Por Passa Palavra
A entrevista com ex-funcionários da Livraria Cultura publicada no Passa Palavra na última semana alcançou uma abrangência muito além do comum e do esperado. Em poucos dias, é de longe o texto mais acessado da história do site. Mas como explicar tamanha repercussão? Afinal, ao longo de seus 10 anos de existência, o Passa Palavra sempre se focou em noticiar, apoiar e debater lutas de trabalhadores.
O que há de especial no relato do Pacto de Mediocridade?
A resposta parece óbvia: trata-se de uma livraria importante, frequentada por gente letrada e bem intencionada, que jamais imaginaria tamanha treta rolando silenciosamente enquanto compra seus livros e toma café. A entrevista comoveu os clientes. Isso pode até ser verdade, mas, pelos comentários no site, notamos que a circulação do texto se deu primeiramente – e talvez principalmente – entre trabalhadores do ramo.
As denúncias de condições de trabalho e as mensagens de apoio que se proliferaram nas redes logo após a publicação do texto deixam uma pista. Quer dizer que o relato dos entrevistados está longe de ser fruto de um caso específico de má gestão: situações parecidas, e muitas vezes piores, fazem parte do cotidiano de trabalho não só nas livrarias, mas nas empresas em geral. A quantidade e variedade das denúncias mostra que, quando se trata de relações de trabalho, casos como o da Livraria Cultura são a regra, não a exceção. Será então essa experiência comum de exploração – várias pessoas se reconheceram nas situações narradas – a razão do sucesso da entrevista?
Essa explicação seria insuficiente. Afinal, na internet não faltam canais para desabafar sobre as condições de trabalho. Sites de avaliação de empresas, rankings e “reclame aqui” (muitas vezes mantidos pelas próprias agências de Recursos Humanos), recebem diariamente inúmeras denúncias e relatos de funcionários – sem que isso cause, no entanto, qualquer onda de comoção.
A diferença é que o Pacto de Mediocridade não é exatamente uma “denúncia”. A história narrada pelos ex-funcionários não é um mero desabafo sobre os abusos das chefias e patrões, como resumiram alguns veículos da mídia corporativa. A entrevista relata uma verdadeira guerra subterrânea na empresa, em que os trabalhadores reagiram ativamente ao assédio e à pressão, criando e combinando variadas formas de resistência e boicote ao processo de trabalho. Isso destoa da dinâmica denuncista tão comum nas redes sociais hoje em dia, na qual de tempos em tempos uma nova hashtag suscita uma onda de lamentações sobre casos de opressão. Atacados, os funcionários da livraria não ficaram de “mimimi”; eles se organizaram por conta própria para responder coletivamente.
O relato do Pacto de Mediocridade é o registro de um conflito. E, assim como outros trabalhadores se reconhecem na experiência de exploração, as brechas para resistência também permitem identificação. Quem nunca fez um corpo mole num dia que estava mais cansado, quem nunca arranjou um atestado? Muitas das formas de ação relatadas pelos entrevistados são conhecidas por qualquer trabalhador. Com a diferença em que, naquele caso, a equipe de vendedores tirou esses expedientes do nível individual e fez deles uma arma coletiva contra os patrões e gestores. É inspirador.
Uma luta no eclipse da CLT?
Apesar de inspiradora, e de chamar atenção pela inventividade e capacidade de ação coletiva, a luta travada pelos funcionários da Livraria Cultura encontra um limite em seu horizonte. São ações de uma parcela da força de trabalho que parece estar em decomposição. Em outras palavras: o regime de trabalho na livraria ainda tem a forma jurídica da CLT, elaborada para a organização do trabalho na fábrica, e é a partir desses marcos que a luta vai se desenvolver. Ainda mais se tratando de um relato de 2016, antes da aprovação da reforma trabalhista.
A mediocridade pactuada pelos funcionários da livraria não é muito diferente das táticas da antiga Oposição Metalúrgica de São Paulo que, sob a proibição das greves pela ditadura na década de 1970, organizava entre os operários “operações tartarugas” para reduzir o ritmo da produção nas fábricas. Esse tipo de luta corresponde às medidas tomadas por um trabalhador que faz sua batalha disputando as horas de uma jornada de trabalho preestabelecidas em contrato. São formas de luta que fazem sentido para quem bate ponto, quem trabalha com hora para entrar e para sair.
O problema é que a base material que sustenta lutas deste tipo está erodindo. A própria organização do ramo do varejo está vivendo uma metamorfose, e para isso basta ver como hoje cada vez mais compramos pela internet ou celular. Essa restruturação tem impactos diretos no trabalho do vendedor de lojas físicas – estaria esse cargo perdendo o chão? Isso pode nos ajudar a entender, por um lado, de onde vem tamanha capacidade dos patrões de esculachar e humilhar esses funcionários; por outro, explica o desespero dos trabalhadores e a radicalidade das lutas que desenvolveram.
Ao mesmo tempo, essa restruturação produtiva do varejo acompanha uma recomposição da força de trabalho no setor, em novas funções. Se as lojas físicas e seus vendedores tendem a escassear, entra em seu lugar o motorista que entrega por aplicativo, o operário da logística do galpão, o trabalhador de TI por trás do e-commerce. Essas novas funções, não à toa, acompanham novas formas de contratação, precárias diante da velha CLT: o contrato autônomo, o microempreendedorismo individual (MEI) ou o mero cadastro no aplicativo – não muito diferente da velha informalidade, só que high tech.
Essa transformação na base material e no regime jurídico implica em outras formas de luta. Para um motorista do Uber, por exemplo, não faz sentido ficar parado enrolando, muito menos sabotar o próprio carro; afinal ele não terá um salário fixo garantido no fim do mês. Se a “cagada remunerada” – evitar perder tempo livre fazendo cocô em casa para perder tempo de trabalho no banheiro da firma – era uma das formas mais emblemáticas de resistência individual do trabalhador de carteira assinada, qual o sentido dela ou de qualquer outra estratégia de “matar o tempo” para o entregador da Rappi ou da iFoods? É só atraso, é prejuízo para o próprio trabalhador.
Mas, se essas novas formas de trabalho colocam um limite no horizonte de lutas como a da Livraria Cultura, por que o texto teve uma repercussão tão potente? O desenvolvimento de uma nova composição de forças produtivas não implica no desaparecimento imediato da composição anterior. O aplicativo e a carteira de trabalho, a Amazon e a loja física, devem ainda coexistir por muito tempo; mas a tendência é que as novas tecnologias exerçam uma pressão cada vez maior sobre as velhas formas de trabalho, que serão cada vez mais corroídas e precarizadas. Espremidos, esses trabalhadores devem viver cada vez mais conflitos – e, se assim o for, talvez vejamos mais casos como os da Cultura nos próximos tempos. Nesse sentido, talvez a proliferação de denúncias e a enorme repercussão da entrevista tenha a ver com o fato de que há todo um setor de trabalhadores sentindo na pele os efeitos dessas mudanças.
O próprio Pacto de Mediocridade expressa essa situação. Para qualquer sindicalista, o objetivo final traçado pelos trabalhadores da Livraria Cultura soará muito estranho: querem ser demitidos sem justa causa. Apesar dessa reivindicação só fazer sentido nos marcos da CLT (afinal, o objetivo é ganhar a rescisão), olhando em perspectiva histórica este tipo de luta já indica um adeus às promessas celetistas, pois não há mais o horizonte jurídico, político, econômico e social que ela um dia apresentou (carreira, estabilidade, direitos etc). “Ser demitido era visto como uma vitória”, escreveu um ex-funcionário em um comentário. Estamos diante de lutas no eclipse da CLT?
Enquanto isso, na outra ponta, assistimos nos últimos anos às primeiras tentativas de organização entre os novos trabalhadores de aplicativo. O desafio aqui parece ser, então, o de ligar as duas pontas: o trabalho que está morrendo e aquele que, à força, está nascendo. Quais as vias práticas para ligar as resistências do trabalhador celetista do varejo e as lutas do entregador do UberEats; a resistência de trabalhadores dos Correios e as lutas dos operários da Amazon; de professores regulares e monitores de educação à distância?
A tendência natural é o cada um por si, porém está todo mundo “por si” junto; daí a contradição entre uma vivência atomizada enquanto trabalhador “humilhado” que se identifica com o relato de outro trabalhador, que não deixa de ser outro indivíduo. Como fazer com que uma onda de denúncias como essa, produzida pela publicação, ganhe um caráter coletivo, e não só individual? E como podemos fazer com que essa experiência do caráter coletivo dos processos resulte em maiores articulações de classe?
Enquanto não soubermos formular as respostas práticas aos desafios de nosso tempo, uma coisa é certa: a reforma trabalhista tornou o “cada um por si” a regra. Se a capitalização da reforma da previdência for aprovada, o pacote estará completo. Estaremos na vanguarda do salve-se quem conseguir. Essa nova realidade das forças produtivas ajuda a entender o porquê das mobilizações chamadas contra os novos marcos legais da exploração foram pouco potentes, seja pelo tamanho, pela absoluta falta de criatividade das manifestações, ou pela fata de radicalidade das mesmas. Afinal parcelas significativas da classe trabalhadora já não estão incluídas nessa legislação. Nem é necessário dizer que cabe aos trabalhadores encontrar formas de resistir lá onde for possível a estas novas formas de exploração, pois já o fazem; cabe, agora, encontrar formas de noticiá-las, de apoiá-las, de pensar sobre elas, de construir força em cima destas fragilidades – e voltar a fazer os patrões terem medo.
As imagens do artigo são da artista Marilá Dardot.
Bom texto e síntese das mudanças de composição de classe.
Mas discordo da hipótese sobre o a resposta à pergunta que dá título ao texto.
A hipótese da viralização ter ocorrido por não se tratar de merda denúncia, mas de relato de luta em que os trabalhadores não estavam passivos, a meu ver não se sustenta. Isso porque a primeira parte (a que viralizou, e mais que a segunda, que foi à reboque da primeira), não trata da reação dos trabalhadores. A primeira parte é basicamente “denúncia” mesmo. Só na segunda parte que aparece o pacto de mediocridade e as formas subterrâneas de luta.
A meu ver os motivos que explicariam a viralização (mas provavelmente não esgotem uma explicação): o fato da Livraria Cultura ser frequentadas pelo perfil de pessoas descrita no texto; a imagem cool da Livraria Cultura, nisso o artigo que viralizou fazendo como o No Logo da Naomi Klein, mostrando o subterrâneo das marcas (lojas) lindas ; o fato de ser um local que o consumidor frequenta (não é uma fábrica, não é um mundo desconhecido e inacessível); e também algo que considero fator necessário (embora não suficiente) para essa viralização que ocorreu: a forma e o meio. A entrevista era gostosa de ler, tanto que inúmeras pessoas compararam com uma série de TV. O meio se refere a um site não vinculado a certos atores. Sinceramente, se exatamente a mesma entrevista tivesse sido publicada no site de um sindicato, não teria viralizado.
O fato de ter despertado identificação nos trabalhadores do setor e em outros similares foi o principal ganho político, no entanto acho que os fatores que apontei acima foram mais importantes para o fenômeno da viralização, sem no entanto desmerecer essa identificação como importante contribuidor a essa viralização.
eu acredito que o fator literário contou e muito. Os pos-modernos vão chiar, mas o povo gosta de narrativas. Quem se perdeu das narrativas foram os ratos e ratas de departamentos acadêmicos. Nessa histórica houve uma polarização, um grupo contra outro. Os típicos relatos-catarse são repetições de histórias individuais de gente injustiçada – e isso já abunda à esquerda e à direita, seja pelo cotista como pelo que não conseguiu a cota. Aqui o Estado não mediou conflito, o conflito foi aberto, e cabia a cada um lutar com suas armas.
E bem, quais são as armas do e da trabalhadora? Nessa realidade dura “adulta” de ser humilhado, nesse cenário desesperador de querer ser demitido em melhores condições, onde até gente formada e de esquerda é desesperançada e dá muitas batalhas por perdidas, a indignação transformada em ato foi o que atraiu tanto interesse. E justamente, a parte 1 anunciava que haveria uma ação, mas ainda não dizia qual. Acho que esse foi o suspense. A situação estava armada, a guerra anunciada: humilhações cotidianas, a intervenção de um misterioso hacker e a lenta formação de um grupo de pessoas que iriam lutar com as próprias mãos contra a injustiça.
O problema é que na maioria das vezes a humilhação ocorre com certo grau de publicidade entre companheiros e companheiras de trabalho, mas o que falta é a confiança para pensar juntos e tomar ações conjuntamente. Existe uma desconfiança generalizada quando o quadro social geral é o cada-um-por-si e a guerra de todos contra todos. Talvez esteja chegando o momento em que a possibilidade de gerar cumplicidade e confiança entre trabalhadores de postos de trabalho com alta rotatividade se mostre necessária, inclusive para combater o adoecimento. Muitos relatos espontâneos colocam ênfase no adoecimento dos companheiros como uma das piores humilhações.
Viralizou porque a Livraria Cultura era uma empresa de “referência, idônea, com imagem ilibada”. Quem não conhecia gente que trabalhava lá dentro, não tinha noção, não suspeitava que esse tipo de assédio acontecia num ambiente supostamente de cultura, educação e gente esclarecida. Foi um choque pra todo mundo. Foi se por água abaixo a imagem mundo cor de rosa que a Livraria Cultura passava. Bem feito.
O relato é excelente, todos conseguimos nos relacionar facilmente com os personagens, por isso viralizou. História oral e memória são ferramentas importantes para pensar a luta de classes, ao meu ver pouco utilizadas por nós aqui no Brasil. Eu não era leitora assídua do site, e a partir do relato, comecei a seguir. Me lembrou o livro “Doña María: Historia de vida, memoria e identidad política”, sobre a primera mulher líder sindical na América Latina, Maria, trabalhadora de frigorífico de carne, importa categoria sindical na Argentina. Fica a sugestão de leitura, pra quem gostou deste tipo de relato.
Os companheiros são companheiros de quais companheiros? E o que será a companhia? Passa a palavra à memória? Identifica-a ao viral? Vira-vira vírus… Daqui pra frente, tudo vai ser diferente? Veremos uma nova identidade nestas e noutras passagens?
O jegue e seu amo
(Tomás de Iriarte)
“É seu costume, o da gente vulgar,
coisas boas e ruins iguais julgar;
Eu lhes dou o pior, que tanto aplaudem”.
Deste modo escusava suas fraudes
um escritor de farsas indecentes;
e um velho poeta que o ouvia
respondeu tais palavras sabiamente:
“A um humilde jegue
seu dono dava palha e lhe dizia:
‘Jegue bom, que com palha está alegre!’
Repetiu tantas vezes que um dia
o jegue não gostou e disse: ‘Eu tomo
o que me queiras dar, mesmo que imposto.
Mas achas que da palha só eu gosto?
Dá-me grão, e verás se não o como'”.
Saiba quem para o público trabalha
que muitas vezes culpa a plebe em vão
pois se dando-lhe palha, come palha,
sempre ao servir-lhe grão, pois come grão.
Viralizou porque estamos em crise, talvez. As pessoas acabam se identificando mais com essas coisas por estarem sem emprego, ou num momento sensível de suas vidas por conta das dificuldades, etc.
Talvez tenha viralizado por ser uma livraria famosa mesmo e só.
O artigo coloca as questões mais fundamentais, entretanto. O esforço coletivo para elaborar respostas práticas para essas questões é necessário tanto quanto é difícil. Que horizonte de ação coletiva consciente podemos ter num mundo que fragmenta cada vez mais a classe trabalhadora através das relações de produção, que se estendem e alcançam as legislações, ambas empurrando cada vez mais para o seu canto individual.
Como aproximar os trabalhadores, ainda mais operando assim, em escala reduzida? Afinal os meios de propagação, de propaganda ideológica em massa servem ao capital. O ideário do ”empreendedorismo”, do ”identitarismo e da representatividade”, da ”ação humanitária (através de ongs e da ”sociedade civil organizada” etc) vêm tomando cada vez mais conta das pautas e isso faz cair ainda mais o ”nível médio” das esquerdas no que se refere a seus objetivos.
Se antes lutava-se por maiores salários, menor carga horária, o que tem ganhado força hoje é organizar pessoas para coletar o lixo e reciclar? Plantar em casa?
Enfim, estou sendo simplista mas vocês entendem o que quero dizer. O ideal se perde cada vez mais e se dilui. Se pensarmos um mundo do futuro cada vez mais mecanizado e automatizado, o que será da classe trabalhadora? Será jogada para o campo do trabalho individual certamente, e tenho pensado que essas condições, especialmente com a coisa do ”faça você mesmo” e ”empreendedorismo de si” etc, parece que vamos virar uma classe de servos personalizados para tarefas específicas, ou bobos da corte (ou talvez youtubers)… O maior dilema está em retomar a articulação coletiva, quando mesmo os marxistas ou a ”esquerda radical” se distancia de outros setores de ”esquerda” pela sua postura crítica.
A toupeira vai ficando cada vez mais cega
Olha aí o Passa Palavra “VIRALIZANDO”, gente…!
Que na onda desta viralização, posto que viralizar é preciso e viver não é preciso…., viralize “Contra o corporativismo masculino branco” (https://passapalavra.info/2019/04/126231/), e que viralize também “Estudantes portugueses oferecem pedras para colegas atirarem em alunos brasileiros” (https://www.terra.com.br/noticias/educacao/estudantes-portugueses-oferecem-pedras-para-colegas-atirarem-em-alunos-brasileiros,9242d782cab60e8353d09ce086f88d6a0rct7in5.html) e da mesma forma que foram as pedras “Grátis se for para atirar a um zuca (que passou à frente no mestrado)” que as pedras sejam graciosas se for para atirar em “corporativistas masculinos brancos” que “passaram na frente” na hora de vender, obrigatoriamente, sua força de trabalho no mercado…
Não tenho saudades do tempo em que a livraria cultura era uma empresa “de referência, idônea com imagem ilibada”, posto que a referência, a idoneiadade e a imagem ilibada sempre foi uma referência capitalista em uma sociedade de classes (sociedade de classes…!). Saudades mesmo tenho do velho fundo negro e das bravas palavras do Passa Palavra… Mas como tudo passa… Hoje as palavras, vão se tornando cada vez mais, “Outras Palavras”…
Com todo o respeito, mas eu preciso dizer.
Quando li o brilhante relato da luta dos trabalhadores na livraria eu falei: nossa! Eram textos assim que surgiam no Passa Palavra do início. Coisa viva, real, concreta! E que fez o site ter importância.
Até que começou a fase em que vinha mais texto do próprio Passa Palavra do que de colaboradores. E aí o site declinou.
Porra e ai vocês fazem o mesmo, novamente! O texto é brilhante. Os trabalhadores falam por eles mesmos. É totalmente desnecessário esse texto de agora.
Se dediquem em conseguir que mais trabalhadores façam esses relatos. É o melhor de tudo.
O que tem a ver os dois comentários acima?
Síndrome de underground. Burocratas acostumados à solidão dos gabinetes. O fracasso faz com que pensem ser revolucionários. E o que tem a ver comparar um site com outro? É cada uma..
Ótimo que o relato dos trabalhadores viralizou! Melhor que novela da globo.
viva à luta, viva à publicação da luta e um grande viva à reflexão sobre a luta.
Engana-se quem quem pensa que isso é excluvidade da livraria Cultura. Me admira quem questiona o passa palavra por publicar este editorial. Ora, a resistência dos trabalhadores é sempre escamoteada, sempre deixada em segundo plano. Talvez não seja este o motivo primordial da viralizacao do artigo? Mas este é um importante questionamento pra quem está dia a dia lutando contra a opressão, contra o e cerceamento de direitos com muito custo conquistados. Depois de muita luta consegui passar em um concurso Público, IF, autarquia federal. E de que adianta? Diretoria e coordenação se autodenominam “chefes”, arbitrariedades correm a solta, como o cancelamento do feriado do dia do trabalhador (1 de maio), com comunicado às 17h30 da véspera.
O que nos resta? De que adianta relatos se não nos dispomos a analisar e pensar as reais motivações e consequências destas ações?
Parabéns ao passa palavra por levantar a pauta, parabéns ao passa palavra por tentar pensar sobre ela.
Seguimos o debate.
oras, tanto o texto da entrevista quanto a reflexão sobre a viralização são feitas por trabalhadores. Ou por acaso criar e manter um site como este faz com que você deixe de ser trabalhador e passe a ser outra coisa?
quer dizer então que trabalhador não pensa, não faz reflexão, não produz teoria, ele apenas trabalha e relata o seu trabalho…
Essa galera deve ser a mesma que nos posts da entrevista acha que trabalhador não deveria sabotar, não deveria se vingar do patrão, não deveria fazer reflexão, não deveria fazer um site, por que trabalhador de verdade não faz nada disso.
depois de ler o texto e os comentários, da pra pensar, sem muita consequência, que o que deu mesmo gás para o texto é a forma de garantir a voz dos trabalhadores e da experiência nos locais de trabalho. Tanto que o reconhecimento de certa honestidade com a qual o texto foi recebido, vem justamente da credibilidade que os trabalhadores possuem tanto com os camaradas de trabalho, quanto com os clientes. Todo mundo sabe quem mantem as empresas em pé, ouvir um grupo de trabalhadores denunciar e narrar sua revolta contra o patrão é entusiasmante; um alívio no meio da barbárie.
Agora, esse fato não anula de forma alguma o texto apresentado aqui, pós repercussão. É um convite à reflexão da atual conjuntura que não está colocado na maior parte dos ambientes de esquerda, trata-se necessariamente da coloboração reflexiva de um jornal de esquerda que não exclui os militantes do debate, torna a discussão pública, assim como a ação política da entrevista ultrapassou os trabalhadores entrevistados e massificou o repertório de denúncias, deixando difícil pro patrão agir contra este ou aquele trabalhador-denunciante.
A questão parece ser sempre que esses saltos qualitativos dados por ações desse tipo respeitam a fragmentação que é imposta aos trabalhadores precarizados, mas nunca os convoca a algum passo adiante.
seja como for, vida longa ao passa palavra