Por Charles júnior, Antônio Carlos e Pedro Seeger
E lá vamos nós de novo… depois de nosso belo texto sobre a Europa, voltamos ao nosso Brasil varonil: nossa terra de MMA, de bets, de uma burguesia sedenta e de muitos milhões de trabalhadores aguerridos. Nós mesmos, que vivemos nos lascando diariamente com essa inflação, carestia, violência e uma seleção de futebol masculino que não engrena. P***Q***P*** nem a seleção?! Aí já é demais! Talvez esse outro italiano salve nossa alma e nosso produto de exportação predileto… mas bora pro que interessa, CHAMA!
Das novas contratações do 3º reinado de Lula da Silva, Lancelot, vulgo Galípolo, seu cavaleiro mais aguardado, acabou se tornando um convidado meio que indigesto para Luís, o Inácio.
Desde seus dias na prisão, Lula prometeu que colocaria os pobres de volta no orçamento: casa, bolsa família, emprego, churrasco e cervejinha na mesa, ui! Aí sim mano, bora fazer o L. Os servidores públicos já sonhavam com seu aumento, a classe média com a Disney e a burguesia em retornar os patamares da taxa de lucro perdidos há tempo. A magia do crescimento mais uma vez daria o ar da graça.
E sabe qual é a surpresa? Deu!
Em nosso primeiro material, Querido Ano Velho [1], mostramos que da Silva arrancara o Brasil da estagnação e dera “quase” tudo que prometera. Quase… mas quase, não é tudo. Realmente as coisas não andam bem, a promessa que a economia e renda voltassem crescer não chegou. A economia deu o ar da graça, emprego e taxa de lucro voltaram a respirar e a fazerem o país bombar. Mas o fantasma da inflação e dos empregos de merda assombra as pesquisas de popularidade neste ano pré-eleitoral. Ninguém aguenta mais as jornadas exaustivas e os salários arrochados por aqui. É cada um por si e o Brasil contra todos.
Mesmo na descrença, nosso rei oriundo das massas tinha a resposta, a solução na ponta de língua. Bradava aos quatro cantos que durante os dois primeiros anos de mandato o infiltrado pelo cramunhão estava disposto a estragar tudo, um penetra, como podemos ver nas palavras do poeta:
“Acho que o Roberto Campos foi um cidadão que teve um comportamento anti-Brasil no Banco Central. Ele era um cara que falava mal do Brasil o tempo inteiro, passava descrédito para os empresários no exterior. Ele foi se comprometendo e aumentando a taxa de juros” [2].
Felizmente, o mandato do agente inimigo chegava ao fim e os progressistas poderiam fazer sua grande festa. A távola redonda do progresso sustentavelmente humanizado estaria completa: de Boulos à Odebrecht, passando por Gilmar Mendes à Freixo; de Blairo Maggi à Stédile; fechando de Eduardo Moreira à Gabriel Galípolo. A nata do progressismo, unida pelo bem da humanidade brasileira, e é claro, do desenvolvimento sustentável da nação. Pra frente Brasil, salve a Seleção!
Voltando a festa… Após a chegada de Lancelot no Banco Central, observou-se que a aguardada figura, quando vista bem de pertinho, era cuspido e escarrado a fuça de Ivan Ilitch Pralinsky [3]. Mas… como o último, defendia orgulhosamente seus ideais sociais liberais-humanistas. Era uma dádiva e a expectativa de que tudo ia se ajeitar era grande, mas… as coisas se ajeitaram de outro jeito, ou já estavam ajeitadas faz tempo.
Nosso Ivan Ilitch Galípolo, misteriosamente, seguiu os mandamentos de sua escola econômica, mostrou suas garras e como bom general manteve a política de seu antecessor. Mas nos digam, alguém esperava algo diferente? Ou melhor, como ele deveria agir? Nosso Presidente em Chefe tinha a resposta na ponta da língua. Tudo normal, ele tem que falar o que o Deus Mercado entende [4].
No mundo da superficialidade,
…“quer aquecer a economia? Abaixa as taxas. Quer desaquecer? Levanta. Tudo se resolveria, então, com uma adequada política do Banco Central, aumentando ou diminuindo a quantidade de dinheiro, de meios de pagamento e de crédito na economia, adaptando-se assim a demanda às necessidades de um crescimento equilibrado do produto e da inflação.
É assim que a economia é ensinada nas faculdades, é assim que as coisas são consideradas na realidade social, na mídia, no mundo dos fenômenos econômicos, tudo é superfície. [grifo nosso]
…
… O trigo nasce na padaria e cresce no saquinho maior ou menor do pãozinho; o feijão germina na prateleira do supermercado; os estoques de carros e caminhões nascem e crescem nas concessionárias…. Para completar, a economia expande ou desacelera de acordo com as taxas de juros do Banco Central” [5].
Sim, para nosso ex-presidente do Banco Fator, a única coisa que está em seu alcance nesta economia sem moeda forte é a flutuação da taxa de juros. O que eles parecem ignorar é que a política monetária e a demanda agregada só funcionam se tiver taxa de lucro, senão meus queridos amantes da vida, não dá bom não.
Antes de mais nada, finquemos o pé aqui em um detalhe: para nós, ao contrário do que possa parecer, o que se passa na superfície da materialidade deve sim ser levado em conta, pois é aí que se expressam as tramas do conteúdo, ou seja, é onde a crise se mostra para nós, pobres vassalos sem títulos ou pompas desse mundo. É o início da análise, a expressão do conteúdo, que nos dá pistas da multiplicidade de relações em movimento.
Voltando ao chato, Galípolo tinha uma certeza: “Quando a festa está ficando muito aquecida e o pessoal está subindo em cima da mesa, tira a bebida da festa” [6]. Dando continuidade ao aumento de juros, este chegou ao maior patamar dos últimos 20 anos.
Até junho de 2024, a trajetória da taxa de juros vinha em queda. A partir de setembro começa-se a elevação das taxas. Foram seis aumentos sucessivos, saindo de 10,5% para 14,75% [7]. O argumento para essa brutal elevação é que a inflação estourou a meta. Para discutir a realidade atrás desse objetivo vamos convocar a economista Maria Lucia Fattorelli, uma ferrenha crítica dos juros, líder da Auditoria Cidadã.
Vejamos o que a companheira diz em um artigo para o Blog Extraclasse:
“Alegam que a inflação está alta. De fato a inflação tem subido nos últimos meses, porém, o Banco Central deveria analisar a natureza da inflação que existe no Brasil, pois está aplicando remédio errado!” [8].
Nesse primeiro trecho vemos que Fattorelli concorda que a inflação está aumentando e que o banco central deveria identificar a natureza correta. E qual seria essa natureza? Ela explica a seguir:
“A inflação tem subido devido à elevação dos preços administrados pelo próprio governo (combustíveis, energia elétrica, planos de saúde, etc.), e por causa da elevação no preço dos alimentos.”
Nos parágrafos seguintes Fatorelli explica a causa real da inflação de alimentos:
“Em um país privilegiado como o Brasil (terras férteis, clima favorável, água doce e gente para trabalhar), a alta do preço de alimentos decorre de erros de política agrícola e agrária, pois não cuidam de estoques reguladores; faltam incentivos para a pequena agricultura que de fato produz comida para o povo brasileiro, por exemplo, mas incentivam o grande agronegócio de exportação que produz commodities para exportação e usufrui de isenções tributárias, recebe incentivos fiscais, além de provocar dano ambiental gravíssimo, derrubando florestas, contaminando o solo e as águas, usando água bruta descontroladamente e provocar seca subterrânea.”
Aqui ela argumentou sobre o equívoco do aumento de juros:
Esses preços (administrados e de alimentos) que têm provocado alta da inflação no Brasil não se reduzem quando os juros sobem. Pelo contrário, muitos deles até aumentam, devido ao impacto dos custos financeiros na formação dos preços.
Em seguida chama atenção para a irracionalidade do Banco Central
A diretoria do Banco Central vem reiteradamente alegando que a alta dos juros seria necessária para combater a elevação da inflação, o que não tem qualquer justificativa técnica, econômica ou científica, pois, como dito acima, o tipo de inflação que existe no Brasil não é combatido pela alta dos juros!
Fatorreli tem um grande mérito, ela sempre busca descortinar a realidade e descobrir os reais interesses atrás dos discursos a favor dos juros altos e cortes de gastos. Mas tem seu limite: como economista humanista que é, não consegue tirar todas as conclusões das suas próprias observações. Ela está certa, a inflação é de alimentos e preço administrados, porém, a irracionalidade da política monetária tem sua própria racionalidade, os interesses da classe dominante brasileira.
É doloroso reconhecer os fatos, o governo não consegue controlar a inflação aumentando a produção de alimentos ou com os estoques reguladores pois tem outros interesses. Primeiro, porque novas áreas de produção irão bater no limite tecnológico e do valor e preço regulados pelos produtores mais produtivos no mercado [9]. Segundo, não podem prejudicar o agribusiness com estoques reguladores de oferta em períodos de safra, pois o objetivo principal é exportar e os queridinhos do Agro não podem perder. Não pode segurar os preços administrados, pois não podem ferir o santo lucro dos acionistas da Petrobras ou dos planos de saúde. É muito mais fácil condenar milhões de trabalhadores e seus filhos à carestia! Ou seja, o Estado tem classe social e todos que por ali passam tem objetivos simples: potencializar a taxa de lucros e manter a governabilidade neste Brasil varonil.
Outro ponto interessante que a Fatorelli passa longe é que o aumento de juros não atingirá todos da mesma forma, a democracia tem dessas coisas. Observemos a fala de um sincero banqueiro:
“As 436 empresas de capital aberto no Brasil têm um grau de alavancagem controlado. Não vejo um cenário se deteriorando brutalmente. As empresas de médio porte tendem a sofrer mais porque não são tão capitalizadas. Esse cenário pode impactar mais as pequenas e médias empresas, menos na pessoa física porque o nível de desemprego está controlado, e algumas linhas específicas de crédito” [10].
Como disse o Presidente do Banco Bradesco, as mais de 400 empresas listadas na bolsa estão protegidas do aumento de juros, as mais prejudicadas são as pequenas e médias, como já podemos verificar nos dados de recuperação judicial.
“O estudo mostra que o número de empresas que não conseguem pagar suas dívidas atingiu o patamar dos 7,2 milhões, o que equivale a 31,% dos negócios ativos no país.”
…
“Do total, 6,8 milhões são Micro e Pequenas Empresas (MPEs), responsáveis por 47,2 milhões de débitos em aberto, que somam mais de R$ 141,6 bilhões” [11].
Na cabeça dos economistas, com o aumento da taxa de juros, a inflação seria reduzida, contendo a demanda dos trabalhadores da forma tradicional. O efeito colateral pré-eleição seria milhões de trabalhadores na fila do desemprego. Aumentando o exército industrial de reserva, ou simplesmente a massa de desempregados. Lucro e desemprego para eles caminham juntos. Como exemplo, vemos as reclamações de alguns setores, como o de supermercados [12].
Mas convenhamos, a taxa de juros em 14,75% ainda não foi suficiente para derrubar o crescimento da economia brasileira, o jornal o Globo [13], expressa essa decepção da Grande Burguesia Brasileira de forma melancólica
“A desaceleração da economia foi, mais uma vez, adiada — e, talvez, a freada seja menor do que a que vinha sendo esperada.”
Mas como o Deus mercado não desiste nunca, torcem para que ela venha nos próximos meses e já adianta que sonham “com um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima [reunião], chegando a 15%”.
Isso é o que eles dizem, os economistas do mercado e os sinceros reformistas da social-democracia. Mas sabemos que não sabem diferenciar como a Taxa de lucro e a produtividade influenciam nos preços, na taxa de desemprego, nos salários ou na deflação. Isso é nosso, para eles o pão nasce na padaria, o leite na caixinha, a picanha no freezer do mercado e o dinheiro no Banco Central.
Produção e empregos e os rumos do capital por aqui
Foi amplamente divulgado pelos jornais nos últimos dias a surpresa com a vitalidade demonstrada pela economia brasileira quando medida pelo índice IBC-Br. Na imagem abaixo fizemos um complicado do IBC-Br dos últimos dois trimestres. Nele podemos observar que, na primeira coluna, o índice vinha desacelerando desde novembro do ano passado. Na segunda coluna, a agropecuária mostra forte recuperação em janeiro e fevereiro. A indústria vinha desde novembro de 2024 indicando declínio, porém, volta a crescer em março.
imagem 03 – Dados da CNI [14]
Indicadores Industriais | Dez/Nov 2024 | dez 23/ Dez 24 | Jan-Dez24/ Jan-Dez23 |
Jan 25/Dez24 | Fev25/Jan25 | Mar25/fev25 |
Faturamento real¹ | -1,3 | 5,5 | 5,6 | 3,3 | 1,6 | -2,4 |
Horas trabalhadas na produção | -1,3 | 4,2 | 4,5 | 1,9 | 2 | -1,6 |
Emprego | 00 | 2,8 | 2,2 | 0,1 | 0,4 | 0 |
Massa salarial real² | -0,5 | 0,9 | 3,0 | -0,3 | -0,6 | -2,8 |
Rendimento médio real | -0,5 | 1,9 | 0,8 | -0,8 | -1,0 | -2,6 |
Utilização da capacidade instalada | % | pontos percentuais Dez24/Nov24 |
Dez24/Dez23 | Jan25/Dez24 | Fev25/Jan25 | Mar25/fev25 |
78,2 | -0,8 | -1,9 | 00 | 00 | 00 |
Indo mais a fundo, vamos a uma análise do desempenho da indústria (setor que puxa a produtividade brasileira) com os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF). Na imagem 2, temos os dados dos últimos dois trimestres da PIM-PF por grandes setores, e podemos ver que a produção de bens intermediários [15] tem uma leve desaceleração em janeiro; bens duráveis e semiduráveis, uma desaceleração a partir de dezembro. Porém, esses dois últimos tiveram forte impulso no mês de março, como podemos ver na tabela de crescimento mensal, principalmente os bens duráveis (carros, eletrodomésticos, móveis, etc.), o setor mais dinâmico da economia.
Na imagem 03, vemos o último quadrimestre da indústria. Observemos que a capacidade instalada em utilização está parada nos últimos meses. Mesmo assim, nos 3 últimos meses houve um crescimento do faturamento, das horas trabalhadas e do emprego. E para somar a isto, redução da massa salarial e do rendimento médio real.
Senhoras e senhores: isso é Luís Inácio Progresso da Silva… Pau quebrando na Babilônia e fogo em nós, filhos de Jah!
Mas, chegou o carnaval, e com ele a queda. A pergunta que temos é: e ela continua ou teremos uma retomada?
Didaticamente, o ciclo econômico brasileiro está chegando ao ápice, ou no topo da produção de riqueza e acumulação. Acumulação esta que é a parte da mais-valia reinjetada no processo produtivo, acumulando Capital e aumentando a máquina produtiva.
Estamos perto do momento em que estas relações de produção de acumulação de capital chegarão ao ápice da contradição com as forças produtivas materiais da sociedade. “De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se nos seus entraves” [16]. Queda da taxa de lucro em alto e bom som. A roda vai parar por produzir demais, abrindo um período de crise e destruição de capital, fixo e variável. Do nosso lado, fome, miséria e morte. Eles vão fazer de tudo para jogar a crise no nosso colo. A nós, cabe levantar e lutar.
Antes de dizermos tchau, lembremos um recado do grande Martins em sua obra Império do Terror:
“Para que nos serve todos esses desenvolvimentos teóricos e de acompanhamento de publicações de índices econômicos que temos feito até agora? O mesmo que para um médico serve o seu repertório médico e alguns exames laboratoriais: diagnosticar as causas da enfermidade de um determinado paciente, antecipar as etapas do seu alastramento e, finalmente, o remédio e o tratamento a que ele deve ser submetido” [17].
Por isto, sempre esperamos e trabalhamos para que os coveiros assumam seus postos e tratem de por fim à pré-história da humanidade.
Muito porque:
“E quem me ofende, humilhando, pisando
Pensando que eu vou aturar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me vê apanhando da vida
Duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar.
Eu vejo a barra do dia surgindo
Pedindo pra gente cantar
…
Eu tenho tanta alegria, adiada
Abafada, quem dera gritar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar” [18]
plemen
Indicadores Conjunturais da Indústria Segundo Grandes Categorias Econômicas
Índices Mensais de Base Fixa (2022 = 100)* Média Móvel Trimestral Janeiro/2022-Março/2025
Mês | Bens de Capital | Bens Intermediários | Bens Duráveis | Bens Semiduráveis e Não Duráveis | Indústria Geral |
Out/2024 | 97.18656 | 103.67006 | 116.53794 | 105.29645 | 104.05485 |
Nov/2024 | 98.33061 | 104.00998 | 116.24651 | 104.24737 | 104.09901 |
Dez/2024 | 96.65426 | 104.2431 | 115.46359 | 102.32886 | 103.74199 |
Jan/2025 | 96.73722 | 103.68038 | 115.8929 | 101.93036 | 103.46081 |
Fev/2025 | 96.69014 | 103.74636 | 115.15724 | 102.09878 | 103.42518 |
Mar/2025 | 97.48979 | 103.6447 | 117.12506 | 103.7783 | 103.88745 |
Variação mensal, por grandes categorias econômicas, com ajuste sazonal (%), março 2025
Empregos
PNAD Contínua – Divulgação: Abril de 2025 Trimestre móvel: jan-fev-mar/2025
Saldo de empregos em Janeiro, Fevereiro e Março
Mês | 2022 | 2023 | 2024 | 2025 |
Janeiro | 167453 | 90072 | 173018 | 145816 |
Fevereiro | 353459 | 219733 | 307560 | 437111 |
Março | 99158 | 194893 | 245395 | 71576 |
Total | 622092 | 506721 | 727997 | 656528 |
média | 206690 | 168232,67 | 241991 | 218167,67 |
Fonte: Caged, elaborado pelos autores.
https://www.extraclasse.org.br/opiniao/2025/03/demanda-aquecida-so-para-porsche-iate-e-jatinho/
BC divulga o IBC-Br de março de 2025
https://www.bcb.gov.br/detalhenoticia/20678/nota
Notas
[1] https://passapalavra.info/2025/01/155689/
[2] https://www.cnnbrasil.com.br/politica/lula-sobre-campos-neto-cidadao-que-teve-um-comportamento-anti-brasil-no-bc/
[3] Personagem principal do conto Uma história desagradável de Fiódor Dostoiévski.
[4] Acreditamos que os anos de convivência com Guido Mantega não tenham passado em branco.
[5] José Antônio Martins. O império do Terror. Capítulo 07, a Macroeconomia dos Terroristas. pag 99. Dada a profundidade das críticas ficamos nossa referencial teórico para clarear todo nosso caminho daqui por diante.
[6] https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/04/22/galipolo-ve-inflacao-disseminada-e-diz-que-bc-e-o-chato-da-festa-quando-o-pessoal-esta-subindo-em-cima-da-mesa-tira-a-bebida.ghtml
[7] https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/05/07/copom-eleva-taxa-de-juros-para-1475percent-ao-ano-maior-patamar-em-quase-20-anos.ghtml
[8] https://auditoriacidada.org.br/wp-content/uploads/2024/11/DESMONTANDO-AS-MENTIRAS-DA-DIRETORIA-DO-BANCO-CENTRAL-USADAS-PARA-ELEVAR-A-TAXA-BASICA-DE-JUROS-SELIC.pdf
[9] A grosso modo, o valor das mercadorias é determinado pelo atual estado das forças produtivas e pelas relações de produção vigentes. De alimentos como feijão, arroz, etc.: o valor do meio de produção (o pedaço de terra utilizado), dos insumos (sementes, adubos, etc.) e o valor da força de trabalho utilizada. Já o preço (expressão do valor) é determinado pela totalidade de determinada mercadoria em relação com o mundo. Melhor dizendo, boa parte pelo setor mais produtivo somado ao transporte e armazenamento. Os impostos e alguns custos de produção (o comércio, por exemplo) são descontados do lucro (da mais-valia gerada no local de fabricação). Na concorrência, quem tem melhor preço impõe seu preço e abocanha sua fatia do mercado, os demais se aproximam o quanto podem do preço “vencedor”. Os vencedores, em tempos de mercado aquecido, aumentam seus preços para realizarem mais-valia produzida por outros burgueses (absorverem mais). Em tempos de crise, reduzem o preço para ganhar a concorrência e quebrar os menos produtivos, quando podem os absorvem. O preço não flutua de acordo com o querer de quem vende, ele se altera a partir da base que é a quantidade trabalho socialmente necessária para a produção da mercadoria – o valor, a expressão, preço, se altera de acordo com as relações no mercado. (Ver Livro 03, O Capital – O Processo Global da Produção Capitalista).
[10] https://www.estadao.com.br/economia/bradesco-presidente-marcelo-noronha-brasil-divida-publica/?srsltid=AfmBOoqbG3t–LAZ6VOkbFWCKG3rJMHiboYmWiZdWSq_beiUaOkbVhAx. ‘É preciso controlar a dívida. Não é só política monetária que resolve’, diz CEO do Bradesco https://app.redeclipping.com.br/clippings/view/358000.pdf?token=45tqZD6PZ6
[11] https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/brasil-bate-recorde-de-empresas-inadimplente-pedidos-de-recuperacao-sobem/
[12] Supermercados enfrentam falta de mão de obra em 8 cargos, diz estudo… https://www.poder360.com.br/poder-economia/supermercados-enfrentam-falta-de-mao-de-obra-em-8-cargos-diz-estudo/
[13] https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/05/21/safra-emprego-renda-e-credito-entenda-os-fatores-que-mantem-a-economia-crescendo-e-revisam-projecoes.ghtml
[14] https://www.portaldaindustria.com.br/estatisticas/indicadores-industriais/
[15] Produtos manufaturados ou matérias-primas empregados na produção de outros bens intermediários ou de produtos finais.
[16] Karl Marx. Introdução a Para a Crítica da Economia Política. Martins Fontes, pag. 25
[17] José Antônio Martins. O império do Terror, pag 94.
[18] Quando o Carnaval Chegar, Chico Buarque.
Charles Jr. et al estariam revivendo o Diabo da Economia para o qual o Passa Palavra deu adeus? Ou será que a linha editorial pretenderia uma análise econômica diferente? Não sei dizer, mas lembro do João Bernardo defendendo que se leve a sério as análises dos cadernos econômicos da imprensa capitalista, enquanto a trupe destes artigos sugere que essas matérias não sairiam de um “nível superficial da materialidade”.
Prezado Caio,
Pelo contrário, nós levamos a sério todas as publicações da burguesia ,
apenas fazemos uma advertência que nessas publicações o real conteúdo está dissimulado, eles expõe apenas a forma.Afinal, faz parte da dominação burguesa ocultar seus reais interesses e isso se expressa em limitações teóricas dos ideólogos burgueses , muito porque Já não estamos mais nos tempos de Smith e Ricardo.
Saudações
Se essa fala da Fatorelli (sobre os pequenos agircultores serem os responsaveis pelos alimentos na mesa do trabalhador) se basear nos dados do Censo Agropecuário de mais de 15 anos atrás, existe em algum lugar desse site uma discussão sobre isso e a conclusão é que é uma falácia.
Sobre a Petrobrás, esqueceram de comentar que o maior acionista e portanto maior beneficiado pelo pagamento de dividendos da Petr3 é
O governo Federal. Só no último ano foi algo em.torno de 50 bi pagos ao gov do PT. Tá bom ou quer mais?
Muita gente já deu adeus e até enterrou o diabo da economia, mas parece que ela ainda não foi completamente exorcizado.
Eu não iria tão longe a ponto de dizer que os economistas burgueses só revelam a forma do movimento, uma vez que não dá pra ter uma separação clara e rígida entre forma e conteúdo, afinal não ter como ter um sem o outro. E, além disso, uma ideologia não é só uma mentira ou simulacro, ele tem de ter algo de real, se não seria pura invenção ou fantasia.
Quanto aos dados, tem alguém aí levantando dado primário da economia, fazendo esse tipo de pesquisa a quente? Eu sinceramente não conheço, então, no fundo, a gente sempre depende dos dados do lado de lá. Mas alguém ainda tem que cavucar, escovar, e por que não, apertar os dados. E a trupe aqui parece dar um bom pontapé pra isso.
Só uma questão, quando os autores dizem que “Didaticamente, o ciclo econômico brasileiro está chegando ao ápice, ou no topo da produção de riqueza e acumulação. Acumulação esta que é a parte da mais-valia reinjetada no processo produtivo, acumulando Capital e aumentando a máquina produtiva.”. Eles acham que será possível uma pane na economia brasileira, muito como em 2013 a 2016, ou que isso tem impactos de movimentos mais amplos na economia global? Do mesmo jeito, poderiam os setores externos impedirem ou atenuarem essa queda? Qual é o papel do Estado aqui?
No mais, quem tem medo de dado não joga,
Respondendo a um comentador acima,
Com efeito, é falsa, embora muito comum, a afirmação de que no Brasil a agricultura familiar seja responsável pela produção de 70% dos alimentos consumidos. Na quarta parte do meu longo ensaio Contra a ecologia (aqui), indico os valores correctos e assinalo a génese daquele erro — um erro interessado.
Já agora, nesse ensaio mostro também que a exploração do trabalho infantil é consideravelmente maior na agricultura familiar do que na não-familiar. A agricultura familiar, tão estimada pelos ecologistas e até pelos que se proclamam “eco-socialistas”, é a barbárie da mais-valia absoluta.
JB curto e grosso!
No melhor dos sentidos.
Companheiro “Nós trupica mas não cai” (rsrs), ao contrário dos Cruzados pelo declinismo econômico, temos certeza que qualquer economia regida pela Lei do Valor, a atividade econômica percorre as “fases sucessivas de depressão, animação moderada, hiperatividade e crise” (debato isto na série de 4 textos https://passapalavra.info/2022/03/142501/ ).
Sobre os setores externos e internos: sim, neste atual período de globalização tudo é combinado, desigual e planejado. Entretanto o cenário não é bom para eles, veja nosso texto https://revistachama.wordpress.com/2025/06/03/europa_doestadodebemestaraoestadodeguerra/ e https://passapalavra.info/2025/03/156079/ sobre euopa e Eua, respectivamente.
O papel do Estado é tentar amenizar a aterrissagem dos burgueses. Mas tem Estado e estados. Uns com moeda forte, máquina de guerra e produção robusta (eu, europa e japão) e outros que não tem muita margem de manobra em períodos de crise ou pré crise, ficam subindo e baixando juros ou investindo as poucas reservas de moeda forte que tem como medidas paliativas para tentar segurar o tombo dos parasitas.
Todo dia é Carnaval!
No centro do núcleo do processamento de financeirização da economia brasileira, o Capital suga sangue de todos os poros. Os nossos poros e o nosso sangue.
《As operações overnight corresponderam a 99,7% do total das operações compromissadas, com médias diárias de R$2,0 trilhões e de 9.933 operações. 》
https://www.bcb.gov.br/estatisticas/mercadoaberto
A máquina mercante colonial se atualizou como transferência maciça de renda e patrimônio através da SELIC.
Já não é mais necessário o canavial, tampouco a mão de obra escrava e o feitor lusitano, basta o BACEN.
E muito menos o açúcar se produz. Tudo é engolido pelo buraco negro do overnight.
Bem desagradável… para quase todos. Quem paga esse Carnaval permanente? Afinal, de graça é só o sobre-trabalho.
Mas, segundo Financial Times e The Economist (junto com seus leitores fiéis) não há alternativa possível.
Lula: milagres que não se realizam
• Pleno sub-emprego
Como sempre o Lulismo divulga uma meia-verdade, exibindo a face conveniente e ocultando a reveladora.
Apesar de no 1° trimestre de 2025 a Taxa de Desemprego estar em 7%, o índice de Subutilização da Força de Trabalho atinge 15,9%. Neste índice se inclui também o subemprego.
Entre a juventude (18/24 anos), o Desemprego é de 14,9%.
Links
• https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php
• https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9173-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-trimestral.html?=&t=series-historicas&utm_source=landing&utm_medium=explica&utm_campaign=desemprego
• Alta geração de empregos com baixa remuneração
Ao mesmo tempo em que festeja “recorde na geração de empregos com carteira assinada”, o Governo Lula esconde o dado qualitativo e mais importante: o salário médio de admissão é de apenas 1,5 SM.
Como se não bastasse, o salário médio de admissão tem sido menor do que o salário médio de desligamento, caracterizando um achatamento salarial.
Link
• https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/assuntos/estatisticas-trabalho/novo-caged/2025/abril
O Lulismo repete a tragédia histórica do Getulismo
《A roda vai parar por produzir demais, abrindo um período de crise e destruição de capital, fixo e variável. Do nosso lado, fome, miséria e morte. Eles vão fazer de tudo para jogar a crise no nosso colo. A nós, cabe levantar e lutar.》
Enquanto o mito do Pai dos Pobres não foi superado, a Esquerda no Brasil girou em falso cavando um abismo sob seus pés.
Getúlio, a Mãe dos Ricos, foi devidamente sepultado pelo ascenso do movimento de massas a partir de 1977 (movimento estudantil), fortalecido pela retomada do movimento sindical em 1978 e a explosão de greves em 1979.
Naquele período até 1989, tivemos a oportunidade de mudar o Brasil.
《Poucos sabem hoje, ou desejam recordar, mas nós estivemos à beira de vencer.》
Fomos derrotados, em grande parte por nós mesmos.
De Collor a Bolsonaro, a lumpenburguesia brasileira encena sempre sua mesma farsa bizarra, mórbida e monstruosa. De FHC a Lulinha Paz e Amor sempre retorna o sintoma do reprimido. Por vezes há um raio em céu azul, como em Junho de 2013.
Como, de novo, levantar e andar no caminho da luta? Talvez só intrépidas trupes possam começar a fazê-lo…
Seja como for, o caminho agora é outro.
Os dados que o camarada arkx trouxeram também são muito reveladores. Seria interessante ver como anda a outra perna da reprodução do capital, ou seja, a força de trabalho. Afinal, como pontuou a trupe de autores, se a coisa estourar a situação vai piorar ainda mais na vida das classes trabalhadoras. De fato, o Estado, seja ele qual for, serve para amaciar as coisas e garantir que a extração de mais-valor siga sem muitos solavancos… será que no caso brasileiro ele daria conta de segurar o rojão? Afinal, até pelos outros textos recomendados, parece que todos estados vão ter bastante trabalho daqui pra frente, e ninguém parece muito inclinado a ser solidário com o brasileiro. Como vocês vem a atuação concreta do Estado nesse caso aqui no Brasil? Afinal, de um jeito ou de outro, ele segurou as pontas em todas as últimas crises, e não vejo aí muita mobilização rolando… pode ser.
O dreno de recursos pelos capital associados vai continuar, mas será isso o suficiente para as massas se insurgirem? Ou ainda vai precisar de um detonador mais amplo, como foi 2013 ou está rolando agora nos EUA?
Pr fim, só não entendi uma coisa: quem seriam os “ao contrário dos Cruzados pelo declinismo econômico”?
Opa… ai vai:
a questão da atuação concreta do Estado brasileiro: qd mais a taxa de lucro cai, mais a briga pelos recursos do Estado tendem a se acirrar. O governo querendo segurar a ingovernabilidade e os representantes das classes dominantes querendo mais incentivos. Veja esta disputa sobre aumento do IOF. Mas o principal programa q o Estada faz pra conter a ingovernabilidade progressiva com o aumento do desemprego é “porrada”, como de costuma desde 1500. Esta nova articulação das polícias e as lei antiterrorismo não são a toa.
A insurgência das massas… aí meu caro, rsrsrs, ainda bem q não podemos prever “quando o impossível vira realidade”! :) Acredito que o detonador serve como gatilho e unificador da pauta.
Sobre “os Cruzados pelo declinismo econômico” são os adeptos das teorias de declinio econômico ou continum depressivo. No Brasil os adeptos da teoria da crise estrutural. José Martins debate isso no segundo capítulo do Livro O Império do Terro e nós tb o fizemos em uma série de 4 textos: https:/passapalavra.info/2022/02/142324/ com dos fresquinhos da economia dos EUA.