Num seminário em comemoração aos 90 anos da revolução russa, lá estava, na mesa, um dos maiores intelectuais de certo partido trotskista. Questionado sobre a decisão bolchevique acerca da revolta em Kronstadt, ataca: “revolução não é coisa de maconheiro!”, e, ainda inebriado, asseverou que, estivesse ele no cerco à Kronstadt rebelde em meio àquele inverno polar russo de 1921, atravessaria o mar congelado ele próprio para fuzilar os insurrectos. Quase dez anos depois, este mesmo intelectual assina com outros tantos um manifesto de saída do partido em que era referência, onde se afirma a necessidade de fundar uma “esquerda revolucionária não dogmática” que “dialogue com a ampla camada de ativistas surgida no último período”. Ora, ainda é inverno. Que farão o intelectual e seus companheiros quando chegarem do lado de cá? Passa Palavra

4 COMENTÁRIOS

  1. Muito… muito bom… eu é que não construirei a ponte para o futuro para ser por ele atravessada! Se a revolução não é coisa de maconheiro, então ela não me interessa!

  2. MAIAKOVSKI revém:

    “Para o júbilo
    o planeta
    está imaturo.
    É preciso
    arrancar alegria
    ao futuro.”

    [Como álibi farsesco!]

  3. “Que farão o intelectual e seus companheiros quando chegarem do lado de cá?”
    Tentarão, se conseguirem sobreviver ao bullying do PSTU, fuzilar os maconheiros…

  4. Sempre é possível sair de pequenas seitas, ou grupelhos, e se não se quiser permanecer neles colocar-se a construir novas seitas ou novos grupelhos. Mas é um sonho irresponsável querer liberar toda a massa de proletários do jugo mais pesado e perigoso da burguesia mediante uma simples “saída”…

    dito por Rosa Luxemburg

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