Por Dois imigrantes em Portugal

O 25 de Abril está morto. Isto é o que pudemos constatar em poucos meses de vida e trabalho em Portugal. Isto é o que pudemos constatar em nosso primeiro “feriado” comemorativo desta data, que o 25 de Abril está morto. Afirmamos isso ao não notarmos sequer sombra do ímpeto contestatório do Processo Revolucionário em Curso (PREC) de outrora, entre os trabalhadores. A partir de nossas experiências imediatas e daquilo que acompanhamos da vida política recente em Portugal, não de um estudo sociológico, o que vemos é a total apatia dos trabalhadores, concomitantemente a uma ascensão considerável da extrema-direita fascistizada e da xenofobia, capitaneada eleitoralmente pelo Chega. Em nossos trabalhos, o que vemos são trabalhadores rindo dos colegas humilhados por seus chefes e gerentes, regozijando-se quando é o outro que teve seu salário descontado por um “pedido errado” ou uma taça quebrada. Uma total ausência de solidariedade e consciência de classe, mesmo que totalmente prática. Uma colega brasileira, fodida como todos nós, chegou a reclamar que o filho tinha que fazer um trabalho sobre o 25 de Abril, “aquela merda de revolução dos esquerdistas”. A mesma disse que sua maior contradição era gostar de Raul Seixas e Paulo Coelho, pois ela era de direita e ambos “eram comunistas”. Outro colega, português e tão fodido como nós, afirmou que o problema do 25 de Abril era “não ter matado todos os comunistas”. Enquanto isso os patrões podem dormir sossegados. Poderia o 25 de abril não estar morto?

Os patrões jogam ainda com a questão dos contratos de trabalho, pois sabem que os setores como a Restauração (restaurantes, cafés, bares, etc.) e a Construção Civil são a porta de entrada para o trabalho de milhares de imigrantes em busca de trabalho. Ter um contrato de trabalho é condição primordial para tentar uma permanência legalizada no país, por meio das chamadas Manifestações de Interesse. Prometem-se contratos que nunca chegam e, quando chegam, são totalmente inferiores ao que de fato se trabalha, pagando-se “por fora” o restante de horas trabalhadas, o que é muitas vezes muito mais do que o número de horas previstas no contrato. Jornadas de 12 horas são comuns, pois “quanto mais você trabalhar, mais você irá ganhar”, dizem os patrões. Assim como toda a sonegação de impostos realizada com burlas diárias, chegamos a ouvir que “afinal, não estamos aqui a trabalhar para eles [o Estado], não é mesmo?! Prefiro pagá-los por fora do que dar dinheiro a eles!”. Um de nós chegou mesmo a ouvir do proprietário de um bar: “isto aqui é uma família!”. Certos setores econômicos de Portugal se encontram no futuro do pretérito, reproduzindo de forma modernizada relações trabalhistas que há muito já deveriam ter desaparecido, mesmo no capitalismo.

Portugal vive ainda uma brutal crise habitacional, com aluguéis atingindo patamares sem antecendentes nas últimas décadas. Centenas de trabalhadores dividem apartamentos superlotados, alugando quartos individuais quando muito. Para se alugar um apartamento de 1 quarto, fora dos grandes centros, paga-se quase 1000 euros mensalmente. Mas, para conseguir esse “privilégio” de alugar uma moradia só para a sua família, pede-se de 4 a 6 meses de adiantamento, entre aluguéis e cauções, além de fiador em muitos casos. Isto pode representar um mínimo de 3500 euros só para conseguir começar a morar com um mínimo de decência. Fora a xenofobia. Não vamos gastar o tempo do leitor com longas descrições de situações vividas, mas sim, ela existe. No trabalho, no banco, no mercado, nas ruas, em todo lugar e em diversos níveis, do mais sútil ao mais grosseiro e violento. Aonde vive o 25 de Abril?

Acordamos hoje para trabalhar no feriado (um de nós apenas, pois o outro quase partiu para a ação direta contra um gerente histérico ontem e pediu demissão), assistindo a cobertura do 25 de Abril nos jornais locais. O que vimos foi um “7 de Setembro à portuguesa”, com paradas militares celebrando a hierarquia na corporação e diante dos Chefes de Estado. A declaração do presidente português, que repercutiu pelos maiores jornais do mundo, que afirmou a “dívida histórica” e o “dever de reparação financeira” dos “povos escravizados”, demonstra que a luta anticolonial dos revolucionários de outrora também foi totalmente recuperada, apropriada pelo programa fascistoide “decolonialista” e identitário, hoje hegemônico na esquerda. Não sobra nada. Nas ruas, o que vimos foram apresentações escolares, cravos de papel sendo distribuídos e comemorações vazias. E turistas, muitos turistas circulando e consumindo, conforme já aguardavam os patrões da Restauração. Ontem não havia o menor “espírito” do 25 de Abril nas ruas, e amanhã já não haverá vestígios novamente. Transformando-se em uma “data cívica” como outra qualquer, o 25 de Abril morreu.

Mas, não foi uma vitória para a Democracia, o 25 de Abril? Para aqueles que vendem sua força de trabalho, que insistimos em chamar de proletários, com certeza foi uma vitória a derrubada do fascismo salazarista. Sob o porrete fascista é muito mais difícil para a classe se organizar politicamente. Enfim, Portugal se tornou uma grande Democracia, de fato. Isto significa que instaurou-se um regime político mais adequado ao imperativo da mais-valia relativa, especialmente após o estabelecimento da União Europeia, que retirou Portugal do ostracismo econômico de 5 décadas de fascismo. No entanto, como toda Democracia surgida da derrocada de regimes totalitários, graças à luta de milhares de trabalhadores, trata-se de um regime inerente à dominação capitalista (burguesa e gestorial) de classe. Politicamente, as Democracias são de fato ambientes um pouco mais abertos à organização política. Mas, não nos emocionemos muito com isso, pois sabemos o que acontece com iniciativas que se ponham a questionar a ordem dominante, no “Estado Democrático de Direito”. Neste sentido, que é hoje o mais importante por ser aquele que constitui o real processo em curso, enquanto os democratas e muitos conservadores comemoram a “vitória da liberdade” conquistada pelo 25 de Abril, para os trabalhadores (de fato, independentemente, dos matizes ideológicos), assim como para as debilitadas forças sociais anticapitalistas, significa hoje uma grande derrota, pois foi completamente fagocitado pelo Estado e suas instituições.

Não se trata de uma reflexão ressentida ou derrotista. Aceitar a derrota quando ela realmente ocorre é o mínimo que deve fazer um revolucionário. A crença em uma falsa vitória é sempre pior que uma derrota assimilada conscientemente. Não temos “esperança”, um instrumento dos idealistas. Temos a certeza racional de que, enquanto o capitalismo existir, as contradições que lhe são inerentes podem eclodir em novas lutas e novas formas de organização da classe. Se isto ocorrer novamente em Portugal (não apenas), e é o que desejamos que aconteça, poderemos dizer que o 25 de Abril está vivo novamente.

12 COMENTÁRIOS

  1. O 25 de abril está morto, e talvez isso seja bom. Viva a contingência ! O campo das possibilidades está aberto ! A história da “consciência de classe”, que não está ou nunca está suficientemente presente, não pode ser medida num determinado momento, mas sim ao longo do tempo, em lutas e experiências concretas, em novas configurações produtivas. Se “l’avenir dure longtemps”, é talvez o nosso desfasamento temporal que temos de questionar. Houve um tempo em que os proletários tinham uma opção não ideológica: a autogestão. O que é que pode ser autogerido numa sociedade atomizada? Talvez o caminho a seguir pelos proletários neste momento seja mais “Glovo-lizado”. Como sempre, é uma questão de desenrascar-se. Os “revolucionários” não são mais virtuosos do que os outros, e se eles pensam que são mais virtuosos, e que têm “mais consciência” do que os outros, é talvez este preconceito que temos de eliminar em primeiro lugar.

  2. Caro Custódio, tendo a achar que, ao menos em parte, você não entendeu o texto. Assim como tendo a discordar de suas afirmações. Inicio pelas supostas incompreensões: em nenhum momento o texto afirma que os revolucionários têm mais consciência de classe ou são seres superiores e iluminados. O que se afirma é que aqueles que reivindicam essa posição tenham consciência das derrotas. Você já participou de uma greve sindical? Em caso afirmativo, saberá que grandes derrotas são sempre transformadas em pequenas “vitórias do movimento paredista”. É disto que se está a falar, não de outra coisa qualquer. Sobre consciência de classe, o que se disse foi sobre a ausência de solidariedade entre trabalhadores no cotidiano laboral, nada além disso. Em que eu discordo: se não há que se comemorar falsas vitórias, quem dirá comemorar verdadeiras derrotas. Sob a perspectiva do texto, não há qualquer ganho político na provocação “o 25 de Abril está morto”. O que a sua fala faz é renovar a posição criticada no texto, transformando a comemoração das falsas vitórias em comemoração das derrotas. Isto é trocar 6 por 1/2 dúzia. Há uma tendência hoje na extrema-esquerda a recusar completamente as lutas do passado, celebrando-se a suposta novidade total do presente. Se os que lutam não trazem consigo algum aprendizado retirado das lutas passadas, mesmo que derrotas, poucas chances têm de lidar com os desafios do presente. Infelizmente, o “inovacionismo” penetrou também a extrema-esquerda. Não teria o próprio Gramsci feito a apologia do “americanismo” (fordismo-taylorismo), que liberaria a mente dos operários para conspirar, enquanto mantinha seus corpos como apêndices das máquinas?! Então, viva à “glovo-lização”, abaixo a história!

    Também desconheço o que seja uma “opção não-ideológica”. De qualquer forma, o que havia de autogestionário e/ou autonomista no 25 de Abril hoje, infelizmente, está morto. Ao menos naquilo que se reivindica como sendo a Revolução dos Cravos, aos 50 anos deste importante evento.

  3. Caro, pode haver alguns mal-entendidos é certo. Num primeiro tempo mais empírico, e sensitivo estava quase de acordo com o texto. Mas, olhando um pouco para trás, há algumas ideias que são surpreendentes.
    Sem entrar em demasiados pormenores, por exemplo: “o que vemos é a total apatia dos trabalhadores” – “Uma total ausência de solidariedade e de consciência de classe”.
    Não falamos aqui da “sombra do ímpeto contestatório do Processo Revolucionário em Curso” … só isso !?
    Antes do 25 de Abril, houve lutas em Portugal, mas quem pensou (neste Portugal “atrasado”) por um momento numa coisa como o PREC ?
    Como é que se deve interpretar tudo isto ?
    Só os “revolucionários” sem revolução é que são sérios, lúcidos e solidários ?
    Reflexão : Nunca a vi tanto oportunismo nos meios dos militantes estes “milites”.
    Não quero entrar em polémicas, porque as digressões seriam enormes.
    O que me parece o mais estranho é esta série de lamentações seguidas desta mística “praxis” das lutas, que vem quase resolver a suposta “apatia” dos proletários, e suas ideias fascistas.
    O capitalismo não é tão contradições que ambiguidade e complexidade estocástica.
    O Economicismo dos “revolucionários” parece ser um velho e ultrapassado debate . Tanto como este dualismo entre idealismo e “a certeza racional” outro ponto cego.
    O que é o comunismo camarada ? Já não se pode nem sequer pronunciar esta palavra… Esperança dum mundo melhor ? E porque não?

    Com fraternidade.

    “Qual é coisa qual é ela
    Que não sabes o que é
    Mas andas sempre atrás dela
    Dor a dor, pé ante pé
    A jogar às escondidas”

  4. Caro Custódio,

    Seu novo comentário está mais claro e mais substancial. Agradeço as críticas e refletirei sobre elas. No entanto, parece-me que você segue imputando afirmações que vão muito além do que foi escrito. A interpretação é livre, mas a fronteira entre a interpretação e o falseamento é sempre nebulosa. Talvez não seja a sua intenção, mas há imputações suas, a meu ver, incabíveis para este texto. A única que me interessa aqui discutir, pois já comentei outras e não voltarei a elas, é sobre a “certeza racional”. Foi proposital essa afirmação, para confrontar o atual irracionalismo. Mas, preste atenção, a certeza racional aqui é sobre a abertura histórica para a possibilidade de uma revolução. Não há aqui nenhum economicismo, não se afirmou a certeza de que ocorrerá, o dia e a hora, nem a forma disso. Apenas a certeza racional de que a história é aberta e de que enquanto houver contradições podem (não dissemos que vai) ocorrer novas lutas. Suas críticas são relevantes, mas elas parecem estar prontas e guardadas esperando para serem usadas, e nosso texto pareceu um bom alvo, mas não foi. Enfim, após quase concordar com o texto, isto lhe causou algum mal-estar que lhe impeliu a distorcer o que foi dito. Sigo pronunciando essa e outras palavras “proibidas” (por quem?): o comunismo (parece que a “razão” também foi cancelada). Embora o texto sequer a tenha mencionado, com todos os problemas que ela possa evocar, me parece um problema mais relevante de se enfrentar do que a “esperança num mundo melhor”. Todos temos as nossas esperanças, mas não é essa a matéria-prima da história, me parece.

    Fraternidade retribuída.

    *****

    Apenas uma última observação. As palavras mais questionadas aqui foram “razão”, “revolucionários” e uma não dita, “comunismo”. Talvez seja sintomático do “atual estado das coisas”, parafraseando a celebre frase atribuía ao Salgueiro Maia, já que este é o assunto.

  5. Poucos dias antes de ser brutalmente assassinada, Rosa Luxemburgo produziu um escrito no qual refletia sobre os revezes e triunfos das lutas proletárias. Destacou a relevância de “sabermos em que circunstâncias teve lugar cada derrota, quer dizer, se esta foi o resultado de umas massas imaturas que se lançam à luta, ou de uma ação revolucionária paralisada no seu interior pela indecisão, a fraqueza e a falta de radicalismo” (A Ordem Reina em Berlim, 1919).

    Sem tratar do contexto, quero ressaltar a conduta de Rosa: o fato de ter-se detido e examinado as derrotas de modo racional, visando fins práticos. Reconhecer e compreender os revezes das lutas é um dos passos basilares para a superação (dialética) dos obstáculos. Tal conduta aplica-se tanto a conflitos de pequena escala, como à derrota de uma greve de trabalhadores em uma empresa, por exemplo, quanto a revoluções de grande escala, como foi o caso do contexto vivido por Rosa e o 25 de abril. Isso deveria ser claro, porém, ao ler certos comentários, observa-se que não o é.

    Parabenizo os dois autores pela coragem e por terem brevemente apontado elementos para se compreender as derrotas que estamos presenciando. Aliás, a respeito do 25 de abril, alguns historiadores indicam que a morte da revolução deu-se em 25 de novembro de 1975. Há um longo debate sobre essa perspectiva, na qual não me alongarei, apenas a menciono.

    Acho mais esclarecedor, neste momento, recordar o depoimento de José Afonso, vinte anos após o 25 de abril, no qual apontava: “o 25 de abril não foi feito p’ra esta sociedade, p’ra aquilo que estamos agora a viver. Aqueles que ajudaram a fazer o 25 de abril – não foram só aqueles que o fizeram – imaginaram uma sociedade muito diferente da actual que está sendo oferecida aos jovens”.

    Mesmo assim, cinquenta anos depois, há aqueles que insistem em não ver as derrotas e os problemas.

    Enfim… encerro por aqui.

    Saudações.

  6. Caro Francisco Gonzaga,

    Agradecemos suas considerações. As referências à Rosa e ao Zeca Afonso foram precisas, não poderiam ser mais. Não foi só o comunismo que se tornou uma palavra “impronunciável”, conforme anunciado por outro comentarista. Como vimos, razão, história, revolução, práxis, luta, todos esses termos estão a ser abandonados. Mas, não generalizemos, não é mesmo… Também “atraso” é escrito entre aspas, afinal, seria “economicismo” usar esse tipo de termo para descrever Portugal durante o fascismo e nas décadas imediatamente posteriores.

    Quanto ao 25 de Abril, basta acompanhar as notícias nos jornais portugueses e brasileiros, para ver a imagem construída em torno dessa importante data para as lutas proletárias: apelos a uma “democracia incompleta e inconclusa”, além das pautas identitárias e decoloniais recuperando as lutas revolucionárias contra o colonialismo, o racismo e a desigualdade de gênero. Em resposta às demagógicas declarações do Presidente português, identitários das universidades brasileiras estão prontos a perdoar as “dívidas históricas” do colonialismo em troca de bolsas e cotas nas universidades portuguesas. Vai sair barato para Portugal.

    Mas, o que outros comentários ignoraram foi que esse texto foi escrito por trabalhadores imigrantes, não por “revolucionários profissionais”. Foi necessário nos imputar esse rótulo bizarro para tentar deslegitimar nossos argumentos. Sinal dos tempos.

    Saudações fraternas,

  7. O argumento do revolucionário “não profissional” é um argumento demagógico, não é uma vacina. Temos de estar sempre atentos a este radicalismo retórico, que não leva a lado nenhum.
    Aparentemente, esses “trabalhadores imigrantes” estão muito interessados nos problemas das universidades ….e das bolsas. Como trabalhador, estou-me nas tintas para este problema, e os que trabalham comigo também.
    Como é que alguém pode prestar seriamente atenção aos jornais burgueses para nos dar o estado da luta de classes ? A liturgia não diz nada. É preciso acabar com este mito da apatia. Existem estratégias e colectivos de resistência anónimos, longe do circo das belas teorias, da desistência, da solidariedade familiar, da mudança para o estrangeiro etc.

  8. Fora do texto, parece que esses coletivos estão bem longe de muita coisa, talvez até dos trabalhadores… Diga-nos quais são, que estratégias são essas, onde atuam. Por enquanto, não passaram nem perto de nossos locais de trabalho, que estão bem longe das universidades, mas em bares e restaurantes. A crítica aos movimentos identitários brasileiros e suas estratégias políticas dentro das universidades é um tema recorrente neste canal, caso seja a primeira vez que você passa por aqui.

    Se existem de fato essas iniciativas, onde estão? Adoraríamos conhecê-las. Até lá, esse argumento do anonimato só serve para alimentar a mística de supostos coletivos secretos andando por becos obscuros da cidade. Anônimos, irrelevantes ou inexistentes? Caso não se encaixe em nenhuma das alternativas acima, apresente-nos a possibilidade de atuar em Portugal. Se o assunto é retórica e demagogia, foi só o que vimos em seu comentário por enquanto, nada além de palavras. “Circo da mudança para o estrangeiro”… ou o camarada ignora os movimentos migratórios de milhões de trabalhadores pelo mundo todos os anos, ou teve seu espírito patriótico ofendido com o texto… Como a xenofobia nunca foi exclusiva da direita, fica a dúvida…

    *****

    Fora o cheiro de anti-intelectualismo, contra as belas teorias e as universidades. Fora do texto pode olhar para Columbia nos EUA, por exemplo, pode amansar a sua verborragia…

  9. Caro, O argumento da “xenofobia” aqui utilizado é típico dos identitários! Um argumento típico de estudantes retrógrados vestidos com fatos da classe trabalhadora. Para deslegitimar ou como um típico negócio de políticos, profissionais ou não.
    A imigração é uma forma de combate, resistência, não de apatia. E eu sei do que estou a falar. Isto sem dar argumentos morais e circunstanciais ridículos (não históricos) sobre quem está ou não a lutar de forma “revolucionária” e a dar pontos de radicalismo. Já estou à espera do próximo argumentum ad Hitlerum !

  10. Para Fora do Contexto (me parece melhor assim) a xenofobia é um “argumento identitário”, não uma realidade concreta, uma chaga que se alastra novamente pela Europa e pelo mundo. Mais de 1 milhão de votos no Chega também não significam nada, são questões “circunstanciais ridículas e não históricas”.

    Mas, o que o ofendeu realmente foi o uso do termo “revolucionários” uma única vez para refletir sobre como lidar com as derrotas. Ninguém falou sobre como deve ser uma “luta revolucionária”, o que demonstra sua desonestidade (anti)intelectual. Não parou de falar das universidades, apesar de não ser o assunto e de estar nas “tintas” por elas. Imigração é uma forma de combate?! No capitalismo é uma tentativa de sobrevivência, ou a fuga de condições miseráveis, ou a busca por condições um pouco melhores para os trabalhadores. Pare de falar sandices que está a ficar feio. Hoje é 1° de Maio, aliás. Aguardamos os “coletivos” que citastes e suas “estratégias” nas ruas, para além do folclore partidário-sindical. Onde estão?! Aguardemos para ler em seus jornais “não-burgueses”. Quais?! Os leitores aguardam informações por essas experiências (não-revolucionárias alternativas?!). Custódio e Fora de Contexto, se não forem o mesmo ING (Indivíduo Nao-Governamental), são do mesmo “coletivo”, quiçá uma dupla sertaneja.

    Voltando à xenofobia e ao trabalho de imigrantes, Fora de contexto não sabe o que é sofrer chantagem de patrões locais, ouvindo que “não dão contrato, ou não gostam de contratar imigrantes recém-chegados, pq só querem se legalizar e ir embora”. Ou ter que correr atrás de um ex-patrão fdp que não quer pagar o seu salário, ter que ameaçá-lo fisicamente para receber e ouvir que vc será mandado de volta para o Brasil”, depois de receber parte em moedas de 1 centavo. Ou abrir a porta para a sua vizinha de 70 anos reclamar do seu filho de 2 estar a brincar em casa às 5 da tarde por não ter vaga na creche, e ouvi-la soltar impropérios sobre “o que vêm para cá fazer esses imigrantes”. Ter que ligar para proprietário e imobiliária para resolver a situação e para não perder o réu primário. Essas e outras não são apenas experiências nossas, mas de vários colegas, motoristas de Uber, etc, com quem conversamos há meses.

    Então, “camarada”, enfie sua viola no saco e siga seu rumo, a menos que tenha informações e dados concretos para compartilhar, não sua verborragia pseudo-libertária, que essa já conhecemos e estamos fartos há tempos.

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