esquerdas insistem na derrubada do sistema. Negam-se a ingressar nele através da democracia direta, alegando que não querem fazer remendos. No estágio atual, levaríamos décadas para uma conscientização eficaz de toda a população, para que fosse possível se pensar em revolução e luta armada. E se isso ocorresse, até a China daria dinheiro para que a parcela da população contrária à revolução pudesse resistir, transformando o Brasil no pŕoximo Iraque. Uma loucura dessas, uma proposta tão insana e incabível, ironicamente é financiada pelo próprio sistema, ciente de que isso mobilizaria a maior parte de seus inimigos, os melhores cérebros, e os aprisionariam dentro de um projeto impraticável, que nunca sairia do papel; impedindo-os de fazer o que realmente pode incomodar os donos do poder, que é a luta por uma democracia mas participativa e direta. Se quisermos superar esse sistema, devemos primeiro invadi-lo, como um tumor, e para isso precisamos de mais direitos civis. Somente depois é que poderemos transformá-lo, sem jamais cogitarmos em destruí-lo. Porque a destruição não é de interesse ao bem comum, precisamos pensar em construir um novo modo de governar e de fazer política. A esquerda precisa de um novo espírito, algo que seja positivo, a construção de uma nova sociedade, sem o emprego da violência, e dentro das Leis. Destruição, derrubada, queda, é tudo negativo, e se volta contra a própria esquerda, que não tem como esconder que torce para que tudo fique o pior possível. Ou nos livramos desse ideal negativo, ou será o nosso fim.
As filosofias do século passado precisam ser lidas com um senso crítico mais apurado. Eu, por exemplo, fiquei indignado quando estava numa aula sobre marxismo, e percebi que levaram tudo em conta para a apuração da mais valia de um produto hipotético. Só que o professor engasgou quando disse que a conta estava errada, pois não levava em conta o trabalho físico e intelectual dos sócios da empresa. Ele argumentou que a mais valia seria o que eles recebiam, porém isso está equivocado, pois o trabalho deles também deve ser levado em conta, e somente depois disso chegaríamos à famosa mais valia, que seria bem menor. Igualmente, a questão da alienação do trabalho deve ser completamente revista hoje em dia, eu aconselharia até mesmo a esquecê-la. Como seria possível levar um foguete à Lua, ou desenvolver um grande colisor de hádrons, onde todos os profissionais soubessem de cada detalhe dos diversos processos envolvidos.
Temos que tomar cuidado com o que falamos, quando dizemos que o capital dominou o mundo, que o capital explora o ser humano, dizemos uma grande asneira. Capital são os recursos utilizados para explorar uma atividade econômica, a exemplo de uma máquina de costura. Seria correto dizer que aquela máquina explora alguém? A própria luta de classes, com o fim num processo revolucionário armado, é algo questionável. Essas teorias não levaram em conta o absurdo acúmulo de riquezas e poder nas mãos do capitalismo monopolista especulador, que torna inviável qualquer ação nesse sentido. Essa, infelizmente, ou felizmente, é a nossa realidade política, e não podemos fugir dela. Continuar martelando nessa tecla do processo revolucionário, não passa de uma forma de engessar as esquerdas, deixando-as presas a conceitos desatualizados; o que é feito ironicamente por obra do próprio sistema. Não é a toa que vemos partidos de esquerda sendo financiados pelo sistema, mantendo fundações que recebem mais de 5 milhões por ano deles. E recebem dinheiro pra que? Para continuar com o velho discurso ultrapassado, pois o sistema sabe que assim não vão a lugar algum. De fato, compram tudo, deputados, ONGs, sindicatos, associações, etc. A militância está apenas acordando para essa realidade.
A sociedade estratificada, por exemplo, é um atentado à liberdade individual. Se uma pessoa não puder ganhar mais que outra, desde que se empenhe mais, é claro, e desde que não haja excessos como atualmente, isso agride sua liberdade; e o contrário também é válido. Se as pessoas ganharem o mesmo rendimento, independente de quanto trabalhem ou estudem, quem deixaria de jogar bola, truco, ver TV, namorar, etc, pra ir na escola depois do serviço? Isso compromete até a segurança do país, como aconteceu na URSS, que não consegue se desenvolver como os outros. Cada pessoa deve ser livre pra fazer o que bem entende. Se o cara dá mais valor pro lazer dele, isso deve ser respeitado. Se alguém prefere se sacrificar e viver estudando e trabalhando, o problema é dele; mas por questão de Justiça, um deve ter o rendimento diferenciado do outro. De fato há exageros, não tem cabimento que uns ganhem 600 reais/mês, e outros 30 mil; mas essa não é uma questão de estratificação, e sim de excessos decorrentes de uma legislação equivocada, exatamente onde nos omitimos em questionar e lutar por mudanças. E se optarmos por uma extratificação real, como faríamos com quem dá mais ênfase a seu lazer, desprezando a atividade laboral? Devemos esquecer a Justiça social, privilegiando uns em detrimento de outros? Criar metas de produtividade? Fazer como na China, que não tem moradores de rua e mendigos, que vão tudo pras minas de carvão compulsoriamente? Essas questões precisam ser debatidas na linguagem do povão, e sem subestimá-los, pois nossa democracia está amadurecendo, e o povo não engole mais qualquer coisa; além de ter um execelente senso de Justiça. A tentativa falha de derrubar a Dilma com a questão do aborto é uma prova disso.
As teorias do passado falam tanto em luta de classes, mas não perceberam que existem só duas classes no mundo. Uma ficou muito bem identificada com o fim da antiga URSS, quando o povo precisou sair às ruas, porque passava fome, e literalmente morria de frio no inverno; enquanto algumas pessoas viviam em palacetes. Ali ocorreu o maior caso de corrupção da história, numa sociedade onde todos deviam ganhar mais ou menos a mesma coisa, não faltou comprador para as estatais que foram privatizadas. Obviamente que eram os donos do poder, os donos do partido comunista. Evidenciando que só existe a classe dos que mandam, e a dos que são mandados. Ora, um projeto que quer acabar com as classes sociais, não pode deixar de lado a democracia direta; pois quando o povo puder exercer diretamente seu poder, todos madarão, existirá uma única classe, e ninguém mais será excluído.
A falta de crítica leva nossa esquerda a dar sistematicamente um tiro no pé, na medida em que se diz socialista, comunista, e invoca os ideais marxistas, seus símbolos e demais teorias do século passado. Ora, como esperar que num país despolitizado, com o sistema de ensino precário, o povo não vá associar imediatamente tal proposta à antiga URSS? A esquerda precisa falar a língua do povo, tem que perceber que está dizendo ao povão que quer implantar aqui o sistema que havia lá na URSS e não deu certo. Não adianta vir falar que lá não era comunismo, que era capitalismo de estado, etc. Isso não cola pro povão, e é por isso que apenas o mundo acadêmico dá ibope a esses ideais. Como não se faz grandes forças políticas excluindo o grosso da população, vamos de mal a pior. E olha que ninguém se tocou ainda em informar à população, que aquele regime ditatorial da URSS conseguiu sustentar-se por décadas, somente por causa dos imensos recursos expropiados da Ucrânia, junto com suas plantações, que matou de fome mais de 5 milhões de pessoas. Alguém espera conquistar a simpatia do povão com essas ideias? Acho que é fundamental uma reflexão, precisamos decidir se queremos ser marxistas, stanilistas, leninistas, trotskistas, etc, ou se queremos lutar pelo bem comum e a Justiça social. Um juízo de valor deve ser feito, deixando paixões e vícios de lado, e definir o que é mais importante às esquerdas. Quando esses autores agiam em seu tempo, creio que o faziam visando o bem comum e a Justiça, mas tenho certeza de que hoje agiriam de forma diferente, embora com o mesmo espírito. Nós fazemos o contrário, queremos que tudo vá de mal a pior, e remoemos os velhos conceitos ultrapassados.
Quando me dirijo às esquerdas, estou me referindo às suas militâncias, que é o que interessa, para que esse tipo de questionamento seja colocado em pauta, e que as lideranças sejam colocadas contra a parede; já que a grande maioria está ligada ao sistema de financiamento dessas instituições, e provavelmente não farão nada que desagrade seus patrões (o sistema), para que a verba continue fluindo. As instituições são heterogêneas, e acredito que só conseguirão desprender-se dessas amarras as mais democráticas, e menos burocratizadas, onde a militância tenha mais voz, e de forma mais simples. Mas para isso é preciso muita pressão e crítica por parte dos militantes.
O MST quer saber porque sua militância tem lhe abandonado, mas nós também queremos saber algumas coisas do MST. É preciso saber se o movimento quer apenas administrar um problema social, beneficiando suas lideranças com financiamentos oriundos do próprio sistema; ou se quer realmente lutar contra o problema, buscando soluções concretas para o trabalhador rural sem teto. Pois sabemos que a principal causa dessa exclusão social, está na especulação imobiliária, e que isso ocorre principalmente por parte dos políticos e pessoas a eles associadas, graças ao impósto irrisório cobrado das terras improdutivas. Ou seja, se o imposto fosse muito mais elevado (500 vezes pelo menos), a compra de propriedades rurais para criar mato, esperando sua valorização, seria reduzida drasticamente; a maioria venderia as terras por qualquer preço, só pra se livrar do imposto, e o preço da terra ficaria muito mais barato. Além disso tem a questão do que vem a ser terra improdutiva; exigências para se pedir reintegração de posse, onde pode ser exigida a comprovação do pagamento de todos os impostos do imóvel para ajuizar a ação; critérios para facilitar a desapropriações de terras para a reforma agrária, metas, etc. Onde está o MST que não se debruça sobre tal questão? O problema dos brasileiros é que só sabem reclamar, não são capazes nem de estudar a legislação sobre as questões que estão reclamando, e apontar as mudanças necessárias. Esse é o dever de casa que os 1% da população fazem, e nós, os 99%, não fazemos. Quando nos omitimos, abrimos espaço para que os Tiriricas vão lá, e façam aquilo que não fizemos. Depois não adianta reclamar. Já pensaram na convocação de um plebiscito, propondo que cada brasileiro maior de 21 anos tenha o direito a um terreno urbano de 250 m2, ou uma propriedade rural de 1 alqueire a título de comodato pelo Estado? Esperam que os deputados coloquem isso em votação? Porque vocês não o fazem?
Até agora o povo apresentou apenas 4 projetos de Lei de iniciativa popular, e todos foram aprovados. Foram a Lei que permite caçar quem compra votos, a que ampliou a Lei dos crimes hediondos, a que criou o sistema nacional de habitação (um dos impulsores econômicos do governo Lula), e a Lei do ficha limpa (a pior de todas, por ter muitas inconstitucionaidades). Quando os parlamentares vêem o povo do lado de fora, as pernas tremem, e aprovam tudo o que for pedido. Não arriscariam que o povo invadisse o Congresso, declarando-o dissolvido, para convocar uma nova assembléia constituinte, dessa vez com participação direta do povo, através da internet, e urnas eletrônicas, semelhante ao que estão fazendo na Islândia, o país com melhor padrão de vida do mundo.
O fato é que somos uma vergonha como população e sociedade organizada. Temos muitas injustiças no país, e até agora todos os projetos de Lei de iniciativa popular (quatro) foram aprovados. Os americanos, que não são o melhor exemplo, votaram 160 plebiscitos convocados pelo povo, só na última eleição deles, enquanto Austrália e Suíça fazem muito mais. O MST tem estrutura suficiente para que sozinho consiga todas as 1,3 milhões de assinaturas necessárias para uma iniciativa dessas. Porque não o faz? Quer realmente resolver o problema, ou apenas administrá-lo? Parece que a militância tem se decepcionado com esse tipo de omissão, principalmente diante das manifestações mundiais do movimento 15o, na luta por uma democracia mais participativa, onde o povo não tenha o direito de convocar apenas iniciativas populares, mas sim plebiscitos e referendos, em que o próprio povo decide no voto, em vez dos deputados. Queremos saber porque o MST não deu nenhum apoio ao movimento 15o, mesmo com nossos apelos no orkut, facebook, e-mails, e contatos pessoais. Não somos contra ou a favor de ninguém, somos um movimento que luta apenas por mais direitos sociais a todos nós. Vocês não querem que o povo exerça seu poder diretamente? Pois bem, parece que tem gente que já adivinhou a resposta.
O aprendizado deve ser constante, e esse anula as teorias do pasado:
OS POLÍTICOS NÃO NOS REPRESENTAM
Mas não anula o que realmente importa, que são os princípios, a luta pelo bem estar e justiça social, esse sim o verdadeiro socialismo.
Quem nao quer ir com o povo está contra o povo. O povo aprende com seus erros, porque os sente na pele, e pode corriji-los em seguida. Os políticos não aprendem quando votam errado, porque é o povo que vai se danar, não eles, que apenas enchem seus bolsos com essas falcatruas, e, portanto, não nos representam.
Pessoal mais um elemento para análise:
Nova corrente do PT foi fundada em congresso, neste final de semana, na Escola Florestan Fernandes do MST, em Guararema.
“Agora, agora é pra valer, Esquerda Popular Socialista do PT”. Com o grito de ordem encerrou-se no domingo, 4 de dezembro, na Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST, o Congresso Nacional de Fundação da Esquerda Popular e Socialista, a nova tendência nacional do Partido dos Trabalhadores. A Esquerda Popular e Socialista nasce com musculatura política e social e está organizada em 18 Estados brasileiros, fortemente vinculada com os movimentos sociais. A abertura do Congresso Nacional de Fundação da Esquerda Popular e Socialista aconteceu no dia 2, na sede do PT Nacional, em São Paulo, e contou com a presença de lideranças de outras tendências petistas e de movimentos sociais brasileiros. Nos dois dias seguintes, as atividades ficaram concentradas na Escola Florestan Fernandes.
http://www.maurorubem.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1801&catid=53:politica&Itemid=116
A meu ver a discussão deve-se passar também por um dos pontos principais que é o Projeto Democrático e Popular e as ações em torno deste para ser implantado, este orienta a atuação de todos os movimentos que assinaram a carta.
Ufa, agora vai, ainda bem que estão avisando que AGORA é pra valer… pois é, APOIO AO GOVERNO Dilma, GANHAR o maior número possível de cadeiras legislativas nas próximas ELEIÇÕES… e, claro, sobrando um tempinho construir o socialismo… pois é, agora sim, AGORA é pra valer… e o passado insiste em se repetir, uma vez mais e mais outra… ai que saudade do futuro…
Conheci um sujeito que tinha uma pedra e antes de a largar disse: «Esta pedra vai subir até ao céu». Mas a pedra caiu no chão. «Não foi desta», disse o sujeito, «mas agora, se gritarmos todos juntos “sobe, sobe”, a pedra subirá». Mas não subiu, caiu no chão de novo. O sujeito anda nisto há imenso tempo. É certo que de vez em quando muda de pedra.
“Esquerda popular socialista do PT”. O que será isto? Socialista do PT? Dizem que petista socialista é “só se a lista” de emprego público contemplar o sujeito. Como ser socialista num dos partidos que mais implementa o capitalismo, com umas pitadas sociais? Só serve para passar um verniz de esquerda no PT. Nada mais.
Thiago, o que é este Projeto Democrático e Popular? De onde veio? Existe alum documento?
Estes novos elementos (até certo tempo estranhos para os movimentos sociais) que o João Bernardo enfatiza são cruciais para entendermos este processo torto de transformismo do MST, que alinha-se muito mais do que o esperado aos setores vinculados a maioria da direção do PT e da CUT – o elemento mais contundente é a abertura que distancia a direção e as bases destes, e que se observa com extrema preocupação no MST. No Paraná, a direção do MST fechou acordão para a eleição do candidato do PDT, Osmar Dias, irmão de Álvaro Dias (PSDB) e de uma das maiores famílias latifundiárias do Estado. Ao mesmo tempo, foi proibida a entrada dos partidos de esquerda nos acampamentos e assentamentos, tal qual o PSTU e o PSOL.
Este tipo de atuação observa que não é só o tático que padece de uma necessároa nova leitura, mas que passa a mediar o que é estratégico – de forma cada vez mais pobre e imediatista.
A saída dos 51 é um dos marcos que devem servir não somente de alerta, mas que apontem a centralidade que os indivíduos combativos da classe (o partido comunista, como Marx gostava de se referir) assumam a construção de novas organizações e partidos – mas que estas novas formas não ocorram sem a autocrítica necessária e o respeito ao passado e às vitórias parciais que as organizações “estagnadas” levaram.
Nesse sentido o crescimento da ANEL como nova instância do movimento estudantil já nos ofereceu uma série de ações de luta, que dentro de uma perspectiva de defesa passaram para a ofensiva e tiveram uma repercussão extremamente positiva no ano que se encerra. O fracasso da CONCLAT que unificaria a Intersindical na CSP-Conlutas foi um passo atrás, mas mesmo assim a luta continua, e que se o projeto entre o campo e a cidade ainda prima pela distenção (nunca o alheiamento) entre o proletariado e o campesinato, isto só nos expõe que as tarefas históricas ainda não formas cumpridas, que o caminho da luta prossegue, e com os limites da social democracia (e da democracia parlamentar eleitoral burguesa) mais evidentes do que nunca para boa parte da esquerda.
Que a luta continue, que não nos limitemos ao calendário da política burguesa, que voltemos para as bases e que somente através delas possamos voltar para a ofensiva contra o capital no Brasil.
e facil pra esses que tanto lutaram sair agora e fazer maior aue na tv e midia mas que fique claro o mst vai foie é forte pra fazer as analises entao iremos conseguir
Parabéns pelo texto. esse texto, inclusive, é melhor que o dos 51 que abandoraram a luta no MST, MTD e CP. Abaixo, alguns comentários e dúvida para fazer o debate.
/Temos perante os olhos um Brasil que se apresenta como imperialista e que consegue unificar modelos arcaicos e modernos para atingir um patamar superior na extração da mais-valia/
Brasil imperialista? Não existe consenso nessa polêmica avaliação. Considerar o Brasil imperialista representa, no campo da ação política, combater as políticas do país a nível internacional, em vez de enfrentar as políticas dos Estados Unidos. O Brasil não tem força armada, política e econômica para ser um país imperialista. Há um punhado de grandes empresas transnacionais brasileiras, que não chegam a 10, que têm uma ação em nível internacional que para alguns se configura como imperialismo. Parece prematuro avaliar o Brasil como imperialista, ainda mais quando o país vive sob a espada do imperialismo dos Estados Unidos (é só ver os documentos do wikileaks). A política externa do Brasil é contraditória: não ameaça nem se alinha aos Estados Unidos, serve aos interesses de uma burguesia interna, que em algumas medidas beneficia economicamente os trabalhadores e outras vezes não e não ameaça nem se alinha ao projeto mais avançado no continente, a Alba.
/Da mesma maneira que suas colaborações são imprescindíveis para o trabalho nas cozinhas, nas cirandas, nas hortas, etc., elas deixariam de o ser nas decisões táticas e estratégicas do movimento?/
Essa é uma questão importante. Os autores estão dizendo que não existe dentro do MST para que a militância com essa origem discuta as questões táticas e estratégicas? Ou seja, que o movimento não tem democracia interna? É isso?
/Os programas sociais governamentais que são concedidos diante das lutas reivindicativas costumam ser revertidos em contenção e cooptação destas lutas/
Os movimentos reivindicatórios (ou seja, que precisam que sua ação se cristalize em melhoria para a sua base) devem abrir mão das conquistas da luta para não serem cooptados? E o risco de perderem a suas bases? Política é risco. As conquistas dos trabalhadores podem amortecer as lutas, mas trabalhadores sem conquistas podem desistir da luta. Eis um dilema que nunca será superado. Só se houver uma opção clara para cada lado: 1- ser um movimento reivindicatório com muita base e sem perspectiva estratégica ou 2- ser um movimento pelo socialismo sem conquistas e, consequentemente, sem uma base social ampla. Para os movimentos de massa com uma perspectiva de transformação social esses riscos farão parte da realidade e precisam manter um debate interno para evitar qualquer um desses desvios.
/A reivindicação junto ao Estado faz parte da maioria dos processos organizativos de esquerda, mas é importante que o objeto de reivindicação econômica não apareça como dádiva…. a perspectiva da construção de um mundo anticapitalista não significa necessariamente a recusa à negociação com o Estado, mas aos movimentos não convém se converter em braços diretos ou indiretos deste aparato/
Isso acontece no MST? Tem algum exemplo?
/Num momento em que os trabalhadores estão sendo incorporados à cidadania burguesa, apesar dos déficits que esta apresenta no Brasil, o Estado assume um papel na reprodução material das classes sociais como legislador, agente da ordem, detentor do fundo público, fazendo-se presente nas mais distintas frentes de atuação destes movimentos, incluindo ONGs e cooperativas./
Isso é bom ou ruim para o povo brasileiro e para os movimentos revolucionários?
/O MST e os movimentos populares afins têm de decidir se são movimentos que ocupam terras e fazem pressão para obter a legalização e subsídios, ou se são movimentos que ocupam terras (ou, cada vez mais, ocupam sedes do INCRA) para obter subsídios? Ou seja, são movimentos de ocupações ou movimentos de subsídios?/
Não consegui entender esse ponto. Não ficou claro para mim.
/São um exemplo deste impasse as questões relacionadas à luta pela educação dentro do MST. Será que não cabem algumas objeções ao tão propagado avanço do MST na área da educação? Será que não se podem melhorar as relações entre Universidade e Base do movimento? Serão os cursos universitários frequentados pelos militantes uma ferramenta coletiva para o desenvolvimento de assentamentos, ocupações e posses, ou uma forma de ascensão social individual, fortalecida pela força desmobilizadora da Universidade e pela necessidade de recrutar camadas intermediárias e corpos técnicos? Será que a pedagogia do movimento, criada para atender questões práticas da luta, não estaria se subordinando ao modelo difundido e monopolizado pelos doutores da Academia?/
Mais uma vez, é levantada uma questão importante, que parece que o Movimento sempre se preocupou. É mais uma contradição e risco que vivem os movimentos sociais. Quem não quiser correr esse risco, tem uma opção: abrir mão de criar possibilidades para que trabalhadores rurais pobres do campo que estudem. Sobre a subordinação à modelo da Academia, não existe sinais disso. Todo curso do Movimento nas universidade tem uma relação de tensão do movimento com os doutores da Academia do começo ao fim. O curso é uma síntese dessa contradição e não poderia ser diferente.
/Costuma argumentar-se que a violência nos anos dos governos de Lula, e agora de Dilma, não parte do governo federal, mas dos latifundiários e dos governos não petistas estaduais e municipais. Ora, esta argumentação não parece ter validade na medida em que o governo federal não intervém para sanar a situação… Ao contrário, os níveis de impunidade permanecem intocados/
Sem dúvida, essa é a parte mais fraca deste bom texto. Faz uma confusão de governo com Estado e de Poder Executivo com os outros poderes. Como o governo federal poderia intervir para impedir a repressão por governos estaduais? Se a investigação dos crimes é feita pelas polícias, controladas pelos governos estaduais, o julgamento e condenação dos casos de violência são de responsabilidade do Poder Judiciário, como colocar na conta do governo federal que “os níveis de impunidade permanecem intocados”? Sejam bem vindos à complexidade do Estado burguês moderno, que é um aparelho formado de diversos poderes, por diversos níveis e por uma burocracia que formam um conjunto contraditório. Vamos ao papel do governo federal, em específico. No governo Collor, foi criado dentro da Polícia Federal um departamento para monitorar e combater o MST. No governo FHC, o presidente e seus ministros (inclusive os responsáveis pela reforma agrária) manifestavam que as ocupações de terra eram crime e deveriam ser reprimidas. Dessa forma, davam legitimidade e incentivavam a ação das polícias militares, controladas pelos governos estaduais. Lula sempre evitou criticar as ações do MST e foi criticado por isso pela imprensa burguesa. Os ministros da área da reforma agrária respeitaram as ações do movimento. Até os ministro da Agricultura, representantes do agronegócio, evitaram criticar o movimento. Ou seja, de fato, o governo não tem como linha criminalizar, mas isso não é suficiente para barrar a repressão.
/Dado este quadro, é ainda mais curioso que muitos dos movimentos em discussão tenham uma leitura complacente destes anos de governo do PT e, inclusive, tenham chegado a conclamar abertamente ao voto na candidata deste partido, sob o argumento de que os movimentos seriam menos criminalizados, como se esta representasse uma alternativa aos números apresentados durante os governos de Lula./
Não tem nada de curioso.E o MST não apoio Dilma por causa da menor criminalização. A compreensão é de não está em jogo nas eleições projetos de transformação da sociedade. O socialismo não será conquistado pelo voto. Por isso, eleição é espaço do pragmatismo. O que estava em disputa era a eleição de um governo de direita (é bom lembrar que, na campanha, Serra atacou o MST, o aborto, os homossexuais) ou a eleição de um governo de composição de forças (com presença de setores de direita, centro e esquerda). Essa é a disputa concreta nas eleições. Vocês ficam de que lado?
LIção de Lenin:
“… os bolcheviques conseguiram tal resultado foi exclusivamente porque desmascararam impiedosamente e expulsaram os revolucionários de boca, obstinados em não compreender que é necessário recuar, que é preciso saber recuar, que é obrigatório aprender a atuar legalmente nos mais reacionários parlamentos e nas organizações sindicais, cooperativas, nas organizações de socorros mútuos e outras semelhantes, por mais reacionárias que sejam”
Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo
Vladimir Ilitch Lenin
Vendo os resultados do bolchevismo, será que aquela citação se destina a criticar os 51 ou a criticar o Lenin?
Copiar e colar uma frase do Lênin para endossar uma política reformista não me parece o caminho mais adequado para realizar um debate programático.
O que me espanta é o leninismo ser recorrentemente utilizado como o argumento chave de salvação do reformismo no interior dos movimentos: “calma companheiros, ainda não chegou a hora de radicalizar a luta”.
Das duas uma; ou o leninismo é uma ideologia reformista que nada diz sobre a autonomia operária (o que é parcialmente ou quase sempre correto), do protagonismo da base e da ação direta ou se extraem os textos mais retrógados de maneira oportunista com vistas a salvaguardar a atuação reformista da nomenklatura da vez, escondida sob o guarda-chuva do centralismo democrático/burocrático.
Dizer que os movimentos populares precisam recuar, e que o atrelamento do MST e de outros movimentos ao governo é apenas um efeito da conjuntura é simplesmente pouco verossímil.
O que há é um processo de burocratização tocado pela própria Consulta Popular e parte da direção do MST no que acreditam ser uma luta por um “aparelho em disputa”, que em tese, é o Estado “democrático-popular” (também em aspas, obviamente) do governo Lula/Dilma. Neste ponto equivocam-se completamente. A consulta entende que este aparelho está em disputa e para isto rebaixa não só sua agenda, mas leva os movimentos populares em que está inserida a reboque. Parte desta avaliação é fruto de uma análise equivocada, de tentar disputar a organização política da classe dominante; e o pior, utilizando seus próprios meios e canais.
Este atrelamento ao governo e a atuação nos esferas mais “retrógadas”, utilizando os termos postos pelo Lênin, infelizmente é operado sem a contra-partida de um efetivo trabalho de base. Será que o Leninismo sobre isto nada tem a dizer? Ou Lênin recomendara sem as menores ressalvas a atuação parlamentar à despeito do trabalho de base?
Caro Carlos,
Geralmente o Coletivo Passa Palavra prefere deixar os comentários para o debate entre os leitores, mas parece-nos que neste caso será oportuno dar uma breve resposta às questões que você levantou.
Quanto à classificação do Brasil como imperialismo, remetemos para os artigos incluídos na etiqueta Nunca Antes Na História Deste País ( http://passapalavra.info/?tag=nunca_antes_na_historia_deste_pais ).
Quanto à segunda questão que você levantou, trata-se de ampliar e multiplicar os canais de democracia interna que permitam às pessoas envolvidas com o trabalho nas cozinhas, nas cirandas, etc., se envolverem de igual modo com o debate das questões estratégicas. Nem no MST nem em nenhum outro movimento social nem em nenhuma organização política isto está assegurado. É uma luta permanente, e é para a urgência desta luta que chamamos a atenção pelo menos desde o nosso artigo Entre o fogo e a panela ( http://passapalavra.info/?p=27717 ), publicado há um ano e meio.
Quanto às terceira, quinta e sétima questões, precisamente porque «política é risco» e porque o «dilema nunca será superado» é que os movimentos sociais devem se esforçar por dificultar a cooptação das suas lutas pelo governo e pelo capital, em vez de criar vínculos que facilitam essa cooptação, como sucede com as estreitas relações mantidas com o ministro Gilberto Carvalho ou com os acordos estabelecidos com a Fibria. Para evitar ser «um movimento pelo socialismo sem conquistas», e portanto ser marginalizado, não é necessário ser «um movimento reivindicatório com muita base e sem perspetiva estratégica». Mas só se pode lutar contra este dilema através de uma democracia interna que estimule a base a contribuir cada vez mais para a formulação da estratégia.
Quanto à quarta questão, quem estiver interessado na resposta deve pesquisar em torno da figura do ministro Gilberto Carvalho, procurando inclusivamente o aparecimento deste personagem no site do MST.
Quanto à sexta questão, as ocupações reivindicam subsídios e não chegam subsídios sem ocupações, mas trata-se de definir o que é fundamental para o movimento. O fundamental é a ocupação, com a rede de relações sociais que permite criar, com as novas experiências de decisão colectiva, com a abertura de novos quadros de prática? Ou o fundamental são os subsídios e a constituição de uma camada de técnicos e gestores encarregados de administrar estes subsídios?
Quanto à oitava questão, esse quadro legal existe porque o governo central não se esforça por o alterar. E não se esforça por o alterar porque isso lhe convém. Quando a presidente Dilma declara «O MST não é um caso de polícia. Agora, eu não compactuo com ilegalidade, nem com invasão de prédios públicos, nem com invasão de propriedades que estão sendo produtivamente administradas» trata-se de uma pérola de ambiguidade, esclarecida quando ela afirma «sou inteiramente contrária à tomada de locais públicos e invasões de terra». Nestes termos, não parece que as linhas gerais da política sejam diferentes no governo federal e nos estados.
Quanto à nona e última questão, há uma grande diferença entre orientar o voto num dado sentido ou mobilizar todo o aparelho organizativo numa campanha eleitoral ativa. É de novo o problema levantado pelas suas terceira, quinta e sétima questões. Finalmente, quanto à questão — decerto retórica — de saber de que lado nós ficamos, remetemos para um debate interno do Coletivo Passa Palavra, que publicámos no artigo Fora de pauta ( http://passapalavra.info/?p=30891 ).
Obrigado pelo retorno. embora algumas perguntas não tenham sido respondidas, acho importante esse debate. temos que continuar. pano rápido, mais algumas perguntas:
– como foi esse acordo do MST com a Fibria? onde se deu? como se deu?
– sobre o gilberto carvalho, o movimento ter um interlocutor dentro do governo significa se “converter em braços diretos ou indiretos deste aparato”? o gilberto carvalho dirige o MST? ou deve tratá-la como o FHC, que tinha uma postura definida contra o movimento?
– se os governos estaduais mandam a polícia quando o movimento faz uma ocupação de terra, e a presidenta Dilma diz que o movimento não é caso de polícia, não existe uma contradição? será que a afirmação de dilma não sugere que os governos estaduais ajam de uma outra forma?
– então é diferente “orientar o voto” e “mobilizar todo o aparelho organizativo numa campanha eleitoral ativa”? se você tem uma avaliação de que numa eleição há uma disputa importante entre a vitória de um governo de direita e um governo de composição de forças (que não é de esquerda, é verdade) por que não agir para derrotar o pior quadro?
um grande abraço e feliz natal pra todos os leitores do passa palavra.
caro rafael,
onde eu acho referências sobre essa formulação do “Estado ‘democrático-popular’ do governo Lula/Dilma”? quero ler mais para entender sobre isso.
como se dá esse processo de “processo de burocratização tocado pela própria Consulta Popular e parte da direção do MST”?
o mst não está fazendo mais um efetivo trabalho de base?
O acordo da Fibria com o MST pode ser consultado, entre outros lugares, aqui:
http://isebvmf.com.br/index.php?r=noticias/view&id=226148
essa matéria, publicada no jornal Valor, com a credibilidade de quem serve aos empresários, só fala da tal parceria por alto.
vocês têm mais informações? onde é a área? quem são as famílias que entrarão no projeto? essas famílias estavam em luta?
será que essa matéria não apresenta poucos elementos para avaliar os tais “acordos estabelecidos com a Fibria”?
ou o problema é apenas que “A Fibria recebeu em agosto os líderes do MST em sua reunião anual estratégica”?
silêncio….
Parabens pelo texto compas! Acho que tocaram em varios pontos importantes e que devemos pensar sobre eles a cada açao, repensar-los, discuti-los… sem a pretençao de dar uma resposta imediata, pois as contradiçoes nao nos permite supera-las, por ora..
Queria comentar que acabei de fazer uma entrevista com dois dirigentes da CSUTCB (principal organizaçao que compoe o governo de Evo Morales) e foi interessante perceber como os dois tinham uma sutil diferença no discurso: enquanto um dizia que “gracias al Evo” puderam conquistar reformas democraticas; enquanto o outro dizia que “a vecez hay que puchar su oreja” porque os movimentos que foram responsaveis pelas transformaçoes.
Contudo, uma coisa os dois tem em comum para que esta diferença seja tao sutil: apoam o projeto reformista que está desmobilizando os trabalhadores que foram responsáveis pela derrocada de tres governos neoliberais. E este projeto está creditando cada vez mais a Evo as mudanças “possíveis”. É o que tem pra hoje!
e esses governos “progresistas” estao articulando o pussível e impedindo o impossível de existir, juntos… estao sufocando as possibilidades de superaçao do capitalismo.
Saludos a los compas…
dizem que existem empresários que sao patriotas…