Por um militante
Publicado originalmente no Facebook
Tem umas figuras aí dedicadas ao trabalho sujo de reabilitar o stalinismo. Se fazem cercar por uma horda de “seguidores” virtuais e “admiradores” que não servem a outro fim senão blindar as subcelebridades em questão contra qualquer exercício efetivo de crítica. Uns aloprados superdirigentes de um PCB que vivem de envernizar o marxismo mais vulgar com pinceladas de retórica combativa (e identitária, embora digam o contrário). O mais admirável da coisa toda é exatamente isso: distorções gritantes de processos históricos passam em brancas nuvens, como se a verdade histórica fosse evidente por si mesma, e só teleguiado não enxerga. Como, por exemplo, a interdição a qualquer ponto de vista crítico sobre o regime político vigente na China. Mas como? Vocês não enxergam que o governo chinês atual “conduz as massas” em direção ao socialismo, e só não chegamos lá ainda porque o “imperialismo” (palavrinha mágica usada pra substituir a luta de classes como critério de análise central da realidade) não permite. E, por extensão da questão chinesa a pura e simples condenação dos processos de luta infinitamente complexos que se desenrolam nas ruas de Hong Kong, nesse momento – pois aqueles manifestantes, afinal, não passam de massas manobradas e manipuladas por interesses imperialistas que visam atingir a “pátria socialista” chinesa. Como eu disse, o mais preocupante nem é tanto o conteúdo do delírio, mas o fato de se passar por obviedade, o fato de ter tanta plateia disposta a aplaudir. Não gosto de desconversar muito não, nesses assuntos. Então já digo logo: gente desse tipo é perigosa, semeia confusão, colocando em circulação na esquerda um vocabulário “patriótico proletário” que não pode dar em coisa boa.