Por Gus
Fio de Tecnopolítica! Ontem durante uma live, o Ciro falou sobre (a distopia do) o 5G e muita gente debochou. Lembrei de uma conversa com o Peter do @rhizomatica sobre como essa nova infraestrutura do 5G pode MUDAR MUITO a nossa vida. E peguei alguns trechos de um textão dele. 👇
— gus (@0xggus) July 7, 2020
Fio de Tecnopolítica! Ontem durante uma live, o Ciro [Gomes] falou sobre (a distopia do) o 5G e muita gente debochou. Lembrei de uma conversa com o Peter [Bloom] do @rhizomatica sobre como essa nova infraestrutura do 5G pode MUDAR MUITO a nossa vida. E peguei alguns trechos de um textão dele.
O 5G (spec IMT-2020) tem algumas promessas: a) aumentar a capacidade da banda larga móvel (ex: realidade virtual no celular), b) conectividade massiva (ex: Internet das Coisas); c) aumentar a confiabilidade e diminuir a latência das redes (ex: cirurgia remota).
A) A proposta de ampliar a banda larga móvel tem como objetivo permitir tornar a realidade virtual acessível no seu celular. Para isso, cada dispositivo terá uma velocidade de 1 Gbps (pelo menos). Atualmente o 4G suporta 45 Mbps, ou seja, nem 5% do 5G.
B) A proposta de “conectar mais” tem como objetivo permitir +1 milhão de dispositivos conectados por metro quadrado. O modelo 4G possui um limite de 2 mil dispositivos por KM², por exemplo. Há uma mudança do discurso (colonialista) de “conectar as pessoas” para “conectar TUDO”.
C) Para diminuir a latência, o plano é construir redes em que um pacote chegue ao seu destino extremamente rápido, isto é, que não leve mais que 1 milésimo de segundo.
“Com 5G, as redes serão transformadas em plataformas inteligentes de orquestração”. A proposta do 5G é conectar TUDO e não apenas telefones e computadores. São também sensores, veículos, equipamentos industriais, implantes médicos, drones, câmeras…
Se você acredita que vivemos numa sociedade de vigilância, espere para ver o que será capaz essa nova infraestrutura do 5G e o que restará de privacidade e o anonimato nas grandes cidades. Se me recuso a usar ou mesmo não tenho um dispositivo em rede, posso viver nessa cidade?
Essa rede ubíqua e rápida vai mudar como vivemos. Por exemplo, passaremos a nos locomover com os carros autônomos. As implementações já estão avançadas e há um padrão técnico (V2X) para definir a relação “automóvel-tudo” (automóvel vs pedestre) e os dilemas éticos e morais.
O que acontecerá com as pessoas não conectadas na rede por um dispositivo? Em que medida os pedestres serão respeitados por essa cidade? E os algoritmos do veículo? Nós sabemos que o algoritmo do carro autônomo seguirá o mesmo viés de quem está projetando.
Além da mobilidade, a medicina também vai mudar. O chamado “e-health” terá diversas aplicações como: medicação remota, cirurgia remota e robotizada, monitoramento remoto da sua saúde. O que aconteceria se vc não conseguir pagar o plano “Gold” do seu sistema de saúde privatizado?
E há todo o mercado ainda POUCO explorado de extração e comercialização de dados pessoais — capitalismo de vigilância — que será impulsionado por essa nova infraestrutura, uma vez que todos os nossos movimentos, trabalho e nosso consumo de entretenimento estarão integrados.
As decisões sobre o 5G estão ocorrendo em conferências internacionais da ITU em que a participação da sociedade civil é difícil. Há um lobby pesado das corporações do mercado bilionário de microchips de rede (Qualcomm, Intel, Broadcom e Samsung). Mas quem vai pagar a conta do 5G?
O espectro eletromagnético é um bem comum e é limitado. O 5G usará uma fatia grande do espectro para conseguir atingir tal banda desejada. Isso tornará praticamente inacessível ser um operador dessa rede ou fora dele, já que boa parte do espectro estará ocupado.
Vale a pena conferir direitinho, mas 1ms seria a especificação entra dispositivo e torre e não fim-a-fim como o texto dá a entender.