Por Passa Palavra

As notícias davam a entender que Bolsonaro, depois da derrota para Lula no segundo turno das eleições de outubro, estava abatido, deprimido, recluso e doente. O pedido de anteontem, de anulação dos votos registrados em 59% das urnas eletrônicas usadas no segundo turno (279.000 urnas), feito pelo seu partido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra-nos que Bolsonaro mantém-se ativo e encontrou uma maneira menos barulhenta, mas não menos efetiva, de agitar sua base radical. Na verdade, em vez de recluso, aguardando passivamente a posse de Lula em 1º de janeiro, Bolsonaro tem se empenhado, no subterrâneo, para suscitar um golpe de Estado que o mantenha na Presidência da República.

Para os manifestantes bolsonaristas que bloquearam estradas, acamparam em frente de quartéis e voltaram a bloquear estradas — contando com a simpatia ou, pelo menos, com a cautela dos generais, receosos de contrariar o setor mais expressivo da extrema-direita —, o silêncio de Bolsonaro, depois do seu lacônico discurso de 1º de novembro, sempre foi visto como um estímulo à radicalização. Difundiam entre si a convicção de que tratava-se, na verdade, de uma mensagem cifrada do chefe da nação, que não poderia contestar abertamente os resultados das eleições, sob o risco de frustrar articulações por um golpe de Estado nos bastidores. É como se Bolsonaro tentasse manter acesa a chama do radicalismo, aguardando o momento certo para pôr lenha na fogueira, dizendo basicamente “não, as urnas eletrônicas não são confiáveis e, não, eu não perdi as eleições”.

No início da presidência de Bolsonaro havia condições para formar um fascismo: exército e Igrejas evangélicas de um lado e, do outro, milícias informais e população nas ruas. Mas a união entre esses dois eixos não ocorreu, o fascismo não se formou. Agora temos a mesma encenação, mas mais grave ainda, se possível, porque antes a vitória eleitoral dava esperanças aos fascistas e adormecia-lhes a contundência, enquanto agora a derrota aviva-lhes o desespero. O pedido de anulação das eleições surge agora como uma chancela explícita do presidente aos manifestantes bolsonaristas, não apenas desiludidos com o sistema eleitoral mas também crentes de que só resta a alternativa do golpe de Estado, pois é óbvio que o pedido será negado pelo TSE, que já declarou a vitória de Lula e é presidido por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que é o hoje o nêmesis de Bolsonaro e seus apoiadores.

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Com o passar do tempo, os atos bolsonaristas assumem características insurrecionais, em especial em estados como Mato Grosso, onde se radicam boa parte dos financiadores dos atos golpistas (ver aqui, aqui, aqui); em Rondônia, onde um jornal de Porto Velho sofreu um atentado a tiros por estar nas listas de empresas acusadas de serem supostamente “petistas”; e em Santa Catarina, cujo comandante da Polícia Militar recusou reunir-se com Alexandre de Moraes para discutir, junto com comandantes das polícias dos demais estados, como lidar com as manifestações golpistas.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF), sob fortíssimo escrutínio em seguida a seu apoio velado a Bolsonaro durante as eleições e nos primeiros bloqueios de estradas por caminhoneiros, saiu de sua posição ambígua e hoje participa ativamente da repressão, inclusive assimilando as manifestações de caminhoneiros com “ações de terroristas ou de black blocs”. Isso não quer dizer, entretanto, que tenha havido qualquer mudança na mentalidade dos policiais rodoviários federais da noite para o dia, ainda mais quando simpatizaram com os bloqueios de estradas desde o primeiro momento; quer dizer somente que a PRF está sendo forçada, desde fora, a agir contra a vontade de seus agentes — contradição que poderá explodir no futuro.

Há indícios de um “plano”, razoavelmente amplo e articulado, de desestabilização da ordem democrática, que orientava primeiro a uma paralisação dos caminhoneiros nas estradas, mesmo contra sua vontade, para que, numa segunda fase, hostes mobilizadas pela extrema-direita acorressem aos quartéis país afora a partir do dia 2 de novembro para açular os militares a juntar-se ao movimento golpista. É esta segunda etapa do “plano” que está em curso no momento, que será sucedida por uma terceira fase: o esgotamento das vias institucionais de questionamento do resultado eleitoral, que alimentará tanto uma oposição parlamentar de peso ao governo Lula quanto uma militância de rua mais aguerrida, agora totalmente descrente nas instituições pela “evidência prática” de que “o sistema” está contra o que desejam.

A passagem da primeira para a segunda fase do “plano” esboçou-se logo em seguida a um vídeo de Bolsonaro orientando manifestantes a não usarem os mesmos “métodos de esquerda”, orientação já anunciada em seu lacônico discurso do dia 1º de novembro. As manifestações passaram a se concentrar nas portas de quartéis país afora, onde, além do pedido de “intervenção militar”, seus participantes protagonizam cenas dignas do teatro do absurdo (ver aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e por toda a internet). Pelos vídeos dos manifestantes dos quartéis, existe ainda a expectativa de que eles impedirão que Lula suba a rampa do Planalto em 1º de janeiro. Provavelmente muitos pretendem emular uma situação estilo Capitólio dos EUA no momento da posse. Viu-se, além disso, diluição gradual nas palavras de ordem: de “intervenção militar” para “intervenção federal”, depois para “resistência civil” — tudo em linha com orientações sobre palavras de ordem que circulam abertamente nos grupos de mensagens bolsonaristas. Tais orientações tentam assegurar, pela manipulação dos slogans, a permanência dos manifestantes em frente aos quartéis, ao dar-lhes o repertório necessário para esquivar-se das palavras de ordem mais abertamente golpistas.

Avolumam-se evidências no sentido de tais manifestações estarem sendo financiadas por empresários ligados ao agronegócio e transportadoras (ver aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, etc.). Exemplo dessas evidências: perto do QG do Exército, em Brasília, montou-se um acampamento de manifestantes pró-golpe onde “grandes tendas ofereciam nesta semana almoço e outras refeições, além de café, água e frutas”, tudo “de graça”. Já se sabe que a maioria dos empresários e empresas envolvidas no financiamento do golpismo situa-se no norte do Mato Grosso, onde o bolsonarismo goza de apoio irrestrito do empresariado ligado ao agronegócio.

O segundo conjunto de fatos importante para a desestabilização é composto pelas tentativas de anular o resultado das eleições pela via institucional. Aqui pesam bastante os dois braços do bolsonarismo: ao mesmo tempo em que manifestações de rua pressionam pela anulação, há movimentos institucionais no mesmo sentido (teria o bolsonarismo aprendido a “estratégia da pinça”?)

*

Numa espécie de mundo paralelo, a equipe de transição trabalha normalmente e a imprensa internacional, no geral, silencia sobre as manifestações golpistas, os episódios de violência e as articulações subterrâneas de Bolsonaro. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, líder do centrão — bloco de partidos de direita que atua no mercado da sustentação política por um preço —, reconheceu a vitória de Lula e se dispôs a trabalhar com ele, mas deu declarações recentes na imprensa que soaram como um alerta, ou melhor, uma chantagem. Enquanto o STF se prepara para julgar a constitucionalidade das “emendas de relator”, fatias do orçamento federal controladas pelo relator da Lei Orçamentária Anual, base do “orçamento secreto”, pois a destinação final dos recursos não é transparente, Lira — quem na prática controla tais emendas — declarou que elas são uma prerrogativa do parlamento. Resta saber até que ponto os grandes interesses político-económicos do centrão afundarão tudo no marasmo de sempre e anestesiarão as insatisfações. Que este seja o único obstáculo actual ao fascismo mostra a que situação chegámos.

12 COMENTÁRIOS

  1. Sobrinha da tia: Tia qual a maior característica da esquerda anticapitalista no Brasil, e ainda, para onde está indo junho?

    Sobrinha da tia: Uma gigantesca, uma enorme máquina de Copiar e Colar. E nada mais do que isto!

    Junho? Para o complexo de Zines, Resenhas,Teses e Dissertações. Ficará empoeirado nas prateleiras por falta de uso.

  2. O interesse do fisiologismo parlamentar não é o único obstáculo a um regime fascista no Brasil. A burguesia está rachada. Parte importante da burguesia está contra o bolsonarismo (não contra o fascismo em si, mas contra essa versão específica dele).

    Trata-se de disputa entre setores da burguesia, no sentido de que são esses os atores que estão de fato em campo com capacidade de atuar. Evidentemente há também as disputas dos estamentos estatais: STF, Forças Armadas, Congresso, se aliando a um dos dois lados ou ficando em cima do muro…

    Não fosse o único capaz de ganhar eleitoralmente de Bolsonaro ser o Lula, ele não teria sido resgatado pela burguesia e estamentos que se viam ameaçados pelo bolsonarismo. Foram se esconder detrás daquele que eles mesmos haviam posto na cadeia anos antes, na intenção de eleger um neoliberal (mesmo um fascista ou protofascista como Bolsonaro). É apenas por Lula ter vínculo com interesses populares e dos trabalhadores, que o interesse dessa camada da população terá algum espaço nesse governo. Não pela força da classe trabalhadora e de suas lutas. O proletariado está fora de campo, sem capacidade política alguma, faz anos. O último suspiro foi dado em 2016 com a ocupação de escolas.
    Aliás, o fascismo só emergiu porque as lutas da classe trabalhadora e a própria classe trabalhadora desapareceram.

  3. O grande engano, ou o grande engodo, é dizer que o proletariado está fora de campo… Ou seria a metade do eleitores que votaram em Bolsonaro apenas burgueses? Não é classe A, B, C, D ou E que define a condição de proletariado… “Muito mais fundamentalmente do que uma apropriação de bens, a exploração capitalista é um controlo exercido sobre o tempo . No capitalismo o explorador controla o seu próprio tempo e o tempo alheio, enquanto o explorado não controla o seu tempo nem o dos outros (João Bernardo – O Tempo, substância do capitalismo). Esta massa de explorados (seja ela C, D ou E…), do “lado direito”, é que está em campo em favor de Bolsonaro…enquanto do “lado esquerdo”, há uma massa de explorados em favor, além de Lula, de identitarismos e multiculturalismos mil…

  4. Jair Luiz Messias da Silva,

    Você considera eleitores como sendo o proletariado agindo para si. Só assim para você considerar que o proletariado está atuando. Uma massa de explorados que votam em Lula ou Bolsonaro não é proletariado com capacidade de atuação.
    Não existe uma classe trabalhadora em ação. Índice de ação política ‘ir votar’ é realmente o que eu não esperaria de quem lê este site.

    A classe trabalhadora será um ator com alguma influência nos rumos da sociedade quando ela for capaz novamente de colocar demandas que não possam ser ignoradas sob risco de rompimento da disciplina que a reprodução do capitalismo exige. Quando ela conseguir novamente tornar possível que um deputado federal vá num programa de entrevistas de rede nacional e não titubeie em defender a socialização dos meios de produção. Aliás, de todos os meios de produção. O deputado federal podia fazer isso nos anos 1980 porque havia uma base social, operária, uma classe trabalhadora que lhe dava lastro, uma classe trabalhadora para a qual a socialização dos meios de produção era algo compreensível e desejável. Hoje isso só é compreensível e desejável apenas para militantes universitários.

    Evidentemente quando digo que a classe trabalhadora não é um ator no jogo, é porque não existe classe trabalhadora atualmente no Brasil em sentido sociológico. É exatamente essa atuação para si que traz sua existência sociológica. Evidentemente a classe trabalhadora no sentido econômico está sempre em existência. Com a citação do João Bernardo você diz apenas uma obviedade: que existem explorados sempre no capitalismo, e uma classe trabalhadora que pode ser definida como o conjunto dos indivíduos explorados.

  5. Já que fui citado por dois leitores, talvez tenha chegado o momento de me citar a mim mesmo.

    Logo nas primeiras páginas do Labirintos do Fascismo (São Paulo: Hedra, 2022, vol. I, págs. 22-24), depois de observar que «os trabalhadores não levam uma vida única, mas duas vidas» e que «ao mesmo tempo que se inserem no capital e o fazem funcionar, os trabalhadores entram em choque com ele», eu escrevi:

    «E quando numerosos trabalhadores se deixam mover e conduzir, tantas vezes em episódios de incrível violência, para restabelecer o capitalismo numa nova modalidade, e neste processo se confrontam com outros trabalhadores, desejosos de se oporem a todas as formas do capital, e contribuem para os dispersar e liquidar?
    «Foi isso o fascismo, sustentado por uma convulsão da classe trabalhadora, que jogou uma das suas vidas contra a outra, e neste exacerbamento da sua contradição interna os trabalhadores agravaram a hetero-organização que os vitimava. O trabalhador fascista caracterizou-se por possuir um profundo ódio aos ricos, aliado a uma estreiteza de horizontes que o impedia de se inserir nas redes de solidariedade da sua classe e ascender a uma compreensão do processo histórico. Céline, um anarquista que foi um dos melhores prosadores do fascismo, se não o melhor, pretendeu que “a consciência de classe é uma balela, uma demagógica convenção. O que cada operário quer é sair da sua classe operária, tornar-se burguês, o mais individualmente possível, burguês com todos os privilégios”. Por isso ele afirmou em 1935 que “o proletário é um burguês que não foi bem-sucedido”. Sempre que a hostilidade aos ricos não é acompanhada por nenhum sentimento de classe, o fascismo não anda longe.»

  6. CANÇÃO DAQUELES A QUEM TUDO SE APLICA E JÁ SABEM TUDO

    Que alguma coisa tem de ser feita e já
    isso já sabemos
    que porém ainda é cedo para fazer alguma coisa
    que porém é tarde demais para ainda fazer alguma coisa
    isso já sabemos

    e que passamos bem
    e que assim vai continuar a ser
    e que não vale a pena
    isso já sabemos

    e que a culpa é nossa
    e que não podemos fazer nada por se nossa a culpa
    e que é nossa culpa de não podermos fazer nada
    e que já nos basta
    isso já sabemos

    e que talvez fosse melhor calar o bico
    e que não vamos calar o bico
    isso já sabemos
    isso já sabemos

    e que não podemos ajudar ninguém
    e que ninguém nos pode ajudar a nós
    isso já sabemos

    e que somos vocacionados
    e que temos a escolha entre nada e mais nada
    e que temos de analisar este problema profundamente
    e que pomos duas colheres de açúcar no chá
    isso já sabemos

    e que somos contra a repressão
    e que os cigarros vão encarecer
    isso já sabemos

    e que pressentimos sempre o que aí vem
    e que de cada vez teremos razão
    e que daí não se segue nada
    isso já sabemos

    e que isto tudo é verdade
    isso já sabemos

    e que tudo isto é mentira
    isso já sabemos

    e que isto é tudo
    isso já sabemos

    e que aguentar não é tudo pelo contrário é nada
    isso já sabemos

    e que tudo isto não é novo
    e que a vida é bela
    isso já sabemos
    isso já sabemos
    isso já sabemos

    e que já sabemos isso
    isso já sabemos

    Hans Magnus Enzensberger. 66 poemas.

  7. Gente, falando em fascismo, será que as novas edições do Labirintos do Fascismo já estão disponíveis em pdf em algum site? Só encontro a 3ª edição para baixar. Os preços tão pesados.

  8. A menção ao Céline me lembrou do Jack London, outro autor que tratou do mesmo tema em várias de suas obras, mas principalmente em Martin Eden. O americano entretanto é reputado como socialista. E vejam que não faltam eugenia, ódio aos ricos, vontade de potência, individualidade e ausência de solidariedade em seus escritos.

  9. Queria entender por que “não existe classe trabalhadora atualmente no Brasil em sentido sociológico”.

  10. Dúvida,
    Essa questão já foi trabalhada muito bem neste outro artigo https://passapalavra.info/2019/03/125676/. No meu entender, reduzir a posição de classe à sua definição formal conduz ao determinismo das forças produtivas denunciado largamente nos círculos marxistas heterodoxos, autonomistas, etc. Os trabalhadores obedecem à disciplina capitalista sempre apresentando entraves à sua plena realização, isso ocorre porque o direito do trabalhador como vendedor de sua mercadoria força de trabalho se defronta com o direito do comprador da força de trabalho em extrair o máximo possível capital variável do exercício da força de trabalho (e “entre direitos iguais, quem decide é a força” [MARX, O Capital. 2013. p.309]). Assim sendo, os trabalhadores caracterizam-se pela sua relação econômica, suscetível à disciplina do trabalho, e só desafiam abertamente a lógica econômica quando, junto de outros trabalhadores, tornam-se conscientes de sua posição de explorados, e conscientes de seu potencial disruptivo. Em suma, um trabalhador não se reconhece sociologicamente simplesmente porque reconhece que não é empresário, mas trabalhador, mas sim quando a sua posição ativa não difere da de tantos outros trabalhadores, e as diferenças promovidas pela dispersão da força de trabalho não conseguem anestesiar esses trabalhadores em luta. O que o Leo V quis dizer é que a a definição formal de classe trabalhadora é útil no campo conceitual, mas paralisa politicamente. A luta de classes não parou, é óbvio, mas nossa ampla capacidade enquanto atores políticos nesse momento está morna. Leo V me corrija se eu estiver errado.

  11. No comentário de João Bernardo, , me faz pensar o seguinte… De fato, hoje em dia, a grande massa do proletariado não deixa de ser “um burguês que não foi bem sucedido”. Não apenas por não aceitar o “socialismo da miséria”, mas, também, por não aceitar o (vir a ser) “socialismo da abundância”… Mas, o pior, é que parcela deste proletariado, dito de esquerda, já não nutre hostilidade aos ricos (vejam seus ídolos… Elon Musk, Bill Gates, Edir Macedo, Papa Francisco, Cristiano Ronaldo, Neymar Jr., Lula, Bolsonaro, etc) e nem sentimento de classe (a classe é A, B, C, D ou E, inclusive para parte dos escritores e comentadores aqui do Passa Palavra…). A hostilidade desta esquerda se direciona à gêneros, raças, credos, ideologias… e os sentimentos, nomeados de “empoderamento”, são de ascensão à riqueza, independentemente da abundância para todos…

    PS: Sim, Lula, Bolsonaro, etc, como gestores do capital, fazem, também, parte da classe capitalista… É, ou não é, João Bernardo?

  12. Tanto este quanto o outro texto são de pouca serventia. Enumeram e tangenciam. Por falta de criatividade, escapam do abismo permanecendo covardemente na rasa superficialidade.

    “Outra maneira de paralisar a capacidade de pensar criticamente é a destruição de qualquer imagem estruturada no mundo. Os fatos perdem a qualidade específica que só podem ter como partes de um todo estruturado e conservam apenas um significado abstrato e quantitativo; cada fato é somente outro fato e tudo o que interessa é se sabemos mais ou menos.”
    “A superstição patética que predomina é de que conhecendo um número cada vez maior de fatos chega-se a um conhecimento da realidade. […] Sem dúvida, raciocinar sem conhecimento dos fatos seria fútil e ilusório; somente as “informações”, porém, podem ser um obstáculo tão grande ao raciocínio quanto a sua ausência.”
    FROMM. O Medo à Liberdade. Cap. sobre  Liberdade e Democracia.

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