Por dentro e por fora é uma série de artigos de debate sobre as lutas e os movimentos sociais, da iniciativa conjunta de Paulo Arantes e do coletivo Passa Palavra. Série aberta a um amplo leque de colaboradores individuais, convidados ou espontâneos, mais ou menos empenhados (ou ex-empenhados) nas lutas concretas, que ajude a aprofundar diagnósticos sobre a sociedade que vivemos, a cruzar experiências, a abrir caminhos – e cujos critérios seletivos serão apenas a relevância e a qualidade dos textos propostos. Por Paulo Arantes e Passa Palavra
Por dentro e por fora
Uma tribuna para livres manifestações de desassossego, fonte primária na identificação de temas e problemas para uma pauta menos óbvia, em torno da qual também propomos nos encontrar. E quando falamos em encontro, é encontro mesmo: mera verificação mútua de pontos de vista e conhecimento pessoal, pois idéias não nascem em árvores. Em que resultará, se resultar, não sabemos. Por Paulo Arantes
Critérios de periferia
A tarefa de levar o modelo de organização dos movimentos sociais para a periferia teve esse resultado imprevisível: nossa organização veio trazer respostas para a periferia, mas é a favela que está colocando nossos movimentos em questão. O texto que se segue pretende contribuir com um recomeço de conversa, que trate das novas oportunidades reveladas e encobertas por nossa estrutura organizativa. Por Carolina Malê
Os apoiadores acadêmicos dos movimentos sociais: seu papel, seus desafios
A motivação para escrever estas linhas tem a ver com um esforço de reflexão em torno de questões que preocupam muitos daqueles que, desejosos de contribuir para a construção de uma sociedade justa, aproximam-se de protagonistas de movimentos emancipatórios com a intenção de com estes colaborar ou de exercer um protagonismo em sentido forte. Por Marcelo Lopes de Souza
O fetiche “antiburocrático” e falta de participação
O burocratismo não está na forma jurídica adotada. Pouco importa o que está escrito no estatuto, no boletim ou no site do movimento ou partido, nenhuma formalização representa seguro antiburocracia. A perspectiva que me parece mais fértil é deslocar o debate para a questão da participação e mobilização. Por Ricardo Rugai
Oblíquo – impressões de uma relação inicial com o MST
Não devemos avaliar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra exclusivamente pelo o que ele pensa de si mesmo. Tampouco devemos pretender enquadrar o Movimento em declarações oficiais de “lideranças”. O Movimento está, efetivamente, em movimento. Por André Villar, Felipe Brito, Maurilio Botelho e Pedro Rocha
Luta em si
Discute-se a morte da canção. No Brasil, que se tornou um (re)produtor privilegiado de canções direcionadas ao complexo de indústrias fonográfica e radiofônica, os movimentos sociais apresentam-se como o lugar em que a música como política pode não ceder aos ditames da sociedade do espetáculo. Por Manoel Dourado Bastos
Seguindo o debate
Aos militantes que aceitam a tarefa de construção organizativa territorial, nas periferias, tendo sido eles criados ou não nelas, cabe desenvolver a capacidade de perceber as especificidades de cada espaço e as questões pertinentes a eles. Por Gustavo Moura
Comentários periféricos
Na reação contra as maneiras de aparecimento mais cotidianas e triviais do conservadorismo e da repressão nas periferias tem-se uma base do estabelecimento de formas de luta. Mas nenhuma atuação pode ser idealizada a ponto de imaginar de antemão que discurso e que prática podem ser capazes de mobilizar e a radicalidade não tem lugar sem mediações e construção coletiva. Por Carol Catini
Suspeito, sujeito
Para todas as ruínas que se quedam em lugares onde há gente necessitando edificar o novo, há de haver reconstrução. Mas é preciso embrenhar-se nas ruínas. Por Pedro Malasarte
Questão agrária e questão racial no Brasil
Impasses e potencial conexão de dois elementos constituintes da forma de exploração brasileira. A idéia de que o desenvolvimento do capitalismo no Brasil teve como motor o trabalho escravo é fato consolidado na historiografia oficial, mas o mesmo não ocorre diante da afirmação de que a atual desigualdade social brasileira tem no racismo um de seus eixos estruturantes. Por Rafael Litvin Villas Bôas
Luta, que cura!
Enquanto não formos capazes de constituir espaços na periferia que atendam a essas necessidades profundas da classe trabalhadora, vamos continuar a assistir ao povo lotando as igrejas pentecostais. Por Marco Fernandes