Por Isadora Malveira

Hoje, dia de assembleia geral convocada pela reitoria [da Universidade Federal de Goiás — UFG], tinham cerca de 4 mil pessoas no Centro de Eventos, aguardando o posicionamento e informes sobre a situação financeira da universidade.

Reitor garantiu que na haveriam demissões devido aos cortes de gasto. Alívio! Ao menos uma pequena vitória no meio de tantos ataques e, sinceramente, derrotas.

Enquanto o reitor convidava essas pessoas todas pra abraçar o Centro de Eventos, companheiros vão falar com os funcionários terceirizados, pra levar a boa nova. Eles, no entanto, os receberam com a voz embargada e um aviso prévio na mão.

Trinta e quatro vigias foram demitidos. Trinta e quatro. Os primeiros afetados nesse momento são os trabalhadores. A notícia das demissões foram um soco no estômago, assembleia estava cheia, um momento pra se pedir um esclarecimento da reitoria e pra lembrar todos os presentes quem já está fudido.

A fila para inscrição de fala estava gigante, era impossível falar do 39° lugar, lá já estaria esvaziado [a assembleia]. Na esperança, ainda me iludo às vezes, falei com um pessoal do DCE, que falariam logo em seguida, pra ver se me davam um minutinho ou, eles mesmos, levassem essa informação ao público. Mas, não, essa não era a pauta deles.

As falas que se seguiram foram agradecendo a reitoria de esquerda por proporcionar ao corpo estudantil aquele momento. Foi pra tirar o pé do chão, estilo show de axé.

Pois bem, se essa não é a pauta deles, é a nossa. Trinta e quatro famílias vão ser afetadas, tô falando de pôr comida na mesa e pagar conta pra sobreviver. Tô falando de gente, PESSOAS, demitidas, arrasadas, preocupadas.

Sabe, o chão da faculdade não se limpa sozinho, o banheiro não se lava sozinho, a segurança não é feita por mágica, a UFG não é Hogwarts que as portas se abrem só, precisa de um funcionário responsável pelas chaves, pra abrir e fechar.

É um soco no estômago e é pra ser mesmo. É pra doer. É absurdo, é inadmissível. Ainda me surpreendo, sim. Porque é uma questão tão básica, de solidariedade primária. A defesa da universidade se faz urgente mesmo e, pasmem, lutar para revogar essas demissões se tratam disso também.

Essa é uma pauta urgente, pra ontem. O inadmissível é inadmissível. Não deve ser acostumado, não deve ser relevado nem negociado. Inadmissível é pra ser rechaçado, acabado, destruído. E essas demissões são isso, inadmissíveis. Cabe a nós lutar para revogar cada uma delas.

Abraçam prédio mas não olham com humanidade pra seres humanos, inadmissível.

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