Por um cliente preocupado

Estava lá, na minha caixa de entrada. A academia [ginásio] que eu frequento me mandou um e-mail, depois de dias fechada, dizendo estar com novidades disponíveis. Há algumas semanas eles lançaram uma plataforma online para treinos em casa. Como as academias são ambientes fechados eles não tardaram em encerrar depois do decreto do governador.

O impasse que a academia transnacional tem enfrentado deve-se ao fato de ter de subsidiar a matrícula dos alunos por conta de não estarem podendo treinar presencialmente. Como é de costume, a corda arrebenta do lado da classe que vive do trabalho, e Edgard Corona decidiu que 200 funcionários da Smart Fit no Brasil teriam seus empregos em jogo, devido a essa crise. Além disso, a Globo noticiou esses dias que a mesma empresa anunciou também que cortaria 70% dos salários dos seus funcionários. Como poderão esses trabalhadores arcar com suas despesas mensais? Como terão direito à quarentena, se o corte os obrigará a arrumar outras fontes de renda?

O que também precisa ser discutido na ordem do dia é qual será o futuro desses trabalhadores. Antes da pandemia os profissionais já eram reduzidos e tinham de montar dezenas de séries por dia, mesmo que mediados por um aplicativo. Com a demissão de seus colegas, como aguentarão o serviço? O sonho do bolsonarista Edgard Corona, de expandir a rede BioRitmo, contrasta com o direito à quarentena digna para os personal trainers e atendentes das academias. Outro questionamento: como ficam os funcionários terceirizados da limpeza das academias? Os trabalhadores devem preocupar-se igualmente com a condição em que se encontram seus colegas, ainda que não sejam contratados pelo mesmo patrão. Afinal, independente de patrão bom ou patrão mau, estamos sempre com nossas vidas em jogo na busca por seus lucros líquidos.

Mas, como eu estava dizendo, no e-mail que me enviaram eles ressaltaram que cobrarão uma mensalidade reduzida nos próximos meses em que a academia não estiver aberta. Para mim e para os outros usuários da academia é uma maravilha, agora não acreditamos que isso deva ser às custas da miséria e do desemprego desses tantos trabalhadores. O lema deles é “Democratizar o acesso à academia de alto padrão.” Se o cuidado é tanto com os clientes, por que não há cuidado proporcional com os funcionários? Seria essa a democracia do mercado?

2 COMENTÁRIOS

  1. Uma vez que ontem o Bolsonaro, por baixo do nariz do Ministro Teich, determina que academias se tornem serviço essencial, qual será a posição adotada pela empresa? Qual será também a tolerância dos governadores e prefeitos determinados a conter o coronavírus? Se depender do Edgar Corona, acho que teremos Smart Fits lotadas novamente. Isso me leva a uma preocupação ainda maior: Os trabalhadores que tiveram seus contratos de trabalho suspensos durante esse período se manifestarão a favor do retorno das academias nos municípios? Ta aí o que significa a escolha entre morrer de fome ou morrer de corona. Por enquanto não dá pra responder nenhuma das respostas acima. Eu também ainda não recebi nenhum outro e-mail.

  2. esse comentário do articulista é bastante superficial e tendencioso, pois esses trabalhadores tiveram seus salários reduzidos ou foram dispensados, vão receber a diferença do salário do programa do governo q foi criado com esse intuito, e a diferença é sacada como seguro desemprego, e a condição pra isso é que os trabalhadores fiquem no mínimo dois meses sem serem mandados embora ou sejam readmitidos ao término daquarentena

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