Dona Severina, aos 68 anos, conta como foi o enterro do marido, vítima de covid: “O pessoal do cemitério falou que eu não deveria estar lá. Então eu tive de ficar olhando pelo buraquinho do muro do cemitério. Só para ver de relance o caixão passando. Eu só vi porque o túmulo é perto do muro. Era como se ele fosse um bicho ali. Sem ninguém por perto. E eu nem podendo me despedir”. Passa Palavra

1 COMENTÁRIO

  1. “No comêço as cerimônias se caracterizavam pela rapidez. As praxes se aviam simplificado e, de modo geral, suprimira-se a pompa fúnebre. Os doentes morriam longe da família e não tinham velório; quem morria à tarde, passava a noite só, quem se finava durante o dia era enterrado sem demora. A família recebia aviso, é certo, mas quase sempre de quarenta se vivera com o doente, não podia mexer. Se vivia longe dêle, apresentava-se à hora marcada, via o corpo no caixão, à saída para o cemitério.” A Peste. Camus.

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