Um artigo político é uma ferramenta de intervenção política. Por Manolo

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Ressaca, sabemos, é a experimentação de vários sintomas desagradáveis em seguida ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas: dor de cabeça, náusea, enjoo, problemas de concentração, boca seca, tontura, fadiga, estresse gastrointestinal (que pode ou não resultar em vômito), falta de fome, depressão, sudorese excessiva, ansiedade e hiperexcitabilidade. Vários fatores parecem estar envolvidos na causação fisiológica da ressaca, incluindo acumulação de acetaldeídos, mudanças no sistema imunológico e no metabolismo da glicose, desidratação, acidose metabólica, perturbação na síntese de prostaglandina, aumento no gasto cardíaco, vasodilatação, privação de sono e desnutrição. O que importa, nisto tudo, é que a ressaca nada mais é senão a conta que a realidade cobra por uns poucos instantes de felicidade.

E não é o que vemos ao passar os olhos pelos incontáveis debates na esquerda e na extrema-esquerda no rescaldo das manifestações de junho de 2013? O mais recente sintoma da ressaca de junho é o ajuntamento de lugares-comuns, distorções e falsidades a que o falecido cientista político estadunidense Robert A. Gorman, da Universidade do Tennessee em Knoxville (ver currículo e obituário aqui), ousou chamar de artigo e intitulou New Leftism, dado ao público pela primeira vez em 1982 em seu livro Neo-Marxism: The Meanings of Modern Radicalism (“Neomarxismo: os significados do radicalismo moderno”) e – porcamente – traduzido para o português e publicado neste link. Pior: um artigo datado e de má qualidade – isto ficará evidente adiante – é trazido a este debate fora de seu contexto original, como um completo estrangeiro que nada lhe traz de interessante, preciso ou original, pretendendo passar a impressão de que trata de fatos do presente. Ainda pior: sua publicação passa a impressão de que quem o publicou pretende, a partir da autoridade professoral do escritor, legitimar sua posição, que – é de se supor – converge com a do professor Gorman.

Gostaria de aproveitar a oportunidade apresentada por esta publicação para tratar de assuntos transversais a todos os debates da ressaca de junho. E tentar entender o que faz um artigo muito ruim, deslocado de seu contexto original, em meio a este mal-estar generalizado. Não sem tentar estabelecer os poucos pontos onde o professor Gorman acerta, na tentativa de salvar seu artigo da enxurrada de equívocos injustificáveis – quem leu seu livro o sabe – com que desqualifica a “nova esquerda” e outros tantos em favor de Sartre, Husserl e Merleau-Ponty.

1. Quem é o alvo de Gorman, e quem querem que ele ataque

Em primeiro lugar, para situar melhor as críticas, é preciso entender quem é o alvo do professor Gorman. Isto deve ser feito considerando-as como dirigidas à teoria da “nova esquerda” e à sua prática, e entendendo que é a segunda que incomoda o professor Gorman e o leva a encontrar na primeira, raízes para sua crítica[1].

As primeiras pistas podem ser encontradas em suas notas de rodapé – que, como sempre, entregam o que o autor talvez quisesse esconder. A julgar pelas fontes citadas, especialmente The New Left Reader e The New Left: a documentary history (disponível na íntegra, em inglês, aqui), o professor Gorman parece querer atacar os seguintes alvos:

a) organizações ditas esquerdistas” – no sentido leninista clássico – como o Progressive Labor Party.

b) organizações estudantis e de juventude como a Students for a Democratic Society (SDS), o Youth International Party (YIP) e outras.

c) organizações dos movimentos políticos de não-brancos, como o Student Nonviolent Coordinating Committee (SNCC), o Congress on Racial Equality (CORE), o Black Panther Party (BPP), a Alianza Federal de Pueblos Libres e o American Indian Youth Congress.

d) campanhas, organizações e frentes conjunturais pelos direitos civis como a Assembly of Unrepresented People (AUD), o Committee for Nonviolent Action (CNVA), o National Committee for a Sane Nuclear Policy (SANE), American Civil Liberties Union (ACLU).

Não seria um ataque ambicioso e desmesurado do professor Gorman a – literalmente – todos os movimentos sociais responsáveis pelas mudanças políticas e sociais mais importantes e significativas dos anos 1960 nos EUA? Ou o que há é uma confusão entre movimentos sociais (entendidos como grupos sociais em movimentação política pela conquista de objetivos de curto prazo), organizações políticas em sentido lato e organizações de esquerda? Em respeito a quem não pode se defender, prefiro acreditar que a resposta para estas questões esteja em outro lugar no próprio texto. Outras questões, de repente, começam a se revelar.

A chave-mestra para entender o ataque de Gorman à “nova esquerda” está, realmente, em Existential Marxism in postwar France: from Sartre to Althusser (“Marxismo existencialista na França do pós-guerra: de Sartre a Althusser”), de Mark Poster (disponível na íntegra aqui, em inglês). Poster, falecido professor da Universidade da Califórnia em Irvine, foi um pesquisador responsável por introduzir, nas pesquisas sobre cinema e internet nos EUA, as reflexões de Lefebvre, Sartre, Foucault, Baudrillard, Althusser, Deleuze e Derrida. Este livro é repleto de contradições, problemas e erros factuais, já apontados pela crítica de sua época[2]; nós, entretanto, que já nos encontramos à mesma distância dos eventos dos anos 1960 que aquela geração se encontrava relativamente aos eventos da vaga revolucionária iniciada em 1917, precisamos rememorar alguns fatos, a bem do debate, por um caminho tortuoso, mas necessário.

O maior problema é a criação, pelo professor Poster, da categoria “marxismo existencialista”, para nela agrupar praticamente todas as expressões individuais e coletivas do marxismo francês não-stalinista e não-trotskista surgidas entre 1945 e 1968. Nestas expressões o professor Poster encontrou os predecessores intelectuais dos eventos de maio e junho de 1968. Ocorre que, a quem as conheça, custa crer, por exemplo, que Les Temps Modernes, Arguments, Socialisme ou Barbarie e Internationale Situationniste, para nos restringirmos apenas a algumas das publicações citadas pelo professor Poster, possam ser agrupadas sem muito esforço na mesma categoria senão por um critério cronológico ou geográfico. Alguns fatos demonstram como o professor Poster ocultou as divergências entre estas publicações para poder consolidar o tal “marxismo existencialista”, que de resto serve apenas para categorizar o próprio Jean-Paul Sartre, e mesmo assim apenas em algumas de suas fases intelectuais (especialmente na Critique de la raison dialectique).

Les Temps Modernes estava a cavaleiro entre estes quatro periódicos, pois seu editor-chefe era ninguém menos que o papa do existencialismo, Jean-Paul Sartre. Era o púlpito de onde pontificava em sua fase áurea, o bastião de onde se defendia dos ataques de seus adversários – e onde, volta e meia, seus adversários também publicavam. Em seu auge, a revista tinha tiragem de 8.500 exemplares.

Arguments, parecia ser menos reputada, pois o professor Gorman não lhe poupou impropérios: “filosoficamente medíocre”, a revista seria marcada pelo “desleixo teórico” e por “frouxos níveis filosóficos”, cuja teoria “carece de base teórica sólida”; em suma, um periódico “filosoficamente assistemático, vago e ambivalente, ainda que socialmente significativo, por legitimar – especialmente na França – diferentes tipos de teoria marxista”, responsável por massificar uma “crítica teórica popular, conquanto eclética e inconvincente, do cotidiano”. Não cremos ser este o caso, pois seus editores, redatores e colaboradores eram intelectuais respeitados no meio acadêmico francês de esquerda (Kostas Axelos, Roland Barthes, Henri Lefebvre, Edgar Morin, Pierre Fougeyrollas, Jean Duvignaud, Pierre Naville, Colette Audry, Pierre Broué, Maximilien Rubel, Robert Paris, Pierre Francastel, Françoise Choay, Lucien Goldmann, François Chatelet, Gilles Deleuze, Daniel Guérin, Yvon Bourdet, François Fejtö, Alain Touraine, Roman Jakobson e outros). Surgiu em meio ao terremoto causado pelos acontecimentos de 1956 junto à militância comunista (relato dos crimes de Stalin no XX Congresso do PCUS, repressão à Revolução Húngara e às manifestações de trabalhadores poloneses etc.), numa tentativa de agrupar intelectuais dispostos a um amplo revisionismo teórico capaz de apontar novos rumos para o pensamento de esquerda. Em seu número 4 (jun.-set. 1957), Arguments publicou um dossiê extremamente crítico acerca das concepções principais de Socialisme ou Barbarie, chamada então pelos redatores de Arguments de “anarco-marxista” e “anarco-trotskista” em artigos como “Solécismes ou barbarismes” (“Solecismos ou barbarismos”). Em seu melhor momento, teve cerca de 2 mil assinantes e algo em torno de 3 mil vendas avulsas, totalizando uma tiragem aproximada de 5 mil exemplares.

Socialisme ou Barbarie (SouB) é tida como “existencialista” pelo professor Poster, e por consequência pelo professor Gorman, por razões puramente circunstanciais: a amizade entre Claude Lefort, um de seus membros, e Maurice Merleau-Ponty, seu professor; a publicação, por Lefort, de uma crítica áspera ao papa do existencialismo francês, Jean-Paul Sartre, em Les Temps Modernes, revista dirigida por este último. Mesmo no pico de sua popularidade, Socialisme ou Barbarie nunca teve tiragem maior que mil exemplares; foi somente com a republicação de artigos de Cornelius Castoriadis e Claude Lefort anteriormente publicados na revista que suas teses se tornaram mais conhecidas.

A Internacional Situacionista (IS) e sua revista homônima (Internationale Situationniste) são um caso à parte, pois a polêmica e o escândalo estavam no cerne de seus métodos políticos. A IS e Henri Lefebvre, colaborador frequente de Arguments, romperam ruidosa e publicamente em 1962 suas relações antes muito amistosas, ora argumentando que a ruptura se dava por questões teóricas, ora argumentando que se tratavam de questões práticas, ou ainda por querelas pessoais recíprocas; a IS ainda qualificaria, em 1964, a então recém-extinta revista Arguments como a expressão “mais pura” do “carnaval da falsificação do pensamento moderno”. Ainda sobre a IS, seus integrantes desprezavam Jean-Paul Sartre, colocando-o com Althusser, Aragon e Godard no “mingau do falso interesse eclético”[3]. Já quanto a Socialisme ou Barbarie, em pouco tempo a IS deu uma guinada de 180º em suas avaliações. Guy Debord, um de seus membros mais famosos, participou de reuniões de SouB entre 1960 e 1961. O número 8 da Internationale Situationniste considerava SouB como um dos grupos de vanguarda que estão “neste momento a meio caminho entre a antiga concepção degradada e mistificada do movimento operário, que já ultrapassaram, e a próxima forma de contestação global, que já se encontra diante de nós”, destacando as “teorias muito significativas de Cardan e outros”[4], mas já em agosto de 1964 a IS chamou a Paul Cardan (pseudônimo de Cornelius Castoriadis, integrante de SouB) de “pobre Cardan”, um “antigo especialista da política de ultra-esquerda”, e convidou seus leitores a “rir das vinte e cinco primeiras páginas do nº 36 de Socialisme ou Barbarie”, que correspondem à primeira parte do ensaio “Marxisme et théorie révolutionnaire” de Castoriadis[5]. Mesmo no auge dos eventos de maio e junho de 1968, a tiragem de Internationale Situationniste nunca passou dos 400 exemplares.

Como se vê, há mais coisas a separar que a unir os integrantes do dito “marxismo existencialista”. Nem tampouco existe um tal “grupo Arguments”, como quer o professor Poster e, na sua esteira, o professor Gorman. O “marxismo existencialista” não passa de um espantalho.

Resta, entretanto, a afirmação do professor Gorman, de que a “nova esquerda” seria herdeira de uma tradição que remonta ao protofascista Georges Sorel. Na bibliografia usada pelo professor Gorman, nada autoriza esta associação; fora dela, quem a faz é ninguém menos que Isaiah Berlin, o conservador britânico – muito mais especulativa que historiograficamente, imaginando o quanto figuras como Fanon, Mao e a “nova esquerda” agradariam a Sorel[6]. Vimos, assim, que embora o professor Gorman tenha razão em afirmar a influência daquilo que chama de “grupo Arguments” sobre a “nova esquerda” – ou melhor, daqueles que integram o simulacro que nomeou “grupo Arguments” -, nada justifica colocar Sorel na mesma “linha evolutiva”.

A terceira pista para entendermos quem o professor Gorman quer atacar é a sua descrição da “nova esquerda”: “conjunto social de ativistas jovens, bem instruídos, predominantemente de classe média”. Esta é a pista decisiva: o professor Gorman criou o espantalho do “grupo Arguments” e da influência de Sorel para atacar, de um ponto de vista marxista ortodoxo, aquela fração dos movimentos sociais estadunidenses de esquerda dos anos 1960 composta por estudantes universitários ou, de modo mais genérico, por “jovens, bem instruídos, predominantemente de classe média”. Para pintar com as tintas do irracionalismo e do misticismo reacionários um movimento que atacava frontalmente o status quo sem passar pela mediação teórico-prática do marxismo, o professor Gorman precisou fazer enormes malabarismos intelectuais e ignorar completamente a formação social e histórica daquilo que veio a se chamar, já na época, de New Left (como será chamada daqui em diante, sem tradução, para diferenciá-la dos movimentos da “nova esquerda” em outros países).

Muito mais fácil ao professor Gorman, e muito mais adequado do ponto de vista historiográfico, teria sido traçar estas influências práticas e teóricas nos movimentos pelos direitos civis, no campo prático, e nas obras de intelectuais anglófonos como Charles Wright Mills, Paul Goodman, Edward Palmer Thompson, George Orwell, Stuart Hall, Bertrand Russell, Aldous Huxley, Lewis Mumford e tantos outros, que não apenas foram influências intelectuais como, em alguns casos, participaram ativamente dos movimentos em questão; mas como este caminho levaria a críticas, dado o fato de tais figuras serem muito conhecidas no campo intelectual anglófono e muitos, quando da publicação original de seu livro, ainda estarem vivos e poderem responder à altura, parece-me que a opção do professor Gorman pela criação do “grupo Arguments” e do “marxismo existencialista” responde à necessidade de criar uma influência intelectual obscura para a New Left, deslocando-a para outro campo intelectual e aproveitando-se, ao mesmo tempo, da – convenhamos, inútil – querela entre a “filosofia continental” europeia e a “filosofia analítica” anglófona.

Com todos os problemas apontados, o artigo do professor Gorman tem, não obstante, uma virtude capital: enfrentou os debates políticos de seu tempo sem rodeios. Mesmo quando se pode sentir o hálito da “autoridade” dos “textos antigos” a soprar em nossas nucas enquanto lemos seu artigo, o professor Gorman evitou – exceto pelo deslize soreliano – pedir emprestados às traças de suas prateleiras os “textos” “clássicos” para justificar suas posições. Empregou-os como devem ser empregues: como ferramentas para empreender um debate contra uma posição da qual discordava. Com isto, para seu mérito, foi muito mais honesto e corajoso que quem se esconde atrás dos “textos” “clássicos” alheios para “alavancar” sua posição num debate atual com o peso da “autoridade” dos revolucionários do passado.

O que o professor Gorman não pôde evitar – e nenhum autor o pode – foi o mau uso de sua obra depois de morto. Ruim como seja, um artigo político é uma ferramenta de intervenção política; depois de escrito, não tem mais dono, só autor. Usa-se-o para afirmar uma coisa e também o seu contrário – basta ver o que se fez e faz com Marx desde há muito. Dado o conteúdo do artigo do professor Gorman, é evidente o alvo daqueles que o deram a público em português: estragar ainda mais a mistura lançando os manifestantes de junho de 2013, ou de modo muito mais amplo o que se convencionou chamar nos últimos anos de “campo autonomista”, na mesma panela em que o professor Gorman nos serviu seu veneno. As coincidências entre os temas tratados no artigo do professor Gorman e aqueles debatidos em artigos “Revolta popular: o limite da tática” (ver aqui), “Revolta popular contra a tarifa: notas sobre os limites da tática” (ver aqui), “’Revolta popular: o limite da tática’, um documento pós-leninista?” (ver aqui), “Buro-ácrata” (ver aqui), “A irresistível centralidade da tática e os dilemas requentados” (ver aqui), “Sobre a centralidade da tática no campo autonomista” (ver aqui), “Ainda sobre a centralidade da tática: a questão da espontaneidade” (ver aqui), “Reflexões sobre a autonomia” (ver aqui), estas coincidências saltam aos olhos. Trataremos delas num outro momento.

Notas

[1] Como é comum em debates estritamente acadêmicos, o professor Gorman não considera que a ideologia reflete a prática (ou, mais concretamente, um conjunto de práticas) numa representação um tanto quanto estática, mas sim que a ideologia é um corpo doutrinário orientador da prática. Veremos as consequências desta posição adiante, tanto no que diz respeito ao professor Gorman quanto no cerne dos debates da ressaca de junho.

[2] V., p. ex., a resenha publicada em History and Theory, vol. 17, nº. 1, fev. 1978, pp. 130-143.

[3] “Nos buts et nos méthodes dans le scandale de Strasbourg”, Internationale Situationniste, nº 11, out. 1967, p. 3.

[4] “Domination de la nature, idéologies et classes”, Internationale Situationniste, nº 8, jan. 1963, p. 1.

[5] “Maintenant, l’I.S.”, Internationale Situationniste, nº 9, ago. 1964, p. 1.

[6] BERLIN, Isaiah. Against the current: essays in the history of ideas. Nova Iorque: Viking, 1979, pp. 327-332.

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As imagens que ilustram o artigo são da série The pain of desire, de Wendy Bevan.

2 COMENTÁRIOS

  1. Camarada Manolo,
    parabéns pelo seu texto. Infelizmente, não consigo definir se o que leva a estes ataques se deem por uma atitude racional voltada para fins políticos determinados, ou uma tentativa deste primeiro com uma falta de visão clara sobre o problema, os inimigos e as tarefas que as forças revolucionárias (de todas as cores e todos os gostos) deveriam estar com os olhos e ouvidos abertos. Tendo a crer no segundo. Pois, tal como a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante, também ocorre com o ethos, então, o ataque ao campo autonomista se dê muito mais por uma política marqueteira para disputar uma parte da sociedade como um “filão de mercado” a ser disputada com outras empresas (forças). No meu entender, este tipo de ethos leva a um novo tipo de disputa de vanguarda. Quantas visualizações uma vanguarda terá, quantos compartilhamentos, pois existe um sujeito fora do partido a ser disputado. E a difamação contra as empresas concorrentes, o bom e velho jogo sujo, vale muito. Pois bem, as implicações políticas disso são óbvias. Consumidores, são passivos em sua relação com o mercado. (bases) consumidoras, são passivas em relação ao mercado de vanguardas.
    Para tratar um pouco do tema que o camarada tratou aqui, a Internacional Situacionista introduziu o conceito de dètournement (deturpação), conceito extraído do arcabouço militar que consiste na apreensão e reutilização das armas do inimigo contra ele mesmo. A IS aplicava esta tática tomando figuras hegemônicas como quadrinhos, figuras pop e tudo que o lixo da indústria cultural pode produzir, para passar a palavra que a eles interessavam. O acaso do destino será ele tão cruel que agora são nossas forças que foram deturpadas? Ai de mim, ai de mim…
    Saudações, excelente texto.

  2. Manolo soterocaosmopolitizou a dialética, para gáudio dos leitores & escoliastas passapalavrantes.
    O texto (muito bom!) é só o primeiro. AXÉ.
    Os seguintes perigam ser ótimos. AMEN.

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