Por João Bernardo

 

Ouve-se e lê-se hoje muito por todo o Brasil a dupla exigência de pôr fim à corrupção e de dedicar à educação 10% do Produto Interno Bruto. E quem poderá não estar de acordo? Pois se os corruptos são maus e se a educação é linda, diminuamos uns e aumentemos a outra e o mundo ficará melhor. O problema é que as evidências baseadas em lugares-comuns raramente acertam no alvo.

1. A corrupção

a. Os corruptos são acusados de ludibriar as regras do jogo, sem que os críticos da corrupção discutam o jogo ou sequer as regras.

chessA indignação vem de os corruptos obterem ilegitimamente uma posição favorável na distribuição da mais-valia, mas os indignados não põem em causa a legitimidade da exploração da mais-valia. Um parlamentar exige que o dono do restaurante do parlamento lhe pague uma dada quantia mensal, é um escândalo; mas o facto de o dono do restaurante explorar a força de trabalho dos empregados nada parece ter de escandaloso. E o facto de as obras públicas permitirem aos vereadores embolsar uma parte dos lucros dos empreiteiros enche de cólera aqueles que não se comovem com o sistema que permite aos empreiteiros realizarem lucros. Os exemplos são intermináveis, todos eles revelando a mesma ambivalência dos críticos.

Esta ambivalência é possível porque a crítica à corrupção se situa mais no plano moral do que no plano económico. Aliás, é esta mesma a função da moral na política — permitir uma mudança nas aparências, mantendo a realidade que as sustenta. Envernizar o capitalismo por fora, mas continuando ele rugoso por dentro. Ora, como não tenho a responsabilidade do Juízo Final, deixo a crítica moral para aqueles que se julgam ao corrente dos desígnios da Providência e restrinjo-me ao aspecto económico.

b. Será que no Brasil a corrupção é maior agora do que foi noutras épocas?

É bem possível que o seja, porque a mobilidade social ascendente gera a corrupção. Um sujeito cuja fortuna foi feita pelo bisavô, nos tempos do café e da república velha, cuja família consolidou e modernizou as suas fontes de riqueza e cujo nome está desde há muito inscrito nas elites do seu estado tem e sempre teve acesso aos prazeres da vida. O bisavô foi corrupto para que ele pudesse ser honesto. Mas aquele que aos oito anos de idade vendia picolés debaixo do viaduto, que aos dez anos trabalhava na oficina e aos quinze na fábrica e só deixou de morar numa favela quando ascendeu na hierarquia da central sindical e pouco tempo depois exercia funções em Brasília, como pode ele competir com as elites tradicionais sem acumular rapidamente muito dinheiro, muito mais do que a sua remuneração oficial lhe permite?

Esta regra não é absoluta, nenhumas regras sociais o são, e assim como se conhecem os nomes de alguns membros das elites tradicionais especialmente adeptos da corrupção também se pode presumir que muitos membros das novas elites não cedam às tentações. Mas não creio que o Brasil permaneça como uma excepção relativamente aos efeitos da mobilidade social ascendente verificados noutras sociedades.

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Se assim for, os governos do PT, correspondendo a uma profunda renovação interna das classes dominantes brasileiras, teriam suscitado um tipo de corrupção que deve ser considerado como um custo de formação da nova elite. Quem defende a democracia representativa e sabe que os mecanismos eleitorais são necessários para promover a ascenção de novas forças sociais e remodelar as elites tem de pagar um preço.

c. Apesar do que se diz, esse preço não é excessivamente avultado.

Se for considerada como um dos custos que recaem sobre as empresas para exercerem a sua actividade, a corrupção assemelha-se a um imposto. Nesta perspectiva, uma grande parte da actual luta das empresas contra a corrupção obedece aos mesmos motivos que as fazem lutar contra a carga fiscal, sempre considerada excessiva. Se o neoliberalismo defende o Estado mínimo oficial, defende também o Estado mínimo não-oficial, procurando assim reduzir ou eliminar os subornos. Os empresários que sustentam as campanhas de opinião contra os tentáculos económicos do Estado patrocinam igualmente as organizações não governamentais destinadas a estimular a honestidade na política.

Pode argumentar-se que o dinheiro dos impostos se destina à criação e manutenção de infra-estruturas materiais e sociais, com as quais as empresas beneficiam, enquanto que o dinheiro entregue aos corruptos só os beneficia a eles. Porém, se considerarmos os subornos não particularizadamente mas em conjunto, eles tecem uma rede de relações vantajosa para todos os empresários que nela se inserem.

A corrupção só começa a ter efeitos negativos quando leva os corruptos a proceder a uma fuga permanente de capitais, que são colocados fora do país ou se tornam ociosos ou de qualquer outro modo saem do circuito económico. Ou quando leva os corruptores a desenvolver uma economia informal que ultrapassa as dimensões da economia formal. E a corrupção tem efeitos totalmente destrutivos quando substitui os mecanismos administrativos e judiciais oficiais, que se extinguem na prática. Nestes casos o Estado deixa de funcionar e toda a vida política, económica e judicial obedece, na melhor das hipóteses, ao modelo do crime organizado ou, na pior hipótese, do crime desorganizado.

d. Ora, o Brasil está muito longe da situação em que a corrupção leva à paralisia ou à dissolução do Estado.

canseiA Transparency International, a mais conhecida das organizações não governamentais especializadas na denúncia à corrupção, publica anualmente o Corruption Perceptions Index, uma lista dos países ordenados consoante o grau de corrupção. No último Index, referente a 2010, se o Brasil não se encontra entre os países menos corruptos, não se encontra também entre os mais corruptos, sendo-lhe atribuída a 69ª posição num total de 178 posições. Isto significa que, dos países membros da União Europeia, a Roménia obteve a mesma classificação que o Brasil, e outros dois, a Bulgária e a Grécia, obtiveram classificações piores (73ª e 78ª). Mesmo a Itália, colocada na 67ª posição, equipara-se praticamente ao Brasil. A comparação torna-se ainda mais reveladora se verificarmos a posição ocupada pelos outros três neoimperialismos emergentes, reunidos nos BRICs, pois tanto a China (78ª posição) como a Índia (87ª) e a Rússia (154ª) receberam uma classificação pior do que a brasileira.

Talvez seja mais interessante ainda verificar que no Index da Transparency International o Brasil está colocado ao lado de Cuba, ambos na 69ª posição. Será que aquela porção da esquerda brasileira que atribui a prioridade ao combate à corrupção sabe que de cada vez que brama contra a situação do seu país está implicitamente a denunciar a situação existente em Cuba? Assim se enfiam num beco sem saída aqueles que propõem Cuba aos brasileiros como exemplo de uma nova sociedade.

2. A educação

a. É certo que a educação pública fundamental e média carece de uma grande melhoria.

Na quarta parte de uma série de artigos publicada neste site chamei a atenção para a antinomia entre os maus resultados do ensino fundamental e médio no Brasil e os resultados bastante razoáveis, ou mesmo bons, obtidos pela Pesquisa e Desenvolvimento. Escrevi que «numa situação em que um ensino básico precário e uma escolaridade deficiente coexistem com um desempenho satisfatório em P&D, pode operar-se uma dicotomia de consequências nefastas, colocando para um lado a esmagadora maioria da força de trabalho, mal qualificada e laborando por isso em empresas pouco produtivas, e isolando noutro lado uma minoria de trabalhadores qualificados, sem que haja mobilidade de uma esfera para outra e provocando um estrangulamento na oferta de profissionais habilitados». Não faltam estudos de economistas e de especialistas de administração de empresa detectando o mesmo problema. «O capitalismo brasileiro», acrescentei eu naquele artigo, «depara com o grande risco de se operar uma dicotomia entre uma força de trabalho muito numerosa e não qualificada e outra qualificada e pouco numerosa». Este é um dos pontos nevrálgicos cuja solução será necessária para dar mais coerência e homogeneidade a uma economia em crescimento acelerado.

b. Mantendo a questão nestes termos, trata-se apenas de solucionar um problema interno do capitalismo.

Todavia, é elucidativo observar que o capitalismo tem conseguido proceder a uma produção de massas de boa qualidade, tanto de bens materiais como de serviços, excepto no caso da educação. E o fenómeno não se restringe ao Brasil, senão seria fácil copiar modelos de outros países, como se faz para os demais tipos de produção. Igualmente curioso é o facto de em todos os casos os consumidores protestarem quando detectam defeitos nos produtos, enquanto os estudantes parecem indiferentes à qualidade do ensino. Aliás, os estudantes preferem os maus professores, que geralmente são permissivos, aos professores competentes, que são sempre mais exigentes. Na maior parte dos casos — não escrevi na totalidade dos casos, mas na maior parte — aqueles estudantes que reivindicam um ensino público gratuito e de qualidade esquecem-se de ser, eles mesmos, estudantes de qualidade. Sei que dizer isto não me torna simpático, mas não pretendo ser simpático, apenas verdadeiro.

c. É que, ao contrário do que se pensa, os estudantes não são consumidores da educação. Eles são um produto da educação.

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No capitalismo educação de massas significa somente formação de força de trabalho. Neste contexto, os consumidores são os capitalistas, que permanentemente se preparam para consumir o tempo de trabalho que os estudantes hão-de ser capazes de despender quando deixarem de ser trabalhadores em formação e passarem a ser trabalhadores já formados. Enquanto trabalhadores em formação, os estudantes não são consumidores da educação, mas constituem um produto que está a ser elaborado pelo processo educativo.

Se adoptarmos esta perspectiva, entendemos por que razão os estudantes não estão interessados na educação. Para quê passar anos laboriosos habituando-se à disciplina mental e física, aprendendo a seriar problemas e a raciocinar de forma coerente, ingerindo enormes quantidades de informação cuja utilidade imediata não se vislumbra, para no fim exercer as funções pardas de assalariado? Isto na melhor das hipóteses, se o destino não for o de trabalhador precário sujeito a contratos a prazo ou simplesmente desempregado. Vale a pena tanto esforço? Os professores dizem que sim, até porque se não o dissessem seriam demitidos pelo director da escola, e os pais dizem-no também, mesmo porque quanto mais cedo os filhos obtiverem um emprego estável e remunerador mais depressa deixarão de ocupar espaço em casa e de pesar no orçamento doméstico. Mas os estudantes dizem o contrário.

d. Aquilo a que os especialistas em educação chamam escola são duas coisas totalmente distintas, embora reunidas no mesmo espaço físico.

Por um lado existem as salas de aula, por outro lado há os corredores e os pátios. As reformas educacionais são vocacionadas para as salas de aula, onde os professores trabalham e na medida do possível — que às vezes é muito pouco — fazem vigorar a sua autoridade. Mas nas salas de aula os alunos desenvolveram uma capacidade de alheamento mental que faria inveja a qualquer místico hindu. Quando conhecemos as elevadas percentagens atingidas pelo analfabetismo funcional, não só no Brasil mas também nos demais países, devemos perguntar como é possível que tanta gente passe uma dezena de anos na escola e saia sem saber escrever um parágrafo simples acerca de um assunto corrente e sem ser capaz de entender uma tabela com o horário de um transporte público? Este resultado consegue-se quando os estudantes deliberada e activamente se recusam a aprender, fingem estar presentes e estão com a cabeça noutro lugar.

Estão com a cabeça onde? Nos corredores e nos pátios, onde a escola constitui um espaço de sociabilização dos jovens. As reformas pedagógicas endereçam-se às salas de aula e sucedem-se umas às outras sem qualquer resultado tangível, porque não é nas salas de aula que os estudantes investem emocionalmente, mas nos corredores e nos pátios, e naqueles outros espaços que fazem parte do mesmo conjunto, as lan houses, as casas de jogos electrónicos e, quando possível, os shopping centers.

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Como hoje a maior parte dos lazeres é ocupada pelos computadores, e como o simples facto de se empenhar num jogo electrónico constitui uma forma de adestramento que virá a ser muito útil profissionalmente, o capitalismo consegue que os estudantes, no mesmo processo em que sabotam a aprendizagem formal mediante o alheamento das salas de aula, adquiram as habilitações básicas indispensáveis à modernização da força de trabalho não qualificada.

E assim se reproduz a um nível profundo a dicotomia entre o ensino fundamental e a Pesquisa e Desenvolvimento. Em última análise esta dicotomia corresponde à articulação que existe em todo o capitalismo entre a mais-valia absoluta e a mais-valia relativa. Até agora têm sido utópicos os esforços para acabar com a separação entre os dois regimes de exploração e não creio que se tenha mais êxito neste caso, aumentando para 10% a parcela do PIB destinada à educação.

*

Feitas as contas, apelar para o combate à corrupção e para a canalização de 10% do PIB para a educação não tem verosimilhança como programa de modernização do capitalismo. Torna-se difícil para a esquerda pretender modernizar o capitalismo quando existe um governo que já está a tratar disso.

18 COMENTÁRIOS

  1. Os que nadam facilmente a favor da educação e contra a corrupção deveriam cruzar os dados porque a educação é uma área toda ela permeada pela corrupção. A UNESP possui uma TV que já consumiu milhões mas nunca produziu um único programa, as editoras universitárias servem aos reis e aos amigos dos reis, as vice-direções, as coordenações, as supervisões, as secretarias, as chefias várias são preenchidas conforme a lista e grau de fidelidade não conforme a qualificação, os amigos pegam os espaços para montar livrarias nas faculdades, lanchonetes nas escolas, podem ter a empresa contratada para realizar limpeza terceirizada, segurança. Revistas e jornais de apoio podem ser comprados, o MEC edita livros de péssima qualidade, dos amigos, com tiragem de 28 mil exemplares, os amigos formam comissões, formam bancas, panelas de departamento selecionam e confeccionam editais perfeitos aos amigos, merendas são recebidas mas não entregues, livros somem, computadores desaparecem, maquinários são vendidos e até comida vencida pode virar alimento aos porcos de alguma fazenda do amigo. Pode-se obrigar a compra de uniforme na loja do amigo, pode-se pedir materiais do local x, levar para casa latas de tinta, comprar feijão a 9 reais o quilo (3 vezes mais), pagar consultorias ao político A ou B, patrocinar empresas, enfim….

    Outra debilidade do discurso quantitativo sobre a educação: o problema não é simplesmente de falta de coisas mas de modelo educacional. Todas as reformas fracassam. E todas as reformas fracassam porque elas se limitam a serem administrativas-quantitativas nunca pedagógicas. Muda-se a quantidade de aulas, o nome da seriação, aumenta-se a quantidade de livros, aumenta-se a quantidade de aulas de sociologia, a quantidade de horas dentro da escola, os livros mas nunca se consegue mudar a prática pedagógica, a forma de ensinar. Se alguém ai estiver querendo um tema para estudo poderia pesquisar porque todas as reformas se limitam a serem administrativas e nunca conseguem ser pedagógicas, se a questão é a incapacidade dos professores ou a sabotagem dos alunos ou mesmo a inépcia dos tecnocratas e demais gestores. Os 10% para educação ficam no mais do mesmo e faz muito tempo que ninguém da esquerda levanta o debate pedagógico, hoje hegemonizado pelo empresariado do Todos pela Educação.

    Como estou na sala de aula, com o tempo fui percebendo que a maioria dos alunos se habituaram a não olhar para a lousa. Você escreve “ler texto do Martin Luther king da página 21 a 23” e inúmeras vezes eles perguntam o que é para fazer. Não olham mais para a lousa, a sabotam do seu campo de visão. E agora não se trata mais de leitura porque a maioria dos alunos passam os olhos no texto como quem olha para um caça-palavra. Eles se preocupam apenas em identificar o símbolo que permitirão a eles copiar os demais símbolos próximos para realizar a questão. Não leem o texto, procuram apenas a parte para a resposta.Assim conseguem ter textos na frente dos olhos e não ler nada.

    Por fim, considere que como os celulares permitem conversas, vídeos, acesso à net, envio de mensagens, ocorre apenas de haver um deslocamento físico do aluno – da casa para a escola – continuando ele no mesmo plano mental. O aluno hoje está apenas fisicamente na escola mas mentalmente continua conectado fora dela. O advento da eletrônica deu à sabotagem estudantil um potencial novo pois permite a solidariedade global dos alunos contra a escola. Na Argentina, recentemente, alunos chamavam pelo Facebook uma matação de aula nacional, decretavam recesso eles mesmos. O que antes e fazia num grupinho de 10 ou 12 hoje se pode fazer aos milhões.

  2. Existe algumas questões sobre educação que me parecem que devem ser tocadas, por exemplo, a educação como formação de mão de obra não condiz com os grandes depósitos de jovens que se tornaram muitas escolas, principalmente, as que atendem as comunidades de pobres que não estão ao alcance da visibilidade pública.
    Isso levanta uma questão a seletividade de quem será essa mão de obra, o capitalismo no momento atual, que ganha tanto na exploração da mais valia , quanto na construção de outros depósitos humanos (que estão a caminha da privatização ou semi-privatizados) como as prisões, políticas sociais e de segurança, tudo que envolve uma série de dispositivos de segurança e controle que estamos imersos.
    Quanto a corrupção acredito que ela seja uma grande cortina de fumaça para que as medidas legais dos governos que vão contra os trabalhadores e minorias passem batidas e sem resistência.
    Entretanto, associar a campanha dos 10% do PIB com o combate a corrupção, deveria também constar quem está propondo os 10%. Aqui em SC quem está propondo é PSTU que apesar de todas críticas ainda mantém sua luta com a base, não centrada só nessa campanha, mas em outras, como contra as consecutivas traições das direções majoritárias do SINTE dirigido pela CUT, CNTE que trocam a luta pelo jogo sujo das coligações com os governos, eleições diretas para direção das escolas, concursos já que a maioria do corpo docente está submetida a contratos temporários, a não privatização da merenda e etc.
    Só antes de falar do PSTU, os descaminhos e tal, devemos lembrar a quase inexistência de organizações anarquistas ou autonomistas no Brasil entre os trabalhadores da educação que possam levantar questões como as expostas no artigo.
    Para os companheiros e companheiras que diariamente lutam pela sobrevivência frente a todos os tipos de exploração interessa e o que te legitima ser merecedor de atenção é estar na luta. Muitos de nós estamos, mas infelizmente desorganizados e sem apoio de muitos companheiros que conhecem as escolas pelos livros, livros que não mostram a história marginal de professores que tentam romper escola reprodutora aproveitando as brechas.

  3. Ao ler tudo e 2 coisas me chamaram atenção. Posso ter entendido errado. Mas entendi q a corrupção não é problema exceto se atrapalha a economia do nosso país – capitalista. Na educação o problema são os jovens q ficam com a cabeça na lua dentro da sala de aula.

    a) “Corrupção é só 1 problema moral, não é material e por isso ñ se denuncia nem se combate.” Mas como podemos ficar quietos com escolas e hospitais públicos sucateados e ameaçados pela privatização enquanto desviam verbas dessas áreas? Isso não é só questão moral.

    b) Corrupção só é problema quando ameaça a economia? Corrupção é o nome dado a uma fatia do mercado, a fatia do mercado político. Ora, nossa atual sociedade transforma tudo em mercadoria. Pra acabar com a corrupção é preciso transformar radicalmente a nossa sociedade. Denunciar é avançar nesta conscientização e cobrar aquilo q é nosso por direito. O fruto de nosso trabalho.

    c) “os parlamentares embolsam parte do lucro das empreiteiras”, mas são as empreiteiras as grandes beneficiadas na negociata. É importante perceber isso.

    d) Acabar com a corrupção? Faltou isso no texto. Não aponta nada, nem punição pros corruptos e corruptores nem revolução ou sei lá.

    e) O problema da educação são “os estudantes deliberada e activamente se recusam a aprender, fingem estar presentes e estão com a cabeça noutro lugar”? Isso é personalizar um problema q é social. Se os estudantes são assim deve ser por alguma razão. Qual é ela? É a falta de perspectiva de melhora de vida através da escolaridade? É terem de trabalhar e descansar na aula? É a condição social e material de vida da família? É a escola ser horrível? As respostas podem ser diferentes mas todas são de cunho social e exigem políticas sociais. Além disso, personalizar os problemas no estudante ou no professor sempre foi a tática dos nossos governantes de plantão. O problema são eles e não nós.

    f) Fiquei surpreso em não ver vc identificar outros problemas na educação. Quando li o texto pensei: Ora, mas por que considerar o próprio estudante como problema? E o ensino público cada vez mais sucateado e o ensino no geral cada vez mais privado (incluso o público)? E os trabalhadores da educação q são muito mal remunerados e ainda são sobrecarregados? E as políticas pra educação q sempre visam baratear o ensino em vez de aumentar de melhorar a qualidade, acesso e permanência? Pra tudo isso é preciso de uma nova política educacional e é certo q é preciso de mais verba pra implementar essa política. 10% do PIB é pouco ainda, mas já um começo.

    g) 10% do PIB é atacar a corrupção? Com certeza permite debater e denunciar isso. Só q 10% do PIB pra educação ataca mesmo é a dívida pública brasileira onde 25% do PIB de 2011 vai pra rolar “a dívida” pra frente e alimentar banqueiros, lobistas e grandes empresários. É mexer no bolso da classe dominante, é conscientizar de q o Brasil tem dinheiro mas vai pros bolsos privados em vez de pagar a dívida social q tem com os trabalhadores e a população em geral.

    Acho q a questão é como mobilizar os trabalhadores e demais classes exploradas contra o governo e a burguesia. E falo isso porque esse texto nem entra fundo nem na educação nem na corrupção.

    abraço e seguimos construindo a revolução na ação.

  4. Como professor que sou – afinal de contas tenho que comer e não posso furtar tudo do que preciso – vejo como caminho, no atual estágio da luta de classes, para estes problemas relatados no texto quanto à resistência dos alunos à escola o contrato pedagógico. Entro em sala de aula e estabeleço regras de convívio social com os alunos. Deixo que eles demonstrem os seus interesses e nos comprometemos a cumprir: Um só fala de cada vez; as carteiras, bem como os corpos, ficam na disposição do desejo; entre outros acordos básicos… No começo é difícil que eles cumpram, mas vão cumprindo quanto se sentem parte da práxis. Em pouco tempo o problema não serão os alunos, mas sim as regras da escola… Aí está aberto o conflito entre a turma e suas regras e a direção e suas regras… É um momento para se ensinar solidariedade, cooperação, resistência, enfim… Dou aula de “História”.

  5. Giancarlo,

    É esse o ponto. A discussão precisa ser feita no formato e não somente na quantidade. É necessário discutir outro modelo ao invés da mera fortificação do mesmo. Enquanto isso, há professores e há experiências. E os que fazem algo de diferente acabam conflitando com as direções e com o grupo de professores conservadores, todos eles adeptos do sadismo pedagógico.

    A gente escreve muito para falar que a escola é desinteressante ao aluno mas ela é também para os professores. Pouco se noticia, mas há muitos suicídios no meio que só se sabe por perto e por ouvir falar. Em Assis, ano passado, se mataram um professor de química e um funcionário e este ano tenho a notícia de suicídio dentro da escola em Campinas. O resto as direções escondem. A quantidade de professoras chorando em salas, de professores surtando, tomando medicamento psiquiátrico é muito alta. Em algumas escolas chegam a 70%. O sistema educacional de São Paulo é feito a base de fluoxetina e rivotril.

    Abaixo um relato de uma experiência diferente: http://passapalavra.info/?p=8964

  6. Até entendo que João Bernardo não queira dar as respostas. Até entendo que o modelo econômico precisa ser transformado. Mas não concordo que apenas com a derrubada do capitalismo teremos o fim da corrupção – vide Cuba; e uma melhoria em termos educacionais – aqui também Cuba serve de exemplo avesso.
    Mas não entendi o significado de que os alunos preferem os corredores e os pátios, não ficou claro, as reformas educacionais deveriam pensar também nesses espaços de socialização? Mas em que sentido?
    Ronan, a sabotagem da lousa e a mobilização para matar aulas, podem ter sentidos e finalidades imorais, perante certo compromisso com a derrubada do capitalismo, etc. Mas demonstra justamente a capacidade desses jovens. Apesar da luta inglória, como os professores podem reverter esses processos? Já que você falou em reforma pedagógica, poderíamos, no caso do descaso com o texto na lousa, elaborar abordagens metodológicas dos ‘conteúdos curriculares’ de maneira a reverter o faz de contas.

  7. Allysson,

    o que o texto evidencia é que a discussão sobre os 10% é meramente quantitativa. Quem quer mais verba para a educação são os que ganham dinheiro com ela, seja como empregados ou gestores, os alunos fogem da sala de aula. Quando não o fazem fisicamente o fazem mentalmente. Óbvio que tratamos no geral. E no geral os alunos estão conectados a bairros, TVs, bares, shoppings, lan-houses, famílias que fecham um mundo de não leitura. A escola não consegue ser algo diferente pois mesmo quando fisicamente em sala eles continuam mentalmente e emocionalmente conectados com este mundo não leitor. Claro que ai há capacidades mostradas e desenvolvidas: o aprendizado da música, da moda, do sexo, da linguagem (16 mil palavras dia), dos gestos, dos símbolos, das regras, as batalhas morais, as batalhas pela honra (quem é ou não covarde), as batalhas pela aceitação e diferenciamento que contam desde a simpatia até o formato do corpo, enfim.

    Assim como você eu também acho que reformas educacionais deveriam levar em conta os espaços fora da sala. E aliás foi o que ocorreu no Cefam de Franco da Rocha e ocorre em outras experiências. Na UNESP de Marília, por exemplo, o espaço de autoformação estudantil tinha os pátios, bibliotecas, corredores, bares e anfiteatros como base. Era aí que os estudantes podiam formular o seu programa de estudo, desenvolver suas leituras, seus debates. Havia depois um embate entre a formação de sala e a autoformação de pátio, com alguns autores e linhas teóricas que haviam sido fomentadas dentre os alunos passando depois para a sala e até para o currículo formal.

    Eu vejo que o problema maior é com a leitura. Quando se trabalha oralidade, quando se trabalha filmes, imagens, quando se lê biografias há sucesso. Leio um depoimento de uma mulher espancada desde a infância e a atenção é de 95 e até 100%. Na sequência há um trecho da Lei Maria da Penha para ser lido e ai começam os problemas.

    Enfim, está tudo invertido. Convivemos com os alunos mas não é com eles que tratamos nem os gestores tratam conosco. Tudo vem de cima. Reunião de pais, por exemplo, ao menos no médio, deveria ser abolida. As reuniões deveriam ser feitas com os alunos, conversar com eles, falar dos problemas mútuos, enfim. Entretanto, os poucos que tentam algo de diferente encontram os professores conservadores e as chefias como oposição.

  8. E vale lembrar q lá estão passando por fortes “reformas” para salvar os capitalistas devido a crise econômica e por embates intensos com o acirramento da luta de classes. Culpar os pais é o Estado se desobrigar do seu dever de prover educação e é individualizar o problema.
    Será q um dia veremos o governo passar a ser responsabilizado por “alunos indisciplinados ou com faltas em excesso”? Pelos problemas no ensino público?

    Mas oh! Até a sigla do ministério é a mesma: MEC. Será q Dilma copiará essa decisão de Portugal?

  9. Lenine disse por volta de 1920 que o proletariado inglês era o mais corrompido da Europa pelo liberalismo, e hoje, também as escolas do mundo capitalista tem como papel mais importante corromper os adolescentes e jovens nesta ideologia que é mais do que nunca a mais propensa a fomentar a corrupção da consciência humana na “competição” desenfreada com o outro e no alcance sem olhar a meios do triunfo individual sobre o mais incauto, desprevenido e ingénuo cidadão. Hoje no capitalismo moderno, podemos dizer que a corrupção é a escola da vida e quem não a aprende devidamente apanha um Mau na classificação. Quase tudo começa aqui e acaba na eleição do cacique mais corrupto.

  10. A questão da corrupção evidentemente que não é exclusividade do capitalismo; é de fato um problema moral, político, e não estritamente econômico. O próprio conceito de “estritamente econômico” é fraco.
    Não acho, inicialmente, que seja um absurdo a formação de uma elite intelectual. Em todas as épocas formaram-se elites; a universidade – pensada em seu sentido tradicional – é um ambiente elitista; além disso, a elite econômica nem sempre coincide com a elite intelectual, mesmo no sistema capitalista.

    Não se forma nem seria desejável que se formasse – alias, seria insuportável – uma sociedade de intelectuais. A educação é, no capitalismo, e em qualquer outro regime econômico, instrumento político, instrumento para a estabilização da condição existencial das pessoas; ela já foi instrumento ideológico e atualmente tem sido instrumento politico e mercadológico.

    O interesse na expansão educacional em nosso país é de caráter político econômico; o PROUNI e as diretrizes educacionais do governo não buscam a formação de intelectuais, filósofos, escritores de tratados, mas sim mão de obra de qualidade, pessoas minimamente instruidas para os atos da vida civil, o que é bom tanto para as empresas quanto para o Estado, quanto para a própria mão de obra que poderá obter maiores salários. Quem critica o PROUNI por não ser “eficiente educacionalmente” não entendeu o projeto.

    Nesse sentido não vejo como por uma perspectiva economica possa se criticar estruturalmente o projeto educacional brasileiro. Evidentemente que tal projeto fortalece as colunas sustentadoras da estrutura econômica, mas dentro dessa estrutura é uma saída interessante; talvez a única possível: pôr a educação a serviço do mercado.

    A constatação desse projeto, contudo, não implica em uma descrença na honestidade do mesmo, ou em sua ineficiência só pela constatação de sua finalidade última. Pelo contrário, o projeto se apresenta como de fato o que ele é. O dia em que a mera existência de uma finalidade extrínseca inviabilizar o projeto educacional, inviabilizaremos a própria educação.

    Tudo isso, contudo, não significa que eu esteja feliz com a educação em nosso país. O ensino básico, as escolas, se encontram em estado crítico.

    A dicotomia esboçada pelo João entre educação básica – a educação das escolas – e educação média – as universidades, cursos técnicos, etc. – é de fato muito relevante, pois talvez possa apresentar uma bifurcação no próprio projeto educacional contemporaneo ou talvez em sua materialização; é uma questão muito complexa.

    Por outro lado, a própria universidade vem se transfigurando; e isso foi percebido por muitos desde o fim do XIX. A unidade da universidade parece ter perdido o seu sentido, a tecnicização do conhecimento -e da ciência como um todo – vem se recrudescendo, etc., contudo não creio que tudo isso possa ser considerado como sinal de falência de todo o sistema, mas mais como instrumentos de crítica epistemológica.

    Enfim, não dá para se debater educação através de um prisma puramente economicista. Aliás, creio que pouca coisa dê pra se fazer com ele.

  11. Uma coisa importante que esqueci: no início o processo de socialização do ser fica restrito a família, alguns parentes, vizinhos mais próximos e igreja, se for o caso. A formação inicial é basicamente familiar. Dai que os primeiros contatos com a escola, sair de casa, conhecer outros iguais etariamente, tudo isso é vivido com entusiasmo. Também os primeiros aprendizados são muito valorizados. De certa forma, até o início do ciclo II do ensino fundamental os alunos valorizam muito a escola. Tanto os professores quanto as pesquisas apontam um sério declínio a partir do 9° ano e, principalmente, do ensino médio. O que ocorre?

    No início é aprender o básico mesmo, aprender a ler, aprender coisas substanciais, que uma bolha de sabão não é um fantasma. Mas depois, com o passar dos anos, os alunos vão percebendo que a escola não consegue ofertar algo de muito mais avançado. Que o médio da pública jamais permitirá derrotar o cara do Vértice que passa em concurso que paga 11 mil por mês. É a partir daí que o desinteresse aumenta muito. Somente os poucos que gastam dinheiro e tempo por fora é que vão conseguir avançar um tanto mais, o resto é precariedade e sabotagem.

    Mas tem algo mais central ainda. Há um choque entre as promessas educacionais e a realidade econômica. O Estado propôe uma formação iluminista, generalista, em que todos teriam domínios mínimos sobre tudo, da genética à antropologia. No entanto, a aluna percebe que basta aprender fazer uma única coisa que sobreviverá. Ela faz um técnico em ferramentaria e vive a vida com isso. Outro faz um cursinho para pilotar empilhadeira e ganha a vida. Outro vai dirigir ônibus e ganha mais que o professor. Aliás, os próprios professores se limitam a aprender a ler e escrever uns e a calcular outros sem que saibam sequer o significado do próprio nome. De que serve a filosofia se vou passar a vida numa empilhadeira, pensa o aluno? De que serve a literatura se vou passar a vida numa ferramentaria, pensa a aluna. E eu cito exemplos concretos. É isso.

  12. Com base na minha própria experiência como aluno e professor e pelo que vou observando agora na condição de pai, tenho a impressão de que a escola pública no Brasil cumpre, hoje em dia, um papel apenas disciplinador, ela não forma a força de trabalho em sentido mais amplo e em suas exigências mais sofisticadas e tampouco é destinada para isso. É importante que o jovem saia da escola apenas com alguns preceitos elementares de sociabilidade e instrução: ler minimamente, saber do que se tratam as 4 operações da matemática (o que não significa saber efetuá-las) e, pricipalmente, não cuspir na cara do colega, não andar pelado, não defecar em público, obedecer aos mais velhos, ter alguma coordenação motora, ter noções de hieraquias e papéis sociais, saber dizer que ama os animaizinhos, os símbolos nacionais, etc. – ou seja, introjetor aquelas noções mínimas que distinguem o homem do animal, e tudo isso se aprende até mais ou menos o 1º ciclo do ensino fundamental. Daí até a conclusão do ensio médio, é conter a energia juvenil dentro das 4 paredes, estocar as crianças e jovens durante um determinado período do dia. E é aí que começa a grande desafio dos educadores. Da parte dos professores, que cada vez mais cumprem funções que pouco se diferenciam da de bedel, qualquer tentativa de ir além disso, individualmente, é um esforço vão e inocente, na medida em que ele se depararão com as estruturas burocráticas que estão lá para garantir isso.
    E me parece que para as empresas, cada vez mais, é apenas estes princípios comportamentais e cognitivos elementares que importam num primeiro momento, pois o ajuste fino da formação elas o fazem com muito mais eficiência através de seus cursos de capacitação, qualificação, reciclagem, internos a institucionalidade das empresas e suas parcerias (refiro-me principalmente às ONGs), além das outras instâncias pedagógicas, como shoppings centers, lan-houses, games e outras, que já foram comentadas aqui. Em outras palavras, eis a chave do sucesso: antes de contratar algum jovem, o que as empresas querem mesmo saber é se ele é ou não é uma pessoa obediente, domésticada, de espírito dócil, etc, pois, de resto, elas darão conta independentemente.
    O curioso é que, mesmo dentro deste horizonte restrito que é o de servir à ordem e a um capitalismo retardatário, a escola pública no Brasil vai mal e a economia vai bem.

    Abraços

  13. Enquanto minha experiencia fracassada de aluno, e posteriormente a tentativa presunsoça de professor “pedagogico” em um colegio publico, sò me restou o caminho autodidata. E digo que nao foi opçao propria.
    Mas que ficar masturbando categorias para classificar o ensino publico ou privado, em suas esferas primarias, secundarias e universiotarias, como uma semantica anacronica e taxativa denominada “burguesa”, insisto que as experiencias educacionais de ensino-aprendizagem nao encontram, nas atual estrutura determinada pelo capital, subterfugios “alternativos”. E, è justamente o proprio capital que està acercado de propor as soluçoes. Basta nao somente olhar para o crescimento de escolas do tipo e pretexto Waldorf, que ja passa do numero de 60 escolas por todo territorio nacional,(http://www.sab.org.br/pedag-wal/lawaldir.htm#BRASIL) com uma suposta diferenciaçao de ensino-aprendizagem, desde o fundamental â preparaçao para o meio universiotario. Isto sem falar das propostas de uma educaçao supostamente “popular” dentro destes cercamentos Waldorf, que atualmente estao em debate em algumas localidades brasileiras.
    Esses dados chamam atençao pelo fato dos modismos produzidos nao sò pela sociedade-mercadoria, como tambem por sua moral “slogan” de pressuposiçoes-imposiçoes do medo de uma “catastrofe” mundial. Alem do fato de acrescentar aqui, a rapida ascensao dos partidos “verdes” em escala global.
    (as recentes publicaçoes de joao bernando sobre os mitos da agricultura, acredito que possam contribuir nesse sentido).

    O levantamento dessa problematica vai de encontro a questao pedagogica. A educaçao, em sentido amplo e geral, è um lixo e tragtenberg tinha razao quando ja apontava para a deliquencia academica – ou assim dizer, estudantil.
    Na medida em que novas praticas pedagogicas supostamente “libertarias”vao surgindo com ou sem pretexto de definiçao, ou de alternativas ao lixo publico, jà nascem abortadas. E esse aborto prematuro, me parece que è onde começa a dispersao, – seja retomando as questoes ja elaboradas no texto, no que concerne aos estudantes e suas fugas pervertidas aos fragmentos da diversao, seja em relaçao ao metodo tradicional – da busca de legitimaçao institucional cada vez mais ampliada na construçao social.
    É obivio que quanto a essas pedagogias o que está em formaçao sao os novos dirigentes que nao dirigem nada, ou melhor dizendo, a formaçao dessa nova pequena burguesia intelectual que atua como mediadora e conciliadora, em qualquer conquista “espacial”.
    Nao muito longe da esquerda, – espaço privilegiado de combinaçoes de açoes conciliadoras – que atualmente estes dirigentes estao imbuidos de conquistar seu espaço.

    …..Mas aquele que aos oito anos de idade vendia picolés debaixo do viaduto, que aos dez anos trabalhava na oficina e aos quinze na fábrica e só deixou de morar numa favela quando ascendeu na hierarquia da central sindical e pouco tempo depois exercia funções em Brasília, como pode ele competir com as elites tradicionais sem acumular rapidamente muito dinheiro, muito mais do que a sua remuneração oficial lhe permite?…

    como nao pensar no vendedor de picole e sua ascensao ou nao ao direito educacional desde seus 8 anos atè os 18 “que se transforma no di maior”, – posteriormente as inversoes de gastos sociais no meio educativo por parte de reformas estruturais?¿¿

    Serà que podemos pensar as universidades publicas, dominadas por essa nova pqna burguesia intelectual, como algo popular¿ – nao estou querendo reduzir que as universidades publicas nao exista trabalhadores dentro do meio estudantil.

    a soluçao dos professores è se cooporativizar, ou resmungar individualmente pelos cotovelos pela falta de organizaçao¿¿

    A universidade è uma empresa a longo alcance. Alem de todas as questoes que sao inerentes ao controle dos trabalhadores nas fabricas, o tal do vigiar e punir, nas universidades principalmente publicas, o que està em questao nao è vigiar estudantes, bons ou mals educados, mas sim vigiar seus meios de produçao que de tal maneira se dizem publicos, mas ja estao totalmente privatizados. Desde o giz da losa, que o professor tanto almeja ensinar, aos laboratorios seja de centros de teconologia, seja de taiz filosofos, historiadores, socilogos, etc – para nao fazer lista – jà estao totalmente vinculados a reproduçao capitalista. E ainda sim o professor respira seus flatulos de autonomia com novas tecnicas de ensino-aprendizagem.
    Pode parecer absurdo o desprezo com a instuiçao, mas realmente os estudantes da escola publica geralmente estao nas universidades privadas, por ironia sem destino, ampliando e reproduzindo a alienaçao do capital em diversas estrututras ja demarcadas.
    Enquanto isso as universidades publicas gera pogresso e desenvolvimento de mao de obra qualificada para continuar se apropriando cada vez mais do suposto espaço publico e criticar a privatizaçao da educaçao. essa ironia talvez tenha destino¿

    Quais os verdadeiros desafios dos educadorxs¿
    Alterar as formas, inviabilizar os conteudos, como de praxe, inibir as verdadeiras lutas socias, ou abrir novas lan-houses com sistema operacional linux, incentivando um possivel bug secular coletivo¿¿¿

  14. Olá,

    Concordo com tudo o que foi colocado pelo Taiguara em seu comentário.

    Isso posto, gostaria de chamar a atenção para o fato de que o tal “fosso” representado entre a mão-de-obra em geral e os trabalhadores qualificados vem provocando fortes mobilizações dos gestores públicos e privados.

    Eis aí um exemplo desse engajamento em torno dessa questão – a partir dessa reportagem de capa de uma edição recente da revista Exame:

    “7 soluções para o apagão da mão de obra – Enquanto o país não chega à solução definitiva para a falta de pessoal qualificado, as empresas têm de encontrar soluções criativas para lidar com o apagão da mão de obra” (chamada de capa). Agora a reportagem.

    “Como vencer o apagão da mão de obra: A solução definitiva para a falta de gente qualificada — um choque de qualidade na educação — depende de uma vontade férrea da sociedade e de tempo. Até lá, a economia brasileira terá de lidar com a crônica falta de mão de obra. ( http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1004/noticias/como-vencer-o-apagao-da-mao-de-obra )

    Abraços.

  15. Nem tudo que brilha é ouro –
    O autor não defende que o problema da educação são os alunos. Porém, em cima destes despeja críticas (não esqueça, o autor é um autodidata) sem ignorar que o boicote está presente na relação aluno e ensino. O boicote vai além da preguiça. Entendi que no capitalismo (privado ou estatal), passar o outro para trás, enganar é lei. Apesar disto, mesmo lendo o código penal não encontraremos explicitamente tal lei. A regra não está na aparência. Não está no discurso, está na prática. Está no fazer, propagado em todas as relações sociais. Por exemplo: uma pessoa decide produzir um determinado produto, para vender no mercado. Para isto, contrata trabalhadores, pois não tem condições de fazê-lo só. Ainda que o patrão respeite todas as leis trabalhistas, ao final da produção, o empreendedor se apropria da maior parte da riqueza produzida, não dividindo de forma igualitária.

    Igualmente, as relações sociais no capitalismo, estão referendadas no esforço individual, salve-se quem puder. Há o trabalho entre grupo em acirrada competição. Com certeza a filantropia, a caridade é muito bem aceita, ou seja, pegue tudo que puder, depois doe um pouquinho.
    Deste modo, a corrupção é inerente a qualquer tipo de organização, associação (burguesa, de gestores ou mesmo de trabalhadores) onde minorias ou maiorias ganhem vantagens em detrimento de outros.
    Também, K. Marx num texto onde enaltece a ação de um criminoso (que não é das classes dominantes) em relação ao conjunto da sociedade, afirmava que este não apenas produzia crimes, mas também que o crime dava impulso às forças produtivas. Por exemplo: o criminoso, além de produzir crimes, produz o direito penal, o professor que ensina e o livro onde esse professor condensa seus ensinamentos. Entretanto, o crime contribui com a acumulação do capital, acirrando a competição entre os de baixo.
    A finalmente a educação dos jovens nas escolas do governo ou privada, nas famílias, nas igrejas, ou seja, em todas as relações sociais está fincada respectivamente nos direitos de cidadania. E ser cidadão, nas democracias representativas, via parlamento significa usar ou aceitar o uso do conhecimento com objetivo formar trabalhadores passivos, pacientes. Entretanto, o que temos visto, é que nem a educação, remédio eleito por todos os dominadores: burgueses, gestores e entre outros tem conseguido abafar os conflitos (corrupção, violência) inerentes às relações de exploração.

  16. JB tem algum texto neste site sobre a a modernizaçao do capitalismo empreendida pelo PT? (a que remete a última afirmação)
    Os textos estão todos esparsos e por vezes é difícil encontrá-los.

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