movimento em luta

Por Tem base?

COORDENAÇÃO NACIONAL (CONAC) DA COMISSÃO PASTORAL DA TERRA (CPT) DEMITE TRABALHADORAS QUE DENUNCIARAM ASSÉDIO

Trabalhadoras da Secretaria Nacional da @cptnacional denunciaram há meses uma série de situações de assédio moral praticadas pelo coordenador do setor de documentação. O caso foi analisado pelo comitê de ética da entidade, que recomendou o afastamento do coordenador, o único afastamento sugerido pelo parecer. No entanto, a Coordenação Nacional da CPT reagiu demitindo duas das mulheres que foram vítimas dos assédios e que assinaram a denúncia (as mais antigas do setor de documentação dentre as que assinaram a carta).

A atitude da Coordenação Nacional da CPT é incompatível com a missão histórica que a entidade afirma ter de defesa dos direitos de trabalhadores, de acolhimento e de busca por justiça social. Uma das principais linhas de atuação da entidade é a divulgação de dados e denúncias sobre situações de abuso e superexploração do trabalho, mas na prática a Coordenação Nacional, internamente, tem agido de forma autoritária e perversa. Além da morosidade para tratar das situações denunciadas, perseguiu e penalizou as vítimas. A situação não é nova e vem se agravando na última gestão. Desde o ano passado, a CPT enfrenta dois processos por desrespeito trabalhista, também ocorridos na Secretaria Nacional da CPT. Será a CPT a próxima a entrar na lista suja do assédio no trabalho? As bases dessa entidade concordam e validam encaminhamentos como esse?

Na secretaria nacional da CPT o clima é de medo e perseguição. O adoecimento mental é a regra. Reuniões com trabalhadoras chorando já se tornaram rotina e, mesmo assim, ninguém faz nada pela saúde dessas trabalhadoras. Apesar de tudo isso, elas mantém a secretaria nacional funcionando e finalizaram o ultimo caderno de conflitos, muitas a base de remédios e tratamentos psiquiátricos. A diretoria alegou, no momento da demissão das trabalhadoras, falta de recursos. “Coincidentemente” as escolhidas para serem cortadas por conta da falta de recursos foram duas denunciantes contra os assédios

Após os processos trabalhistas do ano passado, é assim que a CONAC se porta frente a novos problemas na secretaria nacional? A CPT aprova essa atitude dos membros da Coordenação Nacional?
Pedimos às organizações e movimentos políticos e sociais que não concordam com abusos nos locais de trabalho que pressionem a CPT, em especial a Coordenação Nacional, contra a perseguição e pela reversão da demissão das trabalhadoras do setor de documentação. Não podemos aceitar assédios em nenhum espaço, muito menos naqueles que dizem lutar contra eles.
Oferecemos nossas páginas como espaços de denúncias para trabalhadores e ex-trabalhadores que querem compartilhar suas histórias e fazer suas denúncias, garantindo o anonimato. Também nos abrimos a indivíduos e organizações que queiram ajudar de alguma forma essas trabalhadoras perseguidas, seja com apoio jurídico, psicológico ou orientações de qualquer forma. Mande sua mensagem no privado!
PELO FIM DAS PERSEGUIÇÕES E O TERROR IMPOSTO PELA CONAC
PELA READMISSÃO IMEDIATA DAS TRABALHADORAS PERSEGUIDAS
PELO FIM DOS ABUSOS NO LOCAL DE TRABALHO

 

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54 COMENTÁRIOS

  1. Os agentes da CPT nas bases também passam por situações assim. É hora dos agentes também começarem a agir nos regionais. Uma nova CPT deve se erguer, uma que realmente ouve o clamor dos povos do campo e não de quem apenas quer poder e vida mansa explorando agentes voluntários e precarizados.

  2. Uma tristeza ver a CPT chegar nesse ponto no seu aniversário de 50 anos. Essa situação tem que ser tema do congresso!!! Não podemos deixar passar!!!!!!!

  3. Uai, se o lugar é tão ruim de trabalhar por que elas querem voltar para lá?

  4. Matuto eu acho que você está certo mesmo. Mas sabemos como é a situação do trabalhador no Brasil, muitos até preferem sacrificar a saúde mental pra saciar a barriga. Temos que cobrir de solidariedade essas trabalhadoras e articularmos uma rede de apoio para que consigam outro trabalho longe desse local de abuso que infelizmente parece que é a cpt.

  5. Isso aí já circula nas articulações faz é tempo. Não é novidade pra ninguém.

  6. É…

    Você tem razão, katia. O problema é os pedidos no final do texto. Dá uma impressão de que elas querem voltar a trabalhar nesse lugar ruim. Pelo jeito é só impressão.

    Agora é criar essa rede para que elas possam entregar e distribuir os currículos. Tenho certeza que se fizer tudo certinho elas ficarão cobertas de ofertas de emprego.

    Mas esse palavrório todo deixa a gente com uma pulga atrás da orelha.

    Será que para elas voltarem a esse lugar ruim de trabalhar elas precisam mesmo dessa movimentação toda desses agentes e desse congresso que o povo estava falando aqui em cima?

  7. Matuto, isso se chama articular no local de trabalho. Tem gente que ainda tá lá dentro sofrendo assédio. Tu não deve saber muito dessas coisas.

  8. Ué, então estão errados todos os trabalhadores que mesmo sofrendo assédio e sendo demitidos lutam por fim dos assédios e por readmissão? Matuto realmente está completamente alheio às lutas da classe trabalhadora. Parece os fura greve dos movimentos dos motocas que quando a galera pede melhorias nas condições de trabalho são os primeiros a dizer “não tá contente sai do app”. Contradições…

  9. Verdade…

    Talvez eu seja mesmo ignorante dessas coisas de articulação e movimentos. Pode ser mesmo as contradições…

    É que ainda não entendi como esse lugar ruim de trabalhar ficaria um lugar bom de trabalhar, sabe?

    Daí fico matutando: o que poderia ser feito nesse congresso para mudar esse lugar de trabalhar?

  10. SOLIDARIEDADE ÀS TRABALHADORAS DEMITIDAS E ASSEDIADAS PELA COORDENAÇÃO NACIONAL DA COMISSÃO PASTORAL DA TERRA (CPT)

    Na semana passada, última do mês de maio, em Goiânia trabalhadoras do Centro de Documentação Dom Tomas Balduíno da Comissão Pastoral da Terra (CEDOC-CPT) foram demitidas pela Coordenação Nacional (CONAC) após denunciarem assédio de antigo coordenador do setor de documentação . A denúncia completa pode ser acessada nas páginas Invisíveis (@invisiveistrabalhador), Treta no Trampo (@tretanotrampo) e Tem Base isso? (@tembaseisso).

    Os relatos e a denúncia indicam que elas sofreram assédio moral sistemático do antigo coordenador entre 2021 e 2024 e, conjuntamente a diversas mulheres da Entidade, enviaram ao Comitê de Ética da Entidade uma denúncia. O Comitê deu parecer favorável a demissão do coordenador, mas a decisão final ficou a cargo da diretoria e coordenação nacional da entidade. Contudo, as trabalhadoras não foram informadas da decisão da diretoria e Conac sobre o denunciado, e, como forma de retaliação, a coordenação demitiu as trabalhadoras à revelia do seu próprio comitê de ética. Esse contexto se soma a outros processos trabalhistas em andamento e ao medo de novas demissões ou retaliações pela denúncia.

    A CPT tem uma atuação histórica na atuação em defesa trabalhadores(as) do campo desde a ditadura militar, em 1975. Justamente por meio do CEDOC-CPT e seus agentes de base, produz os dados sistematizados anualmente no Caderno de Conflitos no Campo Brasil, denunciando as violências brutais cometidas pelo Agronegócio. Sem eles, teríamos uma noção menos completa da ação expoliadora que enriquece fazendeiros e da conivência do Estado brasileiro com isto.

    A ação da CPT, sobretudo seus agentes de base e os dados de conflitos no campo, são um instrumento e um patrimônio de toda a classe trabalhadora, camponeses, dos povos indígenas, comunidades quilombolas e demais comunidades tradicionais. E, é por isso mesmo, que nos preocupa ainda mais estas denúncias de que sua Coordenação esteja reproduzindo práticas tipicamente patronais de assédio moral, ataques a direitos trabalhistas, sobretudo às mulheres. Portanto, criticar e denunciar ações patronais de assédio e medo entre as organizações populares é essencial. Inclusive, para defender a importância dos agentes de base da entidade, das trabalhadoras da entidade e dos dados de Conflitos no Campo, fundamentais a todos camponeses, povos, comunidades tradicionais e toda a classe trabalhadora que tem no Agronegócio seu inimigo.

    Assim, nos solidarizamos às trabalhadoras demitidas do CEDOC-CPT em suas reivindicações:

    FIM DAS PERSEGUIÇÕES REALIZADAS PELA CONAC!
    READMISSÃO IMEDIATA DAS TRABALHADORAS PERSEGUIDAS!
    FIM DOS ABUSOS NO LOCAL DE TRABALHO!

    Assinam esta nota:
    – Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar (Confetraf) 
    – Coletivo Invisíveis
    – Edições Tormenta
    – Associação de Trabalhadores de Base (ATB-RJ)
    – Acervo Trans Anarquista
    – Organização Popular – RJ
    – Tem Base?
    – Treta no Trampo
    – Organização Popular Terra Liberta – CE
    – Movimento Passe Livre – Distrito Federal e Entorno
    – Movimento Passe Livre – Grande Recife
    – Crítica Desapiedada
    – Trindade Vive – Coletivo de Luta pelo Território Tradicional Caiçara
    – Grupo Paraty em Rede
    – Boletim Autonomia
    – Federação das Organizações de Base (FOB)
    – Grupo Comunista Antípoda
    – Ruptura Espaço Cultural

    As assinaturas para esta nota continuam abertas. Basta enviar uma mensagem!

  11. Devo ter perdido alguma coisa, mas a nota publicada não fala nada de congresso, apenas um comentário aqui na página, que pelo que entendi se trata dos 50 anos da instituição. De qualquer modo, me parece um bom momento mesmo pra colocar a boca no trombone e denunciar os assédios, se manifestar e gerar um climão. Mas parece que há comentadores aqui que gostam de ver as coisas pelo olhar dos gestores e não pelo olhar dos trabalhadores. É o mesmo tipo de comentário daqueles que olham as lutas sociais que ocorrem e associam a “revolução colorida”, sempre focando nos aspectos das burocracias e das nações, substituindo a classe. João Bernardo já explicou o que ocorre com a substituição da luta de classes pela geopolítica, e também da ascensão e do papel dos gestores. Olhando os comentários de alguns aqui, me parece que estão tão afundados na burocracia que não conseguem ver mais nada além da dinâmica de luta entre burocratas. Mas a luta de classes sempre está aí, apesar de tudo isso.

  12. Parece que Matuto não entendeu o ponto. Do que entendi do relato, a questão não é apenas o lugar de trabalhar ser “bom” ou “ruim”, como parece pressupor Matuto. Essa avaliação desloca o problema para um péssimo lugar. Faz com que a discussão gire em torno de lugares de trabalho “bons” ou “ruins” por sua própria natureza, impossíveis de mudar. Com esse deslocamento, caberia a trabalhadores apenas “escolher” onde trabalhar, por livre e espontânea vontade, sem nenhuma outra interferência nessa escolha. Sabemos que não é assim que a coisa funciona, ao menos não enquanto o trabalho for explorado por capitalistas e mesmo o processo de trabalho em organizações sociais seja estruturado em moldes iguais aos de empresas, mudando-se apenas uma ou outra regrinha contábil mas mantida a mesma forma jurídica e administrativa.

    É preciso levar o debate de volta ao lugar onde ele começou. Trata-se, na verdade, da luta de muitas trabalhadoras que pretendiam fazer o lugar “ruim” ficar “bom” acabando com o assédio, duas das quais foram demitidas. Não sei dizer qual o motivo da demissão das duas, porque a CPT não se pronunciou sobre o assunto (nem acho que vá fazê-lo). Entretanto, a impressão que fica, pelo relato, é a de duas demissões sem justa causa.

    Sendo essa a minha leitura do relato, deixo perguntas ao Matuto:

    – É válido lutar para transformar um ambiente de trabalho “ruim” num ambiente de trabalho um pouquinho melhor?
    – É válido lutar contra o assédio no ambiente de trabalho?
    – Quando trabalhadoras em luta contra assédio no ambiente de trabalho são demitidas sem justa causa justamente por lutarem contra o assédio, o que devem fazer?
    – Se devem aceitar passivamente a demissão (ou seja: botar a viola no saco e irem trabalhar em outro lugar “melhor”), como, então, projetar melhoras nos locais de trabalho que não venha dessas lutas internas?
    – Se não devem aceitar passivamente a demissão, que outras lutas devem travar senão essa de que o relato trata?

    A propósito, extrapolando o caso: a situação dos trabalhadores do terceiro setor é bem pior do que se imagina. Horas extras não pagas viram “militância”; produtividade é chamada de “compromisso com a causa”; parcela significativa das equipes é composta por trabalhadores voluntários; nas estruturas internas há muitas organizações onde “todos são iguais” e é tudo “horizontal”, mas é fácil perceber hierarquias informais e alguns “mais iguais que os outros”; a extrema dependência dos “projetos” faz muitas organizações se transformarem seja em executores de políticas públicas, seja em agentes de política externa da assim chamada “cooperação internacional”; a perpetuação de certas pessoas em certas posições dificulta a formação de novos quadros e cria tanto personalismo como patrimonialismo; e por aí vai. Um prato cheio para quem queira analisar a situação. E o mais grave: em nosso contexto, a situação é ruim com essas organizações como estão, mas é pior sem elas.

    Antes que me esqueça: Matuto, pelo pouco que você disse aqui no debate, você me dá a impressão de ser bem mais inteirado do assunto do que deixa parecer. É só impressão mesmo. Mas queria deixá-la aqui registrada.

  13. Defender mulheres é uma coisa que exige coragem e principalmente vontade, vontade de defender e não de condena-las pelos males que sofrem. Pena que eles mostram que a defesa da mulher que pregam só está em posts bonitos pra redes sociais e discursos vazios pra seus confrades.

  14. Manolo é pessoa sabida…

    É válido e necessário lutar contra os assédios e transformar os lugares ruins de trabalhar em lugares bons. Seja contra assédio cometido por coordenador ou mesmo de trabalhadoras contra trabalhadoras. Lutar contra as demissões também é coisa certa de se fazer.

    Talvez o ponto, Manolo, não seja só esse que aparece no relato.

    Veja. Há alguns silêncios nesse relato. Já de saída dá a entender que apenas duas trabalhadoras foram demitidas. Será que mais ninguém foi demitido, já que houve um parecer recomendando um afastamento? Ficar sem o sustento para saciar a barriga é problema grande para se enfrentar.

    Outro silêncio é da denúncia feita “há meses”. De que forma ela foi feita?

    Somente dentro da instituição ou foi enviada para a imprensa?

    Houve imputação de crime nessa denúncia inicial?

    Se sim, houve apresentação de provas?

    Foi garantido o direito de defesa ao acusado?

    A gente pode chamar isso de assassinato de reputação?

    As trabalhadoras foram apoiadas e articuladas por algum coletivo político, de gênero, da instituição? Há nesse coletivo coordenadoras e ex-coordenadoras nacionais?

    A pulga atrás da orelha é que o jeito que a gente se organiza, Manolo, diz muito sobre o que a gente quer construir.

  15. Como Matuto sugere que se lide com assédio no local de trabalho? Preservar gestores assediadores? Preservar as práticas institucionais de assédio? Estranho

    Acredito que a nota tenha uma importância muito grande pra todas as trabalhadoras (es) do terceiro setor e da própria entidade. Inclusive para que trabalhadoras (es) do terceiro setor possam reconhecer sua própria condição de classe e que a ONGzação/terceiro setorização das lutas, como uma das formas de burocratização, seja no mínimo questionada.

  16. Me parece que a discussão está se tornando enfadonha demais para uma questão que é extremamente simples. Qual é o objetivo dessa postagem? Pelo que vejo não passa de uma tentativa de denegrir essa instituição ((CPT)) e o tal coordenador do CEDOC, ambos acusados diretamente. Todos aqui somos sabedores que não é com postagens em blogs/sites que se garante qualquer direito trabalhista nesse país, muito menos readmissão de trabalhadores aos seus cargos, o que é algo extremamente difícil de ocorrer. Para uma ação efetiva essas trabalhadoras careceriam de provas do assédio e da perseguição da qual alegam serem vítimas para acionar o Judiciário, por exemplo. Me desculpem pelo pessimismo, mas não vejo efetividade alguma nesse tipo de medida proposta aqui. E para mim, esse é um dos maiores problemas da esquerda hoje, quer fazer luta na internet, ser militante de Instagram, Bluesky, Facebook ou sei lá o que.

  17. Quem sabe nessa toada a CPT abra um espaço no caderno de conflitos pros fazendeiros, capatazes e agro-empresários se defenderem das acusações de violências. As organizações de trabalhadores precisam cumprir o rito ético e legal das classes dominantes, afinal.

  18. Todo apoio às trabalhadoras que estão passando por essa humilhação da cpt. Tudo isso já é bem conhecido e falado pelos corredores da instituição a tempos, que bom que agora veio a público. Pode ter certeza que há muito apoio de demais trabalhadores e agentes de base a essa luta que vocês iniciaram!

  19. Matuto está confundindo o Passa Palavra com Passa Boiada: Noticiar o sofrimento dos gestores, apoiá-los, refletir sobre eles.

  20. Acho que o comentário de Sílvia desconsidera que a denúncia não ataca toda a entidade, cujos agentes de base tem uma tradição e uma história muito importante, mas que são trabalhadores. Ela denuncia práticas de gestão, de gestores, de coordenação nacional e do coordenador, ou seja, foca em efeitos da burocratização.

  21. Olhando os comentários e diante de todo o contexto narrado, não tiro a razão das trabalhadoras em buscar seus direitos. Mas essa publicação está muito parecida com o que a CPT e tantos outros movimentos de luta pela terra sofrem há anos, até agora o site só ataca e incentiva comentários contra a CPT.

    O jornal já procurou a CPT para direito de resposta ? Ou não é essa a intenção ?

    As trabalhadoras não tem outro método de buscar seus direitos? Ou o objetivo não é buscar reaver os direitos e sim difamar a organização? “ Como tantos do campo da direita e do agronegócio querem “ Me parece que estamos diante de um cenário em que os inimigos como latifúndio e todos aqueles que a CPT denunciam historicamente por conta das inúmeras formas de violência contra os povos do campo estão incomodados com o trabalho da CPT no Brasil. Não é a primeira vez, lembro que a cpt já sofreu vários ataques, conheço um pouco da organização porque tive amigos que trabalharam lá. Os números que a cpt divulga todos os anos, causam revolta em alguns e esses mesmo podem até usar de pessoas para se infiltrar na organização e construir um processo de difamação.

    Bom, sendo a Cpt errada ou não, creio eu que caberia outros métodos de reparar o dano causado. Não essa forma de difamar uma organização que há 50 anos defende a vida daqueles que tanto sofrem no campo. Isso para mim é coisa dos inimigos da Direita.
    Talvez, pelo que vejo, o objetivo é não resolver o problema na raiz e sim causar outros, por vingança?

    E essa tal denúncia de assédio, como foi feita? Ninguém se questiona isso, né?! Basta-se fazer uma denúncia pública e tudo o que é dito se torna verdade, assim funcionam as Fake News.

    A Direita faz isso muito bem e os inimigos do povo também. Qual é mesmo o objetivo das trabalhadoras ? E dessas páginas ? Porque tá bem intencional… e quem estaria por trás fortalecendo esse processo junto a essas trabalhadoras nesse processo politico? Porque querem voltar a trabalhar no setor que é praticamente o coração dessas denúncias que expõem a violência no campo? Quais são os interesses já que alegam que o ambiente de trabalho não é saudável ?

    A CPT tem sim responsabilidade e deve arcar com os seus erros diante da relação de trabalho, se isso for provado, mas a CPT tem uma missão muito maior junto aos povos do campo que não pode ser prejudicada por uma vingança ou interesses pessoais…

  22. Rapaz, os defensores dos gestores e do assédio no trabalho estão mesmo em peso aqui! Isso é bom porque provoca tanta revolta que a notícia tá se espalhando demais! Continuem interagindo e publicando gente! Chamem a CONAC aqui pra participar também (se ela já não tiver aqui participando com a gente!)

  23. Esse comentário do LVR me lembrou de um gestor, burocrata, dentro de uma entidade, que cometia assédios morais constantes com trabalhadores, e para justificar seus atos, sempre criava um clima de terror, dizendo que tais funcionários poderiam ser infiltrados da direita. Fica a impressão de que LVR sabe bem como esse tipo de gestão funciona, parece mesmo um estudioso do assunto.

  24. As pessoas que estão ensandecidas aqui em defesa da CPT (certamente parece haver uns burocratas aqui) por um acaso já procuraram as trabalhadoras da Secretaria Nacional pra ouvir o que elas têm a dizer, ou estão tão cegas de ódio que não conseguem se focar na questão principal dessa nota?

  25. Olá, Observador! Como está? Foi exatamente essa a pergunta que fiz em meu comentário anterior: qual o objetivo dessa postagem? Me parece realmente que o debate levou a discussão para outro rumo revelando fatos intencionalmente não tratados a princípio, e muitas perguntas feitas nos comentários não foram, e com certeza não serão respondidas. Não vejo pessoas ensandecidas, vejo apenas pessoas apresentando outro ponto de vista, o que é normal em um debate. Mas vejo também que aqui não há espaço para reflexão, talvez o propósito seja apenas estabelecer mais um muro das lamúrias e consolações às “trabalhadoras”, sem ação efetiva. Bem típico do reacionarismo identitário, que não aceita questionamentos ou posicionamentos contrários mesmo quando vindos da própria esquerda. Não vejo nada de futuro numa articulação desse tipo. Mas é isso, já dei minhas contribuições. Deixo vocês, entre vocês, em consolação.

  26. E se por um acaso quem escutou e leu o que as trabalhadoras da Secretaria Nacional falaram e escreveram perceber que elas mentiram? Isso vai ser defesa da cpt também?

  27. Contra o identitarismo, menos aquele dos meus redpills favoritos!

  28. Solidariedade às mulheres demitidas. Já ouço essa história de assédio nesse local de trabalho há tempos. Bem antes disso acontecer. E olha que as pessoas que estão denunciando sempre foram imparciais em seus julgamentos e se posicionaram conta escrachadores no passado, por exempl. Para resolver denunciar dessa vez, eu acredito que dê fato são assediadas e suportaram issso por muito tempo caladas.

  29. Planador, talvez esteja desinformado, mas a nota afirma que o comitê de ética da instituição reconheceu a existência dos assédios.

  30. Genteeeee! Para tudoooo!!!! Vi tanta movimentação sobre esse caso que fui pesquisar. Atualizei minha lista de fofocas aqui e essa, olha, me surpreendeu viu?!

    Agora vou atualizar tod@s vocês: descobri que essas mesmas ditas trabalhadoras que fazem a denúncia aqui no passa palavra, também foram denunciadas por funcionárias da Secretaria Nacional da CPT por práticas etaristaaassss. Inclusive, há funcionárias afastadas da instituição por adoecimento psíquico decorrente da prática dessas senhoras.

    Olha, eu achei gravíssimo, e vocês?

    Galera do passa palavra muito cuidado aí com as denúncias que vocês andam respaldando.

    Dignidade Já!

    Um beijo do Lobo!

    Babadooo
    ____
    Gente, esqueci de falar que algumas são abortistas e outras skatistas também!!!

    Abre o olho, Passa Palavra!!!

    Beijossss

  31. Não fazia ideia de que o Passa Palavra era tão quisto pelas pessoas da CPT. Bom saber. Espero a opinião de vocês também sobre o artigo recente publicado por Léo Vinícius, “A perda de militantes e lideranças para o capital”, seria interessante ver como Sylvia, Léo Lobo, Matuto, L.V R e Planador entendem o debate. Fica aqui o convite.

  32. Tem coisas ditas aqui que acredito que são mais uma evidência do assédio e perseguição que essas mulheres sofreram na secretaria nacional. Imagina fazer uma denúncia de assédio e (além da demissão, que acredito mais ser uma alforria), sofrerem mais perseguição, calúnias e difamações ainda. Realmente trabalhar dentro da Secretaria Nacional da CPT deve ser adoecedor. Meus sentimentos pelas que ainda precisam passar por esse sofrimento diário para sobreviver e pagar as contas.

  33. Ja passei por assedio em local de trabalho e consigo entender o medo que essas mulheres devem estar sentindo e a força delas pra ter coragem de denunciar e não sucumbir aos assedio que se iniciam após esse tipo de denuncia, como culpabilização das vítimas, difamação, terrorismo psicológico… É muito importante lutar pelo fim de todo o tipo de opressão, espero que a cpt, que realiza um trabalho tão importante, consiga compreender isso e agir para que esse tipo de situação não ocorra mais

  34. Pelo que entendi pela nota, a própria comissão de ética da cpt recomendou o afastamento do acusado. E pelo que percebo aqui nos comentários, ele ficou bem revoltado e está aqui tentando defender seu “direito” de assediar caluniando as trabalhadoras

  35. Vendo o desenrolar de toda essa conversa nos comentários, não deixa dúvidas de que a secretaria nacional da cpt é um ambiente hostil e adoecedor. Desejo toda a força às trabalhadoras demitidas e as que continuam por lá, certamente ainda sofrendo assédios e perseguições. Já ficou claro por aqui como os membros da seita se portam ao serem confrontados pelos seus abusos.

  36. O antigo coordenador, quando era apenas mais um trabalhador, era tão crítico da burocratização e da mística que esconde as contradições internas na CPT como as pessoas que acabaram denunciando, até que… se tornou também um burocrata. Reitero a indicação que foi feita acima do texto escrito pelo Léo Vinícius (A perda de militantes e lideranças para o capital), principalmente aos agentes da CPT que sustentam um compromisso sério com seu trabalho de apoio às lutas das comunidades. Sei que os efeitos perversos desse financiamento e o direcionamento político que ele gera já vem sendo sentido por muitos agentes com angústia e inquietação… Talvez essa situação exposta pelas colegas traga coragem pra se enfrentar alguns fantasmas que há tempos rondam a entidade no tamanho dos problemas que eles significam.

  37. Não dá pra entender, no tom jocoso do Lobo Leão (não entendi exatamente o motivo do recurso irônico à linguagem do vale), se ele realmente está falando sério. Citando nosso mestre: “estão meus olhos a falhar?” – Lobo Leão está mesmo igualando o assédio moral que vem de um chefe (portanto, com poder de demissão) ao “assédio” por “etarismo” de funcionárias?

  38. Se o que Lobo Leão diz é mesmo verdade, porque o parecer do comitê de ética não pede, nominalmente, o afastamento das pessoas responsáveis por esse “assédio” entre funcionárias? Por que o único afastamento que o comitê de ética pede, e o único nome citado, é o do antigo coordenador do setor de documentação? Será que está faltando alguma coisa? E por que será que esse caso está vindo à tona dessa forma? Será que é essa a desculpa que a CONAC está usando para justificar a demissão das trabalhadoras, mesmo que tenha dado à elas outra justificativa? Agora algumas coisas começam a se encaixar… Como a maioria das trabalhadoras da secretaria nacional está encarando essa desculpa que agora está sendo espalhada em rede? Será que estão sabendo disso?

  39. Fura greve e baba ovo de patrão existe em todo lugar. E essas figuras sempre ficarão contra o movimento dos trabalhadores lutando por seus direitos e ao lado dos patrões, sendo usados como chaveirinhos para provocar tumulto e tentar desqualificar o movimento legítimo de oposição. Quem se espanta com qualquer movimento de trabalhadores contra trabalhadores em luta que tá sendo usado aqui pelos defensores dos abusos da cpt precisa se envolver em algum movimento de classe.

  40. Ex-funcionária, lembrei de um texto bem interessante de uma agente da CPT publicado no Caderno de Conflitos em 2021. [Aceitar o inaceitável? Exploração tolerada e combate ao trabalho escravo no Brasi] Nele a agente pensa nas novas formas de precarização do trabalho também como uma forma de alargar a tolerância sobre a exploração do trabalho. Inclusive podendo produzir uma aparência de que o trabalho escravo tem diminuído, quando na verdade, as condições bizarras de exploração é que tem sido cada vez mais naturalizadas. Isso pra pensar na linha de trabalho de organizações que lidam com pessoas resgatadas de trabalho escravo… Há um incômodo da autora com as propostas de formação profissionalizante e inclusão dessas pessoas no mercado, que configuram a ações de programas levados a cabo pela CPT e órgãos de assistência social. A conclusão da agente é que não existem trabalhadores excluídos, todos fazem parte de um mercado radicalmente explorador, ainda que seja uma exploração supostamente consentida. “A qualificação se torna um mero adestramento, disciplinando os trabalhadores, ignorando e condenando como atrasados os modos de vida das comunidades onde vivem e que, em muitos casos, têm base camponesa.” Além de não resolver o problema, iniciativas de qualificação contribuem para a destruição do que há de mais poderoso nas lutas das comunidades: “As lutas anticapitalistas que vêm do chão das comunidades camponesas apontam para direções opostas ao sistema em que vivemos: uma outra ideia de posse, de propriedade e de uso da terra; possibilidades de autonomia e autossuficiência, em contraposição à dependência que temos do mercado; outros valores que orientam a organização da vida e as relações, outra política…” Por mais bem intencionadas que sejam iniciativas como essas, elas terminam por reforçar esquemas que o capital cria para gerenciar a barbárie de seu sistema, assim como inúmeras ONGs o fazem. Essa é, precisamente, sua razão de existir.

  41. Leão Lobo, entrega mais pra gente. Diz aí: e as trabalhadoras foram devidamente investigadas pelo comitê de ética? Tiveram chances de defesa perante ao comitê de ética? Se houve investigação do caso, elas foram informadas de que estavam sendo investigadas? A denuncia foi feita antes ou depois delas terem a coragem de realizar as denúncias sobre o tal chefe do setor?

  42. Não cheguei a conhecer as denunciantes e nem o denunciado, mas posso dizer que essa situação na CPT não é nova e não começa com esse então chefe do setor de documentação e nem mesmo com a atual coordenação nacional. Acredito que esse sujeito apenas aprendeu como a roda gira na CPT e o que ele precisava fazer para galgar cargos e poder ali dentro. Nos idos de 2017 passamos por uma situação grave dentro da secretaria nacional, realmente um ataque da direita. Mas o problema com isso tudo, para além do ataque em si, foi a forma como a Conac lidou com o caso. Os funcionários da secretaria nacional eram tratados como suspeitos o tempo todo. O assédio moral era regra ao tratar desse caso. Há de fato uma divisão entre militantes e trabalhadores dentro da instituição, e essa divisão é colocada como um aspecto moral. Os de moral mais elevada são militantes, a casta inferior, que não faz parte da cúpula, são os trabalhadores. Ao final, nenhum trabalhador estava envolvido no ataque, obviamente. No entendo, éramos tratados como suspeitos ou culpados até que se provasse o contrário.

    Acredito que a situação da denúncia dessas mulheres esteja sendo tratada da mesma forma. As que ousam falar sobre o que realmente é a CPT dentro da secretaria nacional são tidas como pessoas de moral menos elevada, aquelas que querem destruir a instituição, tal como a direita. Se a CPT como um todo não lidar com essa contradição o fim da instituição não será outro se não o próprio fim, e não será pelas mãos dos que ousam falar e sim pelas mãos dos que preferem esconder a realidade. Não há de se proteger a instituição, mas as suas causas, o motivo dela existir, o seu fim e seus princípios. O que há de podre deve ser revelado e expurgado. Os fundadores da CPT foram aqueles que ousaram falar o que ninguém queria que fosse dito, e é isso que essas mulheres fizeram e o que os demais agentes pastorais deveriam fazer.

  43. Os comentários irônicos e ricos em informações tentando desacreditar as denunciantes, fazem parecer que realmente existe uma movimentação política dentro da instituição e não é em favor das trabalhadoras…

    “Isso para mim é coisa de inimigos da direita” hahahaha chega a ser engraçado o delírio de alguns aqui para tentar defender quem se utiliza do poder para praticar assédios. Na nota diz que essas mulheres trabalhavam no setor de documentação da entidade, quer dizer, a publicação da cpt sobre os conflitos no campo só é possível graças (também) ao trabalho desempenhado por elas. Agora, além dos assédios, também precisam ser acusadas de “trabalhar para a direita”. Incrível

  44. Gritos e berros no ambiente de trabalho não são tão distantes dos gritos e berros no ambiente doméstico, onde um parceiro dá ordens e controla os tempos do outro.

  45. Parece que existe um medo de que o assunto das relações de trabalho, assédio e outros tantos problemas, surjam no congresso da CPT. Não seria esse o espaço de se discutir pensar e superar o problema? Ou a ideia é continuar varrendo tudo isso para debaixo do tapete? Não sei se é uma pena ou uma maravilha que a cpt não seja uma coisa só mas pelo menos a profecia e a missão resiste em meio a lutas nas comunidades.

    Agora, o bom é que aqui ao menos as questões estão podendo ser faladas e não precisamos agir como se estivesse num conclave.

  46. Matuto da hetero-organização está agora preocupado com a formação da auto-organização dos trabalhadores! Que bonito! Isso dá um belo flagrante delito!

  47. “Com frequência, no Brasil, quando eu ministrava cursos sobre a economia dos conflitos sociais, os alunos perguntavam-me como era possível que os trabalhadores preferissem trabalhar em sistema de mais-valia relativa, se eram mais explorados do que no sistema de mais-valia absoluta. Pior. Como era possível que os trabalhadores lutassem por condições que, afinal, correspondiam ao desenvolvimento da mais-valia relativa. E eu respondia-lhes com outra pergunta: Vocês preferem ser torturados ou não ser? Nunca encontrei ninguém que me dissesse que preferia ser torturado.”

    https://passapalavra.info/2020/09/134342/

    Me espanta ver “militantes” questionando a tentativa de trabalhadores de melhorem sua condição no trabalho, ou de preferirem chefes menos carrascos. É melhor trabalhar com assédio moral o tempo todo ou não passar por isso? Não há nada de revolucionário aqui, é apenas a luta cotidiana e sem grandes espetáculos. É a sobrevivência. Mas é também a construção de laços de solidariedade que persistem pra além dessa dinâmica, entre os explorados que se põe a lutar contra esses abusos, e que é condição para qualquer perspectiva de superação do atual estado das coisas. E digo mais: se de fato as trabalhadoras que aqui denunciam os assédios fossem organizadas por chefes, como alguns pareceram sugerir, não teriam sido demitidas. Foram demitidas justamente porque os confrontaram e por não estarem no controle deles.

  48. Entre a servidão voluntária e a resistência temerária, um cripto-epígono de Sun-Tzu enuncia a ginga resiliente…

  49. Relato de um ex-trabalhador – Cartinha debaixo da porta: combater assédio moral com assédio?

    Sou um ex-funcionário da Secretaria Nacional da CPT, homem. Por que isso é importante? Por que sabemos que nos bastidores muita gente descredibiliza a denúncia de assédio das colegas mulheres que foram demitidas, falam que são ressentidas, identitárias ou que são vendidas. Na verdade, falam isso pra esconder que a Coordenação Nacional já sabia que existia assédio no local de trabalho e fez pouco caso desde antes.

    Em 2022, a Coordenação fez uma dinâmica em grupo para fazer a avaliação do trabalho, mas não era só uma avaliação do que conseguimos fazer, era também do ambiente do trampo. A situação já começava estranha por que tínhamos que avaliar isso na presença dos nossos chefes e da própria coordenação, embora eles não escrevessem. Íamos circulando de grupo em grupo, escrevendo em tarjetas o que achavam, como se sentiam. O cenário foi desolador, tinha tarjeta falando de exaustão, adoecimento, sobrecarga de trabalho. Uma em específico estava escrita “assédio moral”. Na apresentação das tarjetas, praticamente só tinham palavras desanimadoras. O cenário era horrível, todo mundo com cara de choro, só querendo sair logo e ir pra casa.

    E o climão da Coordenação Nacional quando leu a tarjeta que tava escrita “assédio moral”. A solução apresentada?? Sugeriram que colocássemos uma cartinha com nossos incômodos embaixo da porta da própria Coordenação. Aí eu pergunto, qual imparcialidade que eles teriam e qual garantia de que a denúncia seria devidamente apurada? Como teríamos a devolutiva de que nossa denúncia teria sido apurada? E se alguém tivesse uma denúncia de assédio moral contra a coordenação? Pareciam estar mais preocupados que os (as) trabalhadores (as) tinham dado um nome pro problema.

    Defendo e luto pela causa dos povos do campo e da classe trabalhadora. Sem titubear, sem vacilar. Mas quero compartilhar esse relato por que é inaceitável que as trabalhadoras que conseguiram denunciar tenham sido demitidas e me pergunto se outras trabalhadoras não estão também na mira na Secretaria Nacional e nos regionais.

    ————

    O relato também está disponível em formato de vídeo em https://www.instagram.com/p/DKt6RMmx1Ls/

  50. NOTA DE REPÚDIO CONTRA A DEMISSÃO DE FUNCIONÁRIAS DA SECRETARIA NACIONAL DA COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

    Vimos repudiar a demissão de duas trabalhadoras, documentalistas, da Secretaria Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), realizadas na manhã do dia 28 de maio de 2025. As demissões ocorrem em um contexto em que doze mulheres que trabalharam ou trabalham na Secretaria denunciaram o então coordenador do Centro de Documentação por assédio moral e machismo, em novembro de 2024.

    É necessário defender sempre o direito e a segurança das vítimas desse tipo de violência em denunciar as agressões que estão sofrendo. O acolhimento, a escuta e a investigação devem ser as respostas para as denúncias, e não a perseguição e as represálias. A Comissão Pastoral da Terra (CPT), instituição com quase 50 anos de trajetória, que é reconhecida internacionalmente por denunciar casos de violências contra povos e comunidades do campo, deveria ser a primeira a incentivar que casos de assédio moral e misoginia em suas equipes fossem expostos e radicalmente combatidos.

    A CPT, pelo compromisso que se presta e se dedica há cinco décadas com os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, contra todos os tipos de opressão, não pode compactuar com decisões que reforçam a estrutura machista e misógina que garante que violências como o assédio moral e a discriminação de gênero continuem vigorando frente ao silenciamento de suas vítimas. Pelo contrário, precisa honrar sua trajetória como incentivadora das resistências contra as violências, de todos os tipos.

    No entanto, não é essa a realidade que percebemos. Demitir mulheres que denunciam opressões e lutam pelo direito de serem respeitadas em seus ambientes de trabalho não é a solução em nenhum espaço, tampouco daqueles onde há militância na defesa dos direitos humanos. Muitas vezes, o medo de perseguições, intensificação da violência e não garantia do emprego silencia vítimas de assédio moral e misoginia no ambiente de trabalho. Entendemos, em casos como esse, que tais medos não podem ser subestimados, mas enfrentados, em rede, em defesa de um mundo livre de violências – o qual a CPT se compromete, em sua origem e trajetória, a co-construir.

    A voz das mulheres não pode ser calada, a coragem em reagir contra as violências não pode ser perdida e os gritos de denúncia não podem ser enfraquecidos. Não serão.

    Assinam:
    Coletiva Pretas de Angola
    Bloco Não É Não
    Associação Mulheres da Comunicação
    Instituto Casa Valenta

  51. O Cordel da Contradição na Terra Pastoral

    Na tribuna sobe o chefe
    De semblante iluminado,
    Vai falar das injustiças
    Do sertão abandonado,
    Vai louvar o lavrador,
    Mas com o povo… afastado.

    Diz que luta pela terra,
    Pelo justo e pela paz,
    Mas quem fala do assédio
    Já não volta nunca mais.
    Foi demitida calada
    Pra não manchar o cartaz.

    Não se ouve a trabalhadora,
    Nem se apura a agressão,
    Só se prega o Evangelho
    Com bonita entoação,
    Enquanto o medo corrói
    Quem escreve a documentação.

    O discurso é libertário,
    Mas o gesto é de patrão,
    Quem denuncia o assédio
    Vira alvo e punição.
    Na mística, tudo é belo —
    Mas sobra contradição.

    “É pela classe oprimida!”,
    Grita forte a direção.
    Mas se a opressa trabalha ali,
    Não tem voz, nem proteção.
    É silenciada em nome
    Da sagrada instituição.

    Quem assina a denúncia
    É jogada no sertão,
    Dizem: “foi por rebeldia”,
    Mas é pura repressão.
    A verdade é inconveniente
    Pra quem vive de oração.

    Na CPT das promessas,
    Quem ergue a voz é traidor.
    Quem cala ganha prestígio,
    Quem obedece é o servidor.
    Mas justiça sem coragem
    É só mística sem valor.

    E assim vão lavando as mãos
    No altar da conveniência,
    Exaltando o povo do campo
    Com bem pouca coerência.
    Enquanto queimam no fogo
    As mulheres da consciência.

  52. Relato de um trabalhador da CPT – É Tempo de Enfrentar a Burocratização e Reafirmar a Missão Popular da Entidade

    Nos últimos dias, a demissão de duas funcionárias do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (CEDOC), promovida pela Coordenação Nacional da CPT (CONAC), gerou um silêncio que incomoda. Um silêncio ensurdecedor vindo, inclusive, de parte da própria base da CPT. Não se trata de um episódio isolado, mas de um alerta grave sobre o rumo que a entidade tem tomado.
    As demissões ocorreram após denúncias de assédio sistemático sofrido por essas trabalhadoras no interior da Secretaria Nacional da CPT. As denúncias foram ignoradas por quem deveria proteger, acolher e responsabilizar. Em vez disso, a resposta institucional foi a demissão. Um recado claro: quem denuncia, quem questiona, será calado. A quem serve esse silêncio?
    É preciso nomear o que está em jogo uma estrutura burocratizada que vem se consolidando ao longo das últimas décadas dentro da CPT. A entidade, que já foi movida majoritariamente por militantes voluntários, hoje é composta, em sua maioria, por agentes contratados. Essa mudança não é neutra. Ela estabelece relações de poder de quem contrata e de quem pode demitir. Relações que se aproximam, perigosamente, da lógica empresarial que historicamente a CPT combateu.
    A própria existência da CONAC como instância máxima de gestão que toma decisões sem ampla consulta ou debate com as bases, representa uma forma de centralização e controle incompatível com uma entidade que se pretende popular e democrática. A relação entre capital X trabalho, como já dizia Marx, é sempre marcada por conflito inclusive dentro das organizações que se dizem da luta.
    E o que dizer da dependência estrutural de recursos vindos de organismos internacionais? Parte significativa do financiamento da CPT vem de entidades como a Misereor, que por sua vez também recebe verbas da iniciativa privada e do Estado alemão. Qual é o impacto disso sobre a autonomia da entidade? Por que o monitoramento dos conflitos no campo brasileiro interessa tanto aos financiadores internacionais? Quem define o que é missão institucional e o que é interesse externo?
    Essas perguntas precisam ser feitas e respondidas pela base da CPT, neste V Congresso.
    A demissão das companheiras do CEDOC não é uma questão individual ou “identitária”, como alguns tentarão desqualificar. É uma questão estrutural de gênero, sim, mas acima de tudo de controle, de poder e de silenciamento. É também uma expressão de como o neoliberalismo infiltra-se nas entidades populares, transformando militantes em funcionários precarizados, substituindo o debate político por metas e produtividade, e convertendo a luta social em prestação de serviço.
    É hora da base da CPT reagir. De debater abertamente o que está acontecendo. De romper com o silêncio. O V Congresso da CPT deve ser espaço para refletirmos: que entidade queremos para os próximos 50 anos? Uma CPT enraizada nas comunidades camponesas e nos territórios de resistência ou uma CPT refém de uma estrutura interna autoritária, burocrática e cada vez mais distante da juventude, das mulheres, dos povos indígenas, dos LGBTQIA+ e das bases que a construíram?
    A CPT precisa voltar a ser chão de luta, escuta, partilha e cuidado. Precisa enfrentar com coragem suas contradições internas, reformular suas práticas de gestão e garantir que sua missão seja construída com e não contra suas trabalhadoras.
    Aos militantes, agentes e coordenações regionais, deixo o convite e o chamado não deixemos essa demissão passar sem uma reflexão. Façamos o debate. Enfrentemos o conflito. Reivindiquemos uma CPT viva, coerente e popular.
    Porque quem silencia diante da injustiça também a alimenta.

    ————

    O relato também se encontra em formato de vídeo, dividido em duas partes:
    Parte 1: https://www.instagram.com/p/DLBAq6YxN4b/
    Parte 2: https://www.instagram.com/p/DLNRO70xU-4/

  53. Relato da CPT – Para a Comissão Pastoral da Terra todos os pais são iguais… mas alguns são mais iguais que outros…

    A solidariedade é um pilar da missão da CPT. Mas para a Coordenação Nacional talvez isso seja secundário.

    Quando um chefe, membro da Coordenação nacional da CPT, tornou-se pai, pôde tirar uma licença paternidade ampliada. Passado o período oficial de sua licença, de 5 dias, tirou férias e por mais um período sequer respondia nossas mensagens quando precisávamos dele para algo no trampo. Algo extremamente legítimo e necessário nos cuidados nesse momento da vida.

    Mais ou menos na mesma época, um trabalhador da Secretaria Nacional soube que seria pai e perguntou se seria possível que a entidade concedesse a licença paternidade ampliada de 20 dias. Hoje a licença paternidade é de 5 dias. Para empresas adeptas do programa empresa cidadã, ela pode se estender em até 20 dias úteis. Na licença-maternidade, a adesão da empresa permite expandir de 4 para 6 meses. Uma medida simples de solidariedade com aquela pessoa de poucos dias de vida.

    Quando o trabalhador soube, perguntou sobre essa possibilidade na reunião semanal da Secretaria. O que a coordenação responde? Que é até favorável (por que não pode dizer que é contra), mas que tem que avaliar por que todos os agentes da CPT poderiam querer solicitar. Ora, se a solidariedade é parte da missão da entidade, se todos solicitassem uma licença paternidade e maternidade ampliada, isso seria um problema? Por que para a chefia foi dada toda essa segurança nesse momento da vida e para os trabalhadores lhes é dada a insegurança e a dúvida justamente onde se preza pelo acolhimento? Por que colocar tanta dificuldade?

    —-

    O relato também se encontra em formato de vídeo em: https://www.instagram.com/p/DLTD-fjx1WJ/

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