Por A Voz Rouca

👩🏽‍🏫 DIÁRIO DA QUARENTENA #08
💻 Educação nos tempos de corona

YOUTUBER MAMBEMBE COM ATENDENTE DE SAC

A pergunta que mais se ouve é: “E aí, como está a quarentena?”. Como professor a melhor resposta que consigo dar é: “Está uma mistura de vida de youtuber mambembe com atendente de SAC”. Três semanas de quarentena que já parecem uma eternidade. A primeira foi o verdadeiro caos, a escola havia informado que não iria parar e seguiria as orientações dos órgãos de saúde, os órgãos de saúde em sequência recomendaram a interrupção, a escola dispensou os alunos no susto, mas nós não. O discurso era que tínhamos que planejar como seriam as aulas a distância. Sim, isso já estava decidido, só que ninguém fazia ideia de como.
Nessa semana de planejamento era nítida a tensão no ar tanto da parte dos professores quanto da equipe pedagógica. Medo em relação ao Covid-19, preocupação em como pensar um curso a distância no ensino fundamental, incerteza em relação a como isso seria realizado, se seríamos dispensados e como ficaria a situação dos outros funcionários.
O começo da segunda semana não foi muito diferente. A maior parte dos professores em casa se virando com os recursos tecnológicos à disposição, aprendendo na marra como lidar com eles, os funcionários do setor de tecnologia se desdobrando para lidar com os problemas de sistema, produzir tutoriais, tirar dúvidas de professores. A coordenação tendo que lidar com pais enfurecidos, com reclamações das mais diversas natureza, incluindo ameaças. Os grupos de Whatsapp fervilhavam, reuniões on-line eram marcadas a toque de caixa e a carga de trabalho só aumentava. Nos primeiros dias dessa semana cheguei a fazer jornadas de trabalho de 12 a 14 horas por dia. E pelo que os colegas comentavam o mesmo acontecia com eles. Lidávamos com a nossa ansiedade e com a dos alunos diante dessa nova realidade.
A terceira semana, embora tenha começado um pouco melhor, já que já tínhamos nos acostumados mais as ferramentas a nossa disposição, não foi muito diferente no que diz respeito tensão, carga e jornada de trabalho. Também era nítido nas reuniões on-line a cara de cansaço de professores e equipe pedagógica, assim como a preocupação em pensar um processo educativo real em tempos de isolamento social. E a mantenedora? Como estava nesse período? Preocupada!
Preocupada se estaríamos a disposição para atender aos alunos, se íamos cumprir virtualmente as nossas horas de trabalho, se teria material para ser disponibilizado nas plataformas. Ou seja, preocupada em justificar o pagamento da mercadoria que vende a uma seleta clientela.
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(A Voz Rouca irá publicar na sua página relatos de abusos cometidos pelas escolas contra os trabalhadores durante a crise do Coronavírus. Caso você queira compartilhar alguma história, é só nos procurar ).

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