Por A Voz Rouca

👩🏽‍🏫 DIÁRIO DA QUARENTENA #16
💻 Educação nos tempos de corona

AULAS EAD: UM FINGIMENTO!

Por Camila Pelegrini

De antemão dos julgamentos, esse é um desabafo de uma professora que trabalha em duas escolas, mestranda, que está fazendo malabarismos para insinuar aulas online. Sim, insinuar! Não vou entrar no detalhe de quem não tem acesso, entendidos e perdoados. Nem o fato de se opor as tecnologias, pelo contrário, é uma ferramenta de aprendizado que muitos estão se desafiando, inclusive eu! Muito menos o momento pandêmico que estamos vivendo que é atípico, afinal não temos a receita ideal. O foco dessa reflexão é para a falta qualificação primária dessa modalidade de ensino. O desabafo surge após dias intensos de correções de inúmeras atividades advindas de várias formas: Email, Classroom, Messenger, Whatsapp, quase até por fumaça, às 6h, às 9h, 12:01h, às 00:23h. Uma jornada tripla de trabalho. Diferente da condução das metodologias em sala de aula, estou até com medo de abrir a geladeira e ouvir “oi prof” “já corrigiu” “não sei fazer”.

Até em sonho, ando ouvindo isso. Sem ofensas, mas não vamos enfeitar que os alunos estão aprendendo, não vamos enfeitar que estamos dando aula! Estamos ocupando tempo e muito tempo, tempo esse que está afetando o nosso psicológico, dos estudantes e dos pais. Sim! O descaso do ensino a distância é maior. Disputar ao aceso da internet 3G para as atividades, é a realidade de muitas famílias, não ter equipamentos e merenda, é outra. Está sendo frustrante em ver as atividades enviadas por aqueles/as que conseguem, porém, muitos de qualquer jeito, de ponta cabeça, plagiadas, ilegível, uns somente com lupa para visualizar, outros se quer conseguem interpretar a orientação, sequer conseguem mandar um e-mail, sequer sabem dizer um “Bom Dia”, na conversa de whatsapp e lá vem a enxurrada de fotos de atividades para atolar a memória do celular. Sem contar a pressão no cumprimento de carga horária, de preenchimento do sistema online, de formação EAD, de mais uma vez preparar aula, de mais uma vez corrigir, de fazer recuperação, de lembrar os estudantes dos prazos, de seguir exigências da SED, da escola, dos pais, dos alunos, logo até dos dog’s. Quando ainda, se ouve dizer que o/a professor/a quer ficar em casa, para não trabalhar! Resiliência àqueles que mesmo correndo risco estão trabalhando de forma presencial nas escolas.

Estamos exaustos, atarefados, esgotados e vistos pela sociedade como bibelôs. Diariamente me questiono: Onde erramos para chegar a essa situação? EDUCAÇÃO NÃO É UM FAZ DE CONTA! Dito isso, se é somente meu sentimento, cabe a mim mudar de profissão! Não estudei tanto, para ter esse retorno, essa sensação de impotência. Professores/as somos guerreiros/as, se nesse momento não servir para repensar nossas atitudes e principalmente a valorização do/a professor/a, tão cedo o mundo não irá mudar. Abraço fraterno e de resistência.

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(A Voz Rouca irá publicar na sua página relatos de abusos cometidos pelas escolas contra os trabalhadores durante a crise do Coronavírus. Caso você queira compartilhar alguma história, é só nos procurar ).

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