Por Felipe Catalani

 

A guerra na Ucrânia, que desde a invasão russa no início de 2022 produziu cerca de meio milhão de mortos [1], é acompanhada agora, no mesmo ritmo da conflagração global de um mundo à beira do abismo, por um não menos destrutivo conflito, desencadeado pelo massivo ataque de Hamas a Israel no dia 7 de outubro. De forma assombrosa, não faltou quem celebrasse como um glorioso “levante popular” de resistência contra a opressão tal assassinato de 1.300 pessoas, que incluiu um banho de sangue em uma festa e cenas como um grupo de homens erguendo como um troféu o corpo ensanguentado de uma mulher aos gritos de “ʾAllāhu ʾakbar” (Deus é O Maior), enquanto a enfiavam dentro de um jipe. Tal felicidade incontida por parte dos que exaltaram esse mega-pogrom, que só se explica pelo gozo antissemita de ver sangue judeu derramado (a contraparte de todo ato de terror), é tão mais absurda quanto era claro e absolutamente previsível o massacre palestino que se seguiria e a imediata resposta militar de Netanyahu, que em 6 dias lançou mais bombas sobre Gaza que os Estados Unidos lançou sobre o Afeganistão em um ano, acumulando milhares de mortos de forma ininterrupta. Nos braços de crianças, ainda vivas, escreve-se seus nomes para que sejam identificadas quando mortas, sob os escombros. Se tal retaliação era previsível para quem, de longe, acompanha os “eventos”, certamente ela o era para o Hamas.

Para muitos “especialistas em Oriente Médio”, tal ação era “inevitável”, “única saída possível”, isso quando não a compararam a uma reação física ou orgânica, quase como um cachorro que nos morde a mão quando lhe puxamos o rabo — como se estivéssemos falando, de fato, de “animais humanos”, como caracterizou o Ministro da Defesa de Netanyahu, ou mesmo de um fenômeno natural, e não de uma estrutura política na qual há decisão, comando, programa e projeto. Em suma, capacidade humana de abstrair e planejar, e não somente reações pulsionais. Para compreender tal fenômeno, apareceram as explicações automáticas de sempre: 1948, Nakba (termo oficializado por Yasser Arafat em 1998), as violências e abusos cotidianos e todas as tragédias que conhecemos sobre a vida em Gaza; e como justificativa, não menos automática, a frase “não confunda a reação do oprimido…” — já convertida em clichê e repetida ad nauseam.

Tais explicações espantam pela rapidez e facilidade com que parecem ter sido aplicadas, e pela relativa tranquilidade produzida diante da acelerada sequência de catástrofes a que se assiste. Afinal, como disse uma liderança palestina no Brasil: “Gaza é como uma favela, só que uma favela que pode desencadear a Terceira Guerra Mundial”. Até podemos, como bons materialistas, recorrer às “causas materiais”: opressão, penúria, luta por reconhecimento. Mas curiosamente ninguém deu muita bola para os anúncios oficiais do próprio Hamas. Em sua “Nota à imprensa” do “Escritório Central de Mídia”, emitida no próprio dia 7 de outubro, lemos “um convite para cobrir a operação ‘Tempestade de Al-Aqsa’”, que assim se inicia:

“À luz da abençoada operação militar anunciada pelas vitoriosas Brigadas Mártires Izz al- Din al-Qassam, ‘Tempestade de Al-Aqsa’, que começou esta manhã em resposta à agressão sionista contra o nosso povo, os nossos prisioneiros, a nossa terra e as nossas santidades, que não pararam apesar das advertências emitidas pelo movimento Hamas e pelas facções de resistência, de que o inimigo sionista está a brincar com fogo através da continuação dos seus crimes e das suas políticas fascistas, que visam a existência palestina e as suas santidades islâmicas e cristãs, no centro da qual está a abençoada Mesquita de Al-Aqsa, que está a ser alvo de frenéticas tentativas de colonização para a dividir no tempo e no espaço e impedir o nosso povo de rezar nela, marcando a construção do seu alegado templo.” Mais adiante, consta que “a prioridade desta operação é proteger Jerusalém e Al-Aqsa e impedir os planos da ocupação que visam judaizá-los e construir o seu alegado templo sobre as ruínas da primeira qibla [direcionamento das orações] dos muçulmanos.” [2]

Segundo uma matéria da Reuters, uma “fonte próxima ao Hamas” conta que “foi em maio de 2021, depois de uma invasão do terceiro local mais sagrado do Islã que enfureceu o mundo árabe e muçulmano, quando [Mohammed] Deif começou a planejar a operação”. Ou seja, cerca de dois anos e meio de preparação para a “abençoada operação Tempestade de Al Aqsa”, referência à célebre mesquita de Jerusalém. Segundo a fonte de Gaza, “isso foi desencadeado por cenas e filmagens de Israel invadindo a mesquita de Al Aqsa durante o Ramadã, batendo nos fiéis, atacando-os […] tudo isso alimentou e acendeu a raiva.” [3]

Não deixa de chocar a estupidez de policiais que invadem um local de culto e batem em pessoas rezando. Mas não é irrelevante ressaltar que talvez o principal motor da “Tempestade de Al Aqsa”, na medida em que é necessário também um engajamento de muita gente para topar participar de algo assim (com consequências suicidas previstas), tenha sido um sentimento de ofensa moral e religiosa — algo que escapa às nossas clássicas análises agnósticas — embora todo o caldo de humilhação e sofrimento acumulado precisem ao mesmo tempo servir como lastro. Ora, devemos lembrar que, no Brasil de 2018, apesar de todo o chão material preparado para o bolsonarismo, foram sentimentos de horror moral e indecência (mobilizados por imagens ultrajantes do adversário, mesmo que eventualmente ligadas a todo tipo de ficção possível) que se converteram em uma gigantesca força política e que mobilizaram pessoas a agir, também contra seus interesses objetivos. Em 2020, dezenas de milhares de muçulmanos saíram às ruas no Paquistão para protestar contra a reimpressão dos cartuns de Maomé pelo jornal francês Charlie Hebdo[4], que em 2015 sofreu um ataque terrorista que resultou em 12 jornalistas mortos. Tornou-se obsoleta a tese marxista da fome e desejo de liberdade como motor político da revolta? Na mesma gravação de Mohammed Deif citada pela Reuters, o chefe do braço armado do Hamas se refere a Israel como uma “orgia”. O fato de que, nessa operação complexa e minuciosamente planejada, justamente uma rave tenha sido escolhida como principal alvo de uma chacina, como local da imoralidade e da devassidão ocidental, não é um acaso.

Um ataque dessa magnitude exige uma organização, envolvendo necessariamente a elite política e econômica do “Eixo da Resistência”, que tem em uma ponta o Hamas, uma milícia cujo documento de fundação se baseia nos Protocolos dos Sábios de Sião (a mesma teoria conspiratória utilizada pelos nazistas a fim de exterminar os judeus), e na outra o regime dos aiatolás do Irã, cujo chefe de Estado nega o Holocausto como fato histórico — desnecessário dizer qual é a “abençoada missão” que os une (que é publicamente verbalizada dia sim, dia não). De todo modo, para realizar aquele massacre, é necessário um mecanismo de participação — não dos chefes da organização, que estão bastante seguros e confortáveis no Catar — mas daqueles dispostos a serem usados como bucha de canhão em um ato tanto ultraviolento quanto suicida (o maior em décadas) e que, de modo calculado, previa o contra-ataque militar de Israel, que agora busca nada menos que destruir militarmente o Hamas e fazer uma sangrenta incursão terrestre em Gaza. Entre os espectadores midiáticos da destruição, não faltam os que dela participam como torcedores ativos, dividido entre os que desejam que aquele pequeno enclave no Mediterrâneo seja transformado em um grande estacionamento e os que torcem para que Irã e Hezbollah “virem o jogo”.

A comparação do ato do Hamas com as estratégias clássicas das guerrilhas revolucionárias de liberação nacional faz pouco ou nenhum sentido. A fim de ornamentar de vermelho um ato bárbaro, evocou-se a heroica temporalidade histórica da época de Mandela, Argélia, Vietnã e mesmo de Che Guevara. Podemos estar equivocados, mas talvez o recado do próprio Hamas seja o de que a causa palestina, ao menos em Gaza, é uma causa perdida[5] — daí a disposição de oferecer de modo sacrificial a própria população em um ato militar autodestrutivo. É claro que tal niilismo amok transcende Gaza e o Hamas, e teria que ser remetido tanto a uma lógica social geral do capitalismo contemporâneo, quanto à lógica do islamismo político, que nada tem de arcaico ou pré-moderno, sendo ele na verdade um sintoma ideológico do nosso fim de linha histórico — não são raras as vezes em que se discute a questão Israel/Palestina como se aquele conflito constituísse um microcosmo histórico imune aos processos sociais gerais.

Para compreender a disposição subjetiva para tais ações, inclusive em missões diretamente suicidas como as dos “homens bomba” (que exigem, se não uma enorme dose de coragem, pelo menos a supressão daquele mais básico e instintivo medo de morrer[6]), não se pode ignorar a figura do mártir — algo presente em toda cultura militar, mas que assume uma forma própria no islamismo político. [7] Aqui, mártir não é só o que age, mas todos que são de alguma forma sacrificados também pelo ataque adversário: uma criança morta em um bombardeio torna-se igualmente um mártir. A viúva de um mártir do Hezbollah conta o seguinte a um jornalista, que passou anos viajando e pesquisando sobre o tema: “Meu marido é um mártir. Pois bem, agora ele está no paraíso. Era muito triste para ele já ter mais de trinta anos e ainda não ser um mártir. Ele estava muito triste em seu aniversário. Eu disse a ele então: não se preocupe, você conseguirá o que deseja. […] Para nós, é normal viver assim… se meu filho decidir seguir o mesmo caminho, eu o ajudarei a fazer isso.”[8] Temos grandes dificuldades de entender tal raciocínio, evidentemente. Tal ideologia só pode fazer sentido em uma situação na qual a ideia de futuro (em sentido terreno) deixou de ser um operador histórico e subjetivo, de modo que a glória simbólica do mártir possa de fato “ter um lastro”. No caso do Hamas, tal glória é produzida por uma série de práticas (anúncios televisivos, na rádio etc.) e documentos (biografias) que caracterizam tais mártires como santos que veem a vida temporal como fútil e a morte como único caminho para alcançar a existência plena de sentido.[9]

A violência que tal “ascese” permite, tão destrutiva quanto potencialmente suicida, é uma que nada tem a ver com “impulsos animais” incontrolados, como se pensa de forma estereotipada (e “orientalista”), como se se tratasse de “bárbaros selvagens” desprovidos de qualquer contenção civilizatória. Muito pelo contrário: trata-se na verdade de um excesso de abstração, uma enorme força de transcendência. Engana-se também quem imagina que os “recrutados” de tais atos são sempre pessoas “não educadas” e em situações de miséria material. Por exemplo (tomando um caso já antigo), um dos pilotos do atentado do 11 de setembro, Mohamed Atta, estudou arquitetura no Cairo e fez pós-graduação na Alemanha. Ironicamente (ou não), era um crítico do modernismo arquitetônico e não gostava dos prédios altos da capital egípcia. O mundo universitário tanto não é distante, que Ismail Haniyeh, um dos líderes do Hamas (sendo esta a organização que, entre os palestinos, mais incentivou esse tipo de ataque), chegou a ser reitor da Universidade Islâmica de Gaza. De todo modo, dizer que o Hamas são tiranos que subjugam os palestinos faz sentido, mas só até metade, pois há de se considerar que eles de fato conseguem e conseguiram construir hegemonia no território — afinal, mesmo quando falamos de “máfia” (e toda forma de rackets), não se trata meramente de um bando armado, mas de gente que efetivamente oferece proteção, inclusive social, confiança etc.

A relativização “decolonial” ou mesmo a positivação “anti-imperialista” de tais grupos é deprimente. Para além do antissemitismo de sempre (geralmente camuflado na forma de “análises” maniqueístas ou libelos sentimentais), agora intensificado e desrecalcado, há de se constatar uma certa fascinação pelo espetáculo da violência como frisson compensatório em uma situação de impotência política agudizada (algo que já se observava com a onda de adolescentes bradando em redes sociais “Stalin matou foi pouco!” etc.). Refletindo sobre elogios feitos ao Hamas, notou Matthew Bolton alguns anos atrás que “a expressão de apoio público à violência política (antissemita) direcionada a civis (judeus) parece gerar uma excitação vicária para um certo tipo de esquerdista: um frisson de admiração narcisista pela própria dureza revolucionária, orgulho pelo cultivo da sensibilidade endurecida e da moralidade ‘superior’ necessária para aceitar qualquer morte e destruição necessárias para a busca da causa.”[10] Isso quando não se rebaixa à pura crueldade do gozo ressentido, como no caso da dita especialista (de esquerda) no conflito Israel/Palestina, que publicou a foto da brasileira morta na festa onde ocorreu o ataque, com os ditos: “foi tarde”. Coisas parecidas foram publicadas em várias esferas e em vários lugares, do infeliz PCO ao Black Lives Matter de Chicago[11]. Não deixa de impressionar como, tanto à esquerda como à direita, passa-se muito rápido de um ultra-moralismo hipersensível para uma brutalização grotesca e irrefletida[12].

A celebração à esquerda do massacre do 7/10[13] espanta também por imaginar-se que tal gigantesca operação militar proposta pelo Hamas teria passado por “instâncias democráticas de decisão” (o que seria impossível) e que portanto haveria um respaldo popular à decisão de realizar um ataque que submeteria a população palestina à mais que previsível tempestade de bombas e mísseis que vem assolando Gaza desde então[14]. É de se perguntar se tais pessoas realmente têm tanto amor pelos palestinos ou se elas só projetam neles seu sonho de destruir Israel como realização da justiça suprema. Uma pesquisa recentemente publicada, com dados coletados antes da guerra, mostra que “de modo geral, os habitantes de Gaza não compartilham o objetivo do Hamas de eliminar o Estado de Israel. […] No geral, 73% dos habitantes de Gaza são a favor de uma solução pacífica para o conflito israelense-palestino. Na véspera do ataque do Hamas em 7 de outubro, apenas 20% dos habitantes de Gaza eram favoráveis a uma solução militar que poderia resultar na destruição do Estado de Israel.”[15] Ora, ideologias também encontram seus limites na realidade material e, como é de se imaginar, nem todo ser humano deixa se convencer pela maravilhosa ideia de se tornar mártir. A mesma pesquisa mostra que somente 29% dos palestinos tinha confiança no Hamas, sendo que entre as classes mais baixas a rejeição era ainda maior. Os dados gerais mostram um ceticismo popular não só em relação ao clã do governo, mas em relação ao aparato político como um todo. O que não impede que, com o caldo de ódio acumulado de uma vida vendo do outro lado da cerca as “aldeias prósperas com água, piscinas e festas”, muita gente tenha espontaneamente embarcado no dia 7 para simplesmente matar, saquear etc.[16]

Do lado israelense da cerca, a tendência bélica, tanto agressiva quanto suicida, alcançou agora com Netanyahu níveis apocalípticos. Para além da ameaça externa permanente, é provável que hoje a maior ameaça a Israel e à sobrevivência dos judeus seja a tendência entrópica de seu regime neomessiânico, que, na mesma medida em que reedita ideais de conquista com suas gangues que matam e aterrorizam árabes palestinos na Cisjordânia, se desenvolve de maneira absolutamente autodestrutiva. No que concerne à postura em relação à Palestina, o que vemos agora é a repetição e reafirmação de uma decisão já tomada, desde o momento em que Netanyahu optou por uma solução tecnocrática e militar ao invés de política para o conflito, que deverá necessariamente ser perpetuada por meio de uma gestão armada de uma população já economicamente supérflua, condenada a viver (e morrer) permanentemente entre bombas, ONGs e milícias, em meio a ruínas e campos de refugiados. Isso em nome de uma “segurança”, que também ela se provou inexistente. A socióloga israelense Eva Illouz observou que Netanyahu, com sua utopia tecnológica da segurança automatizada em Gaza, “transformou o exército num exército de ocupação, treinado para controlar civis em vez de vigiar as fronteiras”, funcionando como um bando de criminosos indiferentes à lei — não por acaso ele há tempos está sendo usado para servir a interesses particulares, inteiramente mobilizado para proteger e apoiar os colonos da Cisjordânia[17]. Há mais de vinte anos atrás, não muito tempo após o assassinato de Yitzhak Rabin, já constatavam dois autores israelenses: “Os israelitas veem o país cada vez mais como um barril de pólvora com a mecha acesa. A maior ameaça para eles não é o terrorismo fundamentalista, nem a guerra com os vizinhos, mas a dissolução a partir do interior […] Quando, numa sondagem Gallup para o jornal Maariv, no segundo aniversário do atentado, se perguntou se o país estaria mais perto da unidade ou da guerra civil, mais do dobro dos israelitas (56 contra 21 por cento) responderam que estaria mais próximo o assassínio fratricida nacional do que a paz interna.”[18]

Hoje quem não está em guerra está se preparando para ela. Talvez o próprio mundo tenha se tornado esse “barril de pólvora com a mecha acesa”, algo que afeta não só os Estados, mas a própria sociedade civil e a opinião pública — quando foi a última vez que se viu algo parecido com a multidão que, com a notícia de que um avião estaria vindo de Tel Aviv, invadiu o aeroporto naquela pequena cidade russa no Daguestão, ultrapassando todos os portões e entrando na pista de aterrissagem, à caça de judeus? Após a era das “guerras de ordenamento mundial”, em que os conflitos armados ganhavam ares de gigantescas operações policiais (e vice-versa: as operações policiais urbanas se militarizaram e ganharam aspecto bélico), parece que, pelo menos desde a guerra na Ucrânia, estamos vendo um retorno dos “velhos conflitos” e o fim da utopia capitalista “pós-nacional” que vigorou a partir de 1990. Mas esses velhos conflitos recuperam sentido justamente em um cenário em que a lógica política pautada pelo mundo do trabalho (isto é, a luta de classes) vai se desmanchando e o apego às identidades nacionais (e seus respectivos mega-blocos) ganha consistência. Para o atual “anti-imperialismo”, que é antes um alter-imperialismo, elites russas e árabes são aliados objetivos, assim como o proletariado israelense e americano são inimigos naturais. No clima de preparação para a guerra, com seus diversos recursos midiáticos de engajamento, quem defender o “derrotismo revolucionário”, tal qual Lenin em 1914, será visto como ingênuo ou delirante anacrônico.

As imagens que ilustram o artigo são pinturas de Marc Chagall.

Notas

[1] <https://www.nytimes.com/2023/08/18/us/politics/ukraine-russia-war-casualties.html>

[2] <https://hamas.ps/ar/p/18188> Acesso: 20/10/2023

[3] <https://www.reuters.com/world/middle-east/how-secretive-hamas-commander-masterminded-attack-israel-2023-10-10/>

[4] <https://www.reuters.com/article/us-pakistan-protest-cartoons-idUSKBN25V2KJ>

[5] Kurz dizia que o nascente Estado palestino, antes mesmo de se formar, já funcionava como um failed state, tal qual qualquer outro na periferia colapsada do capitalismo global (situação condicionada não só pela dinâmica capitalista geral, mas agravada pela ocupação militar israelense): “O estado-fantasma palestiniano, por conseguinte, é o primeiro que já antes da sua fundação oficial entrou em processo de decomposição e apodrecimento. A formação de um Estado e a sua decomposição coincidem aqui de imediato, o que constitui um paradoxo histórico. Ainda antes que pudesse desenvolver-se um aparelho de Estado abrangente, com legitimação e história próprias, tomam o seu lugar estruturas de clã, senhores da guerra e estruturas mafiosas.” Robert Kurz, “O Médio Oriente e a síndrome do anti-semitismo”, <http://www.obeco-online.org/rkurz256.htm>

[6] É bem conhecido o uso de fármacos por soldados, existe toda uma psiquiatria militar, que no limite não se distingue tanto da nossa psiquiatria voltada para o mundo do trabalho. Alguns jornais noticiaram que também os soldados do Hamas estavam sob efeito de drogas para realizar o ataque (captagon, uma espécie de anfetamina).

[7] Para um estudo sobre a ideia de mártir como sustentáculo ideológico do Hamas, ver por exemplo: Eli Alschech, “Egoistic Martyrdom and Hamas’ Success in the 2005 Municipal Elections: A Study of Hamas Martyrs’ Ethical Wills, Biographies, and Eulogies.” Die Welt des Islams 48 (2008), pp. 23-49.

[8] Christoph Reuter, My Life is a Weapon: A Modern History of Suicide Bombing. Princeton University Press, 2004, pp. 71-72.

[9] Eli Alschech, op. cit.

[10] Matthew Bolton, “Climate catastrophe, the ‘Zionist Entity’ and ‘The German guy’: An anatomy of the Malm-Jappe dispute”: <https://www.academia.edu/108026972/Climate_catastrophe_the_Zionist_Entity_and_The_German_guy_An_anatomy_of_the_Malm_Jappe_dispute>.

[11] No segundo caso, sem o consenso geral do movimento, evidentemente.

[12] À esquerda, foram poucos os que tiveram a mesma grandeza dos zapatistas, fiéis ao horizonte libertário e capazes de dizer o básico contra a pulsão mórbida dos tempos. Nas palavras do Subcomandante Insurgente Moisés: “Ni Hamas ni Netanyahu. El pueblo de Israel pervivirá. El pueblo de Palestina pervivirá.” <https://enlacezapatista.ezln.org.mx/2023/10/16/de-siembras-y-cosechas/>

[13] Tematizada também aqui: <https://passapalavra.info/2023/10/150356/>

[14] Tariq Ali esteve também entre os primeiros que celebraram o mega-pogrom como um “levante”: <https://newleftreview.org/sidecar/posts/uprising-in-palestine>

36 COMENTÁRIOS

  1. Muita tinta gasta para dizer pouco.

    Ao fim do texto confirma-se o que se sabia no início: passação de pano para o nazismo israelense e redução da crítica ao appartheid de Israel ao chavão comum de ‘antissemita’. (Graças a Israel essa palavra se torna cada vez mais vazia).

    Islamofobia, por seu turno, parece fazer muito sentido hoje.

  2. Pouca tinta para dizer nada. Ou melhor, para reproduzir o senso comum de “esquerda”. Na mesma moeda temos a confusão entre antissemitismo e antissionismo de um lado, e a defesa do fundamentalismo islâmico, do outro. Sim, o Estado de Israel é fascista e terrorista, e está aproveitando a deixa do Hamas para fazer a “limpeza” étnica que sempre desejou. Mas, o Hamas não só não representa o “povo palestino”, como o está usando como escudo humano na superfície de Gaza, enquanto se escondem por túneis, sob hospitais, escolas, etc. Enquanto essa “esquerda” seguir fundindo judaísmo e sionismo para mascarar seu antissemitismo, e defendendo o fundamentalismo terrorista “dos oprimidos”, teremos apenas o fascismo esbravejando contra si mesmo diante do espelho.

  3. Ótimo texto. Além de ir ao cerne do debate partindo do colapso global em curso(o que quase ninguem faz), vai atingir o alvo que é justamente desmascar o antissemitismo “progressista” como o verdadeiro “antiimperialismo dos idiotas” que ele é.

  4. Para o antissemita, não só todo judeu será, de antemão, “suspeito” em sua posição – além disso, toda crítica do antissemitismo será, ela mesma, vista igualmente como suspeita, potencialmente “colaboradora” (“passação de pano”), à revelia de todo o conteúdo dito. Lhe será permanentemente bloqueado entender o que é, de fato, o mecanismo ideológico do antissemitismo. Ódio, paranoia e aversão à reflexão andam juntos.

  5. Boa noite.
    Difícil acreditar no que eu estou lendo, ou seja, os palestinos e sua resistência ( o Hamas é só uma parte de sua totalidade ) que vivem sob ocupação e vítima de uma limpeza étnica desde 1948 é o principal culpado por tudo que está acontecendo na Faixa de Gaza. Esse texto seria uma grande piada se não fosse desonesto, anistórico, islamofóbico e pró Estado racista, terrorista ( como qualquer outro Estado é na perspectiva do proletariado ) e expansionista de Israel . Não apoio nenhum partido ( seja laico ou religioso ) nenhum governo e muito menos bandeiras nacionalistas. Mas não equiparo o Estado ocupante ( Israel ) com a resistência do ocupado ( população árabe-palestina ).

    *** *** ***

    Ah , esqueci de mencionar algo.
    O autor desse texto sabe que os árabes também são semitas ?

  6. O que me surpreende é a menção ao texto do adorado Robert Kurz que entre as várias lenga-lenga afirma que Israel deve ser o ÚLTIMO Estado a ser abolido!
    Muito malabarismo para uma tese de fundo que é: enquanto as coisas estiverem turvas melhor deixar tudo como está, isto é, deixar o Estado de Israel intocado!

  7. Gostaria de convidar os curiosos, e aqueles que dizem ter a luta de classes como princípio político, a navegar pelo site do HAMAS, usem o tradutor do Google se não forem fluentes em árabe. Seleciono aqui alguns trechos de sua apresentação oficial (https://www.mediaps.me/arabic/%D9%85%D9%86-%D9%86%D8%AD%D9%86), bem como do Pacto do HAMAS, documento de 1988, que traz seus princípios ideológicos e organizativos (https://avalon.law.yale.edu/20th_century/hamas.asp). Depois disso, aqueles que chamarem de “islamofóbico” quem insiste em se opor ao HAMAS e ao Estado de Israel por entender que se tratam de duas forças opressoras, uma interna e uma externa, ao “povo palestino”, podem rasgar seus exemplares do Manifesto Comunista.

    “As Brigadas Al-Qassam consideram a jihad e a resistência os meios mais eficazes para recuperar direitos e libertar a terra – mesmo que demore muito tempo – e por isso resistimos à ocupação com todos os meios legítimos de resistência que podemos fornecer de acordo com o direito natural que nos é concedido pelas leis celestiais e pelas leis terrenas justas”.

    “1- A fé em Deus e o compromisso com o Islã são um modo de vida; Exige que trabalhemos para estabelecer a religião e libertar a nossa pátria”.

    “10- A Jihad requer uma classe divina que possua um alto grau de compreensão, comprometimento, proximidade com Deus e adesão à moral.”

    “5- O povo palestiniano, em todas as suas categorias e segmentos, e em todas as suas localizações, é um corpo indivisível e participa conosco na resistência à ocupação, lado a lado, por todos os meios disponíveis”.

    “Extensão temporal do Movimento de Resistência Islâmica: Ao adoptar o Islão como modo de vida, o Movimento remonta ao tempo do nascimento da mensagem islâmica, do antepassado justo, pois Alá é o seu alvo, o Profeta é o seu exemplo e o O Alcorão é a sua constituição. A sua extensão é em qualquer lugar onde existam muçulmanos que abraçam o Islão como o seu modo de vida em todo o mundo. Sendo assim, estende-se até às profundezas da terra e alcança o céu.”

    “Quão excelente foi o poeta muçulmano Mohamed Ikbal quando escreveu: “Se a fé for perdida, não há segurança e não há vida para quem não adere à religião. Quem aceita a vida sem religião, tomou a aniquilação como sua companheira para a vida”.

    “O slogan do Movimento de Resistência Islâmica: Artigo Oitavo:
    ‘Alá é o seu alvo, o Profeta é o seu modelo, o Alcorão a sua constituição: a Jihad é o seu caminho e a morte por causa de Alá é o mais elevado dos seus desejos’.”

    “O nacionalismo, do ponto de vista do Movimento de Resistência Islâmica, faz parte do credo religioso. ”

    Deixo o resto para quem se der ao trabalho de ler, não faltam passagens como essas.

    Saudações comunistas.

  8. Só gostaria de reiterar, como a leiga que sou, que o antissemitismo historicamente se abateu sobre os judeus, não sobre os árabes. Tanto que o islamófóbico é diferenciado na história do antissemita, por que será? Talvez por uma concretude material, traduzida em seis milhões de corpos mortos em câmeras de gás. Mas ótimo, os comunistas contemporâneos são capazes de renegar a história em nome de uma narrativa. Vamos seguir com a mediocridade, já que o futuro não nos pertence.

  9. O fundamentalismo do amarelos, eis a pulsão de morte dos seguidores da gangue dos assassinos, “os verdadeiros”, discípulos do velho da montanha. O fascismo e seu “orientalismo”. jihad e os males, brasil e sua mundilidade. Enfim… Esquerda nacional-identitária.

  10. Não há uma linha sequer no texto – cujo autor eu parabenizo por tê-lo escrito – justificando o ataque de Israel. O que fez, sim, foi apontar pr’aquela merda no sapato de quem viu que pisou e ignorou. Na vida e na política, a ignorância fede. Convém aos comentadores criticarem o que leram, não se deixarem seduzir pelo ânimo das redes sociais para fazer acusações esdrúxulas sobre o anticapitalismo do autor.

  11. Se por um lado os sionistas buscam fazer uma associação entre antissionismo e antissemitismo, por outro lado muitos críticos do sinonismo buscam associar a crítica ao Hamas (e ao nacionalismo e fundamentalismo como forma de resistência) como se fosse uma defesa automática de Israel. É só olhar os comentários. E o interessante é que o texto não fez nenhuma defesa de Israel. Só se pode ter essa interpretação se 1) não se leu o texto; 2) se leu com a maior má vontade do mundo ou; 3) se adotou uma interpretação free style, onde o que de fato está escrito é secundário.

  12. Pelos comentários, dos mesmos inventores da “cristofobia” (quanto criticávamos os fascínoras bolsonaristas), temos que a crítica ao Hamas e ao jihadismo islâmico é “islamofobia”. Crítica da religião (junto com a crítica do capitalismo), adeus.

  13. Irado tanto reclamou do texto que acabou no final falando a mesma coisa que o autor original. Tô espantado com o nível de interpretação de texto dessa galera que tá reclamando com a pegada que “reproduz senso comum da esquerda”. Irineu reclama que o autor diz que os Palestinos são os principais culpados pelo que tá rolando na faixa de Gaza, quando foi muito o contrário o colocado pelo autor. Ao apontar a perspectiva autoritária e à baixa adesão dos Palestinos à perspectiva do Hamas (através da pesquisa apresentada), o autor só levanta o óbvio: a perspectiva adotada pelo Hamas intensificou SIM a morte de Palestinos por Israel, e isso não é culpar os palestinos, é apontar o óbvio. O Hamas ao atacar o gigante psicopata de Israel, é óbvio que esperava que houvesse retaliação, e tava contando com isso. Não adianta o fla x flu, a realidade é mais perversa que os emocionados pensam.

  14. Irado estava criticando o comentarista Johnny, anterior a ele. Realmente o nível de interpretação anda baixo. Iradinho quando estava na escola era bom de interpretação de texto, a fessora adorava ele.

  15. Ótima reflexão, parabéns pelo texto. Aliás Osama Bin Laden está de volta a pauta do anti-imperialismo americano.

  16. Irado, você muito corretamente menciona o PCO. Estava escrevendo algo rápido no Twitter/X (https://x.com/antoniobmad/status/1725632042082193911?s=20), refletindo sobre a alopração, maluquice e reacionarismo dessa seita/partido, que agora compartilho aqui.

    “Parece que ser de extrema esquerda para muitos é o mesmo que gritar mais alto e/ou fazer mais barulho, o que a meu ver é totalmente falso (o PCO parece ser o melhor exemplo disso). Aliás, aí está mais uma transferência de temas do fascismo para o interior de uma certa (ou certas) esquerda: a transformação da classe trabalhadora de categoria social/econômica para categoria moral. Trabalhadoras e trabalhadores não mais são aqueles cujo tempo de trabalho é controlado por outros; trabalhadores agora são aqueles sujeitos violentos, que falam alto, aqueles que não se rendem, os arrogantes, os fortes etc etc.
    Portanto, extrema esquerda não são aqueles trabalhadores que querem construir relações sociais novas, de igualdade e liberdade entre os seus; extrema esquerda, para alguns aloprados, tipo o PCO, é fazer barulho, fazer polêmica, é jogar colocar gasolina no fogo do conflito (qualquer que seja o conflito), é o permanente movimento pelo movimento, é dizer “Viva o Hamas!” enquanto se comemora a morte de mais de mil judeus no 7 de Outubro. Ora, mas foi isto aquele sindicalismo revolucionário inspirado por Georges Sorel, e que depois foi uma das componentes essenciais da formação do fascismo.”

    Àqueles que se interessarem por um maior desenvolvimento dessa deturpação/transformação do conceito de classe trabalhadora de uma categoria econômica para uma categoria moral, sugiro as aulas do João Bernardo (apenas não lembro se ele primeiro menciona isso na parte 1, 2, 3, 4 ou 5):
    Parte 1: https://www.youtube.com/watch?v=6IrU2HVpvtY&t=2s
    Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=gWVoo7j7dmU
    Parte 3: https://www.youtube.com/watch?v=RSqgWjt-HkQ
    Parte 4: https://www.youtube.com/watch?v=2CRuyuoP9AQ
    Parte 5: https://www.youtube.com/watch?v=nMY_ekk6sgE

  17. É inegável que o texto é escrito do ponto de vista do sionismo de esquerda. Tanto é que a única referência ao resgate da história do conflito, que os posicionamentos pró-palestina sempre se esforçam pra fazer, é uma ironia passageira à Nakba como se fosse algo menos importante.
    A análise do papel da “ascese” na luta palestina é interessante, pq ilumina a forma trágica como a cultura, a religião, as tradições, elaboram e consolidam as condições de vida e de luta desse povo. Nesse ponto é decepcionante que o autor reconheça que “a ideia de futuro…deixou de ser um operador histórico e subjetivo”, mas faça questão de não ponderar que isso se dá justamente por conta da colonização, da ocupação, do apartheid, etc.
    Sobre a forma da luta política, negar que é uma guerrilha de libertação nacional me parece estranho. Dizer que quem defende isso quer “ornamentar de vermelho um ato bárbaro” ecoa um estereótipo orientalista que o próprio autor criticou dois parágrafos adiante. O Hamas surge como organização em função da causa da libertação palestina. Todos os seus documentos são direcionados a isso. Suas ações militares são sempre orientadas pela luta contra Israel, a potência ocupante. Me parece estranho querer negar esse fato. Pode-se argumentar que a visão de mundo que move a ação política do Hamas é um equívoco, e eu concordo com isso. O pan-islamismo e o jihadismo que permeiam o documento fundacional endossam expressões grosseiras de um antissemitismo que se reproduz na região há décadas. A identificação de que essa leitura é uma forma fetichizada de anti-capitalismo, eu tbm concordo. Mas isso não nega nem por um segundo o caráter da luta de libertação nacional. Falar que nega é novamente retroceder ao esteriótipo orientalista. É negar a causa com base nos equívocos das organizações políticas de vanguarda. É apagar o sofrimento do povo, como Israel tanto se esforça por fazer.

  18. Alexandre, você considera mesmo que o programa de aniquilar os judeus israelenses constitui um legítimo objetivo “anticolonial”? Que perspectiva de “libertação nacional” o Hamas oferece aos palestinos? Você sabe qual o apoio que o Hamas tinha dentro de Gaza? Cerca de 20%. Entre os mais pobres, menos aínda. Ao contrário de certa esquerda classe média branca do Ocidente, o povo de Gaza não gosta do Hamas, que os usa como sua massa sacrificial.

  19. Pela terceira vez: Aquela esquerda que agora aplaude o Hamas por lutar contra a ignomínia do apartheid sionista recorda-me a esquerda que há um século aplaudia o partido de Hitler por lutar contra a ignomínia do Tratado de Versailles.

  20. Em outras palavras, Alexandre defende que, em nome da “luta pela libertação nacional”, vale tudo: jihad, fundamentalismo religioso, terrorismo contra inocentes, antissemitismo, etc. Enfim, contra uma forma de fascismo (o terrorismo de Estado sionista), outra forma de fascismo. Alexandre ainda se esquece que o Hamas é uma força de opressão interna contra o “povo palestino”, não um fator de “libertação”. O que o Hamas quer é se tornar a elite governante no território palestino, caso consiga destruir o Estado de Israel, ou ao menos minar sua hegemonia. E, com isso, implementar mais um regime fundamentalista na região, com sua organização no poder. João Bernardo lembrou bem (de novo) uma história parecida, que deveria ser conhecida de todos. Infelizmente, não se trata de memória, ou da falta dela, mas de uma concepção nacionalista enraizada na esquerda brasileira (não só).

  21. Irado, fica claro que o Alexandre quer a liberdade nacional dos palestinos (que, se é nacional, logo, é o mesmo que defender a liberdade das elites palestinas) e a continuação das relações sociais de exploração contra os trabalhadores árabes palestinos e judeus (isto se os judeus não tiverem todos já se afogado no mar mediterrânico).

    Por que se continua a chamar de esquerda aquela que não mais fala em classes sociais? Algo a pensar sobre.

  22. A luta anticolonial é composta de uma correlação de forças dentro da sociedade palestina. Essas forças ganham e perdem adesão e força ao longo da história. O Hamas é uma delas. É a força hegemônica em gaza, hoje. Eu não concordo com o projeto do Hamas. Nem com a visão de mundo. Nem com algumas táticas. Mas isso não me dá o direito de dizer que eles não lutam, ou que não possuem uma causa legitima, que são apenas árabes loucos que querem aniquilar judeus. Fazer isso é recair no esteriótipo orientalista.

    A luta anticolonial é uma luta por autodeterminação. Colocar o foco de toda a discussão no caráter da organização que é uma das que tem mais força nessa luta, hoje, é uma forma de dizer que os palestinos não devem se autodeterminar, pq são bárbaros e deixam uma organização como o Hamas ter força política. Tbm é uma forma de justificar os massacres a civis e a continuidade e endurecimento da ocupação. Como Israel faz há décadas.

    Eu não apoio o Hamas. Mas nesse engôdo eu não caio…

  23. É lastimável que o melhor que o pensamento crítico tenha a nos oferecer atualmente é pensar a política tomando post de instagram e PCO como espantalhos só para justificar a reprodução indiscriminada e a-histórica da culpa alemã diante do holocausto.

    Já que falta consideração da esquerda sobre o proletariado americano e israelense vamos então ver o que eles tem feito a respeito desse “grande progrom” atualmente. O proletariado americano tem realizado protestos em massa contra as ações genocidas de Israel, bloqueado rodovias, feito greves nas grandes fornecedoras armas e o proletariado judeu americano, em especial, realizou um grande ato de desobediência civil ao organizar um massivo sit-in no Capitólio em Washington. O proletariado israelense por outro lado tem sido fortemente reprimido pelo governo de Nethanyu e tem morrido nos combates contra o Hamas, como consequência de um IDF que não vê problemas de só “chegar atirando” indiscriminadamente como bem conhecemos no Brasil; pior ainda, tem sido instrumentalizado como pretexto pra realizar uma limpeza étnica nos territórios palestinos, já que estão muito menos preocupados com os reféns e mais com suas pretensões expansionistas na região. O Estado de Israel atualmente é fonte de grande parte do antissemitismo que tem crescido no século 21 pela sua política sectária que nega a identidade judaica daqueles que se opõem a Israel.

    É também impressionante como toda a violência associada à invasão policial a mesquitas é reduzido a uma “estupidez”, uma mera grosseria já que é a crença cega em Allah que verdadeiramente move as barbaridades do povo palestino. Impressiona não só considerando a realidade da violência policial no Brasil mas também por esconder do leitor o fato de que diferente de todos os outros terroristas citados, uma ala do Hamas desenvolveu um sistema de serviço social que se centraliza no espaço das mesquitas tanto para fornecer trabalho social voluntário quanto para recolher doações religiosas para financiar serviços de base, como creches, escolas, orfanatos, refeitórios, bibliotecas, etc. Nada adianta criticar as análises seculares se não se permite rever a visão profundamente orientalista de que a presença indissociável da religião anula qualquer fundo político.

    Não sei o porque do furor com a nota à imprensa do Hamas se ali ele declara abertamente que seu inimigo é o sionismo. A referência à “juidazação de Jerusalém e Al-Aqsa” não é anti-semita, ela apenas se refere a uma reação contra a tentativa de apagar totalmente a história islâmica por trás da mesquita (colonização que “divide não só no espaço, mas no tempo”, na história) tal como se fez o Brasil colonial, que poderia ser chamado de uma “cristianização das religiões afro e indígena”. Por exemplo a figura de Nossa Senhora da Aparecida é claramente uma entidade africana com seus adornos e pele negra mas que tem essa raiz completamente apagada por sua apropriação cristã.

    Eu condeno veementemente a morte de civis inocentes que o conflito provoca em ambos os lados. Mas isso deve ser feito a partir de uma reconsideração crítica de pressupostos sionistas que circulam no ocidente de forma naturalizada há anos, dentre elas o argumento feito por Kurz de que “tratados nazis de toda a espécie circulam no “sistema educativo” palestiniano” que em nada se diferencia da justificativa de bombardeio da infraestrutura palestina feita pelo presidente Herzog sob o pretexto de ter encontrado cópias do “Minha Luta” de Hitler num quarto de criança.

    A tese marxista da fome e desejo de liberdade como motor político da revolta está muito bem viva. Um dos maiores objetos de denúncia a nível internacional é o corte ao acesso de alimentos e água pelo apartheid israelense. O desejo pela liberdade é o que tem mobilizado os palestinos e aqueles que se colocam em solidariedade a eles em todo mundo – lembrando que a luta política de libertação perpassa toda a diáspora palestina na sua presente radicalização política de boicote ao império nos países do centro, perpassa os palestinos ocupados que resistem em sua terra, recusando o segundo Nakba e os pelo menos 7 grupos palestinos de resistência diferentes atuantes que não se reduzem ao Hamas.

  24. “fica claro que o Alexandre quer a liberdade nacional dos palestinos (que, se é nacional, logo, é o mesmo que defender a liberdade das elites palestinas)”.

    Olha, eu entendo o caráter pernicioso do nacionalismo dentro do contexto da luta de classes. E entendo o ímpeto de querer buscar nas organizações ou forças que compõem a luta de libertação palestina aquelas que representam de fato os interesses da população trabalhadora da palestina e de Israel. Pq ao fim e ao cabo, se ambas tivessem força o suficiente, refundariam o próprio Estado sob outros pressupostos, acabando com o Apartheid, com a ocupação, com o racismo, etc.

    Infelizmente essas organizações não estão na disputa. Na Palestina elas estão a reboque do Hamas, e em Israel estão sendo perseguidas e massacradas. A solução delas, portanto, não está colocada na conjuntura política. Como vocês eu gostaria que estivesse. Como vcs eu entendo que a solução para a questão palestina não passa somente pela fundação de um novo Estado Nacional.

    Mas a questão nacional é o que está colocado na luta, hoje. Mesmo com os problemas do Hamas, da Autoridade Palestina, da extrema-direita no poder em Israel, etc. É possível que a pressão internacional, o avanço dos movimentos de solidariedade à causa palestina, e a sublevação dos próprios palestinos consigam construir uma saída para essa questão nacional. É possível que o povo palestino alcance sua autodeterminação, ou emancipação política, como diria Marx. Se vc chama isso de “liberdade das elites palestinas”, tudo bem. Mas acho que ao fazer isso vc está diminuindo a tragédia e o caráter regressivo do processo de colonização.

    Dialogando com o texto novamente. Lenin defendeu o “derrotismo revolucionário” na primeira guerra pq tinha convicção que a classe trabalhadora da Rússia não tinha nada a ganhar com aquela guerra. Era uma guerra imperialista, contra os seus interesses. É óbvio que não é possível dizer a mesma coisa dos palestinos. Por isso a comparação é espúria. Os palestinos lutam para existir enquanto povo, para não serem aniquilados pela potência ocupante. Isso não é pouco.

  25. Como disse um especialista no assunto, só com algum tempo que se iria saber de fato o número de mortos na incursão do Hamas e o que aconteceu.

    Começam a aparecer algumas informações que aproximariam a ação do Hamas mais a uma ação de guerrilha do que um ataque terrorista.

    https://www.haaretz.com/israel-news/2023-11-18/ty-article/.premium/israeli-security-establishment-hamas-likely-didnt-have-prior-knowledge-of-nova-festival/0000018b-e2ee-d168-a3ef-f7fe8ca20000?lts=1700388724311

    https://aterraeredonda.com.br/fatos-que-israel-tenta-esconder/

  26. Não acredito no que leio. Material negacionista sendo divulgado neste site! O que leva alguém supostamente informado a compartilhar um artigo de um colaborador do Estado russo como Scott Ritter, defensor da invasão russa à Ucrânia e que já encampou campanhas de informações falsas, como na atribuição do massacre na cidade de ucraniana de Bucha em 2022 às próprias forças ucranianas?

    Olhem o absurdo das seguinte passagens do artigo que Leo Vinicius compartilhou:

    “Israel sustenta tal caracterização indicando o número de mortos (cerca de 1.200 – uma revisão em baixa, feita por Israel depois de se dar conta de que 200 dos mortos eram combatentes palestinos) e detalhando uma grande variedade de atrocidades que afirma terem sido perpetradas pelo Hamas, incluindo violações em massa, a decapitação de crianças e o assassinato deliberado de civis israelenses desarmados.

    O problema com essas afirmações israelenses é que são comprovadamente falsas ou enganosas…”

    “Israel viu-se obrigado a recuar nas suas alegações de que o Hamas decapitou 40 crianças. E também não forneceu qualquer prova crível de que essa força palestina estivesse envolvida na violação ou agressão sexual de uma única mulher israelense. Relatos de testemunhas oculares descrevem os combatentes do Hamas como disciplinados, determinados e mortíferos no ataque, mas, ainda assim, corteses e gentis quando lidavam com os civis cativos.”

    Pelo amor de Alá, existem diversos relatos sobre abusos sexuais feitos por testemunhas oculares, e até críticas à forma com que o governo israelense falhou em preservar essas provas.

    https://www.theguardian.com/world/2023/nov/10/israel-womens-groups-warn-of-failure-to-keep-evidence-of-sexual-violence-in-hamas-attacks

    https://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/israel-hamas-attack-sexual-assault-b2447336.html

    Apesar da história dos 40 bebês não ter sido confirmada, houve sim o assassinato de crianças e bebês por militantes do Hamas:

    https://www.theguardian.com/world/2023/oct/10/murdered-in-cold-blood-stories-emerge-of-israelis-killed-at-gaza-border-hamas-israel

    Sobre as alegações de que o Hamas não mirou deliberadamente em civis e de que a ação não foi terrorismo, mas apenas uma incursão militar – e que pelo contrário, tratou bem os civis (!?) — não vou nem comentar, pois a verdade sobre esses fatos é de amplo conhecimento público desde os primeiros dias do ataque.

    E olhem a cereja do bolo no final do artigo:

    “O Hamas está conseguindo isso [derrotar Israel militarmente]. Mas há um preço a pagar. Um preço alto. Os franceses perderam 20.000 civis, mortos no esforço de libertar a Normandia no verão de 1944. Até agora, os palestinos de Gaza perderam 12.000 civis mortos no esforço liderado pelo Hamas para derrotar militarmente os seus ocupantes israelenses. Esse preço aumentará nos próximos dias e semanas. Mas é um preço que precisa ser pago, para que haja alguma possibilidade de uma pátria palestina.”

    Anticapitalistas defendendo explicitamente o martírio de um povo em prol da disputa comandada por uma organização fundamentalista conservadora?! Isso deixa muito claro que o massacre contínuo dos Palestinos também é um trunfo político para o Hamas. Para onde caminhamos?

  27. Caro Davi, concordo completamente contigo. Mas, entendo que este site não está propagando material negacionista, trata-se de responsabilidade total do comentarista em questão. Quando li o comentário eu já havia tido contato com essa “nova versão” dos fatos mais cedo, em canais de esquerda nacionalista, pró-Hamas e antissemitas. Vi comentários absurdos como esses:

    “Os combatentes do Hamas que atacaram um festival de música em Israel em 7 de outubro, matando centenas de pessoas, provavelmente não sabiam do evento com antecedência e decidiram atacá-lo no local, informou a mídia israelense citando fontes da polícia e do serviço de segurança.”

    “O denominado “Ataque do Hamas” foi o maior engodo de Israel para se apropriar das terras de Gaza. Abram o olho…”

    “Sempre desconfiei q isso era obra dos próprios israelitas pra ter uma desculpa pra atacar Gaza com o apoio do mundo inteiro”

    É esse tipo de chorume que essas “notícias” alimentam. Inacreditável que o negacionismo de “esquerda” seja reproduzido dessa forma, demonstra que o fundo do poço é mais profundo do que imaginávamos e alguns fazem questão de cavar mais ainda.

  28. Davi,

    Achei que as pessoas aqui eram capazes de fazer leitura crítica. É óbvio que o tal Scott Rider tem lado, e não é preciso concordar com tudo que ele diz. Ele chega a conclusões que não se baseiam nem no que ele aponta. Como você mostra com algumas fontes, afirmações dele são no mínimo questionáveis. Já contestei militante de esquerda defensor do Hamas que também me parecia negacionista sobre os relatos de sobreviventes… seria preciso apontar que era falsos se querem negar que foi um ataque que barbarizou civis. Há a diferença também em o objetivo militar ter sido barbarizar civis (terrorismo) ou isso ter ocorrido fora dos objetivos planejados. E isso só se saberá daqui a algum tempo pelo jeito.

    Na guerra a verdade é a primeira que morre, como já diz o ditado surrado. É por isso que só com o tempo vai se ter uma aproximação melhor do que realmente aconteceu.

    O mais importante não era o artigo especulativo (sem fontes) do Rider, mas o que coloquei antes, o jornal israelense.

    É verdade que a esquerda apoiadora do Hamas no Brasil usa o fato do número de mortos ser menor do que divulgado inicialmente e coisas desse tipo para fazer parecer que foi um ataque de bandeira trocada, ou que não houve terrorismo. Enquanto não sai algum relatório investigativo de alguma organização com certa credibilidade e relativamente imparcial, o que resta é ou não opinar ou tentar construir uma opinião atenta ao que aparece para além da impressa que nos chega de forma mas fácil.

  29. Confundir os palestinianos com o Hamas é um absurdo, o que deveria ser evidente à primeira vista, porque o Hamas escolheu um tipo de guerra em que as suas forças militares usam a população civil palestiniana como escudo. Nestas condições, pretender que se trata de algo semelhante a uma guerrilha é uma afirmação tão estúpida que não tem outro nome para a designar.

    Mas há razões muito mais profundas que impedem de confundir o Hamas com os palestinianos, antes de mais o escasso apoio que ele conta entre a população de Gaza. Leiam aqui. E também a estrutura capitalista que o Hamas adopta e que o sustenta. Leiam aqui.

    Desprezar estas questões básicas não é só estupidez e ignorância, embora ambos estes factores devam ser tomados em conta. Mais fundamentalmente, porém, trata-se daquela pulsão que leva a uma convergência ou cruzamento entre certa extrema-esquerda e a extrema-direita, geradora de todo o fascismo. É isto que está agora em causa, e que vemos com os nossos olhos.

  30. Engraçado que o comentário da Júlia nenhum comentador profissional do PP responde. Só sabem falar para o caricato ou para o próprio reflexo no espelho.

    Ainda perco meu tempo vindo aqui.

  31. E já que é pra perder tempo, o que o comentador não profissional acha que precisa ser debatido naquele comentário?

  32. Perdendo tempo: Os levantamentos que Julia faz não tem conexão com o artigo. Não li em nenhum momento que o artigo esteja defendendo o que IDF esteja fazendo na Palestina. Álias, bem pelo contrário. Primeiramente gostaria de levantar o comentário anterior de João Bernardo que claramente responde a sua indagação. “Confundir os palestinianos com o Hamas é um absurdo”

    Toda a linha narrativa de Julia foca nos palestinos, aliás seu comentário inicia-se com “pensar política atráves de redes sociais”, e se utiliza de argumentos muito presentes no Twitter. Alguns que chegam ao ponto de dizer que apenas IDF matou os civis Israelenses com seus helicopteros… Enfim…

    A questão aqui levantada é: “não faltou quem celebrasse como um glorioso “levante popular” de resistência contra a opressão tal assassinato de 1.300 pessoas, que incluiu um banho de sangue em uma festa e cenas como um grupo de homens erguendo como um troféu o corpo ensanguentado de uma mulher aos gritos de “ʾAllāhu ʾakbar” (Deus é O Maior), enquanto a enfiavam dentro de um jipe.”

    E a partir disto, o texto vai densconstruir a narrativa que esta sendo promovida por grande parte da esquerda mundial, acerca desse grupo terrorista. O gancho com Putin como o salvador do anti-imperialismo/comunismo soviético 2.0…

  33. É difícil sequer levar a sério um texto que já começa com um erro de tradução gritante. Depois, para melhorar, quando é falado em dados é sempre a partir da versão oficial de Israel (que é conflituosa com imagens, documentos e informações de um veículo israelense).

    Vale notar um delírio de um gozo antissemita frente ao atentado que revela mais de quem diz do que da realidade. Segue-se disso um deboche a respeito da longa tradição de violência israelense.

    Algumas escolhas de palavras, como “catástrofe”, indicam o desprezo pela historicidade da causa palestina. Temos então a iluminação da leitura correta: o Hamas é fundamentalista! Descobriu-se aqui a pólvora. É o velho dogma da Igreja de Santo Arantes dos bons materialistas contra os vulgares. O preço do dízimo para adentrar o lugar dos filósofos é pago, também, com um salto temporal que vai ignorar que a base mesma da fundação de Israel surge de atentados terroristas e de negociações inter-imperialista, assim como a própria origem do Hamas tem as digitais de Israel. Mas diriam que isso não cabe aqui.

    A violência cotidiana de Israel é abstraída em um momento de estupidez! O problema disso é que essa violência é a normalidade, não é um lapso de burrice de um policial da esquina. É uma política estruturada que já se inicia na educação da primeira infância e da formação militaresca de Israel, reproduzida não só por policiais, mas por colonos e por parcela significativa da população como um todo (quem arriscaria perder sua qualidade de vida pelos palestinos?).

    O autor fala em operação complexa e militarmente organizada e seu alvo teria sido escolhido a dedo. É o velho fundamentalismo contra o liberalismo ocidental, uma zizekiada típica. O problema é combinar com os russos, uma vez que a hipótese mais provável, como amplamente noticiado e admitido até mesmo pela inteligência israelense, diz que o alvo foi muito mais improvisado do que parece. O próprio evento não tinha aquela data planejada.

    O autor tem o conhecimento militar para avaliar essa operação como o comentarista Craque Neto tem conhecimento para comentar sobre ogivas nucleares, portanto basta reproduzir o discurso sionista padrão da aliança das elites árabes antissemitas. É curioso pensar a complexidade de uma invasão terrestre com alguns automóveis, metralhadores e fuzis, alguns radinhos e drones comprados no Aliexpress para observar o movimento.

    Tem uma parte ali de gerador de lero-lero sobre a subjetividade do mártir que passaria se fosse um Twitter, mas depois somos convidados aos velhos argumentos do antissemitismo da máquina de propaganda sionista que funciona muito… no Twitter. Até o PCO vira interlocutor no debate para sustentar o espantalho.

    A chave de ouro é o derrotismo revolucionário de Lenin nesse contexto. A realidade para o palestinos é que esse derrotismo é a continuidade de seu sufocamento. Não é possível dizer que nem Israel e nem Hamas, mas os povos… Quando a OCUPAÇÃO de um se dá, apenas, sobre a miséria do outro e não de outra forma. Talvez os implicados prefiram o desastre ao não ser (ah, vai, eu gostaria de terminar com uma citação também pra ficar bacana). Kurz, que orienta esse texto e a igreja, foi o mesmo que defendeu a aniquilação do Hamas. Isso é, e Israel sabe, o mesmo que acabar com Gaza!

  34. Criticar o Hamas! Que posição corajosa a do autor!

    É triste constatar que parte da esquerda está completamente perdida com os novos rumos do mundo. A caricatura do autor sobre os anti-imperialistas é reveladora: ele não sabe o que é imperialismo! Faltou Michael Hudson, faltou Torkil Lauesen. Se aliar aos bárbaros russos e árabes, esses selvagens antissemitas, onde já se viu?!

    “Nem Netanyahu nem Hamas!”. E dá-lhe 13 mil crianças palestinas mortas! Enquanto o autor condenava o Hamas, o maior massacre da história recente era acompanhado ao vivo pelo planeta inteiro. Mas pelo menos não sujamos nossas mãos relativizando o terrorismo!

    A referência a Lênin foi a chave de ouro. Alguém duvida de que lado o careca estaria nesse momento?

    Enfim, artigo horroroso. Em 2 meses já envelheceu muitíssimo mal. Os próximos anos nos darão mais dessas pérolas que se passam por opiniões corajosas e minoritárias, mas que pouco diferem da posição dominante no ocidente. A esquerda-OTAN promete passar bastante vergonha nos anos que virão. Leram muito Adorno e Horkheimer, mas pouco Wallerstein e Arrighi.

    Para concluir, uma sugestão para quem não quer passar vergonha: leiam os últimos livros de Moniz Bandeira, especialmente “A Segunda Guerra Fria”.

  35. Das várias maneiras de delirar enquanto milita, acreditar que os deuses antigos teriam essa ou aquela posição política na atualidade é das mais correntes.

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