Por Miguel Serras Pereira

Há oito anos, o João Bernardo publicava no Passa Palavra um breve ensaio-manifesto excepcional que hoje me parece da maior importância recomeçar a discutir, uma vez que as questões que levanta e propõe são, sem dúvida, mais urgentes e decisivas do que nunca. Assim, retomo a seguir, reformuladas e revistas, algumas notas de leitura que escrevi, em 2012, sobre o “Ponto Final. Um Manifesto”, saudando o seu aparecimento. Eis, para (re)começar, alguns excertos do texto a que me reporto e que qualquer paráfrase empobreceria sem remédio.

A adopção de uma multiplicidade de sujeitos históricos significa que a esquerda do século XXI abandonou a luta por um novo ser humano — um ser humano integral em quem deixem de ser pertinentes as divisões entre sexos e as diferenças entre as cores da pele e os formatos do nariz e dos olhos — e reforçou todo o tipo de particularismos. Superar os particularismos é uma coisa; outra coisa, muito diferente, é transformar a sociedade numa colecção de particularismos, ligados pelo mercado. Ressuscitaram-se assim as condições ideológicas para a biologização da cultura, que foi a operação distintiva do racismo e, mais especialmente, do nacional-socialismo germânico.
[…]
A cultura europeia, hoje tão denegrida, desde há muito não existe. Foi superada pela cultura capitalista que, ao mesmo tempo que ultrapassou as tradições europeias e a sua área étnica, absorveu as culturas dos outros continentes e encetou um processo de unificação mundial. Quando a esquerda contemporânea recorre à acusação de eurocentrismo como arma polémica, não está a referir-se a uma Europa que acabou há muito. O que está realmente a fazer é a negar a aspiração a um ser humano integral e à universalização da cultura.
[…]
Com a redução da classe trabalhadora à modalidade arcaica fica escamoteada a sua enorme ampliação e a sua plasticidade social, que corresponde à ampliação espacial dos locais de trabalho e à plasticidade que adquiriram ao integrarem os lazeres no processo formativo da força de trabalho.
Os espaços de lazer estão hoje tão vigiados como as fábricas e os escritórios. E aqueles jovens, ou já não tão jovens, que agora investem as ruas como os operários tradicionais podem ocupar as fábricas sabem, intuitiva mas certeiramente, que ambos os espaços são locais de trabalho. Por isso se ilude aquela porção da esquerda que defende as formas artísticas mais degradadas com o argumento de que o seu consumo pelas massas lhes confere um carácter proletário. A indústria cultural capitalista tem, sem dúvida, uma vocação proletária, mas na mesma acepção em que a tem o fast-food. Não se pode lutar contra a proletarização do trabalho se se aceita a proletarização dos lazeres.

Esperando que estes excertos levem o leitor a visitar ou revisitar o texto na íntegra, há, no entanto, dois pontos que me parecem menos convincentes, e sobre os quais, em qualquer caso, o João Bernardo deveria, a meu ver, completar ou precisar as suas teses. Aqui ficam, pois, simplesmente anotados, chamando a atenção para a importância que atribuo à sua discussão.

A crítica do ecologismo

O primeiro diz respeito à crítica da esquerda ecológica. Com efeito, se as considerações do JB sobre os mitos e a ressacralização da lei natural são inexcedivelmente definitivas e penetrantes, aplicam-se, sobretudo, à chamada “ecologia profunda”, e perdem pertinência se entendermos que se referem a toda e qualquer preocupação ambiental. Por duas razões principais, das quais a primeira é que, por muito catastrofismo que inquine a ideologia ecologista, a finitude dos recursos naturais e as devastações paisagísticas, que não relevam de considerações contabilizáveis, não me parece que possam ser negadas de ânimo tão leve. A segunda decorre do facto de o JB não aplicar ao investimento dos modos de consumo dominantes e à ideologia da “abundância” as considerações críticas que se justificariam e que seria lógico vê-lo formular, tanto mais que estão implícitas na parte “estética” do seu ensaio e na denúncia da degradação dos lazeres. Como não há duas sem três, outra questão se poderia pôr ainda: para criticarmos a sacralização de pretensas leis naturais e os mitos do puritanismo ecológicos, não poderemos arranjar melhor do que a concepção da natureza como simples matéria-prima inerte e exterior a uma humanidade, subjectiva e desencarnada, concebida como sua dona e senhora? Não poderemos e deveremos conceber mais paisagisticamente a emergência da dimensão subjectiva, concebê-la como um acontecimento paisagístico, uma metamorfose ontológica, que justamente não sacraliza a natureza na justa medida em que a concebe como dimensão interna de um sujeito que, sendo uma transformação sua, a transforma por sua vez, recriando as próprias condições da sua criação?

Por outras palavras e em suma, a concepção da realidade humana como instância e dimensão social e subjectiva de uma paisagem do real (“natureza”) da qual emergiu como acontecimento metamórfico singular, e da qual é desde início parte activa e transformação criadora, conforta e reitera a ideia do JB daquilo a que poderíamos chamar a natureza histórica peculiar que a acção humana (social e subjectiva) introduz, faz ser, cria na natureza que a criou. Mas, se entendermos assim a transformação da natureza como autotransformação paisagística ou autocriação social-histórica continuada, teremos de assumir que a acção sobre a natureza nunca é política, social ou culturalmente neutra – o que significa que nem todas as formas ou modalidades de transformação se equivalem e que os modos da acção humana sobre a natureza são uma dimensão interna da instituição e da autotransformação da sociedade.

O sujeito histórico universal

A segunda grande questão a pôr ao texto do JB tem a ver com o conceito de classe trabalhadora que ele mantém como sujeito histórico universal, ou como identidade do agente da transformação revolucionária e do seu universalismo. Se a sua crítica da adopção de uma multiplicidade de sujeitos históricos (cf. o primeiro excerto aqui citado, bem como a crítica do multiculturalismo e das reivindicações identitárias que atravessa todo o seu magnífico breve ensaio-manifesto) é, sem dúvida, convincente, daí não se deduz que seja necessário fazer corresponder a uma classe ou grupo social precisos e dados de antemão o sujeito histórico da transformação revolucionária. Podemos e, a meu ver, devemos pensar antes que a construção desse sujeito é, desenvolvendo-se com ela, inseparável da transformação visada a partir, não de uma classe ou grupo universal que já o fosse antes de o ser, mas da grande maioria dos homens e mulheres que somos, assumindo como cidadãos comuns um projecto de autonomia e autogoverno que nos permita concebermo-nos e agirmos como responsáveis pelas leis e instituições que nos vinculam. Nesta perspectiva, a haver agente revolucionário identificável este seria o conjunto dos cidadãos comuns empenhados na instituição da sua cidadania como governante. Ao mesmo tempo que esta cidadania governante se definiria como exercício livre, igualitário e responsável do poder político (incluindo evidentemente as áreas do trabalho, da economia, etc. entre os assuntos vitais da cidade) por aqueles mesmos que governa ou que através dele se governam.

3 COMENTÁRIOS

  1. AUTONOMIA sub specie CIDADANIA:
    Forçoso é reconhecer que, em matéria de epígonos, Castoriadis já foi mais bem aquinhoado…

  2. [O Passa Palavra colocou uma tradução no final deste comentário.]

    Joao Bernardo est un des seuls intellectuels de gauche à avoir pris position publiquement contre l’écologie. Miguel Serras Pereira a raison de relancer le débat autour de ce texte important, écrit il y a 8 ans. L’écologie est aujourd’hui hégémonique sur tout le spectre politique, il n’y a pas une personne de gauche, hormis quelques exceptions, qui ne se disent pas écologiste. Un débat est donc essentiel.

    Le changement climatique d’origine anthropique lié aux émissions de CO2 est avéré scientifiquement, dans ce cas les écologistes qui sont contre le nucléaire font preuve d’une véritable dissonance cognitive. A moins qu’ils préfèrent l’huile de coude comme source d’énergie ?
    Deux pans de l’idéologie écologiste se dessinent : Un pan technocratique prônant une réorganisation du capitalisme et un Green New Deal soutenu par des administrateurs d’entreprises, des scientifiques en recherche de gloire, des ONG et des partis politiques. Puis un pan anarco-écologiste caractérisé par une promotion d’une agriculture ésotérique (permaculture, agroécologie, biodynamie) ainsi que par un rejet de l’industrialisation et de la métropolisation. Les anarco-écologiste sont les socialistes utopique du XXIème siècle, mais a y regarder de plus près ils sont bien plus romantique que socialiste, les historiens du futur les appelleront-ils les romantiques utopiques ? Leur parousie est la Comté des Hobbits. Un monde constitué de petits propriétaires avec un fort sentiment communautaire, une société agraire aux technologies rudimentaires où l’on passe sa journée à s’occuper de son petit potager bio ou à se balader dans des forêts luxuriantes. Mais le monde actuel n’est pas le Seigneur des Anneaux, et ce que certains vont considérer comme une utopie je l’identifie à une dystopie dont le potentiel de barbarie peut être inégalé. Pour l’instant à chaque nouveau projet industriel et agricole nos anarco-écolo établissent des ZAD (Zone d’Autonomie Définitive, référence à l’anarchiste Hakim Bey) , ils construisent des cabanes et font du potager jusqu’à l’arrivé des forces de l’ordre, alors ils se battent avec des bouclier en bois et des lance pierre (je ne rigole pas), hélas ils ne font pas le poids face aux lacrymogènes et aux flash-ball. Ces jeunes déchus des classes dominantes idéalisent la pauvreté, mais paradoxe, ils savent utiliser à merveille les réseaux sociaux et les plateforme comme Youtube. A chaque critique ils vous invectivent de tous les noms d’oiseaux établis dans leur vocabulaire constitué de 30 mots. Plus ils s’enfoncent dans leurs théories réactionnaires plus ils épousent les théories de la deep ecology, dès lors ils quittent le terrain de l’anarchisme pour rejoindre celui du fascisme. Ils passent d’anarco-écologiste à écofascistes, les deux semblent se renforcer mutuellement.
    Loin de moi d’amalgamer les disciples de Murray Bookchin avec les fascistes, à conditions de bien observer ce que disent actuellement les partisans de la décroissance et de l’anarchisme à la sauce écologique, notamment en Europe.

    L’activité humaine est de facto une source d’instabilité, la résolution d’une instabilité en entraîne une autre ect… dans la nature l’instabilité est la règle, les écologues les plus sérieux ont rejeté depuis longtemps les notions d’harmonie naturelles et de climax.
    Sur la finitude des ressources, on ne mesure pas encore tout le potentiel de l’énergie nucléaire, de plus il y a énormément de recherche sur le stockages des énergies dites intermittentes (courant marin, soleil, vent) qui sont elles inépuisables. Le seul rempart pour l’exploitation complète et rationnelle des énergies renouvelables est le stockage, mais le progrès technique peut faire sauter cet obstacle. Les projections catastrophiques des prophètes de l’apocalypse ce sont pour l’instant toujours révélées fausses car les progrès techniques périclitent toutes ces prévisions.

    Tradução do Passa Palavra

    João Bernardo é um dos raros intelectuais de esquerda a ter tomado uma posição pública contra a ecologia. Miguel Serras Pereira tem razão ao retomar o debate deste texto importante, escrito há 8 anos. A ecologia é hoje hegemónica em todo o espectro político, não havendo ninguém na esquerda, salvo algumas excepções, que não se pretenda ecologista. Portanto, um debate é fundamental.

    A alteração climática de origem antrópica, relacionada com as emissões de CO2, é cientificamente comprovada, e neste caso os ecologistas que se pronunciam contra o nuclear demonstram uma verdadeira dissonância cognitiva. Ou será que preferem o esforço muscular como fonte de energia?

    A ideologia ecologista apresenta duas facetas: uma faceta tecnocrática, defendendo uma reorganização do capitalismo e um New Deal Verde, apoiada por administradores de empresa, cientistas em busca de glória, ONGs e partidos políticos; e uma faceta anarco-ecologista, caracterizada pela promoção de uma agricultura esotérica (permacultura, agro-ecologia, biodinamia) e pela recusa da industrialização e da formação de metrópoles. Os anarco-ecologistas são os socialistas utópicos do século XXI, mas, vendo melhor, são muito mais românticos do que socialistas. Será que os historiadores do futuro os classificarão como românticos utópicos? A sua Terra Prometida é o Condado dos Hobbits, um mundo formado por pequenos proprietários com um forte sentido comunitário, uma sociedade agrária provida de tecnologias rudimentares em que passamos o dia a ocupar-nos da horta bio ou a passear em florestas luxuriantes. Mas o mundo actual não é o Senhor dos Anéis, e aquilo que alguns consideram como uma utopia eu, por meu lado, considero uma distopia com um potencial de barbárie sem par. Para já, a cada novo projecto industrial e agrícola, os nossos anarco-ecologistas fundam ZADs (Zonas de Autonomia Definitiva, em referência ao anarquista Hakim Bey), constroem cabanas e cultivam hortas, até que cheguem as forças da ordem. Então batem-se com escudos de madeira e fisgas (estilingues) — não estou a fazer humor — que, infelizmente, não se comparam em eficácia aos gases lacrimogéneos e aos flash-ball. Estes jovens das classes dominantes em perda de estatuto social idealizam a pobreza, mas, paradoxalmente, sabem utilizar na perfeição as redes sociais e plataformas como o Youtube. Respondem a cada crítica insultando-nos com todos os nomes de pássaros que constam do seu vocabulário formado por 30 palavras. Quanto mais se afundam nas suas teorias reaccionárias, mais seguem as teorias da ecologia profunda, e a partir desse momento abandonam o campo do anarquismo para se juntarem ao fascismo. Passam de anarco-ecologistas a ecofascistas, e parece que ambos os campos se reforçam mutuamente.

    Não pretendo estabelecer qualquer amálgama entre os discípulos de Murray Bookchin e os fascistas, mas com a condição de observarmos atentamente o que dizem hoje, sobretudo na Europa, os partidários do decrescimento e do anarquismo com molho ecológico.

    A actividade humana é de facto uma fonte de instabilidade, a resolução de uma instabilidade provoca outra, etc. Na natureza a regra é a instabilidade, e os ecologistas mais sérios há muito que abandonaram as noções de harmonia natural e de clímax.

    Quando ao carácter finito dos recursos, ainda não avaliámos todo o potencial da energia nuclear. Além disso, há um número enorme de pesquisas sobre o armazenamento das energias ditas intermitentes (correntes marítimas, sol, vento), que são inesgotáveis. A única barreira na exploração completa e racional das energias renováveis é o armazenamento, mas o progresso técnico pode ultrapassar esse obstáculo. Até agora, as projecções catastróficas dos profetas do apocalipse revelaram-se sempre falsas, porque o progresso técnico põe em causa todas essas previsões.

  3. Já li este texto de João Bernardo algumas vezes. E fico feliz que outra pessoa o tenha revivido para trazer a tona as questões que aborda..

    Entretanto, tenho a impressão que João Bernardo, nesse texto ou em outros, de forma alguma pretende negar ou, digamos, dar como irrelevantes os efeitos da ação do ser humano na natureza, especialmente quando essa ação se dá dentro do modo capitalista. Acredito que em seus textos fica claro o quanto reconhece que o modo de produção capitalista cria um descompasso ainda maior em uma relação que já é de contradição e modificação constantes. Acredito que a ideia seja estabelecer uma relação orgânica entre humano e natureza, uma relação que se livra dos misticismos relativos ao que ele critica nesse tipo de ecologismo. Ao colocar elas relações no campo do material e livre desses mitos, acho que o que ele quer é nos mostrar que as mudanças climáticas devem ser encaradas primeiro, como decorrentes do modo capitalista e que as soluções para essas mudanças devem vir necessariamente dessa perspectiva; segundo, que pela própria natureza da relação contraditória e de mútua influência entre ambos e pela incapacidade de mensurar com precisão o efeito da ação de um em outro, especialmente considerando o passar do tempo, devemos considerar com cuidado os dados sobre ”destruição e fim do mundo” porque eles, também, têm uma natureza imprevisível no tempo.
    Por fim, o próprio desenvolvimento das forças produtivas que corrói a natureza pela forma que assume no capitalismo é o desenvolvimento que pode revolucionar a relação entre humano e natureza daqui a 20 anos, mudando completamente o quadro em relação aos que previam que o mundo poderia estar destruído em 50 anos, por exemplo. E por aí vai.

    Por coincidência algoritmica, me apareceu como sugestão um dia desses um vídeo da Sabrina Fernandes, do canal ”tese onze”, em que o mote era, precisamente: ”Mude o sistema, não o clima”. O vídeo em si, não me chamava muito atenção, visto que passava uma larga parte trazendo esses dados alarmantes sobre o fim do mundo…

    Agora, as forças produtivas não vão destruir ou regenerar a natureza sozinhas. Elas vão agir conforme suas possibilidades objetivas e as condições subjetivas vigentes. Acho que aí entra o grande problema da prática anticapitalista como um todo, que é a articulação entre teoria e prática.
    Se você assume que o capitalismo é um risco ao ecossistema, inclusos aí seres humanos e natureza em geral, o que se faz a partir disso? Ficamos esperando, agindo segundo nossas possibilidades, no local de trabalho, com a família e amigos, tentando despertar as pessoas para que tenham essa ”consciência de classe” (esse termo, me parece, tem tudo a ver com a discussão que você coloca a seguir, e toda essa questão de percepção da realidade me parece ser algo que devemos discutir muito, ainda) e, por fim, derrubem o capitalismo, salvando a natureza como efeito colateral?
    Apoiamos as medidas que ”mitigam” os efeitos? Da mesma forma que redução de jornada de trabalho e aumento de salários não resolvem o problema do capitalismo, são medidas que, imagino, nós anticapitalistas não nos colocaríamos contra. Quanto ao clima, o mesmo se aplica? Devemos cair na contradição das ongs e movimentos ambientalistas, então? Criticamos sua natureza e sua forma de atuar, mas ”devemos” nos posicionar contra? Ou criticamos e damos apoio?
    Acredito que essas são as questões que sempre passam quase qualquer discussão da luta anticapitalista.. que são relativas ao ”percorrer” do percurso, e trazem essa associação entre teoria e prática que não se constrói facilmente.

    Da mesma forma, o raciocínio acima vale para a questão sobre a questão identitária em oposição ao sujeito universal..a questão não é negar as diferenças e singularidades, mas sim colocá-las dentro de um contexto de classe.. mas como você bem disse, e essa classe, como fica? Como se constitui ou como se auto-constitui?
    A partir de Marx & Engels, a realidade material define as relações sociais. A forma como as pessoas percebem a realidade depende dessa realidade material imediata mas também depende da sua concepção ideal da realidade e se a subjetividade, de maneira geral, se constitui a partir e segundo as relações de dominação material então a percepção da realidade das pessoas está sempre, em certa medida, condicionada pela concepção subjetiva que as classes dominantes disseminam. Como essa relação entre ideal e material se dá mutuamente, me parece que essa auto constituição da ”classe trabalhadora” como tal só pode acontecer se houver vivência material, mas também mudança na percepção da realidade. E nisso também podemos cairna questão da ”formação” e até mesmo na contradição das ”medidas que mitigam” os problemas…

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