Por Pedro Benevides
4. um silêncio no socialismo feminista de Sheila Rowbotham
Comecei esse texto afirmando a necessidade do feminismo socialista. É hora de considerar alguns limites das formulações de Sheila. As relações entre marxismo e feminismo são reconhecidamente difíceis e não se deve amenizar tais complicações.
Escrevendo em 1969 o célebre artigo “Libertação de Mulheres e a Nova Política”, que marca sua entrada nos debates da esquerda, Sheila afirma:
Mudanças estruturais vão interagir no caminho em que a mulher possa se enxergar e colocar em questão a suposição de sua posição social secundária. Mas a não ser que o processo interno de subjugação seja compreendido, (…) a hegemonia masculina permanecerá. Sem tal tradução, o marxismo não será realmente significativo. Haverá uma lacuna entre a experiência e a teoria. (…) Para que as mulheres sejam convincentemente mobilizadas, é necessário que o marxismo se estenda em território inexplorado (Rowbotham, 1983a, p. 27).
Essa “tradução” é o entendimento das áreas internas de experiência: lar, família, sexualidade, entre outras. Sheila vê que uma tradução feminista socialista pode neutralizar a hegemonia masculina que compõe o marxismo. O território inexplorado é aquele que Sheila vai alçar como prioridade: aquelas áreas internas, incluindo a consciência. Essas serão teoricamente enfatizadas por Sheila, visando formular um contraponto ao silêncio, sendo apenas a organização da produção considerada como determinante. Alcançar essas áreas de experiência é estender o marxismo e isso é um objetivo nítido de todos os livros de Sheila dos anos 1970.
Os meios, porém, podem alterar os fins e explorar um novo território pode levantar perguntas imprevistas. E se o dinamismo da posição da mulher vier a obrigar uma reformulação dos próprios fundamentos da teoria marxista? E se levantar sérias objeções, que extrapolem o marxismo? Ou, inversamente, será possível que desvendar a dinâmica da família e da sexualidade não afete os pilares marxistas, que permaneceriam intocáveis? Esse tipo de questão está ausente em Sheila.
Em 1973, em WCMW, ela escreve:
Para que o marxismo se prove útil como uma arma revolucionária para as mulheres, nós temos ao mesmo tempo que encontrá-lo em sua forma existente e fazê-lo se encaixar em nossa opressão particular. Isso significa estendê-lo a áreas para as quais os homens têm sido incapazes de levá-lo, destilando-o por meio das particularidades da nossa própria experiência (Rowbotham, 1974b, p. 45 [p. 87]).
Esse encaixe é um ajuste entre a forma existente do marxismo e a opressão das mulheres; e esse ajuste é um instrumento revolucionário indispensável. De acordo com o raciocínio que relaciona o externo e o interno, as áreas para as quais o marxismo deve ser estendido são as internas, que ele tradicionalmente negligencia. Encaixar, estender e destilar são as noções que Sheila reúne para ajustar o marxismo ao feminismo. No mesmo parágrafo, contudo, ela afirma que a realidade das mulheres não pode se apresentar de acordo com “um já existente esquema de abstração” (ibid., p. 45 [p. 87]). Essa afirmação não é desenvolvida, abrindo outro silêncio na obra de Sheila. Ela constantemente sugere que as balizas maiores do marxismo são intocáveis, cabendo apenas ampliá-las, sem que ela questione a validade dessas balizas perante os termos próprios da opressão das mulheres, que o marxismo tende a colocar em segundo plano, quando não ignora por completo.
Em 1979, no livro Além dos Fragmentos, Sheila mantém a posição de identificar o grau de desprezo do marxismo a respeito da opressão da mulher e ao mesmo tempo reconhecer os saltos teóricos propiciados pelo marxismo (Wainwright, Lynne e Rowbotham, 1981, p. 69). Em geral, essa difícil combinação é muito bem ponderada em seus textos. Ainda assim, o desprezo e os saltos não são verdadeiramente confrontados. Esse eficaz equilíbrio carrega outras camadas, mais problemáticas. Vejamos os seguintes trechos de Além dos Fragmentos.
[…] a campanha pelo direito de uma mulher escolher livremente entre abortar ou gerar o filho desperta imediatamente a questão do controle sobre sua própria fertilidade e maternidade, que leva aos temas mais gerais do domínio sexual masculino sobre a mulher, das relações do ser humano com seu corpo e da importância do prazer sexual. Todos os quatro aspectos da questão foram desprezados pelo marxismo (ibid., p. 124).
Potencialmente o marxismo é um meio precioso de entender como as transformações históricas afetam nossas vidas e como somos tanto limitados [sic] por esses processos quanto ajudamos a formá-los. A forma existente do marxismo foi criada pelas forças e dilemas dominantes para os socialistas no passado. O surgimento do movimento de mulheres mostrou o subdesenvolvimento do marxismo quanto às relações entre os sexos e a conexão entre esse e a subordinação das mulheres na esquerda. Isso significa que as socialistas, tanto dentro quanto fora de grupos de esquerda, têm desafiado o poder dos homens de determinar o marxismo à sua própria imagem. Os imperativos do feminismo exigem que renovemos muitos aspectos do marxismo. A experiência do feminismo tem sido a de que a específica opressão sexual das mulheres exige um movimento independente para que desenvolvamos e afirmemos uma nova consciência coletiva do ser feminino (ibid., p. 59).
Eis aí, nitidamente, tanto o questionamento quanto o reconhecimento em relação ao marxismo, ambos bem pesados. É preciso, entretanto, ler nessa citação suas outras camadas. O marxismo é meio precioso e subdesenvolvido; e apenas com o surgimento do movimento de mulheres pode ser exposta essa relação entre virtudes e atrofias do marxismo. Aqui reconhecer virtudes é inseparável de alimentar reverência, afinal, para Sheila, o subdesenvolvimento do marxismo não está em seus pilares teóricos mas apenas em seus desdobramentos ou “aspectos”. Quando falo em balizas, pressupostos, pilares ou fundamentos do marxismo, estou me referindo à teoria do valor, ao paradigma do trabalho, à dialética, entre outros pontos vitais que Sheila não põe em dúvida. O único problema explicitado por Sheila é que esses pilares não se estendem com consistência à área de experiência composta pelo lar, pela sexualidade, pela família etc. – essa é a negligência do marxismo, segundo Sheila.
Mesmo que uma revolução socialize os meios de produção,
as mulheres continuam a fazer parte dos meios de produção para o homem individual na família. Isso foi desconsiderado pelos marxistas que escreveram sobre mulheres[.] (…) [Em vez de introduzir na família as categorias de exploração e mais-valia,] nós temos que analisar o trabalho das mulheres no lar em seus próprios termos e desenvolver novos conceitos. Nesse estágio nós realmente possuímos apenas descrições morais de horários prolongados (…) [e o] grosseiro reconhecimento da sua necessidade para a produção de mercadorias (Rowbotham, 1974b, p. 69 [p. 122]).
A disposição para o enfrentamento com a tradição marxista é alta. Isso não impede que as matrizes dessa tradição fiquem além de qualquer interrogação. Essa convicção de Sheila não é o resultado de sua análise. É uma premissa que dispensa verificação. Não existe uma linha de questionamento sobre o próprio paradigma marxista. A capacidade do movimento de libertação de mulheres para abalar interpretações e gerar práticas foi enorme, assim como a de Sheila para capturar essa energia e a colocá-la em linha feminista socialista. Os fundamentos da perspectiva marxista, contudo, permanecem inquestionáveis nos textos de Sheila dos anos 1970 (Rowbotham, 1974a; 1974b; 1976; 1983a). Sheila concede uma espécie de imunidade ao núcleo teórico do marxismo, o que lança uma linha dogmática que percorre toda a sua obra.
Essa limitação não é corriqueira, uma vez que Sheila é muito rigorosa em sua articulação entre marxismo e feminismo, como tentei demonstrar anteriormente. É o marxismo de Sheila que lhe permite distinguir as relações determinantes e as relações determinadas. E é o feminismo da autora que lhe garante colocar a opressão feminina não como mero reflexo da produção, e sim como conjunto de dinâmicas próprias. Essas só têm sentido em função da determinação, sem que deixem de funcionar num leque de especificidades que inclusive abre espaço para resistir e, no limite, subverter a determinação. Sheila cruza feminismo e marxismo de modo nada mecanicista. Atualmente, quando predomina um feminismo desligado da crítica ao Capital, se torna urgente retomar as conexões analisadas por Sheila. Além disso, a consistência do marxismo não é apenas teórica: além de uma preocupação conceitual inabalável com mudanças estruturais, também há a disposição prática para o combate concreto, demonstrada em diversos países e ao longo de décadas nos espaços de trabalho, nas ruas e nas selvas. A militância de Sheila foi coerente com essa disposição, como se vê em sua atuação na mobilização de trabalhadoras de limpeza em Londres (Rowbotham, 2006a). A elaboração de Sheila é indispensável para os dias de hoje, quando a burguesia brutalmente abre caminho para a rejeição automática do critério de classe. Mas isso não basta.
Consideremos a seguinte hipótese[8]: existe uma violência inscrita no âmago de qualquer perspectiva teórica que ignore o âmbito universal do sofrimento das mulheres e que não tire consequências disso. Esse sofrimento universal é sufocado toda vez que é enquadrado como algo específico ou particular. Considerar a opressão da mulher como particularidade é aceitar que a universalidade está em outro terreno (como o valor-trabalho, a dialética etc.), dominado por termos masculinos – como vimos a própria Sheila dizer em relação à ideia de humanidade. Entretanto a autora recua desse problema e ela mesma coloca a experiência da mulher como uma particularidade. Ela fala da “específica opressão sexual das mulheres”, da “nossa opressão particular” (Rowbotham, 1974b, p. 45 [p. 87]), das “particularidades da nossa própria experiência” (ibid., p. 45 [p. 87]). Ora, a caracterização dessa opressão como “específica” ou “particular” já torna impossível considerar a hipótese de uma universalidade dessa opressão (e, portanto, elimina a hipótese de sua centralidade) pois a instância superior e universal já está ocupada exclusivamente pelo critério de classe, deixando qualquer parâmetro próprio ao feminismo obrigatoriamente em segundo plano. Eis o grande silêncio inscrito na obra de Sheila Rowbotham. Essa é uma das chaves da subordinação do feminismo em relação ao marxismo em sua obra. Se, por outro lado, tivermos a cautela teórica de cogitar a hipótese de que o marxismo tem um núcleo teórico conciliado com a violência patriarcal, será preciso considerar também uma possível dimensão de cumplicidade entre esse problema e a elaboração de Sheila. Essa cautela é indispensável, dado o contraste entre a profundidade e longevidade da violência sofrida pela mulher e a desconsideração marxista inscrita em seus pilares teóricos.
O dilema que Sheila jamais encara é: como o marxismo, que se edificou negligenciando a opressão da mulher, poderia oferecer os fundamentos da compreensão da opressão da mulher? Se os pilares do marxismo se construíram em plena compatibilidade com o silenciamento da opressão da mulher, como uma teoria feminista poderia ser compatível com o marxismo que, em suas próprias fundações, se formou participando daquele silenciamento? Em Sheila, o questionamento do feminismo a respeito do marxismo é uma necessidade e um tabu ao mesmo tempo[9]. Esse é o silêncio inerente ao feminismo socialista de Sheila. E de nada adianta dizer que Marx e Sheila possuem limites que são produtos do seu tempo. Não se trata de atacar ou defender ícones. O que interessa é a necessidade de fazer perguntas pertinentes e a possibilidade de transformar o limite das teorias antecedentes na matéria-prima de concepções rigorosas. Afinal, se uma parte indispensável da luta é contra as definições masculinas, não deveria existir nenhum modelo teórico imune à dúvida e à ponderação.
A luta não é simplesmente contra os mecanismos externos de dominação e contenção, mas contra aqueles mecanismos internos. É a luta contra a suposição de que os homens fazem e definem o mundo, seja ele capitalista ou socialista. A menos que isso seja explícito e consciente, a política revolucionária permanecerá para a maioria das mulheres como algo distante e abstrato (Rowbotham, 1983a, p. 27).
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Notas
[8] Essa hipótese pode ser levantada a partir da ideia de universalidade da violência antifeminina estudada por Rita Segato (2003), abrindo uma série de possibilidades teóricas e práticas ainda pouco exploradas.
[9] Essa combinação entre desafio e reverência se encontra também no texto “Caro Dr. Marx” (Rowbotham, 2009a).
[10] Se a leitora e o leitor quiserem receber todos esses materiais por e-mail, escreva para [email protected].