Por A Voz Rouca

👩🏽‍🏫 DIÁRIO DA QUARENTENA #12
💻 Educação nos tempos de corona

EAD PARA EDUCAÇÃO INFANTIL?

Desde que a quarentena começou, as escolas de educação infantil têm buscado algum jeito de manter o vínculo com as famílias e crianças nesse contexto assustador e inédito que estamos vivendo. A fim de, também, manter as mensalidades e não mexer no quadro de funcionários.

Esbarramos em dois pontos fundamentais:

1. a natureza do nosso trabalho é inviável a distância (e só foi regulamentado pelo Conselho estadual de Educação no dia 16/4). Não existe educação infantil sem presença.

2. as crianças não têm autonomia e nem aparelhos próprios para acessar a plataforma que for. Precisam constantemente de um adulto ao lado, e as famílias em geral estão trabalhando em home office no horário comercial.

Num primeiro momento ficamos nos debruçando sobre: qual tipo de proposta/experiência podemos propor que minimamente mantém nossos princípios, as crianças consigam realizar com algum grau de autonomia, que sejam flexíveis para se adequar à realidade das casas e, de preferência longe das telas…

Uma escolha pedagógica para não fingir uma rotina em que as crianças ficassem 4 horas por dia em frente uma tela e achar que isso é EAD ou escola da infância. Assim, buscamos propor sugestões e convites relacionados ao nosso contexto escolar, de modo a não sobrecarregar as famílias, nem tenha a cara dos milhares videos de youtubers com vozes infantilizadas e cenários coloridos ou até mesmo “adulto, faça qualquer coisa com um papel, tesoura e guache para a criança, e a distraia por 10 minutos”…

Chegamos a um número de propostas que contemplasse na medida do possível, algumas linguagens, experiências que valorizamos… E importantíssimo: Num modelo que conseguíssemos realizar dentro do nosso horário de trabalho.

Bom, comparando com outros cenários que vi e ouvi falar: favorável, não é mesmo?

Até que ao longo do primeiro mês tropeço nas tais das 800h letivas a cumprir e em famílias decidindo que gostariam que fosse diferente, afinal estão pagando por esse “produto”.

Agora, basicamente, passo muito mais tempo me debruçando sobre o que, em geral, sequer atravessa meu trabalho na escola: um mundo de ferramentas tecnológicas, famílias e gestão analisando cada movimento, além de quase não saber o quanto esse trabalho chega ou faz sentido para quem realmente importa: as crianças.

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(A Voz Rouca irá publicar na sua página relatos de abusos cometidos pelas escolas contra os trabalhadores durante a crise do Coronavírus. Caso você queira compartilhar alguma história, é só nos procurar ).

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