Por Passa Palavra

É com profunda tristeza que o Passa Palavra vem noticiar o falecimento de José Elísio Melo e Silva, aos 70 anos.

José Elísio foi um dos mais ativos colaboradores do jornal Combate, publicado em Portugal entre Junho de 1974 e Fevereiro de 1978. O compromisso do jornal se consolidava em “dar a conhecer e unificar as diferentes lutas dos trabalhadores e de todos os oprimidos”, conforme consta no Editorial de seu primeiro número, publicado a 21 de Junho de 1974.

Em 1975, alguns apoiadores do Combate, com destaque para o José Elísio, fundaram a livraria Contra a Corrente, no Porto. A livraria em questão foi de grande importância para a expansão do jornal — e, concomitantemente, para a expansão da divulgação das lutas desencadeadas no período. Na sequência da livraria do Porto foi criada outra em Lisboa.

A partida de José Elísio é uma grande perda para todos aqueles que persistem em crer e lutar por uma realidade distante das amarras e das opressões impostas pelo capitalismo e pelo Estado.

Nesse momento de profundo pesar, nos solidarizamos com sua família e amigos, e nos recordamos da atuação do companheiro. Ao fim do texto, estão anexados, respectivamente, um texto a respeito do jornal Combate, publicado em 2006 e assinado por José Elísio e outros autores, e a tese de doutorado “Livros que tomam partido: a edição política em Portugal, 1968-80”, de Flamarion Maués Pelúcio Silva, onde, no capítulo 6, pode-se conhecer um pouco da atuação de José Elísio no Combate e na Contra Corrente.

Jornal Combate, Portugal, 1974-1978: https://jornalcombate.blogspot.com/

Livros que tomam partido: a edição política em Portugal, 1968-80, Flamarion Maués Pelúcio Silva: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-07112013-131459/publico/2013_FlamarionMauesPelucioSilva.pdf

Além disso, os leitores podem ter acesso a todas as edições do jornal Combate através do link: https://www.marxists.org/portugues/tematica/jornais/combate/.

A imagem de destaque deste artigo pertence a Nick Karvounis. Em seguida, uma fotografia da edição do Combate com todas as suas publicações reunidas em um livro.

1 COMENTÁRIO

  1. Neste In Memoriam foi citada a tese de Flamarion Maués, posteriormente editada como livro, e foi indicado o link. Mas, para quem não tenha paciência de ir verificar o original, reproduzo uma nota de rodapé dessa tese:

    «“Graças a ele [José Elísio] o Combate conheceu uma grande expansão no Norte”, afirma João Bernardo, que recorda uma história que demonstra a importância da atuação de José Elísio na região: “Quando o Sartre e a Simone de Beauvoir estiveram em Portugal, durante o processo revolucionário, foram ao Porto e quiseram visitar fábricas ocupadas. O MES (Movimento da Esquerda Socialista), de quem eles eram próximos e que os guiava no terreno, não tinha contactos nenhuns nesse meio e foi à livraria Contra a Corrente do Porto para pedir contactos. Foi o José Elísio quem lhos deu. E assim o Sartre e a Simone de Beauvoir foram visitar as fábricas ocupadas, levados pelo MES, mas graças ao Combate. E o pobre do José Elísio, que estava de plantão na livraria, ficou sem conhecer o Sartre e a Simone. É a diferença entre o verniz exterior e os mecanismos internos”. Mensagem eletrônica de João Bernardo enviada em 15/8/2012.» (pág. 208).

    Era assim o José Elísio, sem se preocupar com o verniz exterior. Fazia o que tinha a fazer e desprezava as fachadas.

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