Na manhã desta quarta-feira (14/5), a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), voltou a entrar na comunidade do Moinho, zona central de São Paulo, acompanhada por batalhões de choque da Polícia Militar, para prosseguir com a demolição de imóveis e remoção de pessoas, apesar da manifestação da Secretaria de Patrimônio da União que suspendeu a cessão do terreno para o governo do Estado. Há denúncias de imóveis sendo destruídos irregularmente.
A presença ostensiva da Polícia Militar na comunidade é inequivocamente utilizada para intimidar os moradores e criar um estado de terror e sítio para tornar a permanência das pessoas inviável. Ontem (13/05), bombas sufocando crianças, idosos e a população local com gases e ameaças de que na próxima a bala ia ser de verdade. Dois moradores foram detidos e ainda aguardam audiência de custódia para liberação. Muitos feridos com tiros de borracha no peito, contrariando protocolos da própria PM de utilização de armamento menos letal. Crianças desmaiadas pelo excesso de gases tóxicos. Essas são cenas que estão se repetindo no dia de hoje!
A CDHU é o vetor sistemático de violação de direitos, levando adiante um processo de expulsão cheio de irregularidades. Pessoas que já foram removidas, inclusive, reclamam da cessação de pagamento de auxílio, da cobrança de taxas e custos indevidos e não informados anteriormente. A CDHU divulga informações falsas sobre o processo de remoção, com dados e números conflitantes – à imprensa informam que 86% da população da favela aceitou deixar suas casas mediante assinatura de termo de bolsa-aluguel no valor de R$ 800,00 e/ou oferta de cartas de crédito imobiliário social; porém em levantamento interno junto à Associação de moradores informa que apenas 68% da população aceitou deixar suas casas nessas condições. Segundo a CDHU, na Favela Do Moinho hoje residem 960 famílias, enquanto a Associação de moradores contabiliza 1060 famílias e 3000 moradores no total.
Na manhã de hoje, por exemplo, uma criança indo para a creche teve a mochila revistada. A entrada de apoiadores e da imprensa foi vetada pela Polícia Militar. A deputada estadual Ediane Maria (Psol) e a assessoria do deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) também foram impedidos pela polícia de entrar para acompanhar as demolições indevidas. Qualquer tentativa de manifestação da comunidade tem sido prontamente reprimida, violando direitos constitucionais. Neste momento, é a Tropa de Choque que limita o acesso a favela, intimida moradores e revista casas sem mandado de segurança com o uso ostensivo de cães policiais.
“Acordamos com demolição, com barulho deles derrubando porta, janela. Na hora que eu vim sair com meu filho de quatro anos eles revistaram a mochila dele. E falaram que se eu sair, eu não podia entrar de novo. Meu filho vê a polícia, ele entra em choque. Ele acha que a polícia vai tacar bomba dentro de casa. Não tem como dormir. É uma hora, é um helicóptero passando e a gente não sabe se a polícia vai entrar. A gente dorme com medo. Acorde e levanta com medo”, disse uma moradora.
A comunidade pede apoio, solidariedade, compartilhamento e presença. De pessoas preocupadas, veículos da imprensa, vizinhos e movimentos sociais. Ela está preparada para resistir e organizando atos para denunciar a situação de violência.
O movimento também demanda que o Governo Federal aja com urgência para interromper esse ciclo de violência e autoritarismo, uma vez que o terreno onde fica a Favela do Moinho pertence à União. A Associação nunca se recusou a negociar a desocupação do terreno, desde que o direito à moradia dos moradores da comunidade seja garantido. Reclamam por um processo verdadeiramente transparente e digno, que garanta gratuidade e permanência da comunidade na região central da cidade, com a construção de um conjunto habitacional ou a disponibilização de alternativas de moradia imediata nas imediações da favela.
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