Por Marcelo Tavares de Santana [*]

Uma das maiores dificuldades que existem na computação, e até mesmo no dia a dia, é a identificação de objetos/entidades num grupo ou numa rede. Diversas tecnologias tentam tornar a tarefa de criar uma rede doméstica mais fácil, mas acabam trazendo outros problemas. Uma delas foi o Wi-Fi Protected Setup, mais conhecido como botão WPS, um jeito fácil de configurar um dispositivo numa rede sem fio sem precisar de senha, mas que foi abandonado pela indústria devido as falhas de segurança descobertas. Portanto, foi necessário voltar atrás e criar um novo padrão de senhas (o Wi-Fi Protected Access, WPA) que permitisse mais caracteres que a versão anterior (a Wired Equivalent Privacy, WEP); se ainda usa senhas WEP no teu Wi-Fi, troque rapidamente para WPA/WPA2 ou troque de roteador Wi-Fi, caso não possua suporte aos novos padrões. Neste artigo vamos tratar de uma configuração manual de identificação de equipamentos, onde tal aprendizado seria melhor para todos se a indústria se preocupasse mais com ensinar técnicas que vender facilidades.

Todo roteador Wi-Fi, e equipamentos como switchs de rede, possuem uma tecnologia que fornece um número de IP (Internet Protocol) interno à rede doméstica para que os dispositivos possam comunicar entre si e com outros na Internet chamada Dynamic Host Configuration Protocol (DHCP), que fornece um número IP quando acessamos o Wi-Fi com a senha. No entanto, esse número IP é dinâmico e pode variar de um dia para outro e isso traz uma certa dificuldade de comunicação entre nossos próprios equipamentos, que a indústria tenta compensar com mais complexidade de protocolos e serviços de comunicação. Um DCHP de um roteador doméstico tem uma faixa de números IPs, por exemplo, de 192.168.0.1 até 192.168.0.100, que são atribuídos conforme os dispositivos vão sendo autorizados ao usarmos a senha do Wi-Fi. No entanto, podemos fixar um número IP para cada dispositivo e permitir com mais facilidade que um dispositivo seja encontrado por outros. Isso viabiliza algumas configurações como:

  • uma impressora de rede com IP fixo é mais fácil de configurar nos computadores que precisam imprimir;
  • computadores com IP fixo podem sincronizar seus dados com mais facilidade e agilidade, pois não precisarão ficar procurando o dispositivo certo;
  • um pequeno servidor doméstico com IP fixo viabiliza o uso até mesmo de fora da rede doméstica, via Internet.

A primeira coisa a fazer é decidir qual IP fixo cada equipamento terá e isso vai depender da configuração de IP dinâmico (DHCP) do teu roteador. Na Figura 1 temos como exemplo um roteador que atribuí IPs dinâmicos entre 192.168.0.100 e 192.168.0.200, portanto devemos escolher IPs fora dessa faixa. Como se trata de IP versão 4 (IPv4), temos algumas faixas de números que podemos usar em nossas casas que são:

  • Classe A: 10.0.0.0 – 10.255.255.255
  • Classe B: 172.16.0.0 – 172.31.255.255
  • Classe C: 192.168.0.0 – 192.168.255.255

No exemplo da Figura 1 a fabricante deixou o roteador pré-configurado para usar a Classe C, e nesse caso os dois últimos números pode ir de 1 a 254, pois 0 e 255 têm funções especiais e não podem ser atribuídos a equipamentos. Podemos observar que o 192.168.0.1 é o IP fixo do próprio roteador, assim foi escolhido o número 192.168.0.10 para IP fixo que será associado ao equipamento com MAC Address 94:DE:80:21:58:F1; será necessário descobrir esse número de MAC address de cada equipamento que quiser fixar o IP. Notem que existe o número 192.168.0.136 aparecendo ao lado número do equipamento; foi o IP atribuído dinamicamente quando o equipamento se conectou à rede, e que pode mudar a qualquer momento. Por fim, colocamos um apelido ao equipamento como sendo “Computador2”; às vezes aparece um nome sugerido que foi previamente cadastrado no equipamento. Assim que essa configuração for confirmada será necessário desconectar o equipamento da rede e conectá-lo novamente para pegar o novo IP e a partir disso ele sempre receberá o mesmo IP.

Figura 1: Exemplo de configuração de IP estático

Com isso feito nos principais equipamentos de nossos lares, poderemos configurar alguns serviços entre equipamentos, como um sistema ou método de backup automático, assunto para um próximo artigo. Por enquanto o mais importante é fazer uma pequena lista de IPs por equipamento (por exemplo, Impressora 1 com final 15, Computador 1 com final 25, etc.) para serem fixados para assim podermos avançar em outras configurações de rede. Dessa forma, segue sugestão de atividades sobre o assunto para as próximas semanas:

  • Semana 1: descubra na documentação de teu roteador onde fica o DHCP;
  • Semana 2: crie uma lista de IPs fixos para teus equipamentos;
  • Semana 3: fixe os IPs de impressoras, computadores e smartphones;
  • Semana 4: explique a fixação de IP a um(a) colega e façam em sua casa.

Com o tempo perceberão que esse pequeno conhecimento é melhor do que os programas que as empresas ficam embutindo nos equipamentos, sendo que alguns demoram na configuração. Se toda a sociedade tivesse sido estimulada a saber fixar IP, hoje seria mais simples de achar alguém para nos ajudar nessa tarefa. Com o assunto de hoje podemos dizer que iniciamos um projeto de rede doméstica.

Bons projeto a todos!

Notas

[*] Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de São Paulo.

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