Se você precisasse de escolher entre a Lu da Magalu e o Véio da Havan, quem você escolheria? Nenhum dos dois, né? Então por que haveria eu de escolher entre um e outro candidato em período eleitoral? Antonio de Odilon Brito

12 COMENTÁRIOS

  1. Do bem ou do mal, burocrata é merda igual.
    E na escolha entre merdas (fria ou quente), funciona a dialética do gradual-possibilista: “sempre há um mal menor”.

  2. Nos últimos anos várias pessoas ligadas ao campo anarquista/autonomista passaram a defender e fazer campanha pelo “mal menor”. A cada nova eleição espalham textões para justificar sua adesão ao novo projeto “progressista”. E isso enquanto as abstenções “espontâneas” não param de aumentar, frente a um sistema político cada vez mais desacreditado.

  3. Paulo Henrique,
    Apenas para dar mais dados sobre a sua questão, veja o mapeamento cartográfico que o LabCidade fez sobre os votos no primeiro turno: http://www.labcidade.fau.usp.br/aprofundando-a-geografia-eleitoral-o-voto-no-primeiro-turno-em-sao-paulo/. Houve um aumento de votos inválidos (brancos e nulos) numa região de São Paulo de classe média, que junta “novos ricos” com a ascensão de frações de classe trabalhadora. Nesta mesma região (um arco entre a Zona Leste e a Zona Norte numa distância mediana em relação ao centro da cidade) os candidatos Arthur do Val Mamãe Falei e Márcio França tiveram seus melhores desempenhos. A pensar sobre “nova política” e sair um pouco da velha polarização junto ao PSDB, que está expressa no segundo turno agora com PSOL. Mais um detalhe interessante: as bordas da cidade concentraram votos na polarização Russomano/Tatto, a antiquíssima disputa PT/malufismo. Enfim, três dinâmicas aí para analisar.

  4. Isadora Guerreiro. Uma dúvida sincera: o voto é indicativo de preferência política? Em outras palavras: ele possui uma lógica racional a ponto de podermos usá-lo como indicativo de pertencimento ao espectro político? Por exemplo. É comum um ex-eleitor do PT ter se tornado bolsonarista e agora ter se voltado para o França ou o Boulos? Obrigado pelas indicações.

  5. Sinceramente, eu escolheria a Lu da Magalu, sem dúvida.

    O Antonio de Odilon Brito nunca deve ter tido patrão assediador e que, no caso do Veio da Havan sente prazer em constranger e violentar os trabalhadores e ainda publicizar isso.

    Esse Flagrante Delito é bonito para quem faz crítica abstrata longe da realidade cotidiana do trabalho, na qual o chefe ser y ou x pode fazer a diferença entre a saúde e a doença ou até mesmo entre a vida ou a morte.

  6. no fundo, sempre se trata de naturalizar as opções que a democracia nos dá.
    Quem aqui seria louco por optar pelo choque elétrico nos genitais, se a outra opção é apenas um chute na cabeça? Olha, se precisar, posso chegar até a usar uma camiseta que diga “chute na cabeça”, dou entrevista, apareço na foto, não tenho dúvida.
    Podemos dar-nos o espaço aqui para críticas mais profundas. Os debates com companheiros de lugar de trabalho certamente ocorrem nos seus espaços apropriados, não em sites como este.

  7. eleitor,

    crítica mais profunda é aquela que abstrai a realidade cotidiana das pessoas? Que se coloca fora do mundo?

    O exemplo do Flagrante Delito foi péssimo pois é público e notória a violência psíquica que o Veio da Havan exerce sobre seus funcionários.
    Se é tudo igual vc não entenderia por que os motoboys de aplicativos não querem CLT na sua maioria, por exemplo… E se não se entende essas escolhas não se entende os trabalhadores e nem o caminho das lutas.

    É exatamente num site como esse, que se propõe pensar as lutas e a realidade cotidiana, que algo do tipo não deveria aparecer.

  8. Na polêmica entre o realismo e a abstração, Mário Pedrosa afirmou que “os pintores abstracionistas são os artistas mais conscientes da época histórica em que estamos vivendo”, e que o papel documentário da pintura acabou, “sua função agora é outra: a de ampliar o campo da linguagem na pura percepção”. E escreveu que “toda boa pintura é de ordem abstrata: são seus valores intrínsecos, e não a maior ou menor fidelidade da representação externa, que determinam a maior ou menor qualidade estética”. E a propósito de Calder, afirmou que sua arte “não reflete sociedades, nem sublima pesadelos subjetivos. É antes uma porta para o futuro. E já a atitude de que, desprezando o dia presente, sombrio como nos pareça, divisa, de onde está, os horizontes longínquos da utopia, da utopia que eternamente se está a esboçar diante de nós. Não é, todavia, um veículo para o artista escapar-se espiritualmente, para isolar-se na sociedade, sem contato vital com esta, todo entregue à expressão do seu extremado e hermético subjetivismo, desesperançado de comunicabilidade. Comunicar-se, ele se comunica, quando mais não seja, com os homens das futuras gerações, pois esses talvez tenham, enfim, energia bastante para o necessário esforço de integrar a arte à própria vida”. No campo oposto, contra o enunciar, por meio da abstração, do futuro presente, estava o “realismo naturalista ou socialista, ora em franca decadência, ou ainda sustentado por mera disciplina extra-artística”, com sua “intenção de documentação naturalista”. Para Pedrosa, o homem somente estaria preparado para responder aos problemas presentes e para construir o futuro quando fosse capaz de desenvolver a sensibilidade e a intuição: “esta é a grande revolução, a mais profunda e permanente, e não serão os políticos, mesmo os atualmente mais radicais”, refletiu, “nem os burocratas de Estado que irão realizá-la. Confundir revolução política e revolução artística é, pois, um primarismo bem típico da mentalidade dominante”. E citou Langer, para quem a abstração “clarifica e organiza a intuição mesma. E é por isso que tem a força de uma revelação”. Ora, Leo V se insurge contra a “crítica abstrata longe da realidade cotidiana do trabalho”, aquela que “abstrai a realidade cotidiana das pessoas”, “que se coloca fora do mundo”, e diz que “num site como esse, que se propõe pensar as lutas e a realidade cotidiana”, “algo do tipo não deveria aparecer”. Nos comentários de Leo V está expressa, portanto, a atitude daqueles que se insurgiam contra a arte abstrata em favor do realismo socialista. Eu, por outro lado, penso que o tipo de crítica abstrata feito acima é louvável, pois proporciona justamente aquela sensibilidade e aquela intuição, que nos aponta o horizonte em que queremos viver. Enfim, espero que no futuro não tenhamos de escolher entre a Lu da Magalu e o Véio da Havan.

  9. BEamongTWEEN: terceira margem do rio & quarta pessoa do singular
    Vontade de nada (ni[h]ilismo ativo) e nada de vontade (ni[h]ilismo passivo) com suas diferenças, são enormes minúcias, polarizadas em resistência e capitulação.
    Práxis é decisão: ação direta sem intermediários e dirigentes. Escolher, de duas uma, a opção (menos ruim?) -na alternativa que o inimigo de classe decidiu- é apenas reforçar a servidão, tornando-a voluntária.

  10. Ok Fagner,

    o Flagrante delito é uma pintura abstrata, concordo.

    Enquanto se contempla essa “pintura abstrata” cujo significado é a auto-imagem da radicalidade militante, os trabalhadores estão dando um jeito de cagarem com luz no banheiro da fábrica. Enquanto não vender a força de traalho para sobreviver não for uma opção, é em torno das pequenas-grandes coisas cotidianas do trabalho que eles se mobilizarão.

  11. Caro Leo V,

    Felizmente a classe trabalhadora sempre encontra uma maneira de lutar e, eventualmente, de lutar com autonomia, rejeitando as alternativas postas pelas velhas classes dominantes e pelos candidatos a classe dominante e construindo (ou tentando) outras alternativas. E felizmente há o Passa Palavra para não tolher reflexões abstratas que possam contribuir nesse processo.

    Saudações.

  12. FESTINA LENTE (mobilização ininterrupta, por etapas):
    1) Cagar no escuro, nunca mais!
    2) Papel higiênico, já!
    Aguardem novas consignas transitórias em agitprop…

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