Nesta página, os diários de uma visita de militantes europeus às comunidades zapatistas de Chiapas. Impressivas descrições da vida concreta de milhares de mexicanos que, depois da revolta de 1994, decidiram mudar de vida e construir a autonomia. Veja, a seguir ao pequeno texto de apresentação de um dos viajantes, traduzidos na íntegra, os relatos sobre as oito  comunidades visitadas. Por Passa Palavra

Brigada Europeia de Apoio aos Zapatistas:

Diário de uma viagem

A solidariedade prevaleceu. Não terá sido fácil, para os elementos da Brigada Europeia de Apoio aos Zapatistas, organizarem-se, chegarem dos países respectivos e percorrerem as cinco grandes zonas zapatistas em apenas 10 dias. Não terá sido fácil, mas fizeram-no e demonstraram, uma vez mais, que a solidariedade não se regateia, que os zapatistas não estão sozinhos e que a sua história continua a fazer a separação das águas na luta por um mundo mais justo, livre e democrático. Num tempo em que se criminaliza a solidariedade internacional e os timings e as agendas da classe dominante se impõem, um grupo de homens e mulheres que representam muitos outros colectivos, organizações e indivíduos atravessam o Oceano Atlântico, deslocam-se até ao sul do México e empreendem um percurso pela resistência, numa zona onde a repressão, que não é pouca, não consegue parar a construção de um mundo em que a educação, a saúde, a cooperação, a comunicação, a justiça e a cultura têm uma outra medida, só alcançada com o trabalho colectivo que, antes de mais, defende a terra e o território.

A brigada nunca disfarçou o seu olhar comprometido. Veio, sem dissimulações, “abraçar os companheiros e companheiras zapatistas, interessar-se pela situação em que se encontram, partilhar a sua realidade, documentá-la e difundi-la”.

No trajecto-maratona ouviram as autoridades autónomas, que lhes descreveram a violência de que são vítimas na comunidade de El Pozo, em San Juan Cancuc. Também lhes contaram que, em Peña Limonar, Amaitik e Arroyo Granizo o governo tenta provocar “conflitos intracomunitários” dando apoio aos paramilitares. Os zapatistas também os informaram de que “o mau governo, através dos grupos paramilitares (OPDDIC, ORCAO), quer recuperar terras para desenvolver zonas turísticas e explorar recursos naturais vendendo-os a investidores estrangeiros”, como em Bolon Ajaw e Agua Clara. A brigada também constatou a depredação do território levada a cabo pelo governo na Reserva da Biosfera de Montes Azules, onde pretendem “despojar as comunidades e recolocá-las, mesmo pagando ‘indemnizações’ que chegam aos 200 mil pesos”. Não escapou aos brigadistas que “o papel representado pela maioria dos meios de comunicação contribui também para a tentativa de isolamento do movimento zapatista”. “Estamos unidos pela vontade e a necessidade de construir, através das rebeldias, esse mundo que já cresce na prática, como nos deram a conhecer os mais dignos desta terra”, afirmaram na conferência de imprensa final. Por Gloria Muñoz Ramirez, europazapatista.org

1º Diário: Na comunidade de Mitzitón

Um grupo de activistas europeus apoiantes do zapatismo percorre a região de San Cristóbal para manifestar a sua solidariedade e conhecer melhor as lutas. Desta série de Diários, eis a primeira etapa: a comunidade de Mitzitón, que enfrenta a violência e o saque dos paramilitares apoiados pelo “mau governo”. Por Brigada Europeia em Apoio aos Zapatistas

2º Diário: Caracol II, Oventik – “Corazón Céntrico de los zapatistas delante del mundo”

“Coração cêntrico dos zapatistas perante o mundo”: resistir aos ataques e provocações do mau governo, e ao mesmo tempo conseguir progressos na autonomia da vida comunitária, nas suas diversas vertentes. Por Brigada Europeia em Apoio aos Zapatistas

3º Diário: O Caracol de La Garrucha

Apesar de enfrentar diariamente os ataques dos paramilitares apoiados pelo mau governo, os quatro municípios autónomos de La Garrucha fazem progressos, sobretudo na saúde pública. Por Brigada Europeia em Apoio aos Zapatistas

4º Diário: Morelia, “Torbellino de Nuestras Palabras”

Neste Diário sobre o Caracol de Morelia, por comparação com os anteriores, sobressaem os aspectos práticos que asseguram a democracia autêntica e a soberania da base popular nas comunidades, em todos os níveis. Por Brigada Europeia em Apoio aos Zapatistas

5º Diário: Agua Clara

Como um empreendimento turístico num cenário paradisíaco se transforma, conquistado palmo a palmo e dia a dia, em um projecto colectivo de várias comunidades. Uma descrição impressionante de firmeza e resistência. Por Brigada Europeia em Apoio aos Zapatistas

6º Diário: Caracol nº 5 – Roberto Barrios, “el Caracol Que Habla para Todo”

Neste conjunto de quatro municípios a luta é dura, contra o governo, os provocadores e os assassinos. Mas há progressos grandes em muitas áreas da vida social. “Está claro que um dia o neoliberalismo irá tropeçar nas resistências de todos os cantos do mundo. Temos a esperança de vencer o nosso inimigo”. Por Brigada Europeia em Apoio aos Zapatistas

7º Diário: Caracol I – La realidad, “Madre de los caracoles. Mar de nuestros Sueños”

Mesmo não havendo nesta zona uma agressão de maior gravidade, podem aparecer aí problemas graves no futuro. “Permanecem as intenções de dividir as pessoas, avançando com projectos à socapa [disfarçadamente], esperando que caiamos na ratoeira de aceitar apoios”. Por Brigada Europeia em Apoio aos Zapatistas

8º Diário: Presídio do CERESO 5, San Cristobal de las Casas, Chiapas

Visita da Brigada a uma prisão na capital do Estado de Chiapas. “Foram-me infligidos muitos castigos, mas quando temos a liberdade cá dentro não nos conseguem vergar.” Por Brigada Europeia em Apoio aos Zapatistas

 

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